a Lúcio Lins

Senhor dos poetas,
trago perante vós
a voz ensurdecedora do baque das ondas
e restos de vírgulas e reticências
perdidas entre astrolábios
e espumas flutuantes.

As palavras, senhor,
vagando
por ondas errantes
se espalharam em versos
por outros mares
dantes nunca navegados.

E hoje recolho
por praias inóspitas
e imaginárias
fragmentos de um eu-lírico
que teimo em beber
nesta sede de poesia.

ATS, 07/05/2016

Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.



Desde que assumiu o cargo, o ministro Marcelo Antonio Cartaxo Queiroga Lopes, da Saúde, vem tentando imprimir a sua marca: a marca da organização, do bom senso, da competência administrativa; enfim, a marca da ciência iluminando as trevas deixadas pelo antecessor.

Uma das maiores dificuldades do ministro Queiroga é a falta ou insuficiência de doses da vacina anti-covid, que o impede de imprimir maior velocidade à imunização dos brasileiros. Por isso,  tenta incessantemente a aquisição de vacinas, seja pela compra, seja pela sensibilização de países ricos que as tenham sobrando. A luta é imensa, o trabalho é hercúleo.

Paralelo a essas ações, o novo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, tem feito gestões diplomáticas junto ao governo da China para garantir que não faltem vacinas para o Brasil.

Queiroga e o chanceler sabem qual é o resultado de uma vacinação rápida: a salvação do maior número de vidas possível, redução de internações por covid e da ocupação de leitos de UTI e o consequente retorno – o mais brevemente possível – das atividades laborais, favorecendo a recuperação da economia nacional.

***

O empenho do ministro da Saúde e do Itamaraty enfrenta, contudo, um inimigo secreto (ou não) dentro do próprio governo a que pertencem. Eles e todos os seus compatriotas sofrem terrivelmente com as ações de um sabotador dos esforços para salvar vidas e livrar da morte quem a covid pode matar.

Não se trata de nenhum terrorista estrangeiro, membro do Exército Islânico ou da Al Fatah. Tampouco é algum ‘comunista’, muito menos petista. E quem seria esse monstro impiedoso que está causando tanto mal à nação?

As evidências mostram ser alguém que alguns fanáticos religiosos chamam de O Messias, que deveria ter vindo para nos salvar daqueles que sabotaram o Brasil, segundo eles. É justamente a pessoa que supostos patriotas chamam de O Mito que veio salvar o Brasil.

Pois… Essa figura está solapando, destruindo, sabotando as ações que os ministros por ele nomeados vêm fazendo para salvar o maior número possível de brasileiros.

Muitos suspeitam que esse inimigo da pátria seja o próprio presidente da República. Afinal, seria inimaginável, em meio a tanto sofrimento e mortes causados pela covid, ver o ocupante do cargo mais importante do Brasil atacar precisamente o nosso maior parceiro comercial e maior fornecedor do insumo com o qual é produzida a vacina salvadora.

Mas foi exatamente o que ele fez ontem. Pela enésima vez, o mandatário pronunciou um discurso violento, virulento (adjetivo talvez mais apropriado), hidrofóbico mesmo, atacando a China.

Injustamente a China, de onde vem a maioria dos dólares de nossas divisas! Logo a China, que produz o componente farmacêutico sem o qual o Butantan, por exemplo, não encheria sequer um frasco de CoronaVac.

***

Como pode uma autoridade ser capaz de prestar tamanho desserviço à nação brasileira? Nem Freud explica, embora o problema seja psiquiátrico. Aliás, psicótico.

A única explicação para atitudes suicidas como essas, dotadas de tanta perversidade, tão impatriótica, é que figuras assim não sejam pessoas normais, como eu ou você.

Pessoas assim não são muito diferentes de alguém que tortura e mata uma criança a socos e pontapés, como teria feito aquele vereador acusado de assassinar o enteado, no Rio.

Os manicômios estão cheios de doentes mentais do tipo, portadores de diagnósticos enquadrados na Classificação Internacional de Doenças – CID 10 em F60 (Transtorno específico da personalidade), subclassificado em:

  • F60.1: Personalidade esquizóide;
  • F60.2: Personalidade dissocial;
  • F60.3: Transtorno de personalidade com instabilidade emocional;
  • F60.4: Personalidade histriônica.

No caso em tela, o nosso paciente é mais exatamente portador de transtornos da sua personalidade com instabilidade emocional, agravado por apresentar um pouco dos outros comportamentos.

Quem assim é e age inferniza a vida dos demais, as suas ações contribuem para a morte de pessoas, causando o mal a milhares de famílias. Justifica a necessidade de ser isolado da sociedade, internado num manicômio. Antes que acelere rumo a um milhão a contagem de vítimas fatais da pandemia.


  • José Mário Espínola
    Cardiologista, Ex-Presidente e ex-Corregedor do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB)

 

Bandeira Fascista

“Partidos políticos, religiosos, em diversos países, interferem no funcionamento do Estado (que deve ser laico) e buscam benefícios que nada tem a ver com a esfera espiritual”, Jaime Pinsky, Historiador da USP.

Quem de nós não se lembra, nos dias da semana, à noite, aos sábados e domingos, nas ruas de qualquer cidade do Brasil, do crente ou evangélico lotando as igrejas com cantos e louvores que adentram até as madrugadas em cultos especiais? Era e é assim até hoje.

O Brasil é considerado a maior nação católica do mundo, mas que nas últimas quatro décadas vem dividindo espaço com as chamadas Igrejas evangélicas, conhecidas também como pentecostais ou neopentecostais. O aumento desse movimento cristão não passaria despercebido, se não fosse a intromissão desses grupos nas decisões de governamentais. A preocupação que fica no ar é: o que eles farão dentro do governo?

Em 2013 a onda conservadora começava a surgir nas manifestações de junho. Ao lado de pautas que afligem toda a sociedade e os vulneráveis. Junto a isso, outras pautas que envolvem os direitos civis estavam sendo questionadas. A partir desse ano, setores ultraconservadores começavam a ser organizar, aliando-se a políticos também ultraconservadores do tipo do atual presidente da República, JMB.

O presidente conseguiu nesse setor religioso “cristão” a base perfeita para a campanha de 2018, para a corrida presidencial. Em verdade que esses “cristãos” foram os mesmos que elegeram os últimos presidentes dos partidos dos trabalhadores. Devido à demonização das esquerdas, patrocinada pela mídia conservadora e “ cristã” tele-evangelista, esses cristãos ficaram desiludidos com os desalinhos da esquerda e a opção foi aderir ao discurso do ódio. Nas eleições de 2018, a bancada da bíblia formou o escrutínio fiel ao atual governo. Fora da câmara federal, há o lobby de pastores para pressionar o congresso a votar medidas conservadoras que poderão estar nos levando ao neo-período medieval europeu.


Márcio Roberto de Carvalho é ativista negro filiado ao PSOL e historiador pela UFPB


 

ARMADILHA: "NOVAS PESQUISAS SUGERINDO RELAXAR CUIDADOS ESSENCIAIS CONTRA A COVID 19


É preciso entender o teor e o cerne das pesquisas novas que andam aparecendo de qualquer lugar.

Tá rolando um papo aí sobre médicos aleatórios afirmarem que os vírus de hoje não se transmite por superfície. Isso é fake. de um ou outro médico que não representam 1% da comunidade científica e muito menos estão nas equipes oficiais de pesquisa contra a Covid-19.

Mãos crispadas

prendiam ao peito ensanguentado,

num derradeiro ato,

livros e cadernos.

Ferramentas  que trazia

para plantar nos filhos

sementes do saber.


(Oxalá colhesse adiante

mais que feijão e batatas,

sementes para tornar reais 

tantos sonhos coletivos)


Por sina campesina,

plantou-se à terra

irrigada pelo próprio sangue.

E sob facão e arado

o solo tornou-se árido

E foi preciso mais sangue

- foro cobrado pelo dono da terra.


Ainda hoje

adubamos tua cova

tornada fértil lerão.

A cada ano

trazemos com as flores

mais braços

para tua Revolução.


ATS, 07/04/2018


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.




A partir de 25 de março de 2021, abrem-se em todo o país as comemorações do centenário de existência ininterrupta do mais longevo partido político da história do nosso país. Nesta data o Partido Comunista do Brasil - PCdoB, completa 99 anos.

Foi fundado em 1922 por um punhado de dirigentes proletários,representando 73 militantes de associações políticas de trabalhadores: Astrojildo Pereira (jornalista), Cristiano Cordeiro (advogado), Joaquim Barbosa (alfaiate), Manuel Cendón (alfaiate), João da Costa Pimenta (gráfico), Luís Pérez (vassoureiro), Hemogêneo Fernandes da Silva (eletricista), Abílio Nequete (barbeiro) e José Elias da Silva (pedreiro). Eles vinham do Distrito Federal, e dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.


“O PCdoB nasceu e existe como necessidade objetiva das lutas sociais em nosso País. Em seu largo caminho, firmou forte expressão patriótica e democrática adquirida e moldada na luta política do nosso povo. É, desde então, a organização política do proletariado que luta pelo socialismo e jamais arriou sua bandeira de combate…” afirma o historiador José Carlos Ray. Lutou, ao longo dos anos, pela democracia, pela independência nacional e pelos direitos dos mais humildes. Com erros e acertos, procurou adotar uma orientação política adequada à realidade concreta brasileira e fiel à ciência marxista.

Nestes 99 anos de existência, o Partido Comunista do Brasil não fugiu aos problemas espinhosos do curso da vida política, nem ficou a reboque dos acontecimentos. "Detectou sempre, no exame da realidade, os elementos suscetíveis de impulsionar a luta e elevar a consciência política das massas", como afirmou certa vez seu ex-dirigente e ideólogo, João Amazonas.

Reorganizado em 1962, soube interpretar os anseios das massas, ampliando sua atuação e influência, e aprimorando sua ligação com os trabalhadores e as demais camadas sociais.

Sua história confunde-se com a história recente do Brasil, sempre fiel aos interesses da classe proletária, de onde se originou. E engajou-se nas grandes lutas do povo brasileiro.

Foi a primeira organização a compreender a necessidade de uma Reforma Agrária, para poder desenvolver o país e democratizar a sociedade; criou sindicatos e outras organizações para defender os trabalhadores; enfrentou duas ditaduras, a do Estado Novo e a dos militares de 1964; combateu a política imperialista norte americana e foi entusiasta da campanha “O Petróleo é Nosso”, que resultou na criação da Petrobrás.

Quando se intensificou a perseguição aos democratas não vacilou em resistir de todos os meios à dura repressão, pagando um alto preço em vidas; defensor da unidade esteve presente nas lutas pela redemocratização do país e a anistia; esteve na linha de frente na luta das “Diretas, já!” e com a derrota desta, empenhou-se para por fim à ditadura no Colégio Eleitoral.

Participou ativamente da Constituinte cidadã de 1988 e das greves e lutas dos trabalhadores por seus direitos ameaçados pelas políticas neoliberais. Ocupou com destaque a luta pelo impeachment de Collor e ajudou a formar a Frente Brasil Popular nas eleições de 1989. Esteve em todas as campanhas em apoio a candidatura popular do ex-presidente Lula.

É um partido sintonizado com seu tempo, defende o Emancipacionismo feminino como forma de resolver a questão de gênero e tem forte presença na luta anti-racista e da juventude; pugna intransigentemente pela educação pública e de qualidade e é defensor incansável do SUS.

Em crescente prestígio, o PCdoB conta hoje com destacadas lideranças nacionais, a exemplo de sua presidenta, Luciana Santos, vice governadora de Pernambuco, Flávio Dino, governador do Maranhão,

Antenor Roberto, vice-governador do Rio Grande do Norte; Manuela D’Ávila, Jandira Feghali, Orlando Silva e outros parlamentares no Congresso Nacional e em inúmeros Estados.

Aqui na Paraíba, mantém sua voz na Assembléia Legislativa através do deputado Inácio Falcão. Nas eleições de outubro último, firmou-se como força política na disputa efetiva da prefeitura de Campina Grande tendo, inclusive retomado sua cadeira na Câmara Municipal com uma mulher, negra, egressa dos movimentos sociais. Elege, ainda, mais 16 vereadores em diferentes municípios. Integra também a administração estadual nas últimas duas gestões.

Como forma de superar a dependência econômica e subserviência atual ao capital financeiro, defende para o Brasil um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que rompa com o neoliberalismo, promova o mercado interno, a industrialização, em especial nos ramos de tecnologia de ponta e assegure o bem estar dos trabalhadores e do povo, num ambiente de paz e democracia.

Desde o golpe jurídico-institucional e midiático de 2016 que pôs fim à mais duradoura experiência do governo popular, o PCdoB denuncia sem tréguas a farsa montada com o objetivo de entregar nossas riquezas aos monopólios estrangeiros, especialmente norte americanos, os ataques à democracia e à Constituição.

Presentemente, enfrenta com denodo a ameaça fascista que assusta o país e a terrível pandemia do Covid-19, constantemente alimentada pela tratamento desastrado do próprio governo central. Por estas razões os comunistas defendem medidas urgentes e eficazes em favor da vida, como vacinas para toda a população e rígido distanciamento social; auxílio emergencial de, no mínimo R$ 600,00 para os desassistidos, além do apoio governamental ao pequenos e micro-negócios.

Como necessária, para resgatar a democracia e um programa mínimo de salvação nacional, defende uma ampla frente política que seja suficiente para por fim à aventura Bolsonarista e implementar medidas emergenciais para sanar a crise e abra novas perspectivas para o povo brasileiro.

O Partido Comunista do Brasil nasceu para atender a uma necessidade histórica e cumprir uma tarefa grandiosa de transformação social e promover a luta por uma sociedade nova, que descortine horizontes avançados para os brasileiros e para a humanidade. Em busca desse objetivo, já pagou pesado preço, mas jamais arrefeceu e, se a bandeira do socialismo e do futuro cai de uma mão, ela é sustentada por inúmeras outras, num movimento que se fortalece na luta e na adversidade.

Longa vida e boa luta ao Partido Comunista do Brasil




Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.

 


A narrativa bíblica da prisão, julgamento e condenação de Jesus, é intensa e cheia de elementos dramáticos que podem muito bem nos fazer refletir que aqui ou acolá injustiças acontecem às pessoas boas. Não me deterei na defesa teológica de que o fato ocorrido foi plano de Deus, nem advogarei que Jesus foi um preso político como muitos dizem, mas no próprio texto que deveria ser analisado pelos cristãos de hoje principalmente do Brasil.

Em primeiro lugar, Jesus o judeu, só foi identificado dentre alguns judeus à noite por causa do beijo indicativo de um amigo seu: o Judas de Queriote. O Iscariotes como conhecemos nos relatos ( não me deterei na problematização histórica acerca do personagem) fazia parte do círculo de discípulos de Jesus e vira seus milagres, ouvira seus maravilhosos sermões, acredita-se que ele mesmo tenha realizado alguns milagres com a autorização de Jesus. Judas tinha um cargo de extrema confiança era o tesoureiro do grupo ( outro problema: por que não Mateus?) e por conta dessa função desviava recursos do ministério de jesus. Com certeza Judas Iscariotes ganhou muito mais dinheiro usurpando a bolsa do que as trinta moedas pagas pelas autoridades religiosas.

Toda história tem o seu Judas Iscariotes, Joaquim José da Silva Xavier teve o seu, os índios que habitavam a América do Norte tiveram os seus. Todo revolucionário tem algum traidor entre seu grupo de amigos, muitos traídores estão dispostos a venderem sua amizade, seus ideais, a troco de ninharia. São esses Judas que estigmatizam um povo, um grupo, pessoas. Basta ver que hoje em dia poucas pessoas em nossa sociedade estão dispostas a colocarem o nome de seus filhos de Judas, mas se esquecem que havia um outro discípulo de nome Judas e que Jesus tinha um irmão ( esqueçamos as controvérsias teológicas com os católicos por favor) de nome Judas, e uma epístola do mesmo nome. A propósito, Judas é variação grega de Judá, que significa Louvor e que era o nome de um dos filhos de Jacó.

Nos getsemanes da vida é que as relações se estreitam, as amizades se firmam ou se esvaem. O que resta aos traidores é a consciência pesada de apoiarem o golpe, a traição, o que resta a eles é a corda enrolada ao pescoço e a perda de direitos conquistados.

Em segundo lugar, a peça acusatória era falsa. Que justificativas eles tinham para prender Jesus? O que se tinha como prova? A justificativa apresentada era religiosa. Ele falou contra a lei de Moisés, disse que destruiria o templo. Soa-lhe familiar? Deixa eu ajudar: “ se votarmos no PT ele irá fechar as igrejas”, “ Haddad é o anticristo, portanto o inimigo do povo de Deus”, “o PT vai perseguir os cristãos”, blá, blá, blá. Palavras são tiradas do contexto e torcidas a bel prazer dos difamadores, daí até uma pessoa boa como Jesus passa por malfeitora. As testemunhas falsas sabiam que estavam mentindo, elas receberam por isso. Foram elas que colaboraram para a aplicação do Lawfere contra Jesus, foram elas as divulgadoras de faknewes daquela época. O diferente assusta e para os vis sem argumento o que resta é a campanha difamatória, e assim Jesus foi levado à Pilatos.

Ao ser apresentado a Pilatos os religiosos da época não poderiam se apresentar com o argumento religioso, pois Pilatos não se metia em questões desse tipo ( quem dera nosso estado fosse laico!). Como raposas velhas que eram inventaram outra: “Ele se faz rei e só temos César como nosso rei”. A pseudo sinceridade não convenceu Pilatos, mas fazer o quê? Diante dele ( Pilatos ) estava um inocente disso ele tinha certeza. Cadê o advogado desse homem? Não tem, ele não tem direito a um advogado nem a um Habeas Corpus, só o de ficar calado e isso ele ficou. O que movia aqueles homens não era a convicção firme da fé judaica, nem a simpatia política por Roma, nem a preocupação com o povo. O que movia-lhes era a inveja, o ódio à simplicidade e a grandiosidade de Jesus de Nazaré.

O crime de Jesus foi dar vista aos cegos, fazer paralíticos andar, curar toda sorte de moléstias, multiplicar o pão a um povo que não precisa só ouvir um discurso bonito, mas de soluções concretas para as suas existências.

Por último, não podemos deixar de mencionar a omissão de Pilatos, que mesmo constatando a inocência de Jesus, lavou as mãos diante de uma turba ensandecida.Não há água que limpe as mãos sujas de sangue derramado pela omissão.


Márcio Roberto de Carvalho é ativista negro filiado ao PSOL e historiador pela UFPB


Do meio da pandemia

Dos ulos de dor e desespero

Contra a torpeza e  vilania

Levanta-se altaneiro

Um grito de rebeldia.


Grito que esteve preso

Pelas teias da sordidez

Nas masmorras de Curitiba.

Grito também entalado na garganta 

Deste povo a sofrer com altivez.


De tão vigoroso e verdadeiro

Assombrou num sobressalto

As múmias, zumbis, roedores apátridas

Que tricoteavam impunes e rasteiro

Pelos salões solenes do Planalto.


Grito de esperança:

Que ganhe as ruas, encha os corações

E espante de volta para os esgotos fétidos,

Confinem, para sempre nos porões sombrios

Essas ratazanas e guabirus entronizados.


ATS, 10 de março de 2021


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.

 


As teorias da conspiração ganham guarida na cabeça de alguns evangélicos que na tentativa de justificarem seu apoio a um governo genuinamente anti cristão tentam dar um toque de chamada divina a indivíduo que passa longe de ser cristão. Tem sido recorrente os telepregadores vociferarem contra as medidas de prevenção do Coronavírus, distanciamento, uso de máscaras e o lockdown. Vídeos em canais do youtube superabundam e as "denúncias'' e reivindicações orbitam a temática religiosa. Até a efetividade da vacina para o combate ao Covid-19 é vista com desconfiança pois trata-se de um “plasma com microchip”( feito por Bill Gates) para controle e redução populacional. Ora a lógica do capital é a manutenção de um exército de reserva de mão de obra para pagarem os piores salários e enriquecerem ainda mais os que detêm os meios de produção.

Lembro-me que em uma das campanhas de Eduardo Cunha e o pastor Edino Fonseca, foram distribuídos um cd onde eles denunciavam os planos do anticristo para o controle mundial. A candidatura deles representava essa frente de oposição. O conteúdo das denúncias eram suigeneris: 1) Controle da fonte das águas; 2) Plano de redução da população; 3) fechamento de igrejas, entre outras coisas. Ambos conseguiram se eleger.

Em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o prefeito Washington Reis, disse que as igrejas evangélicas curam o Covid. Em São Paulo, o governador João Dória, embora tente aparentar ser o contraponto do Bolsonaro, disse em uma coletiva de imprensa que as igrejas prestam um serviço essencial.

Certo pregador evangélico orou por um irmão que estava com o covid, sendo ele curado, segundo o testemunho desse pregador. Porém, o interessante dessa história é que o pai desse, um pastor por volta de seus sessenta e poucos anos contraiu o covid e morreu em decorrência do mesmo.

Aqui na Paraíba, o prefeito de Cabedelo ( Vitor Hugo do Dem) conclamou a população para fazer jejum a fim de vencer o corona-vírus por meio da guerra espiritual. Muito conveniente para os governantes conclamarem jejum e oração para vencer o corona do que empreenderem reais esforços para vencer a situação pandêmica, sem esquecer que o Estado é laico!

Não existe fórmula mágica para a prevenção do Covid, o que existe é o trabalho em equipe de especialistas da área de saúde, não quero com isso, ridicularizar aqueles que possuem suas crenças há muitos religiosos sinceros, o que eu quero dizer é que a ciência e a religião não se contrapõem, são conhecimentos distintos e em alguns momentos complementares, reconhecido até mesmo pela Organização Mundial da saúde que em seu Relatório Geral em maio de 1984 na 37ª Assembleia Geral,

Reconhece que a dimensão espiritual tem um papel importante na motivação das pessoas em todos os aspectos de sua vida. Afirma que essa dimensão não somente estimula atitudes saudáveis, mas também deve ser considerada como um fator que define o que seja saúde. Convida todos seus Estados-membros a incluírem essa dimensão em suas políticas nacionais de saúde, definindo-a conforme os padrões culturais e sociais locais”

Todavia, somos obrigados a questionar o fato de que alguns líderes fazerem tanta objeção para fecharem suas igrejas mesmo em tempos tão tenebrosos de intensa contaminação com a doença que vitima líderes e liderados. Será que a religiosidade se limita a estar fisicamente em templo? Não há a possibilidade de orar em casa junto com seus familiares?

Precisamos de mais líderes religiosos como o Arcebispo Dom Manuel Delson Pedreira que suspendeu as celebrações presenciais até o dia 24 de maio, mostrando que a verdadeira fé é muito diferente do fanatismo religioso, ela se preocupa com o bem estar das pessoas.


Referências e dicas

TONIOL, Rodrigo. Atas do espírito: a Organização Mundial da Saúde e suas formas de instituir a espiritualidade. Anuário Antropológico, Brasília, UnB, 2017, v. 42, n. 2: 267-299.

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2021/02/24/pb-prefeito-convoca-jejum-para-guerra-espiritual-contra-a-covid-19.htm

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/04/04/interna_politica,842421/bolsonaro-convoca-populacao-a-participar-de-campanha-de-jejum.shtml


Márcio Roberto de Carvalho é ativista negro filiado ao PSOL e historiador pela UFPB


 


Tiago 2.5 - Ouvi meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?

O texto acima leva-nos a refletir sobre a postura e o posicionamento de algumas denominações cristãs na atual conjuntura.Refiro-me aos católicos e os evangélicos, povo do livro sagrado chamado Bíblia, não ignoro às demais religiões como as de matrizes africanas como a umbanda e candomblé. O destaque é intencional e provocativo pois foi o uso de trechos da Bíblia que acalentou esperanças messiânicas que elegeram o atual presidente do Brasil.

Sobre o lema Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, bem como a utilização de trechos isolados da Bíblia como “ conhecereis a verdade e verdade vos libertará” que embalaram a campanha presidencial carregada de fakenews, e uma defesa bastante demagógica dos valores cristãos e da família, servindo para pautar debates sobre direito contraceptivo das mulheres ( legalização do aborto), discriminalização das drogas e uma educação libertadora e crítica, não somente preocupada em preparar o indíviduo para o mercado de trabalho, mas também para o convívio social e uma sociedade mais justa.

Ao contemplarmos a narrativa bíblica salta-nos à vista o contraste da vida de Jesus e seus seguidores nos primeiros séculos em relação algumas lideranças de nossos dias, que ostentam grandes patrimônios angariados com a fé alheia e ilusão de um discurso que promete riquezas e glórias em um sistema opressor cuja existência depende do acúmulo dessas riquezas na mãos de uma elite econômica.

Jesus, o Verbo Divino, nasceu em uma pequena cidade chamada Belém, cresceu em Nazaré, cidade estigmatizada naqueles dias, escolheu se fazer pobre, sendo ele rico para que a humanidade fosse enriquecida, enfim, Deus e seu filho escolheram um lado, um partido.

O evangelho veio da periferia, das classes subalternas, daqueles que não possuem grandes bens, os despossuídos de riquezas materiais. Portanto, posso afirmar com toda a convicção que Deus escolheu um lado, então é no mínimo insensato aqueles que serem seus seguidores não se posicionarem ante a situação vexatória a qual o povo brasileiro tem passado, estão como Pilatos, lavando as mãos para não ficar mal com ninguém.

Sobre isso a conferência de bispos e bispas da teologia negra realizada em 1978 nos Estados Unidos vai dizer o seguinte:


“ Nossa leitura está focalizada na observação do lugar privilegiado dos pobres na Bíblia. De acordo com diferentes textos bíblicos ( por exemplo, Êx 22.20-23; Dt 10.16-19) Deus manifesta sua justiça, tomando o partido dos órfãos, das viúvas, dos estrangeiros contra seus exploradores( …)”


A tentativa de não se posicionarem politicamente por parte de alguns cristãos não é por estes acreditarem na necessidade da laicidade do estado, mas por eles já tomarem partido contrário aos pobres. Outra tentativa “pueril” de justificar a omissão é a busca de um discurso equilibrado, sem extremismo, seja de esquerda ou de direita. Ledo engano, pois o sagrado livro que muitos afirmam crer exorta a não ficarmos em cima do muro da dúvida, nem olhando na janela da contemplação, aos arautos do “deixa disso”, Jesus diria: “por não serem quentes nem frio vomitar-te-ei da minha boca”.

Os cristãos não podem se omitir, não podem fazer como a Convenção Batista Brasileira que se omitiram no momento tão crucial a qual estamos passando, em que o número de mortos da Covid já ultrapassou a casa dos 200 mil mortos e o Governo Federal de Jair Messias Bolsonaro tem levado na galhofa, usando e abusando do cartão corporativo, cometendo vários crimes de improbidade administrativa. Interessante que essa mesma convenção não utilizou o discurso da isenção quando foi para pedir o impeachment de Dilma Rousseff . De lá pra cá o que mudou mesmo?

Referências

Convenção Batista se diz apartidária

https://wwwibmi.blogspot.com/2021/01/a-novidade-da-convencao-batista.html?fbclid=IwAR1qkMmWLJyiEQZbQ9LWipIxC91rZqsgBcsk6ZOGKcLIvAIrD2hmbkjpt80

FRESTOM, Paul. Religião e Política, sim; igreja e estado não: Os evangélicos e a participação política. Viçosa, MG: Ultimato, 2006.

WILMORE, Gayraud S, CONE, Janes H. Teologia Negra. Tradução: Euclides Carneiro da Silva. São Paulo: Paulinas, 1986.

Márcio Roberto de Carvalho é ativista negro filiado ao PSOL e historiador pela UFPB

 


Os que aqui se perfilam temos um inabalável compromisso com a democracia. Não meramente com o conceito usual de um tipo de sociedade onde cidadãos e cidadãs, votam, escolhem ‘livremente’ seus representantes. Defendemos a democracia que assegura a liberdade política, os direitos coletivos e as garantias individuais; democracia onde a participação popular, sobretudo, seja efetiva.

Originária da Grécia antiga teria sido Péricles quem a proclamou como governo “do povo, pelo povo e para o povo”. E numa solenidade em homenagem aos heróis da guerra do Peloponeso, segundo Heródoto. Esta formulação ficou célebre, séculos depois, na boca do presidente americano Abraão Lincoln.

Mas, na prática, nem na Grécia antiga, tal formulação se concretizou, afinal, mulheres, escravos e trabalhadores braçais estavam excluídos pelas elites. Ao longo do tempo, a democracia (também o seu oposto) como sistema político, não tem passado de mero instrumento a serviço destas elites. A análise marxista chega a afirmar que numa sociedade dividida em classes a democracia – como conhecemos - nada mais é que a ditadura da classe dominante. Só sendo possível uma democracia plena, numa sociedade sem classes.

Direitos democráticos e liberdades vão sendo relativizados conforme os interesses econômicos e políticos das classes dominantes.

Porém no período mais recente, trabalhadores, mulheres, negros e pardos, povos indígenas, populações lgbti+ e outros segmentes obtiveram, através de muita luta, conquistas que podem ser colocadas no corolário dos “avanços democráticos”. Assim a “democracia” vai sendo mitigada.

Após o surgimento do fascismo na Europa, século passado, “democracia” tornou-se cada vez mais uma bandeira de luta. Na medida em que crescem assustadoramente as investidas, por parte das elites dominantes contra a mínima conquista democrática, espraia-se, numa proporção inversa o anseio por mais espaço e liberdade pelas camadas populares.

É essa dimensão de ‘democracia’ que estamos a defender: respeito às conquistas institucionais, à diversidade e liberdade para lutar por direitos.

Hoje vivemos, talvez a mais brutal e sofisticada onda do ideário fascista no nosso país. Durante a ditadura militar, na sua fase de recrudescimento após o AI-5 o Estado brasileiro assume características de estado fascista, através do terrorismo institucionalizado que produziu a violência conhecida contra seus opositores. Agora o ideário fascista, promove, além da violência, o ataque aos costumes, à ciência, à cultura e à vida, utilizando-se, inclusive do ambiente de pandemia.

Por isto estamos aqui. Por isto nos proclamamos anti-fascista. E erguemos mais uma trincheira em defesa da democracia, do Brasil e da vida.


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes. 



I

Insano,

Não te mascares,

Pões a máscara!

A vida clama e quer ser vivida.


Insano,

Tu que negastes,

Não negues a culpa

Da dor e da morte que esse chão ocupa. 


Insano!

Que cada pranto seja um libelo,

Que cada perda seja um látego

-  o preço final que ti é cobrado. 


ATS, 23, 02, 2021

Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.

 


Hoje sou rei

Sem reinado e sem folia

Sou mestre sala sem fazer cortejo

À porta-estandarte sem pendão

Sou palhaço sem pintura e alegria

Pierrot e colombina sem salão

Sou baiana sem renda e rodopio

Sou bateria sem cuíca e sem repique

Frevo sem sombrinha e sem passista

Sou maracatu que ensaiou e não saiu

O ausente cartaz contra o fascista

Sou fantasia adormecida no varal

Abre-alas sem comissão de frente

‘A la ursa’ presa no quintal

Sou a paixão do um povo resistente

Expiando a pandemia em pleno carnaval.

ATS, 16-02-21


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.



O governador da Paraíba, João Azevêdo , anunciou no Twitter, neste domingo (31), que o site VacinaPB já está disponível para que os paraibanos façam o seu cadastro para a vacinação contra a Covid-19.

O governador ainda acrescentou que quem se cadastrar no site, será avisado assim que a vacina estiver disponível para o grupo de referência do cadastrado. Essa primeira fase, é importante que todos os idosos sejam cadastrados.

Na Indonésia, implantaram um sistema de vacinação que considero mais eficiente do que a maioria do resto do mundo. 

Primeiro está sendo feita a vacinação dos trabalhadores essenciais e jovens, já que são os maiores vetores responsáveis pela transmissão do vírus não só na Indonésia, mas também no resto do mundo.

Com isso, contém-se de modo eficiente a contaminação pelo vírus, favorecendo assim a imunização do rebanho. Dos idosos, dos que não fazem parte dos serviços essenciais e os desempregados é exigido o isolamento e distanciamento até que chegue sua vez de ser vacinado.

Isso na Indonésia.

Aqui na Paraíba seguiremos o modelo tradicional recomendado pelo MS e OMS. Enfim, o importante mesmo, é que a vacinação seja iniciada o mais rápido possível para a população em geral.

Já é uma excelente notícia o cadastramento online da população p\ara ser vacinada. 

Agora é ter calma, exercer a paciência, cumprir os protocolosde segurança recomendados e logo seremos vacinados.

Se Deus quiser. E Deus quer. Ele premia aqueles que com paciência e responsabilidade esperam N'Ele.


João Azevedo





Como admirador e seguidor de Jesus Cristo, sempre cri que a Bíblia Ocidental em suas várias e contraditórias traduções continham a Palavra do Criador e o registro de outros deuses. Nunca em minha vida consegui ver este livro como a infalível Palavra de Deus em sua totalidade, mas há em mim a certeza de que é portadora de tais Palavras Divinais. 

No máximo vejo ali uma permissão divina e maior do que o homem para que se imprimisse determinados registros da história da humanidade e da história divina neste mundo, porque ainda não nos foi permitido escrever a de outros mundos.

Creio que este meu texto irá provocar reações em líderes religiosos, romanos, reformistas, pentecostais ou neopentecostais não muito favoráveis, ou talvez não, porque uma criação que foi criada para ser dominada como escrava, com certeza sempre usou o Livro Sagrado, porque apesar de tudo, é Sagrado, para dominar e escravizar seus semelhantes. Principalmente no campo do domínio da mente.

Não acredito no tradicionalismo religioso, não acredito em sacrifício de vida animal ou humana aos deuses que amam a humanidade, não acredito em sacrifício pelo Pecado Original, porque para este Cristo já fez o sacrifício definitivo, com batismo ou sem batismo. Porque a Salvação e a Imortalidade da alma vem primeiro pela Fé, como primeiro requisito para receber tão divina Graça.

"Vai em Paz. A tua Fé te salvou."

Quantas vezes lemos essa frase do Cristo nos Evangelhos?

E como puderam aqueles que se dizem ungidos pelo Espírito Santo esquecerem tão facilmente desta premissa?

A Fé não habita na intolerância ao próximo, portanto não habita no sexismo, na homofobia, no racismo, na xenofobia, nos "diferenciados" de classe, na falta de respeito a outras profissões de Fé, mesmo que contradigam a que professamos.

A Fé não habita nestas distorções, estas sim, os verdadeiros pecados originais, e não a manifestação do Amor que foi colocada na natureza humana.

Creio que a maioria dos leitores conhece a história do sapo que deu carona ao escorpião, e que quando chega a outra margem do rio, o escorpião o pica, justificando cinicamente que era de sua natureza.

Então se é da natureza humana que pratiquemos o sexismo, a homofobia, o racismo, a xenofobia, os "diferenciados" de classe, a falta de respeito a outras profissões de Fé e a insistência no domínio escravista de nossos semelhantes, então nosso Criador biológico de fato não era tão perfeito assim.

Blasfêmia? Jamais!

Não estou afirmando tão peremptoriamente, mas me dando o direito de exercer o livre arbítrio, aliás que nos foi dado para exercer nossas escolhas, mesmo o Criador sabendo de nossas qualidades escorpianas. 

Porquê Ele correu esse risco?

No Velho Testamento, apesar da teologia acadêmica afirmar com teses absolutamente sem consistência que eram apenas um com nomes diferentes e que estes eram os criadores da humanidade, há dois deuses. Um era Jeová e o outro Javé, e todos os dois tem sua versão de nomes impronunciáveis pela nossa capacidade fonoaudiofalante.

E a Fé Judaica passou a ser mais maniqueísta, após o povo judeu ter sido levado cativo para a Babilônia e ter absorvido elementos do Zoroatrismo. Isso é claramente mostrado na Bíblia.

Maniqueísmo é a relação teológica das religiões na polarização do bem e do mal.

Então eu pergunto: O Deus do Velho Testamento é o mesmo do novo? Ou Pedro e Paulo insistiram em relacioná-los na Nova Aliança, depois da Assembléia de Jerusalém?

Eu vou escrever o que creio e também creio não ofender Aquele a Quem sirvo, não como escravo de Cristo no estilo pauliniano ou como um eunuco espiritual, Porquê está escrito que a Verdade nos libertarás. E se vivo na Verdade, sou liberto, portanto jamais seria escravo de Cristo como Paulo, mas como amigo e irmão mais novo de Cristo adotado por Deus a partir do sacrifício na cruz pelo Emmanuel.

Não sou melhor que Paulo, mas sou Cristão, não Pauliniano. Não foi o sangue de Paulo que me resgatou do mundo dos mortos. 

Mas, ora, se todos somos criação de Deus, porque então somos adotados? Você só é adotado por aquele que não é seu pai de Verdade. 

Na Bíblia, o entendimento é que todos que aceitam a Cristo como Senhor e Salvador, são feitos filhos de Deus (João 1:12). Esse é o maior exemplo de adoção por amor (Efésios 1:5). 

Maior exemplo de adoção?

Tem mais, esse então me deixa de queixo caído:

"Éramos filhos do inimigo de Deus (João 8:44) e, mesmo assim, Ele nos amou, perdoou e nos adotou como Seus filhos..."

Eu era filho do inimigo de Deus? Então o meu Criador era inimigo de Deus...

Quando Jesus se dirigia aos fariseus que vinha contender com Ele, vale lembrar que os Saduceus eram agnósticos, seu foco era político, Jesus dizia:

"Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. João 8:44"

Nem me preocupo, os teólogos virão com suas teses ajeitadas explicar o meu questionamento. Ou então nem se darão ao trabalho. Mas a Verdade é que os Fariseus seguiam a religião ortodoxa judaica, e Jesus chamou o pai deles de diabo. 

Há algo de podre no reino da Dinamarca.

Essa foi só uma introdução ao assunto principal deste texto: A Misoginia. Essa introdução busca mostrar as contradições bíblicas a Luz do Espírito e execrando o academicismo teológico, que na verdade não passa de medíocre manifestação da sabedoria humana. Encontrei muitos teólogos assim na Igreja Presbiteriana e na Igreja Católica. 

Mas são várias as denominações que massificaram uma teologia evangélica e também a católica, que buscou a manifestação carismática, motivados apenas pelo interesse em angariar grandes quantidades de membros em favor de um mercado religioso, a exemplo daqueles que Jesus expulsou do Templo.

Entre as piores manifestações de intolerância entre os reformistas, evangélicos e católicos é contra a mulher. Isso é Misoginia, que especificamente no terreno religioso quer dizer aversão ou ódio a mulher.

No texto de Isabela Garrido, uma mulher evangélica, no Brasil, a cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas; a cada 11 minutos, 1 mulher é estuprada; e a cada 90 minutos, 1 mulher é assassinada. Esses dados foram disponibilizados pela Agência Patrícia Galvão, criada para produzir notícias e conteúdos sobre os direitos das mulheres brasileiras. 

E o que é que a igreja evangélica tem a ver com isso? Absolutamente tudo! 

Porque mulheres crentes também são vítimas de violência doméstica; porque homens crentes também praticam atos de violência contra suas mulheres; e porque a igreja, infelizmente, muitas vezes tem agido como cúmplice no meio de tudo isso. Como membro da igreja evangélica brasileira, me dói ter que admitir essa triste e vergonhosa realidade, mas não dá para negá-la. São palavras dela que faço minhas.

O discurso fundamentalista e a postura inflexível de muitas igrejas sobre o divórcio se transformam em um meio de opressão para milhares de mulheres que vivem em situação de risco por estarem expostas à violência doméstica. 

Muitas igrejas afirmam permitir o divórcio em casos de agressão física, mas pecam por não levar em consideração a violência verbal e psicológica que, em muitos casos, precedem-nas. 

Ainda segundo Isabela, Outro tipo de violência muito comum nas igrejas é o estupro de mulheres pelos seus próprios maridos. A orientação de Paulo em 1 Co 7:4 é distorcida e utilizada para justificar esse ato, pois alegam que se o corpo da mulher pertence ao marido, então ela não pode recusar o sexo em hipótese alguma. 

Esquecem que a mesma passagem diz que o corpo do homem também pertence à esposa e que Paulo em nenhum momento fala que a recusa ao sexo por parte de um dos cônjuges deve ser resolvida à força. Esse tipo de violência é ainda mais difícil de ser detectado. 

Raramente as mulheres falam sobre isso com alguém e, em muitos casos, elas sequer sabem que estão sendo vítimas de estupro. Afinal de contas, foi o seu marido, né? Elas acreditam na história de que seu corpo não lhes pertence, segundo a interpretação errada e distorcida da fala de Paulo.

O próprio texto de Isabela Garrido, que escreve para o site "Tem Mulher na Igreja", vem corroborar o meu texto introdutório sobre a visão dúbia e inescrupulosa que muitos líderes religiosos tem sobre as Escrituras. Com relação a mulher, são absolutamente machistas e usam a Bíblia Sagrada para dominá-la sem nenhum respeito para com sua individualidade e atitudes cristãs femininas, ou feministas. Como queiram.

Só para começar, a nossa Genêsis bíblica ultrapassa qualquer definição machista que se possa dar a um texto sobre a criação da mulher. Não fazem menção nenhuma a textos antigos hebraicos que falam sobre uma mulher criada antes de Eva do mesmo material de Adão e não da sua costela. 

Seu nome é Lilith. Enfim, ela se revolta contra o machismo estrutural de Adão e vai embora do Éden por livre e espontânea vontade e aí, talvez, aqui esteja no campo da especulação, mas a Fé judaica é machista, e então Lilith vai ao deserto, se junta com o capiroto e cria todos os dias milhares de demônios para atormentar a terra e seus habitantes. 

Cá entre nós, só uma dezena de homens possuídos pelos demônios já provocam um estrago considerável no planeta.

Em seguida, da costela de Adão sai Eva, submissa, mas que leva ao homem a sua própria queda e desde os tempos do Moisés deuteronômico, a mulher tem que carregar este enorme peso e culpa.

É a tese tardia do cordão umbilical que não se rompe nunca. Por si só o homem não peca, não erra. Uma mulher tem que leva-lo a isso. Mas com Adão não havia cordão umbilical, e Eva não era mãe de Adão...

Fica o simbolismo mais perverso com relação a mulher na história humana.

Mas enfim, desde o início a mulher está em desvantagem nas religiões judaicos-cristãs, islâmicas e hindus. Sem fazer apologias, evoco aqui, esqueçam questões políticas ideológicas do século XX/XXI, as "mitologias" sumerianas, acádias, gregas, germânicas, nórdicas e celtas. Nelas, as mulheres tem um papel central na sociedade como guerreiras, agricultoras, navegadoras e de mães, seguindo uma atribuição da Grande Mãe. 

E sem deixar de existir o Deus central, criador, masculino, não há de modo algum uma diminuição do feminino na divindade. Pelo contrário, há um papel fundamental da mulher nestes panteões.

E até mesmo, no início da religião dos hebreus, o Deus bíblico do velho testamento, tem uma deusa a seu lado. Com os levitas mosaicos, essa deusa se torna pagã e é divorciada do seu Deus exclusivo. 

A pergunta não respondida e a Bíblia não tem todas as respostas para ela é: Porquê os Cristãos renegam as suas mulheres o legítimo direito de escolha, de missão por igual e muito mais, do ministério que Cristo deu as mulheres que o cercavam?

"Bendito é e será entre as mulheres."

Porque realmente não seguimos a Cristo em vez de ficarmos inventando artifícios teológicos muito bem estruturados em teses que empurram a janela construída em lugar errado onde o sol não passa, para onde o sol brilha?

É construção mal feita.

Não é mais fácil construir a janela onde o sol brilha? O Sol da Justiça? No lugar certo?

Por fim, afirmo e reafirmo que esse texto é em defesa absoluta das mulheres cristãs e das que não são também. 

Porquê, na visão da História humana, nas Escrituras Sagradas e na minha própria, as mulheres sempre prevaleceram e sempre prevalecerão.

Porquê?

Simples.

Elas são as mães da humanidade, dos homens e de si mesmas. Sem elas não haveria vida de acordo com a natureza do Criador. Elas não são o escorpião, elas dão a vida, mas podem picar com um poderoso veneno também para se defender.

Mais? Pois vai e não reclame, seu machista:

Sem uma Mulher, Jesus Cristo não teria vindo a este mundo.

Fiquem na Paz de Deus.


Eliseu Mariotti é Jornalista, Músico, Publicitário, Programador, Editor deste Blog e do Projeto Democracia Sempre


















A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que outras três vacinas contra a Covid-19 aguardam a revisão final para listagem de uso emergencial. Até o momento, apenas a vacina desenvolida pela Pfizer/BioNTech foi aprovada pela entidade. 

De acordo com a agência Reuters, porém, um relatório interna OMS aponta que os imunizantes da Moderna, AstraZeneca, Sinoparm e Sinovac poderão ser aprovados nas próximas semanas. No total, segundo a vice-diretora-geral da OMS, Mariangela Simão, existem 13 imunizantes em alguma fase da listagem. 

A autorização da OMS é importante pois, além de agilizar os processos e cada país, também prmite a distribuição da vacina aos países mais necessitados por meio do Fundodas Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). 

Font: IG




A WTorre, empresa que administra o Allianz Parque, anunciou que a estrutura do estádio será utilizada para a campanha de vacinação contra a Covid-19, prevista para começar no próximo dia 20. Segundo a empresa, as conversas com as autoridades públicas estão em andamento e o local ja está sendo preparado para receber a operação.

Com isso, o estádio do Palmeiras se junta ao Morumbi e à Neo Química Arena numa corrida "saudável" entre os clubes paulistas. No último dia 8, São Paulo e Corinthians anunciaram que os locais também foram colocados à disposição das autoridades de saúde.

O uso dos estádios de futebol para a vacinação contra a Covid-19 não é uma exclusividade de São Paulo. No Rio, o Botafogo abriu as portas do Nilton Santos. O clube alvinegro também ofereceu a sede de General Severiano. Já na Bahia, a Arena Fonte Nova também foi colocada à disposição.

Fora do Brasil, as arenas também viraram aliadas das campanhas de vacinação contra a Covid-19. Na França, o Olympique de Marseille disponibilizou o Stade Vélodrome. Já nos Estados Unidos, estádios da NFL (a liga de futebol americano) e da MLB (a liga de beisebol) também estão serão usados com este intuito.

Font: hbrasill


Neste domingo, 17 de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de duas vacinas contra a Covid-19 e realizou um ato simbólico: a vacinação do primeiro brasileiro fora dos períodos de teste. Mônica Calazans, de 54 anos, foi a escolhida para receber a primeira dose do imunizante. Ela atua na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

A primeira dose da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, foi aplicada pelo Governo de São Paulo. Além disso, a Anvisa também aprovou o uso emergencial da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolvida com a Astrazeneca/Universidade de Oxford.

A moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, foi a primeira pessoa, fora dos estudos clínicos, a receber a vacina. Após ser imunizada, ela recebeu do governador João Doria um selo simbólico com os dizeres “Estou vacinado pelo Butantan” e uma pulseira com a frase “Eu me vacinei”.

om a aprovação o Brasil, se tornará o quarto país a iniciar o uso emergencial do fármaco, após China, Indonésia e Turquia. 

Esperemos que a partir de agora esse carro desça a ladeira em quinta marcha até conquistarmos a imunidade de rebanho.



 


Existe um lugar no Centro Histórico de João Pessoa que poucos conhecem e que é considerado um dos melhores cafés e restaurantes do Nordeste. Fica no prédio que se localiza a rádio Sanhuá, que com certeza já ouviram e o portal S1, mas será que todos sabem onde fica? 

Pois, fica em um dos melhores lugares para se ver o pôr do sol em João Pessoa. Em frente a Catedral da Nossa Senhora das Neves. 

É numa casa linda, que parece saída de uma revista de Casa e Decoração, reformada e decorada sob o comando de Jussara Moreno, que é localizado o Bistrô 17. 

O Bistrô 17 hoje tem um cardápio exclusivo com uma carta de bebidas que atende a todos os gostos, além claro, de ter um dos cafés expressos do mais alto gabarito da cidade de João Pessoa. 

Com toda estas qualidades a casa resolveu investir em música instrumental uma vez por semana. Jussara está lançando o projeto “Sax em Quinta no Pôr do Sol”, em ritmo de happy hour para incrementar o maravilhoso pôr do sol que a natureza dotou a região. 

Quem irá conduzir musicalmente o projeto será o músico DJSax Mariotti,que além de jornalista e programador, é saxofonista e já montou e programou mais de 500 trilhas de instrumentos digitalizados com arranjos formatados por ele mesmo, criando um repertório personalizado de todas as épocas e para todas as faixas etárias. 

O Projeto “Sax em Quinta no Pôr do Sol” será realizado as quintas-feiras no Bistrô 17, à partir das 17h00 até as 19h30, horário em que você poderá degustar junto com boa e diferenciada música um cardápio exclusivo e uma carta de bebida excepcional, com aprática de segurança de todos os protocolos que a pandemia e a lei exige. 

Nesse quesito, a casa conta com variedades de espaços abertos e mesas devidamente distanciadas, além dos talheres e louças de uso comum com a adequada higienização que sua saúde merece.

É mais um espaço exclusivo de cultura que a cidade disponibiliza para aqueles que tem prazer em desfrutar bons momentos com boa música. 

O telefone de contato, já para reservas é 83 99913-1707 e vale muito a pena não perder essa excelente oportunidade de sair de casa, ouvir boa música, comer bem e com segurança para você e sua família.

Divirta-se! Vá ao Bistrô 17 que fica na  Rua Conselheiro Henrique, 17, no Centro Histórico de João Pessoa.

E é com certeza um dos mais belos lugares com muita história da Capital paraibana.
  




Imagens de médicos mortos pela Covid projetadas em edifícios paulistanos (Crédito: Metrópoles)

 

No início da década passada, as entidades médicas brasileiras travaram uma luta desigual no Congresso Nacional, pois até então o exercício da nossa profissão ainda não tinha sido regulamentado por lei.

Diferente das demais profissões de saúde, por descuido das gerações médicas anteriores nunca havia sido apresentado um projeto vitorioso, na Câmara Federal e no Senado, para regulamentar uma profissão tão antiga e prestigiada.

Em sua longa trajetória no Congresso, originalmente recebeu no Senado a denominação PL 268/2002, do senador Benício Sampaio, do PPB do Piauí. Após demorada evolução, foi aprovado por unanimidade no Senado e seguiu para a Câmara do Deputados, onde passou a ser denominado PL 7703/2006.

Ao longo de sete anos, o PL 7703/2006 sofreu todo tipo de agressões por parte das representações das outras 13 profissões de saúde. Tal hostilidade baseava-se em equívocos estimulados por dirigentes suspeitos que comandaram outros profissionais – dentistas, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, assistente social, biólogo, biomédico, farmacêutico, fonoaudiólogo, profissional de educação física, terapeuta ocupacional e técnico e de radiologia – numa verdadeira guerra santa contra aquilo que foi denominado Ato Médico.

Esses dirigentes das profissões citadas convenceram seus liderados que a aprovação da Lei do Ato Médico os transformaria em meros subordinados aos médicos e esses, por sua vez, limitariam as atividades daqueles profissionais.

Tamanha má vontade para com a classe médica parecia ter raízes históricas, originadas em comportamentos inadequados e arrogantes de médicos do passado.

Hoje, os tempos são outros e as novas e atuais gerações têm relações em que predomina o respeito mútuo aos outros profissionais de saúde, encarando a sua atividade como um trabalho de equipe, onde o bem comum é a saúde plena do paciente sob os seus cuidados.

Esse verdadeiro ranço encontrou eco no Congresso, todavia, mais exatamente na Câmara dos Deputados. Isso fez com que a lei atrasasse, demorando 11 anos até ser aprovada e sancionada.

Antes de ser aprovado, o projeto foi distorcido e politizado, especialmente por representantes do Partido dos Trabalhadores, com destaque para o então deputado paraibano Padre Luiz Couto, influenciado pelos representantes das outras profissões, com destaque para os psicólogos e fisioterapeutas.

Por causa disso, o projeto sofreu cortes substanciais nas prerrogativas da profissão médica. Teria sido pior, não fosse o denodo com que o seu relator, o senador paraibano Cássio Cunha Lima, defendeu a conservação do texto original, que continha definição justa das atividades exclusivas da formação do médico, que de modo algum cerceava atividades das outras profissões.

Aprovada com ressalvas na Câmara Federal, retornou ao Senado, onde foi aprovada por unanimidade. Finalmente, em 10 de julho de 2013, a então presidente Dilma Rousseff sancionou a lei, mas, mal assessorada por seu ministro, o “médico” Alexandre Padilha, vetou dispositivos essenciais do texto aprovado pelo Senado, amputando assim a Lei do Ato Médico.

Pois bem: a luta heroica e desigual das nossas entidades representativas, com destaque para o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB), foi renhida e mobilizou todos os médicos do Brasil.

Os cortes que a presidente Dilma, do Partido dos Trabalhadores, realizou na nossa Lei, e a concomitante luta da classe médica brasileira contra a aprovação da regulamentação do Projeto Mais Médicos, que escancarou as nossas fronteiras à invasão de profissionais que se diziam médicos, sem que pudesse ser realizada uma comprovação, visto que foi proibida a revalidação do diploma para esses “médicos”, fizeram com que os nossos colegas aprofundassem o seu repúdio ao PT e seus representantes.

Na eleição para presidente acontecida em 2018, sem ter bom-senso nem autocrítica, o PT lançou um candidato próprio. Isso provocou uma reação dentro da categoria médica, que compreensivelmente não havia esquecido as feridas abertas pelo Mais Médico e a Lei do Ato Médico. A eleição tornou-se, então, plebiscitária para a maioria em peso da nossa categoria. Cresceu a ojeriza ao candidato do PT, tendo os nossos médicos por maioria esmagadora abraçado qualquer um que fosse adversário do candidato do PT.

Quis o destino que um doido esfaqueasse o candidato da extrema-direita, um apagado político sem nenhum projeto expressivo na sua vida. A comoção nacional provocada pelo gesto do tresloucado, muito bem explorada pelas redes sociais que disseminam intrigas e ódio, teve o efeito de uma catapulta em sua candidatura.

Dentro da classe médica essas redes exploraram muito bem a aversão da categoria ao PT e tudo aquilo que o representasse. Essas redes souberam manipular muito bem o sentimento dos médicos brasileiros, fazendo com que contribuíssem fortemente para eleger Jair Bolsonaro presidente da República, numa eleição democrática. Até aí, tudo bem.

Em primeiro de janeiro de 2019, o cidadão tomou posse do cargo de presidente do Brasil. Foi o último ato importante por ele realizado. Pois, desde então, ele deixou de trabalhar e passou a ser um fazedor de piadas, comportando-se como um moleque adolescente no Palácio do Planalto, levando a vida sem seriedade, delegando o trabalho verdadeiro a seus ministros e ao seu vice-presidente, Hamilton Mourão.

A vida era uma festa até que o mundo mudou. E o Brasil foi assolado pela pandemia, que já ceifou a vida de mais de 200 mil brasileiros.

Em nenhum momento o presidente assumiu a liderança de ações que pudessem reduzir o impacto inevitável causado pela doença, na população e nas consequências econômicas.

Antes pelo contrário, ele sempre que pôde estimulou a desobediência às determinações das autoridades de saúde; por puro e ridículo ciúme demitiu o ministro da Saúde, que estava fazendo a coisa certa, terminando por nomear um incompetente em políticas de saúde, tão somente porque ele não lhe faz concorrência; ajudou a disseminar falsos e inócuos tratamentos, sem nenhuma comprovação científica, mobilizando recursos importantes desperdiçados na fabricação de remédios por ele eleitos como tratamento eficaz para a covid 19, e que nenhum estudo sério comprovou a sua eficácia; demorou a tomar (ou não tomou) atitudes que pudessem ajudar a reduzir o número de mortes causadas pela doença. Em resumo: negou a ciência, a lógica e estimulou o caos da ignorância, colaborando para a perda de mais de 200 mil vidas.

Ao longo dessa marcha para o desastre o que fizeram as nossas entidades de saúde? Partiram em defesa da medicina? Tomaram o partido da ciência? Nada disso. Colaboraram com a pregação da ignorância, da politização da ciência. Aplaudiram a alquimia.

Agora que o caos está instalado, cala-se num mutismo gritante, abandonando aqueles pelos quais fez o seu juramento de defesa. Deixou a classe médica e a ciência órfãs de representatividade.

Nem todos engoliram o canto de sereia do negacionismo oficial. Eis que médicos notáveis, cada um em sua respectiva época, com relevantes serviços prestados à nação e aos brasileiros que padecem, lançaram um manifesto lúcido, onde perguntaram às entidades médicas, representadas pelo Conselho Federal de Medicina:

– Onde estão vocês, que apoiaram a anticiência e a oficialização do atraso, dando as costas para a sociedade que deveriam defender? O que defendem agora?

Medicina é pura ciência. Medicina não é partido nem religião. Ao politizarem a medicina e a ciência, as entidades nacionais não representaram a totalidade da classe médica.

Eu nunca mais havia sentido que as minhas instituições de classe me representavam. Agora, sim, após tantos anos, voltei a me sentir novamente representado.
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  • A fotografia que ilustra o artigo, copiada do site Metrópoles, mostra imagens de médicos mortos pela Covid projetadas em edifícios paulistanos

  • José Mário Espínola
    Cardiologista, Ex-Presidente e ex-Corregedor do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB)