Não gosto da câmera lenta nos filmes. Não é real. A vida é muito rápida e não entendo porque os diretores colocam o efeito de lenta nos filmes. A vida, tal qual uma correnteza, flui implacavelmente, sem pausas para contemplações artificiais. O relógio não concede clemência, cada segundo passa sem misericórdia, impiedoso. No mundo real, tudo acontece com uma urgência palpável, onde as emoções surgem e se desvanecem com a rapidez de um piscar de olhos.

Por que, então, insistir em retardar a velocidade da vida com o artifício da câmera lenta? Os filmes tentam capturar a profundidade dos momentos, alongando olhares, sorrisos, e gestos que, na realidade, são fugazes. A câmera lenta parece um esforço desesperado para dar peso ao que é leve, para prolongar o efêmero. Na vida cotidiana, as despedidas são rápidas, os abraços são breves, e as oportunidades, passageiras. Nada espera, tudo se move com uma pressa insaciável.

Assistir a um filme onde cada movimento é esticado, onde as ações são desmembradas em fragmentos lentos, é frustrante. A vida não tem paciência para tais luxos. Cada decisão, cada passo, é tomado com a urgência do agora, sem espaço para revisitar o momento em câmera lenta. Os filmes que utilizam esse efeito parecem desconectados da realidade frenética que vivemos. Eles distorcem o ritmo natural do tempo, criando uma ilusão de permanência que não existe.

A câmera lenta nos filmes me parece uma traição à verdadeira natureza do tempo. Ela tenta impor uma reflexão forçada onde deveria haver apenas a fluidez do instante. Na busca de uma profundidade estética, os diretores esquecem que a verdadeira beleza da vida reside em sua impermanência, em sua velocidade. A realidade não se desenrola com a lentidão de uma cena cinematográfica; ela avança implacavelmente, como um rio caudaloso.

A câmera lenta não respeita o ritmo implacável da vida. Ela é um artifício que tenta fixar o que é, por natureza, inconstante. Na pressa do cotidiano, encontramos a essência da existência: cada momento é precioso precisamente porque é breve, porque não podemos segurá-lo, porque ele escapa entre os dedos como areia fina.

Transformar o efêmero em duradouro através da lente de uma câmera despreza a verdade de que a vida não é uma sequência de quadros estendidos; é uma sucessão rápida de momentos que nos desafia a acompanhar seu ritmo. A câmera lenta, ao tentar capturar a eternidade de um instante, falha em compreender a verdadeira natureza do tempo. E, assim, na busca pelo que é de fato, a rejeito, preferindo a velocidade sincera da vida real.

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Depois das derrotas do Governo Lula no Congresso sobre temas da pauta de costumes, a oposição bolsonarista percebeu que o caminho para anular o poder de voto dos candidatos governistas nos municípios é colocar esse governo em conflito com suas bases e o eleitorado conservador, principalmente entre os cristãos. Um exemplo claro e forte desta estratégia é o projeto de lei 1904/24.

A proposta de lei 1904/24, apresentada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), representa um exemplo clássico de conservadorismo retórico, uma manobra destinada a atender interesses eleitorais à custa dos direitos humanos e da saúde das mulheres. Este projeto de lei, que compara o aborto a homicídio, não é apenas um retrocesso jurídico e social, mas também um ataque direto às conquistas fundamentais das mulheres brasileiras.

A apresentação dessa lei em um ano de eleições municipais é uma demonstração clara do oportunismo político da extrema direita. Ao mirar os eleitores evangélicos, cristãos e conservadores, Cavalcante tenta angariar apoio de uma base específica, prejudicando deliberadamente o PT, (criando conflitos na base eleitoral) e o governo progressista do presidente Lula no pleito. Este movimento calculado não visa o bem-estar da sociedade, mas sim a consolidação de um poder baseado no conservadorismo da extrema direita e na manipulação de valores morais com fins políticos.

Diferença Fundamental entre Aborto e Homicídio

É uma excrescência comparar aborto ao homicídio, e essa comparação revela uma profunda falta de compreensão sobre os direitos reprodutivos das mulheres e a complexidade das questões envolvidas.

O homicídio é a interrupção ilegal da vida de uma pessoa já nascida e reconhecida como um indivíduo com direitos completos sob a lei. Já o aborto é a interrupção de uma gravidez, que envolve o corpo e a saúde da mulher que está gestando. Essa distinção é crucial porque, no caso do aborto, estamos tratando de uma questão que envolve a autonomia corporal da mulher e seu direito de decidir sobre seu próprio corpo e saúde.

Comparar aborto a homicídio é uma negação dos direitos reprodutivos das mulheres, que incluem o direito de decidir se, quando e sob quais circunstâncias ter filhos. Isso é um componente essencial da autonomia pessoal e da igualdade de gênero. Forçar uma mulher a levar adiante uma gravidez indesejada é uma forma de controle estatal sobre o corpo feminino, violando direitos fundamentais.

Contramão dos Direitos Humanos Internacionais

Internacionalmente, essa proposta de lei coloca o Brasil na contramão da história e do progresso. Organizações como a ONU e diversos países europeus já condenaram esse tipo de legislação, que desrespeita os direitos reprodutivos das mulheres e ignora os avanços globais em matéria de saúde pública e direitos humanos. Ao insistir em uma agenda retrógrada, Sóstenes Cavalcante não só ignora as evidências científicas e as recomendações internacionais, mas também coloca o Brasil em uma posição vergonhosa perante a comunidade internacional.

Países com legislações mais progressistas sobre o aborto geralmente têm melhores resultados de saúde materna e maior igualdade de gênero. Equiparar o aborto ao homicídio vai na contramão desses avanços e coloca o Brasil em uma posição retrógrada em relação aos direitos das mulheres.

Consequências Sociais e Psicológicas e para a Saúde Pública

A criminalização do aborto tem graves consequências psicológicas e sociais. Mulheres que são forçadas a levar adiante uma gravidez indesejada podem sofrer danos psicológicos significativos, além de enfrentar estigmatização social, ameaça de prisão e dificuldades econômicas. Isso afeta não apenas as mulheres, mas também suas famílias e comunidades.

Comparar o aborto ao homicídio é uma excrescência porque simplifica uma questão complexa, além de ignorar os direitos e a autonomia das mulheres, perpetua uma agenda política conservadora que prejudica a saúde e a igualdade de gênero. Em vez de avançar políticas que respeitem e protejam os direitos das mulheres, essa comparação serve apenas para perpetuar um ciclo de opressão e desigualdade. A sociedade brasileira deve resistir a essas tentativas de retrocesso e continuar lutando por um futuro onde os direitos reprodutivos e a autonomia das mulheres sejam plenamente respeitados.

As consequências dessa lei para meninas e mulheres estupradas que engravidarem são gravíssimas e inaceitáveis. Primeiramente, a proibição do aborto em casos de estupro força vítimas a carregarem uma gravidez indesejada, causando traumas psicológicos severos e perpetuando um ciclo de violência. Além disso, a criminalização do aborto coloca essas mulheres em situações de risco, levando muitas a recorrerem a métodos inseguros e clandestinos, com altos índices de mortalidade materna. O impacto na saúde física e mental dessas mulheres é devastador, comprometendo suas vidas e violando seu direito à dignidade.

Reação em cadeia, não na cadeia

A reação da sociedade civil e das mulheres, que já começam a tomar as ruas em protesto, é um reflexo da indignação e resistência contra essa barbárie. Movimentos feministas, organizações de direitos humanos e cidadãos conscientes se unem para combater essa legislação absurda e defender os direitos das mulheres. As manifestações são uma demonstração poderosa de que a sociedade brasileira não aceitará passivamente a retirada de direitos fundamentais e continuará a lutar por um país mais justo e igualitário.

A articulação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para votar a urgência dessa lei só reforça a conivência/cumplicidade com esse ataque aos direitos das mulheres. Lira, ao priorizar essa pauta, demonstra uma clara aliança com o conservadorismo extremo e uma total falta de compromisso com a justiça social e os direitos humanos. A postura de Lira é, no mínimo, canalha e preocupante, pois coloca interesses políticos pessoais acima do bem-estar da população feminina do Brasil.

Em resumo, o Projeto de Lei 1904/24 é uma afronta aos direitos das mulheres e um grave retrocesso social. É crucial que a sociedade continue a se mobilizar contra essa proposta, defendendo um Brasil onde os direitos reprodutivos e a dignidade humana sejam plenamente respeitados.
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Nos becos sombrios da história, o fascismo nunca desapareceu realmente. Espreitando nas sombras, está sempre pronto para ressurgir com nova fantasia. E por este motivo, muitos críticos apontam que a mídia corporativa global tem sido cúmplice, senão protagonista, nesse revival sinistro. No entanto, o que é chamado de "novo fascismo" não passa de uma versão reciclada do fascismo tradicional, agora adaptada às novas realidades e tecnologias do século XXI.

A Renascença do Autoritarismo

O fascismo clássico, por assim dizer, emergido nas décadas de 1920 e 1930, foi marcado pela centralização do poder, a glorificação de um líder carismático, o nacionalismo exacerbado e a supressão brutal de dissidência. Seus métodos eram visíveis, seus horrores palpáveis. No entanto, se as estratégias mudaram com o tempo, os objetivos do fascismo moderno permanecem assustadoramente familiares.

Atualmente, esse velho espectro ressurge com novas ferramentas à sua disposição. A mídia corporativa, com seu alcance global e poder de moldar narrativas, tem desempenhado um papel crucial nesse processo. Através de uma combinação de desinformação, manipulação emocional e amplificação de vozes autoritárias, a mídia muitas vezes ajuda a pavimentar o caminho para o retorno de políticas e ideologias que antes julgávamos enterradas e relegadas ao passado.

A era digital trouxe uma proliferação de plataformas de informação, mas paradoxalmente, também fortaleceu o controle centralizado de grandes conglomerados midiáticos. Estes conglomerados frequentemente determinam quais vozes são amplificadas e quais são silenciadas. Através de manchetes sensacionalistas, cobertura enviesada e a perpetuação de discursos polarizadores, a mídia corporativa cria um ambiente onde o fascismo pode renasce e pode prosperar com uma imagem supostamente nova e contemporânea.

Esse novo fascismo adota um verniz de respeitabilidade e conservadorismo, utilizando a linguagem da democracia e da liberdade enquanto, na prática, mina esses mesmos valores. Através da repetição incessante de narrativas que demonizam minorias, exaltam líderes fortes e depreciam a complexidade da política. Neste terreno fértil, a mídia contribui para a construção de uma sociedade mais receptiva ao autoritarismo.

Uma das armas mais potentes deste suposto "novo" fascismo é a desinformação. Notícias falsas e teorias da conspiração, disseminadas amplamente através de redes sociais e veículos de mídia de massa, criam um ambiente de medo e incerteza. Nesse caos informacional, a figura do "salvador forte" se torna atraente para muitos, ressoando com as antigas táticas fascistas de apresentar um líder carismático como a solução para todos os problemas.

A supressão da dissidência continua sendo uma característica central do "novo" fascismo. No entanto, as estratégias modernas são mais sutis. Em vez de campos de concentração e execuções sumárias, vemos campanhas de difamação, censura velada e a marginalização de vozes opositoras através de algoritmos e políticas corporativas. A mídia corporativa, ao alinhar-se com interesses políticos e econômicos, frequentemente ignora ou minimiza vozes críticas, contribuindo para um ambiente onde o dissenso é desestimulado.

A Origem das Fake News

As "fake news", ou notícias falsas, não são um fenômeno exclusivamente moderno; suas raízes remontam a tempos antigos. Desde que o ser humano começou a comunicar-se por meio de escrita e linguagem, a disseminação de informações falsas tem sido utilizada como uma ferramenta para manipular, enganar e influenciar.

Na Roma Antiga, por exemplo, o imperador Augusto utilizava propaganda para desacreditar seus inimigos políticos. Durante a Idade Média, rumores e mentiras eram frequentemente espalhados para incitar revoltas ou justificar guerras. No entanto, o termo "fake news" ganhou destaque contemporâneo com a ascensão da internet e das redes sociais, que proporcionaram um ambiente fértil para a rápida disseminação de informações, verdadeiras ou falsas, a uma audiência global.

A explosão de mídias sociais, blogs, e outras plataformas de comunicação digital no início do século XXI criou novas dinâmicas de informação, onde qualquer pessoa pode criar e compartilhar conteúdo sem a necessidade de verificação ou validação. Este cenário, aliado à busca incessante por cliques e engajamento, propiciou o surgimento de um vasto ecossistema de fake news.

As fake news

Analisando as fake news, é fácil classifica-las em algumas categorias principais que servem de direção para identifica-la ao que exatamente elas estão servindo:

1. Manipulação Política
  • Uma das motivações mais comuns para a criação de fake news é a manipulação política. Partidos, candidatos e governos utilizam notícias falsas para influenciar a opinião pública, desacreditar adversários, ou promover agendas específicas. Este uso de desinformação é particularmente evidente durante períodos eleitorais, onde o impacto das fake news pode alterar significativamente o resultado de votações.
2. Ganhos Financeiros
  • Muitos criadores de fake news são motivados pelo lucro financeiro. Notícias sensacionalistas, chocantes ou altamente polarizadoras geram mais cliques, compartilhamentos e visualizações, que podem ser monetizados através de publicidade. Sites e páginas de redes sociais que se especializam em fake news frequentemente lucram com o tráfego gerado por suas postagens virais.
3. Desestabilização Social
  • Fake news também são usadas como uma arma para criar caos e desestabilização social. Governos ou grupos externos podem disseminar desinformação para semear discórdia, medo e desconfiança em sociedades adversárias. Esta tática pode enfraquecer a coesão social e minar a confiança nas instituições democráticas.
4. Reputação e Vingança
  • Individuais ou grupos podem criar e espalhar fake news para destruir reputações pessoais ou empresariais. Difamação e calúnia são antigas ferramentas de vingança, agora amplificadas pelo alcance instantâneo das redes sociais.
5. Entretenimento e Sátira
  • Embora menos maliciosas, algumas fake news são criadas puramente para entretenimento ou sátira. No entanto, a falta de clareza entre o que é sátira e o que é apresentado como fato pode levar a uma confusão significativa entre os consumidores de notícias.
Conclusão

O novo fascismo, portanto, não é uma novidade. É uma continuação, uma adaptação do velho fascismo às novas realidades do mundo moderno. E a mídia corporativa global, através de suas práticas e escolhas editoriais, tem sido acusada de flertar perigosamente com essa ideologia. O desafio para a sociedade contemporânea é reconhecer essas táticas, criticar essas alianças e lutar pela preservação de uma mídia verdadeiramente livre e plural, que sirva ao interesse público e não aos desígnios autoritários. Somente assim poderemos evitar que os fantasmas do passado se tornem os senhores do presente.

E na outra ponta, as fake news. A proliferação dessa modalidade de "informação" representa um desafio significativo para a sociedade contemporânea. Suas origens históricas mostram que a disseminação de informações falsas é uma prática antiga, mas a escala e velocidade com que podem ser propagadas hoje são sem precedentes. Entender os objetivos por trás das fake news é crucial para desenvolver estratégias eficazes de combate e educação, promovendo um ambiente informacional mais saudável e confiável. A alfabetização midiática e a verificação rigorosa de fatos são ferramentas essenciais na luta contra a desinformação, garantindo que a verdade prevaleça em meio ao ruído.

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Maria da Conceição Tavares, nascida em Aveiro, onde o mar beija a terra com um abraço eterno, veio ao mundo com uma mente que desafiaria os tempos. Em Portugal, sua terra natal, ela começou a trilhar um caminho que a levaria ao Brasil, um país que adotaria como lar e campo de batalha intelectual.

Em suas mãos, a economia brasileira encontrou uma guia, uma voz que articulava as complexidades com a simplicidade de quem conhece o coração do país. Na UFRJ e na Unicamp, ela ensinou não apenas com livros e projeções, mas com a história viva que cada aluno trazia consigo. Seu método era não apenas transmitir conhecimento, mas despertar a curiosidade e o desejo de entender mais.

Maria da Conceição Tavares foi uma voz poderosa na economia brasileira, uma defensora incansável do desenvolvimento com justiça social. Ela acreditava que o Estado tinha um papel fundamental no desenvolvimento econômico do país, e essa foi uma das linhas fortes de sua pensamento.

Ela era conhecida por sua defesa fervorosa do Plano Cruzado e pelo combate à inflação, um momento crucial na história econômica do Brasil. Em 1995, ela deu uma entrevista ao programa “Roda Viva”, onde expressou suas críticas ao que ela via como uma falácia na abordagem da economia brasileira: a necessidade de primeiro estabilizar, depois crescer e depois distribuir. Argumentava que essa sequência não funcionava bem no Brasil, pois o país não conseguia estabilizar, crescer de forma consistente e distribuir os benefícios de forma equitativa.

Tavares também foi influenciada por outros economistas progressistas como Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel, que acreditavam que a economia não podia ser separada do contexto social e político. Sempre defendeu que a economia era um instrumento para melhorar socialmente e politicamente uma nação.

Sua carreira foi marcada por passagens importantes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Grupo Executivo da Indústria Mecânica Pesada (Geimape). Ela também lecionou no Chile e no México, compartilhando suas ideias com gerações de estudantes.

Maria da Conceição Tavares deixou um legado indelével na economia brasileira, não apenas por suas ideias, mas também por sua dedicação à formação de novos economistas que continuariam a trabalhar pela justiça social no país. Seu pensamento continua a inspirar aqueles que buscam uma economia mais inclusiva e equitativa.

Com o PT, ela entrou na arena política, onde suas ideias econômicas se entrelaçaram com a luta social. Foi uma deputada federal, mas também uma conselheira, uma voz que ecoava nas salas de decisão com a força de suas convicções.

Os prêmios que recebeu foram apenas reconhecimento público do que ela já sabia: que sua obra era mais do que números e teorias; era uma paixão por um Brasil melhor. O Prêmio Jabuti e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto foram apenas pontapés no caminho de uma jornada que nunca terminaria.

Em Nova Friburgo, onde o verde dos campos se mistura com o azul do céu serrano, ela deixou sua marca. Seu legado é como as montanhas ao redor: imponente e eterno. E quando Lula chamou-a de “uma das maiores da nossa história”, ele não estava errado. Maria da Conceição Tavares foi mais do que uma economista; foi uma poetisa da realidade brasileira.

Seu nome é agora parte do tecido da nação, um fio que une passado e futuro. E embora ela tenha partido para o céu em 2019, sua memória permanece viva, como as palavras de Saramago que continuam a inspirar gerações futuras.

 

Foto: FolhaPress - César Feitoza - 08/01/2023

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu aval para o Exército realizar a operação de desmonte do acampamento golpista em frente ao quartel-general somente no dia seguinte à invasão às sedes dos três Poderes.

A anuência presidencial foi dada após integrantes da Força afirmarem a Lula que a operação para o desmonte do acampamento feito pela Polícia Militar durante a noite do dia 8 de janeiro, sem planejamento prévio, poderia resultar em conflito e mortes.

Auxiliares de Lula afirmaram à Folha que o presidente queria que os bolsonaristas fossem presos ainda durante a noite, mas concordou com o adiamento diante do risco de um cenário parecido ao descrito pelos militares.

Pessoas próximas ao presidente dizem ainda que o Exército comunicou a Lula que havia pessoas armadas no acampamento. Os militares argumentaram que ocorreria uma tragédia caso a operação fosse realizada à noite.

O presidente, então, pediu que as forças de segurança discutissem as possibilidades colocadas à mesa.

O aval de Lula foi dado ao general Gustavo Henrique Dutra, comandante militar do Planalto, durante reunião do oficial com o interventor na segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

Dutra e Cappelli se encontraram na Catedral Militar Rainha da Paz, em Brasília, logo após os bolsonaristas radicais serem dispersados da Esplanada dos Ministérios e voltarem ao acampamento.

A reunião começou sem acordo. A Polícia Militar havia recebido ordem do interventor para entrar na área militar e prender os golpistas. O Exército, no entanto, barrou o acesso dos policiais, posicionado três blindados Guarani e uma tropa de soldados em frente ao Setor Militar Urbano.

Diante do impasse, Cappelli enviou mensagens e telefonou para o ministro Flávio Dino (Justiça), em busca de apoio para prender os golpistas.

Em movimento semelhante, o general Dutra fez um telefonema para o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), para argumentar que a melhor decisão seria realizar o desmonte na manhã do dia seguinte.

Durante a ligação, Dias entregou o telefone para Lula, que estava ao seu lado. O presidente teve uma rápida conversa com o comandante militar.

De acordo com relatos de pessoas com conhecimento do assunto, Dutra afirmou que uma operação noturna, sem planejamento, poderia resultar em confusão. Havia receio entre os militares de que um possível descontrole do desmonte do acampamento causasse correria, confronto com a polícia e violência.

Lula concordou que, se houvesse risco de uma tragédia, seria melhor realizar a operação no dia seguinte. O presidente, porém, disse que os golpistas eram criminosos e que as prisões deveriam ser feitas.

Na manhã de 9 de janeiro, a Polícia Militar do DF e a Polícia do Exército realizaram a operação para o desmonte do acampamento e efetuaram a prisão de cerca de 1.200 bolsonaristas, que foram conduzidos em dezenas de ônibus para triagem na Academia Nacional da Polícia Federal.

A conversa entre Lula e o general Dutra ocorreu por volta de 21h, no início das discussões entre o interventor e o Exército. Após a ligação, os ministros José Múcio Monteiro (Defesa), Rui Costa (Casa Civil) e Flávio Dino foram ao Comando Militar do Planalto para discutir o assunto.

Ainda estavam presentes o general Dutra e o ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda --demitido, entre outras razões, pela condução da crise desencadeada em 8 de janeiro. A reunião foi descrita por participantes como tensa, com posições divergentes entre integrantes do governo.

Dino e Rui Costa chegaram a defender uma ação mais incisiva ainda durante a madrugada, enquanto Múcio estava alinhado aos militares a favor da operação no dia seguinte.

Por volta de meia-noite, as autoridades decidiram montar um plano para a retirada dos bolsonaristas na manhã de segunda, conforme o aval de Lula. Com o acordo, as viaturas da PM do DF deixaram as proximidades do Setor Militar Urbano, e os tanques de guerra, que impediam a entrada dos policiais, voltaram para os batalhões.

Ricardo Cappelli relatou parte da divergência em seu relatório final sobre a intervenção, entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) e membros do Executivo.

"A linha [feita pela PM] seguiu avançando até chegar na entrada do Setor Militar Urbano, onde o interventor federal determinou que o comandante-geral da PM-DF mobilizasse a tropa para efetuar as prisões no acampamento em frente ao QG do Exército, movimento que foi abortado pela intervenção do general Dutra, comandante militar do Planalto, que ponderou para que a ação acontecesse somente no dia seguinte pela manhã", descreveu Cappelli no texto.

Antes dos ataques de 8 de janeiro, o Exército havia estabelecido uma estratégia para a retirada lenta e gradual das estruturas montadas em frente ao quartel-general, em Brasília.

A conduta do Exército, que tolerou o acampamento desde a vitória eleitoral de Lula, foi criticada por aliados do petista por ser complacente com manifestantes antidemocráticos radicalizados.

Levantamentos internos feitos nas vésperas dos ataques contra as sedes dos três Poderes mostravam que havia cerca de 200 pessoas no acampamento bolsonarista --número considerado baixo pelos militares, diante das milhares de pessoas que ocuparam o Setor Militar Urbano nas primeiras semanas de novembro.

Fotos aéreas do local eram enviadas com regularidade para o Ministério da Defesa. José Múcio chegou a relatar ao presidente, durante a primeira reunião ministerial do governo Lula, em 6 de janeiro, que o acampamento estava se esvaindo.

Dutra deve deixar o Comando Militar do Planalto em março, após o Alto Comando do Exército discutir as novas movimentações dos oficiais.

A saída do general três estrelas, como revelou a Folha, já estava acertada antes da demissão do ex-comandante Júlio César de Arruda e, segundo fontes militares, não tem relação direta com o acampamento golpista.

Fonte: Folha de São Paulo - Cézar Feitoza e Julia Chaib

Enviado Por:
Eliseu Mariotti (Blog Papo de Jacaré) /Jornalista, Programador, Músico e Veterano da FAB

Direitos Reservados/Bruno Keller/Reuters

O presidente Lula, já havia adiantado, em declarações recentes, após sua visita a Terra Indígena (TI) Yanomami que decretaria medidas severas de proteção e de urgência na assistência aos indígenas e para agilizar o combate ao garimpo ilegal no território.

De modo que, nesta segunda-feira (30) , Lula declarou com veemência, que o governo brasileiro vai expulsar os garimpeiros da Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima. Segundo ele, um decreto foi assinado para mobilizar forças federais em uma missão de desintrusão. A estimativa do Ministério dos Povos Indígenas é que haja mais de 20 mil invasores na área protegida.

"O Estado brasileiro, quando ele quer tomar uma decisão, ele toma e acontece. Já houve um tempo que retiramos garimpeiros de determinados locais que eles não podiam invadir. Hoje, eu assinei um decreto dando poderes às Forças Armadas, ao ministro da Defesa, ao Ministério da Saúde. Nós vamos tomar todas as atitudes para acabar com o garimpo ilegal, tirar os garimpeiros de lá, e vamos cuidar do povo yanomami, que precisa ser tratado com respeito. Não é possível que alguém veja aquelas imagens, que tive a oportunidade de ver na semana passada, e não fazer nada", disse Lula em coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto. ““Resolvemos tomar a decisão de parar com essa brincadeira. Não terá mais garimpo e não terá mais sobrevoo, nem abastecimento de combustíveis”

Uma das mais importantes medidas a serem criadas por órgãos da administração federal, está a implantação de uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) sobre o espaço aéreo do território – que terá validade enquanto a situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

Leia o Decreto na íntegra

VII COMAR

De acordo com uma fonte da Aeronáutica, que prefere não ser identificada, apesar de não estar explícito no decreto, é natural que o Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR), que corresponde aos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, reunindo cerca de 26% do território nacional, seja o responsável pelas operações estratégicas a serem adotadas contra o tráfego aéreo suspeito de atividades ilícitas praticadas no território.

O acesso pelo espaço aéreo, assim como também por terra ou fluvial, ao território Yanomami só poderá ocorrer se previsto em ato conjunto editado pelos ministros da Saúde e dos Povos Indígenas, “com vistas à distribuição de alimentos, prevenção e à redução do risco de transmissão de doenças e de outros agravos”, conforme o Decreto.

Pelo Decreto, o Ministério da Defesa também fornecerá dados de inteligência e transporte aéreo logístico para as tropas que participarão diretamente do cerco a aeronaves relacionadas com o garimpo ilegal no território Yanomami.

Fonte da matéria: Agência Brasil
Foto: Direitos Reservados/Bruno Keller/Reuters

Da Redação/Eliseu Mariotti

 


Boatos existem bem antes da internet, mas o fato é que a rede ajudou a alastrar notícias falsas com maior rapidez e em larga escala – causando impactos políticos, sociais e econômicos. Na web, as notícias mentirosas até ganharam um nome próprio: hoax. Mas hoje são conhecidas como bots e fake news.

Além de levarem a desinformação, uma parte dessas matérias tendenciosas pode vir acompanhadas de vírus, que são programados para roubarem senhas e informações sigilosas que ficam armazenadas no computador. Isso exige dos usuários um cuidado redobrado na hora de clicar em links suspeitos ou compartilhar uma notícia na sua linha do tempo.

Para que os leitores consigam identificar informações falsas, diversos jornalistas e profissionais de tecnologia ao redor do mundo têm criados sites voltados para checar a veracidade do que circula na web. Confira, a seguir, oito páginas anti fake news que merecem ser visitadas antes de você compartilhar qualquer matéria suspeita via Redes Sociais.

Você verá que são poucos sites para tantas notícias falsas. Por isso sugerimos também 7 passos simples para buscar a procedência de uma notícia ou boato. Não compartilhe nenhum tipo de informação na Internet, se você não tiver certeza de que são verdadeiras.

Um dos sites brasileiros pioneiros na busca por desvendar notícias falsas na internet, criado em 2002 pelo analista de sistemas Gilmar Henrique Lopes. Além de cobrir a maioria de boatos que circulam nas redes sociais, o site procura mapear a origem da notícia inverídica e analisar os pontos contraditórios que ela apresenta. O E-farsas conta hoje com mais de 40 mil visitas e 150 pedidos de pesquisa diárias.

Uma equipe de jornalistas é responsável por pesquisar e desmentir diversos tipos de hoax que circulam nas redes sociais. O time é liderado pelos jornalistas de tecnologia Edgard Matsuki e Hellen Bizerra. O site foi criado em 2013 e é atualizado diariamente.

Aos Fatos é uma plataforma jornalística de investigação de campanhas de desinformação e de checagem de fatos. Sua produção se baseia em uma rigorosa metodologia de apuração e verificação reconhecida internacionalmente por meio de parcerias transnacionais, premiações e instituições de Estado.

O UOL Confere é a divisão do UOL para checagem e esclarecimento de fatos. Sugestões de checagens podem ser enviadas para o ou para o email do UOL Confere .


Lupa
Mais do que uma agência de checagem, a Lupa é uma plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

Desconfiado de algum conteúdo com o qual você se deparou nas redes sociais? Envie para análise do Estadão Verifica, núcleo de checagem de fatos do Estadão. Você pode encaminhar áudios, textos e imagens enganosos para o número de WhatsApp: (11) 97683-7490 .

Seção do G1 vai identificar as mensagens que causam desconfiança e esclarecer o que é real e o que é falso. Apuração será feita em conjunto por jornalistas de G1, O Globo, Extra, Época, Valor, CBN, GloboNews e TV Globo. Discursos de políticos também serão conferidos. Conheça os princípios e a metodologia.

Página do jornal “The Washington Post” para desmentir boatos que viralizaram nas redes sociais dos Estados Unidos e Inglaterra. Voltado, principalmente, para notícias políticas. Uma ótima pedida para quem deseja ficar informado e ainda treinar o inglês por tabela.

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Lojas Americanas, Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles (Foto: Divulgação | REUTERS/Ueslei Marcelino)

O economista João Furtado mostra as entranhas do capital no Brasil. Os efeitos da derrocada das Americanas ainda não podem ser corretamente dimensionados, mas serão certamente graves.

O que o caso Americanas revela sobre o capitalismo brasileiro, por João Furtado

Jornal GGN

A derrocada das Americanas é muito mais do que a desmoralização desses 3 financistas que fizeram a glória dos adoradores de dinheiro durante tantos anos. Não houve até agora quem viesse propriamente em defesa dos multibilionários que inspiraram tantos outros financistas e dinheireiros. O Fantástico leu a nota de explicações sem antes ter contado o caso, mas isso é mais uma defesa do grande anunciante do que da operação lesa-acionista.

Os efeitos da derrocada das Americanas ainda não podem ser corretamente dimensionados, mas serão certamente graves. Mais graves porque não serão compartimentalizados: “Se os magnatas que tudo transformaram em ouro com seus toques de gênio deram um golpe desses, com ajuda de executivos, auditorias, instituições de controle, então o sistema está todo corrompido”, pensarão muitos, com fundadas razões.

Se essa reflexão tem sentido, todos os vendedores (para o comércio e para a indústria) ficarão doravante mais cautelosos, divididos entre a necessidade de venderem e o temor de não receberem. Porque um calote pode ser mortal para muitos. As consequências deste caminhão de areia nas engrenagens do sistema econômico podem ser graves ou muito graves. E era tudo o que a economia não precisava neste começo de 2023, onde as turbulências artificiais dos mercados já são fonte suficiente de dúvidas.

A derrocada é grave nos seus efeitos, mas o episódio suscita uma outra reflexão, anunciada lá no título. Afinal, por que estes três magnatas foram incensados por tanto tempo, sem qualquer apuração mais séria pela imprensa, sem qualquer espaço para se pensar a natureza dos seus negócios, da trajetória que eles traziam embutida, dos seus efeitos para a criação de riqueza?

A derrocada das Americanas não começou no mês passado ou no ano passado. Ela é produto de um modelo empresarial parasitário, em que os controladores têm pouco interesse no negócio e estão preocupados sobretudo com os resultados financeiros, mesmo que às custas do negócio e de sua sustentabilidade. É sério engano que os resultados financeiros são o produto da prosperidade dos negócios e os acompanham como indicador inquestionável. Nas hagiografias dos gênios que agora começam a ser escrutinados, tardiamente, sob pressão de credores e minoritários, estava lá na origem a explicação para a compra das Americanas pelos três gênios: só de imóveis próprios a empresa tinha mais do que o seu valor na bolsa. Se desse errado como atividade comercial, se os novos controladores não soubessem gerir a nova atividade, ainda assim seria um bom negócio.

Espera-se que uma empresa seja capaz de combinar uma remuneração adequada dos capitais que foram investidos com um reinvestimento de uma parcela apropriada dos seus lucros. Estes dois destinos dos lucros não podem provocar a ira dos acionistas nem destruir a posição e o valor futuro da empresa. A fórmula típica de quem vê as atividades empresariais de uma perspectiva exclusiva ou predominantemente financista é extrair o máximo da empresa, mesmo que isso sacrifique o futuro.

Se os acionistas ficam eufóricos com dividendos polpudos, o preço das ações eleva-se. Isso é bom ou mau? Depende, porque podem elevar-se por várias razões diferentes. A direção da empresa pode esmagar os preços de compra das suas mercadorias, sufocar os seus funcionários com pressões sobre o seu desempenho e as respectivas metas, recorrer a práticas agressivas com relação aos clientes. Todas elas são eficazes para produzir lucros, mas cada uma delas possui efeitos colaterais. Os fornecedores aceitam as condições impostas, mas ficam satisfeitos? Priorizam doravante esse cliente? Os funcionários da empresa, que sofrem pressões crescentes, dedicar-se-ão sempre com a mesma perspectiva, ou será que vão buscar alternativas? Os clientes também poderão voltar-se progressivamente para as alternativas. As lojas da Americanas já foram um lugar popular, que atraía a atenção de tantas pessoas, de diferentes idades e grupos sociais. Deixaram de ser e há hoje muitos outros lugares que capturam o olhar e o dinheiro das pessoas.

Um pequeno produtor rural sabe que a terra e a plantação precisam ser cuidadas, que isso demanda esforço e dedicação diários, e que a planta não pode ser colhida antes da hora. A padaria e a lavanderia da sua esquina também sabem isso. Mas nenhum deles é um financista, é um produtor e vive do seu trabalho dedicado; não vive de dividendos arrancados da empresa às custas do futuro, nem de operações na bolsa. As ações podem valorizar-se e permitir que valorizações fictícias (ou fraudulentas) sejam ganhos reais de alguns e perdas também reais de outros. Foi esse o caso das lojas que produziram “inconsistências” (o jargão corporativo é sublime) de forma sistemática e produziram balanços para gerarem resultados fictícios, inflarem o preço das ações e permitirem que alguns saíssem com ganhos muito substanciais e outros tivessem perdas gigantescas. Os ganhos dos que venderam as ações antes que a fraude fosse descoberta não são equivalentes às perdas dos que não puderam vender as ações. Há que somar os prejuízos de fornecedores, credores e todos os efeitos negativos sobre a economia, com os efeitos destrutivos sobre as relações comerciais e creditícias e impactos na produção e no emprego. Não é o jogo de bafo de figurinhas habitual, alguém queimou muitas figurinhas dos outros.

Descrita a operação dos financistas, cabe agora explicar a analogia deste caso com o capitalismo brasileiro e a crise em que estamos enredados há quase ½ século. O comando da industrialização no crescimento econômico foi muito forte e bastante funcional durante quase 50 anos, entre a saída da crise de 1929 e os anos 1970. O crescimento foi puxado pela urbanização acelerada e pela implantação de novos setores industriais, mais intensivos em capital, mais “tecnológicos”, com produtividade média mais elevada. Evidentemente, o resultado foi uma elevação muito significativa da produtividade total, dado o peso dos novos setores na composição da equação total.

Produtividade elevada e salários sistematicamente comprimidos produzem lucros elevados. E eles alimentaram os balanços, os dividendos, os investimentos em novos setores, a compra de ativos reais e financeiros, com lucros subtraídos aos setores de origem. Os lucros elevados não alimentaram o reinvestimento e muito menos o investimento para a frente, o investimento em engenharia, desenvolvimento de novos processos e produtos, novas tecnologias, inovações, conquista de mercados externos, internacionalização. Não, os detentores (controladores, acionistas dominantes e seus prepostos) não usaram os recursos gerados para fazerem avançar o sistema produtivo e as capacidades de acumulação das próprias empresas. Preferiram as facilidades do crescimento obeso aos desafios do avanço tecnológico e do crescimento em bases fortemente competitivas.

Grandes grupos brasileiros não avançaram sobre a fronteira da tecnologia e da inovação, preferiram acumular recursos novos: terra, agropecuária, mineração, construção civil e imobiliário, papéis, financismo. Isso deu-se em dois movimentos. Primeiro, transferiram os lucros gerados pelo negócio, esvaziando a capacidade de crescimento das fontes originárias. Depois foram sangrando o próprio capital das empresas, crescendo as atividades que eram inicialmente uma diversificação complementar e atrofiando as próprias empresas industriais. Cortaram no osso, como se diz. É fácil perceber que a rentabilidade da indústria teria que se reduzir enquanto a das demais áreas deveria crescer. Por isso, o que era um movimento autônomo vai se tornando um ciclo vicioso: como não houve investimentos, a rentabilidade cai; como a rentabilidade cai não há mais investimentos.

E uma vez que a indústria, depois de várias etapas do ciclo vicioso, já apresentava insuficiências e deficiências substanciais, agora ela deixava mesmo de ter atratividade, afora casos excepcionais (Embraer ou WEG) e residualmente. Por um lado, havia atividades abençoadas por investimentos antigos e criadores de elevados padrões econômicos e forte inserção nos mercados. O exemplo mais evidente é a celulose e o seu complexo florestal (deixando de lado os custos ambientais e sociais decorrentes). E havia, e ainda há, por outro lado, aqueles setores em que as dimensões dos mercados locais e os custos de transporte justificam a permanência de produção local (cimento, cerveja).

O processo de desindustrialização avançou pari passu com a demanda por novas áreas para a acumulação. Além da migração de capitais para áreas produtivas e financeiras típicas da iniciativa privada, e da venda das empresas nacionais para grandes empresas estrangeiras que não abandonam nenhum mercado, os capitais passaram a demandar crescentemente a transferência de seus capitais para áreas em que tipicamente não atuavam – as privatizações.

Essas privatizações são apresentadas sob a bandeira bem conveniente da eficiência e da produtividade, mas elas são principalmente uma forma de ampliação dos espaços de acumulação livres da competição que tipicamente afeta as áreas industriais, que estão sujeitas ao avanço tecnológico e à competição com os novos polos industriais. Se o fenômeno surgiu nos anos 1980 e começou a tornar-se evidente nos anos 1990, sobretudo após a estabilização e o seu câmbio que favorecia as importações, ele foi sendo agravado pelo avanço da acumulação de capital dos anos 2000. Os capitais em expansão, as exportações de commodities associadas ao prolongado e acelerado crescimento da China, os novos circuitos de crédito e financiamento, a entrada de volumosos fluxos de capital confrontavam-se com a incapacidade de a indústria oferecer espaços promissores. O atraso tornou os investimentos industriais impeditivos. Rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, redes de distribuição de gás, energia elétrica, petróleo – todas atividades de rentabilidade institucionalmente construída e, ademais, distantes da concorrência chinesa.

Curiosamente, essas privatizações são mais um duro golpe sobre a indústria, com efeitos incidentes também sobre o poder de compra das famílias. Historicamente, desde pelo menos os anos 1950, o setor produtivo estatal cumpriu diversos papéis relevantes, entre eles o de assegurar externalidades positivas à acumulação privada do setor industrial, na forma de preços submetidos a uma política de modicidade. A privatização colocou uma pá de cal nessa política, com efeitos desastrosos sobre a rentabilidade industrial (caso mais evidente é o dos eletrointensivos, como o alumínio) e o poder de compra das famílias. Foi mais um duro golpe sobre a indústria, neste caso advindo dos efeitos de segunda ordem da fuga e promoção da privatização, encerrando as externalidades do setor produtivo estatal.

O avanço em direção às fronteiras da terra, da mineração e dos recursos naturais (incluindo a energia) dá-se tanto por meio de empreendimentos extraordinariamente intensivos em capital (como os novos projetos da Vale, por exemplo em Parauapebas) como por meio das formas abjetas de devastação das florestas e de depredação dos territórios, visíveis na sucessão de tragédias que culminou nesta semana com as imagens indescritíveis do povo Yanomami.

Esta leitura da fraude das Americanas e o seu paralelo com a derrocada da indústria brasileira e os movimentos do capital que a complementam não deve ser lida como um movimento irreversível. A indústria brasileira subsiste, encolhida e fragilizada, com umas poucas ilhas de excelência, insuficientes para a tarefa que o desenvolvimento e o provimento de bens e serviços para o consumo impõe. Mas há muito a ser feito. E a tarefa incontornável consiste em reverter a natureza estéril ou mesmo parasitária da acumulação, que punciona lucros de lojas para uma expansão global ou da indústria para a aquisição de ativos.

João Furtado, economista
Fonte: Jornal GGN

Protesto contra o assédio moral no BB da Epitácio Pessoa - foto: Otávio Ivson

O Vereador da Capital, João Pessoa, Marcos Henriques (PT) participou de um protesto nesta terça-feira (24), na Agência Empresa João Pessoa do Banco do Brasil, na Epitácio Pessoa, contra a prática de assédio moral naquela unidade. Além do assédio, também há denúncia de descomissionamentos.

A manifestação, convocada pelo Sindicato dos Bancários da Paraíba, é considerado por Marcos Henrique, que também é diretor do sindicato, como ação fundamental de combate ao assédio moral para evitar que novos casos aconteçam. “Estamos na Agência Empresa João Pessoa do Banco do Brasil para denunciar a prática de assédio moral, que tem acontecido aqui nesta agência.

“Resguardar o direito dos funcionários de serem respeitados. Sabemos a missão do banco público e a importância do BB de investir no social e em financiar o pequeno, médio e grande empresário. Nosso mandato está ao lado do Sindicato, lutando para que todos os empregados e empregadas sejam respeitados e não mais sofram de assédio de qualquer natureza em seus locais de trabalho”.

Marcos Henriques tem se destacado já no início de 2023 por sua atuação em favor dos trabalhadores do sistema bancário, contra o veto do prefeito Cícero Lucena ao pagamento do piso da Enfermagem, que já é lei em todo o país e pela imediata reação e repúdio a tentativa de golpe em Brasília contra o governo do Presidente Lula, no dia 8 de janeiro . 

O Sindicato já denunciou todos os abusos para a diretoria do BB. Importante destacar que a Convenção Coletiva da categoria proíbe a cobrança de metas abusivas e ameaças aos funcionários. 

“Repudiamos os métodos de gestão do atual gestor, de perseguição, falta de diálogo, uma série de fatores que somados contribuem para a prática do assédio moral que é inaceitável e não dá para conviver mais com essa prática. Estamos passando por um processo de mudança, de novos ventos e ares. Chega de massacre aos trabalhadores. O Sindicato já está encaminhado a denúncia para os órgãos competentes, como o Ministério Público do Trabalho e a Gepes João Pessoa, para que sejam apurados os fatos e tomadas as devidas providências. Queremos solução para esse problema, não dá para tolerar essa gestão assediadora que adoece os trabalhadores em detrimento do lucro e dos resultados; não dá!”, afirma veementemente Magali Pontes, bancária do BB e diretora do Sindicato.

Fonte:
Ascom: Marcos Henriques
Sindicato dos Bancários


A Agência Lupa registra nesta terça em seu site que, a Polícia Federal prendeu ao menos quatro pastores donos de igreja que participaram diretamente dos ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília. O levantamento da Lupa, produzido pela Lagom Data, cruzou dados da lista oficial dos 1.398 detidos e a CNAE, que reúne a Classificação Nacional de Atividades Econômicas de todas as organizações do país.

Entretanto, o envolvimento de religiosos nesses eventos pode ter sido ainda maior. Outros 13 líderes religiosos aparecem na base de dados colaborativa incitando ou aderindo às invasões ao Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto.

Entre os já encaminhados às penitenciárias do Distrito Federal está Francismar Aparecido da Silva, que se apresenta como “pastor presidente” da igreja Ministério Evangelístico Apascentar. Aos 46 anos, o religioso coleciona na internet imagens de protestos bolsonaristas em que há cartazes convocando as Forças Armadas para “salvar” o Brasil.

Nas postagens mais recentes no Facebook, Francismar questiona: “Se não tiver luta, como vai ter vitória?”. Em resposta, ele colhe comentários com a palavra “amém”. A igreja de Francismar tem sede em Itajubá (MG) e consta na Receita Federal como sendo uma entidade ativa.

João Marciano de Oliveira, de 47 anos, dono da igreja Jesus Cristo é a Razão do Meu Viver, em Ribeirão das Neves (MG), também foi preso na capital federal. No Facebook, ele prega “limpeza do STF” e posta fotos com elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a sua mulher, Michelle. A entidade dirigida por ele está ativa.

O terceiro pastor detido é Donizete Paulino da Paz, de 56 anos. Ele é dono da Igreja Assembleia de Deus - Ministério O Deus das Nações, ativa e com sede em Luziânia (GO). Nas redes sociais de Donizete há apenas uma foto publicada, em que ele aparece pregando em um culto.

Também aparece na lista o pastor Jorge Luiz dos Santos, de 57 anos, presidente da Igreja Evangélica Amor de Deus João 3:16, de Itaverava (MG). A instituição foi fundada em 14 de julho de 2016 e permanece ativa. A Lupa não localizou as redes sociais do religioso.

Uma análise das denúncias feitas de forma espontânea e anônima à base mostra que, pelo menos, outros 13 líderes religiosos foram flagrados incitando, celebrando ou mesmo aderindo à depredação em Brasília. Muitos deles usaram o nome de Deus para justificar suas participações.

“Estou no Senado Federal aqui, ó, missionário Felicio Quitito, servo do Deus vivo”, exclama o pastor, enquanto se senta em uma das poltronas azuis que compõem a mesa do Congresso. "É isso aí. Jair Messias Bolsonaro, você vai estar voltando para esta nação e continuará o seu governo".

Na mesma gravação, Quitito ainda diz que “toda a obra da macumba e da feitiçaria caiu por terra”, numa referência às religiões de matriz africana e às invasões dos edifícios públicos da capital. O missionário, cujo nome é Felício Manoel Araújo, também está na lista de presos divulgada pelo governo do Distrito Federal.

Conhecido nas redes sociais, o pastor goiano Thiago Bezerra também esteve nos atos terroristas e transmitiu, em sua conta do Instagram, momentos do ataque. “Vou mostrar para vocês onde eu estou”, diz o pastor, exibindo uma multidão já dentro de um dos prédios dos três poderes. É possível ver, na gravação, que o local já estava depredado.

O pastor ainda pediu, durante uma live, que as pessoas seguissem uma conta reserva no Instagram, dando a entender que o perfil usado por ele poderia ser derrubado. “Gente, com urgência. Segue essa conta aqui [@ da conta]. Vocês já sabem do que eu estou falando”, afirmou. As duas contas usadas por Thiago Bezerra não estão mais disponíveis na plataforma.

Um dia após os ataques, contudo, o pastor fez uma live em seu canal do YouTube defendendo a narrativa que vem sendo compartilhada por bolsonaristas de que havia infiltrados da esquerda nos atos. “Tinham pessoas infiltradas no meio de patriotas. Porque em 70 dias de manifestação pacífica não houve quebradeira. Vocês não acham que tinha um circo preparado lá?”, argumentou.

O envolvimento de religiosos na convocação dos ataques também aparece no material recebido pela Lupa. Em postagem feita no Instagram, uma pessoa que se identifica como pastora Marta Nunes diz que “o mundo todo precisa saber que nossas eleições foram fraudadas”, propondo uma greve geral.

No YouTube, o pastor Luciano Cesa, que foi candidato a deputado federal pelo Patriotas-RS, reclama do que chama ser censura, enquanto bebe um chimarrão diante de centenas de espectadores. Para evitar que seu vídeo fosse fisgado por sistemas de monitoramentos em redes sociais, Cesa soletra a palavra "direita" e diversas outras ligadas ao extremismo bolsonarista e, em seguida, convoca sua audiência a não ficar parada.

“Agora o povo tem que se manifestar. O próprio presidente [Bolsonaro] disse ‘o melhor está por vir’”, alega. Nos comentários da transmissão ao vivo, há pessoas afirmando que lotarão Brasília, enquanto outros elogiam sua capacidade “de falar por entrelinhas”.

A Lupa tentou entrar em contato com todos os religiosos citados, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.

Nota da reportagem: Todos os nomes dos pastores presos citados nesta reportagem tiveram audiência de custódia marcada em algum momento.

Em decorrência dos ataques em Brasília, o blog Papo de Jacaré pede a colaboração de seus leitores para montar uma base de dados que reúna postagens antidemocráticas feitas em redes sociais ou aplicativos de mensagem.

Todos os dados serão enviados a Agência Lupa. Este é um projeto colaborativo que busca entender como foram organizados os atos de vandalismo. Se você viu ou ouviu alguma postagem convocando para os ataques, colabore enviando todos os dados e links para o whatsapp 83 987291837.

Fonte: Agência Lupa
Uma sequência que mostra detentos supostamente cantando um jingle do ex-presidente Lula teve seu áudio adulterado. O vídeo foi compartilhado mais de 5,9 mil vezes nas redes sociais desde 3 de outubro de 2022 com a alegação de que se trata da comemoração de eleitores de Lula no presídio após os resultados do primeiro turno das eleições de 2022. Mas a gravação é de julho de 2016 e no áudio original não há qualquer menção ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência.


'E assim que vejo os eleitores do lula, olha como está nos presídios, a culpa é de vocês que o defendem, depois não venha pedir clemência', diz a legenda do vídeo compartilhado no FacebookInstagramKwai e TikTok.

No vídeo é possível ver diversos presos pulando enquanto parecem cantar 'olê, olê, olê, olá, Lula, Lula', jingle comumente ouvido em manifestações a favor do ex-presidente.


Em algumas das gravações que circulam com melhor definição é possível identificar o que está escrito em uma camisa levantada por um dos detentos: 'massa potiguar', fazendo referência aos habitantes do Rio Grande do Norte.

Em algumas das gravações que circulam com melhor definição é possível identificar o que está escrito em uma camisa levantada por um dos detentos: 'massa potiguar', fazendo referência aos habitantes do Rio Grande do Norte. A partir disso, por meio de uma pesquisa no Google, o Checamos localizou a mesma sequência, com mais tempo de duração, publicada em 30 de julho de 2016 em um blog do estado nordestino.

De acordo com o texto, as imagens mostram presos comemorando uma onda de ataques realizada na época no Rio Grande do Norte.

Essa informação também foi publicada pelo jornal local Tribuna do Norte, segundo o qual o vídeo mostra presidiários comemorando ações violentas em Natal, capital do estado, no pavilhão 4 da penitenciária de Alcaçuz.

Fotos internas do presídio publicadas por meios de comunicação possibilitam identificar um cenário muito semelhante ao da gravação.

No vídeo publicado na imprensa identifica-se que os detentos estão gritando 'uh, é a massa' e 'é a massa potiguar', e não o jingle relacionado ao ex-presidente Lula.

Essa mesma gravação já havia viralizado por duas vezes anteriormente, e foi verificada (12) pelo Checamos, relacionada à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a prisão em segunda instância e a anulação por parte do ministro Edson Fachin das sentenças da 13ª Vara Federal de Curitiba em ações envolvendo o ex-mandatário.

Na data, procurada pela AFP, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte confirmou que as imagens foram gravadas em 2016 na penitenciária de Alcaçuz, no município de Nísia Floresta.

Em julho de 2016, o Rio Grande do Norte viveu uma onda de ataquesassociada pelo governo a uma retaliação à instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídios da região. A Força Aérea Brasileira (FAB), inclusive, enviou tropas ao estado para ajudar na segurança.

Fonte: Estado de Minas


Tem muita fake news por aí que xingam “Lula ladrão”. São mentiras comprovadas -o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é inocente. Apesar da perseguição política e midiática da qual Lula foi vítima e do lawfare (uso do sistema como arma política e jurídica) praticado pela Lava Jato, a Justiça prevaleceu. Hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acumula 26 vitórias judiciais, em absolutamente todos os processos que eram movidos contra ele. A inocência de Lula está mais do que atestada.

Lula sempre confiou na Justiça e, mesmo sob pressões, se negou a trocar sua dignidade pela liberdade. Sabia que a verdade venceria, e que aqueles que diziam ser Lula ladrão seriam desmentidos pelos fatos e pelos tribunais.

A 26ª vitória foi no caso conhecido como “Ministrão”, arquivado pela 10ª Vara Criminal do Distrito Federal no último dia 11. A investigação buscava criminalizar a nomeação do ex-presidente para ministro da Casa Civil durante o governo de Dilma Rousseff. Após mais de seis anos de investigação, a ação foi arquivada por prescrição.

Nos casos da Lava Jato, o presidente Lula acreditou que, mais cedo ou mais tarde, a parcialidade do juiz Sérgio Moro se revelaria. O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a suspeição do juiz e anulou todos os processos no âmbito da Lava Jato contra Lula.

Tanto a Justiça brasileira quanto o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) concluíram que o ex-presidente foi vítima de julgamento parcial e teve violados seus direitos políticos, civis e à privacidade. Lula foi inocentado e está livre porque, finalmente, a Justiça foi feita.

Setores da imprensa e adversários políticos que insistem em negar a inocência do ex-presidente desconsideram a presunção de inocência e outros princípios do Direito e da Justiça.

Veja o resumo das 26 vitórias judiciais de Lula:

  1.  Caso Tríplex do Guarujá. A defesa de Lula provou que ele nunca foi dono, recebeu ou foi beneficiado pelo imóvel que, na verdade, pertencia à OAS. O caso foi anulado pelo STF em duas decisões.
  2. Caso Sítio de Atibaia. A defesa de Lula provou que ele nunca recebeu dinheiro da Odebrecht para pagar reformas o sítio, que também não era dele. A transferência de de R$ 700 mil da empresa, que consta na denúncia, foi feita para um diretor desta e não para obras no sítio. O caso foi anulado pelo STF.
  3. Tentativa de reabrir o Caso do Sítio de Atibaia. A defesa de Lula provou que não é possível reabrir a ação penal contra ele pelas reformas o sítio de Atibaia, que jamais foi seu. A juíza da 12ª Vara Federal e Brasília acolheu os argumentos da defesa e rejeitou o pedido de reabertura do procurador da República Frederico Paiva.
  4. Caso do Terreno do Instituto Lula. A defesa provou que o Instituto nunca recebeu doação de terreno, ao contrário do que dizia a denúncia da Lava Jato, e sempre funcionou em sede própria. O caso foi anulado pelo STF.
  5. Caso das Doações para o Instituto Lula. A defesa  de Lula provou que as doações de pessoas físicas de mais de 40 empresas brasileiras e de outros países para o Instituto Lula, entre 2011 e 2015, foram todas legais. O caso foi anulado pelo STF
  6. Quadrilhão do PT”. A acusação leviana e grave dizia que Lula era o chefe de uma organização criminosa que drenava recursos de estatais como a Petrobras. A 12ª Vara da Justiça Federal de Brasil arquivou a denúncia por verificar que que o Ministério Púbico Federal acusou sem apontar nenhum crime, nenhum ato ilegal ou de corrupção que tivesse sido praticado por Lula, seus ex-ministros ou por dirigentes do PT acusados junto com ele. O juiz afirmou que a denúncia simplesmente tentava criminalizar a atividade política. O caso foi encerrado e Lula absolvido.
  7. Quadrilhão” II. A 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília rejeitou denúncia semelhante à anterior.
  8. Caso Delcídio. A defesa de Lula provou ser falsa a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. A 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília absolveu Lula e não houve sequer recurso da acusação, visto  fragilidade das acusações.
  9. Caso Palestras do Lula. Inquérito aberto na Vara Federal de Sérgio Moro, em dezembro de 2015, que acusava Lula de simular a realização de palestras, em mais um farsa da Lava Jato. A defesa provou com provas robustas que todas as 72 palestras de Lula organizadas pela empresa LILS, entre 2011 e 2015, realmente foram realizadas. A PF e o MP  tiveram de reconhecer que as palestram foram realizadas sem qualquer ilicitude ou simulação. A legalidade das palestras teve de ser reconhecida em decisão da juíza substituta de Moro, Gabriela Hardt. Caso encerrado, reconhecendo a inocência de Lula.
  10. Caso da Lei de Segurança Nacional. Moro, já ministro da Justiça, requisitou à PF a abertura de inquérito contra Lula, com base na Lei de Segurança Nacional. Lula foi intimado e prestou depoimento à PF. O inquérito foi arquivado pela 15ª Vara Federal Criminal de Brasília.
  11. Caso do filho de Lula (touchdown). A defesa demonstrou serem falsas as acusações do MP contra Luiz Claudio Lula da Silva pela atuação de sua empresa de eventos esportivos Touchdown. A denúncia foi rejeitada  pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.
  12. Caso do irmão de Lula. A defesa provou que não havia ilegalidade, fraude ou favorecimento nos serviços que frei Chico, um dos irmãos de Lula, prestou à Odebrecht antes de o ex-presidente ser eleito. A 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo rejeitou a denúncia falsa.
  13. Caso do sobrinho de Lula. A defesa provou que não houve irregularidade, ilegalidade nem favorecimento na subcontratação de uma empresa de um sobrinho do ex-presidente para uma obra da Odebrecht em Angola e que Lula não recebeu qualquer valor decorrente dessa relação contratual. O Tribunal Regional Federal da Primeira Região trancou o caso porque a denúncia era inepta (sem condições mínimas para ser processada).
  14. Caso Invasão do Tríplex. A 6ª Vara Federal Criminal de Santos rejeitou a denúncia do MP referente ao protesto que integrantes do MTST fizeram contra a condenação injusta de Lula, em abril de 2018.
  15. Caso Carta Capital. Investigação encaminha à Justiça Federal de São Paulo. Falsamente, a Lava Jato tentou caracterizar como ilegais contratos de patrocínio da Carta Capital com a Odebrecht. O pedido de arquivamento do procedimento foi feito pela própria PF.
  16. Caso MP 471. Lula foi acusado de receber contrapartida pela edição d Medida Provisória 4771, que prorrogou incentivos à indústria automobilística. O próprio MPF pediu a absolvição de Lula, concedida pelo Juízo da 10ª Vara Federal de Brasília, que considerou não haver justa causa para manter a ação.
  17. Caso da Guiné. O ex-presidente foi falsamente acusado de praticar tráfico internacional de influência e lavagem de dinheiro porque o Instituto Lula recebeu uma doação oficial de uma empresa brasileira que atua na Guiné Equatorial. O TRF3 trancou a ação penal em habeas corpus impetrado pela defesa de Lula por reconhecer que não havia elementos que justificassem a tramitação.
  18. Caso BNDES Angola. Essa denúncia foi baseada na ação penal conhecida como Quadrilhão do PT, em que Lula foi absolvido a pedido do próprio MPF. A ação, sem provas, também utilizada elementos vindos de Curitiba e declarados nulos pela decisão do STF que reconhece a suspeição de Moro. A ação penal foi trancada e encerrada.
  19. Caso Costa Rica Leo Pinheiro. Investigação advinda da delação de Leo Pinheiro, que inicialmente acusava Lula de tráfico internacional de influência na Costa Rica para favorecer a empresa OAS. Ninguém ouvido pela PF confirmou a versão de Léo Pinheiro. O próprio executivo negou qualquer pagamento de vantagem indevida ao ex-presidente Lula em novo depoimento e em declaração de próprio punho. Investigação trancada por falta de provas.
  20. Segunda tentativa de reabrir o Caso Sítio de Atibaia. A 12ª. Vara Federal de Brasília rejeitou novamente o pedido do MPF para reabrir o sítio de Atibaia porque não havia provas, já que as utilizadas pela acusação foram fabricadas pela Java Jato e anuladas pelo STF.
  21. Caso da sonegação de impostos sobre imóveis alheios. Lula foi acusado de não pagar impostos sobre reformas no tríplex de Guarujá e no sítio de Atibaia, imóveis que nunca fora do ex-presidente. O inquérito era baseado em provas forjadas pela Lava Jato e consideradas nulas por decisão do STF. Sendo assim, o próprio MPF concordou com os argumentos da defesa e a 1ª Vara Federal de São Bernardo do Campo arquivou o caso.
  22. Caso dos filhos de Lula.O inquérito acusava Fabio Luis, Marcos Cláudio e Sandro Lula da Silva de suposta sonegação de impostos por pagamentos feitos entre suas empresas. Mais uma vez, a denúncia era baseada em evidências forjadas pela Lava Jato. O MPF concordou com os argumentos da defesa e a 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo arquivou o caso, por falta de provas.
  23. Arquivamento do caso Tríplex do Guarujá. A Justiça Federal de Brasília encerrou definitivamente o caso e determinou o arquivamento do processo relativo ao Tríplex do Guarujá. O MP não ofereceu nova denúncia por falta de provas.
  24. Suspensão do caso Caças Gripen. A robusta decisão do STF acolheu os elementos apresentados pela defesa do ex-presidente e reconheceu que a ação penal fazia parte do “Plano Lula”, engendrado por integrantes da extinta Lava Jato. Mais uma prova do intenso Lawfare de que Lula foi vítima. A recomendação para a compra das aeronaves foi das Forças Armadas, por meio da FAB, em parecer de cerca de 30 mil páginas, sem nenhuma interferência de Lula.
  25. Arquivamento do caso “obstrução de Justiça”. A premissa da acusação por obstrução de Justiça relacionada à nomeação de Lula como ministro da Casa Civil baseava-se em farsa criada pela Lava Jato, já afastada pela Justiça por meio da absolvição de Lula no caso conhecido como Quadrilhão. O próprio MPF reconheceu no parecer que, diante da comprovada inexistência de uma organização criminosa, impossível cogitar-se da prática do delito.
  26. Arquivamento do caso “ministrão”. A decisão trata da denúncia que visou criminalizar a nomeação do ex-presidente para ministro da Casa Civil durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. Após mais de seis anos de investigação, a ação foi arquivada por prescrição.

PS: TODOS OS PROCESSOS PODEM SER CONSULTADOS NO SITE JUSBRASIL