Não questiono de modo desconstrutivo a gestão RC tanto na prefeitura de João Pessoa, como no Governo do Estado da Paraíba. É inegável admitir que foi a melhor gestão executiva que este estado já teve em sua história, mesmo tendo seus defeitos, faltando ainda muito a ser feito e mesmo até, com a mancha da operação Calvário.
Nas suas gestões administrativas, RC investiu na infraestrutura do estado, da malha viária, das construções de hospitais e escolas pelo interior, e longe de ser o ideal seu investimento em educação foi o melhor da história, e mesmo na segurança, área em que foi muito criticado, os números também o colocaram superior ao seus antecessores.
A operação Calvário veio enevoar o horizonte político do ex-governador, com a prisão de ex-secretários de estado, investigação contra o PGE, gerando algumas delações que infelizmente colocam em suspeição a sua idoneidade como homem público.
Sua gestão, marcada por uma política centralizadora nas decisões e isso não é incorreto, lhe fez angariar não poucos inimigos. E apesar de nenhuma delação provar seu envolvimento direto nas investigações da Operação Calvário, seu próprio perfil centralizador gera dúvidas por parte do populacho e formadores de opiniões, de que Ricardo no mínimo, não tivesse conhecimento dos desvios, principalmente pelo montante desviado, segundo o GAECO.
Mas em contrapartida, também já é sabido que dentro do GAECO há pessoas interessadas na desmoralização de Ricardo Coutinho como homem público, principalmente visando retira-lo das eleições municipais de 2020, assim como foi feito com o ex-Presidente Lula. E esse dado um fator determinante para enfraquecer a credibilidade das investigações.
Haja visto, que depois da vazajato, (vazamentos pelo site Intercept sobre trocas ilícitas de mensagens entre Moro e os procuradores da lavajato), não há mais espaço para que se usem delações como prova, como tem sido feito abusivamente na operação do ex-juiz Moro, á revelia do estado de Direito. E o GAECO tem se mostrado uma cópia da operação curitibana em seus métodos e objetivos.
Delação não é prova. Será necessário mais do que delações para prender e condenar Ricardo Coutinho. Delação é para conduzir investigações. E estas operações infelizmente tem sido contaminadas por objetivos políticos partidários.
Agora se houver provas, quem é corrupto tem que ser punido na forma da lei e infelizmente, nesse caso a gravidade das consequências atingirá não somente o acusado, mas também o povo paraibano.
Não quero crer nessa possibilidade. Isso entristece.
Formadores de opinião independentes como eu, não recebem nada do setor público e muito menos de políticos (Há não ser é claro, que sejam convocados para prestar uma especificidade de serviço de modo público e transparente), defendem e engrandecem gratuitamente, qualquer gestão política que seja boa para o povo humilde, simples e trabalhador.
Na minha opinião ser progressista é isso, independente de questões partidárias.
Não bastasse esses problemas que não são poucos, ainda temos agora nestes últimos dias a explosão de uma crise dentro do PSB que culminou na destituição de todo o diretório estadual da Paraíba.
Quero falar um pouco sobre isso.
Houve uma série de 3 erros em sequência. O primeiro deles, é claro, foi tentar colocar Ricardo Coutinho como presidente do PSB estadual, sem esperar que o atual presidente cumprisse seu mandato, como é de direito.
Porque razão haveria RC de substituir, no caso, Edvaldo Rosas? Por causa da disputa eleitoral em 2020? E RC precisa disso? É o único político que não precisa de poder, dinheiro ou estrutura partidária para ser eleito em 2020.
Se assumir candidatura, de acordo com as estatísticas, a probabilidade de ser eleito é muito alta!
Salvo se houver uma grande fraude eleitoral nas urnas ou o GAECO resolver retira-lo da eleição da mesma forma que a lavajato tirou Lula. Mesmo assim nesse caso, a presidência de partido não dá foro privilegiado ou qualquer tipo de imunidade a ninguém. A briga terá de ser nas ruas e na justiça.
Então porque ninguém explica de modo satisfatório o movimento das deputadas Cida Ramos e Estela Bezerra para colocar RC na presidência estadual do partido antes de Edvaldo Rosas terminar seu mandato?
Além disso, Edvaldo tem o mérito reconhecido por todos integrantes ou pelo menos pela maioria esmagadora de fazer o PSB crescer no estado. Ele saiu do PT junto com RC e juntos construíram esse partido.
O segundo erro, foi não respeitar a posição do governador João Azevedo com relação a mudança na presidência do partido. O atual mandatário do Estado deixou claro que Edvaldo sempre foi bom para o partido.
Que disputas internas entre sucessor e sucedido estarão se desenhando?
Pela segunda vez vejo uma dificuldade em RC ao lidar com sucessores. A primeira vez, com Luciano Agra foi emblemático e educativo. Desta vez, persistir no mesmo erro pode trazer consequências mais graves para a Paraíba.
O terceiro erro e principal combustível da crise que hoje instalou-se no PSB foi a destituição de todo o diretório estadual a começar por Edvaldo Rosas. E isso concedido por um presidente nacional que momentaneamente sem noção, não buscou o bom senso e o diálogo entres as partes, antes de decidir qualquer intervenção.
Um tiro no pé!
É tudo o que a oposição ao projeto político dos girassóis quer na Paraíba. Pediram a Deus por isso! Um grave erro de quem pediu a intervenção e um mais grave erro ainda, de quem determinou.
Uma cisão grave como esta no PSB agora, em tempos de Calvário, de uma oposição na AL que sofre de abstinência de poder grave, em tempos de órgãos policiais do estado estarem contaminados pelo neofascismo, é no mínimo, de uma imprudência fatal.
Se isso partiu de Ricardo Coutinho, me parece então, que perdeu a noção exata do que ele representa e onde está no cenário político da Paraíba. Porque a luz de todas as análises do cenário eleitoral, é no mínimo desnecessária essa ação política desastrosa.
Quando somos lideranças de partidos, não podemos contestar impondo uma decisão pessoal a uma maioria. Isso é provocar o início da desintegração do partido. Se a presidência é importante para RC, deveria ter feito como Lula. Tornou-se presidente honorário do PT. Não destituiu ninguém para isso.
Se isso não partiu de RC, cabe a ele deixar claro. Mas fica difícil não pensar que assim é.
Eu só vejo uma solução para todos ficarem em paz. O Retorno do elenco que foi destituído. A meu ver isso é indiscutível. Diálogo respeitoso entre governadores e deputados do partido na Paraíba, e finalmente criar uma Presidência de Honra para RC. Em 2020 vá para a candidatura que quiser. Prefeitura de João Pessoa ou presidência do PSB e ponto final.
Quem faz parte do projeto Girassol. tem que entender que o mesmo está acima de todos no PSB, acima de divergências pessoais. Ricardo tem que se manter única e exclusivamente no tamanho de sua imensa estatura política para o bem da Paraíba.
Ele como liderança fundamental não pode lidar com divergências partidárias do mesmo modo que lida com seus opositores políticos.
Se mirar no exemplo das relações de Lula com Dilma, observamos que ele agia como conselheiro de sua sucessora, sempre respeitando seu direito de última palavra e o jeito dela governar. Ricardo precisa aprender a lidar com seus sucessores. Sucessor político não é clone, mas continuador ao seu modo e estilo de governar a favor e pela manutenção de um bom projeto político.
Analisar e aprender com o histórico de Lula dentro do PT, um político que tem o peso de uma liderança nacional e mundial é recomendável. Não é a toa que Lula é respeitado no mundo inteiro. São dois partidos com algumas semelhanças e Lula é um excelente professor.
#LulaLivre