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a Lúcio Lins

Senhor dos poetas,
trago perante vós
a voz ensurdecedora do baque das ondas
e restos de vírgulas e reticências
perdidas entre astrolábios
e espumas flutuantes.

As palavras, senhor,
vagando
por ondas errantes
se espalharam em versos
por outros mares
dantes nunca navegados.

E hoje recolho
por praias inóspitas
e imaginárias
fragmentos de um eu-lírico
que teimo em beber
nesta sede de poesia.

ATS, 07/05/2016

Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.

Mãos crispadas

prendiam ao peito ensanguentado,

num derradeiro ato,

livros e cadernos.

Ferramentas  que trazia

para plantar nos filhos

sementes do saber.


(Oxalá colhesse adiante

mais que feijão e batatas,

sementes para tornar reais 

tantos sonhos coletivos)


Por sina campesina,

plantou-se à terra

irrigada pelo próprio sangue.

E sob facão e arado

o solo tornou-se árido

E foi preciso mais sangue

- foro cobrado pelo dono da terra.


Ainda hoje

adubamos tua cova

tornada fértil lerão.

A cada ano

trazemos com as flores

mais braços

para tua Revolução.


ATS, 07/04/2018


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.




A partir de 25 de março de 2021, abrem-se em todo o país as comemorações do centenário de existência ininterrupta do mais longevo partido político da história do nosso país. Nesta data o Partido Comunista do Brasil - PCdoB, completa 99 anos.

Foi fundado em 1922 por um punhado de dirigentes proletários,representando 73 militantes de associações políticas de trabalhadores: Astrojildo Pereira (jornalista), Cristiano Cordeiro (advogado), Joaquim Barbosa (alfaiate), Manuel Cendón (alfaiate), João da Costa Pimenta (gráfico), Luís Pérez (vassoureiro), Hemogêneo Fernandes da Silva (eletricista), Abílio Nequete (barbeiro) e José Elias da Silva (pedreiro). Eles vinham do Distrito Federal, e dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.


“O PCdoB nasceu e existe como necessidade objetiva das lutas sociais em nosso País. Em seu largo caminho, firmou forte expressão patriótica e democrática adquirida e moldada na luta política do nosso povo. É, desde então, a organização política do proletariado que luta pelo socialismo e jamais arriou sua bandeira de combate…” afirma o historiador José Carlos Ray. Lutou, ao longo dos anos, pela democracia, pela independência nacional e pelos direitos dos mais humildes. Com erros e acertos, procurou adotar uma orientação política adequada à realidade concreta brasileira e fiel à ciência marxista.

Nestes 99 anos de existência, o Partido Comunista do Brasil não fugiu aos problemas espinhosos do curso da vida política, nem ficou a reboque dos acontecimentos. "Detectou sempre, no exame da realidade, os elementos suscetíveis de impulsionar a luta e elevar a consciência política das massas", como afirmou certa vez seu ex-dirigente e ideólogo, João Amazonas.

Reorganizado em 1962, soube interpretar os anseios das massas, ampliando sua atuação e influência, e aprimorando sua ligação com os trabalhadores e as demais camadas sociais.

Sua história confunde-se com a história recente do Brasil, sempre fiel aos interesses da classe proletária, de onde se originou. E engajou-se nas grandes lutas do povo brasileiro.

Foi a primeira organização a compreender a necessidade de uma Reforma Agrária, para poder desenvolver o país e democratizar a sociedade; criou sindicatos e outras organizações para defender os trabalhadores; enfrentou duas ditaduras, a do Estado Novo e a dos militares de 1964; combateu a política imperialista norte americana e foi entusiasta da campanha “O Petróleo é Nosso”, que resultou na criação da Petrobrás.

Quando se intensificou a perseguição aos democratas não vacilou em resistir de todos os meios à dura repressão, pagando um alto preço em vidas; defensor da unidade esteve presente nas lutas pela redemocratização do país e a anistia; esteve na linha de frente na luta das “Diretas, já!” e com a derrota desta, empenhou-se para por fim à ditadura no Colégio Eleitoral.

Participou ativamente da Constituinte cidadã de 1988 e das greves e lutas dos trabalhadores por seus direitos ameaçados pelas políticas neoliberais. Ocupou com destaque a luta pelo impeachment de Collor e ajudou a formar a Frente Brasil Popular nas eleições de 1989. Esteve em todas as campanhas em apoio a candidatura popular do ex-presidente Lula.

É um partido sintonizado com seu tempo, defende o Emancipacionismo feminino como forma de resolver a questão de gênero e tem forte presença na luta anti-racista e da juventude; pugna intransigentemente pela educação pública e de qualidade e é defensor incansável do SUS.

Em crescente prestígio, o PCdoB conta hoje com destacadas lideranças nacionais, a exemplo de sua presidenta, Luciana Santos, vice governadora de Pernambuco, Flávio Dino, governador do Maranhão,

Antenor Roberto, vice-governador do Rio Grande do Norte; Manuela D’Ávila, Jandira Feghali, Orlando Silva e outros parlamentares no Congresso Nacional e em inúmeros Estados.

Aqui na Paraíba, mantém sua voz na Assembléia Legislativa através do deputado Inácio Falcão. Nas eleições de outubro último, firmou-se como força política na disputa efetiva da prefeitura de Campina Grande tendo, inclusive retomado sua cadeira na Câmara Municipal com uma mulher, negra, egressa dos movimentos sociais. Elege, ainda, mais 16 vereadores em diferentes municípios. Integra também a administração estadual nas últimas duas gestões.

Como forma de superar a dependência econômica e subserviência atual ao capital financeiro, defende para o Brasil um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que rompa com o neoliberalismo, promova o mercado interno, a industrialização, em especial nos ramos de tecnologia de ponta e assegure o bem estar dos trabalhadores e do povo, num ambiente de paz e democracia.

Desde o golpe jurídico-institucional e midiático de 2016 que pôs fim à mais duradoura experiência do governo popular, o PCdoB denuncia sem tréguas a farsa montada com o objetivo de entregar nossas riquezas aos monopólios estrangeiros, especialmente norte americanos, os ataques à democracia e à Constituição.

Presentemente, enfrenta com denodo a ameaça fascista que assusta o país e a terrível pandemia do Covid-19, constantemente alimentada pela tratamento desastrado do próprio governo central. Por estas razões os comunistas defendem medidas urgentes e eficazes em favor da vida, como vacinas para toda a população e rígido distanciamento social; auxílio emergencial de, no mínimo R$ 600,00 para os desassistidos, além do apoio governamental ao pequenos e micro-negócios.

Como necessária, para resgatar a democracia e um programa mínimo de salvação nacional, defende uma ampla frente política que seja suficiente para por fim à aventura Bolsonarista e implementar medidas emergenciais para sanar a crise e abra novas perspectivas para o povo brasileiro.

O Partido Comunista do Brasil nasceu para atender a uma necessidade histórica e cumprir uma tarefa grandiosa de transformação social e promover a luta por uma sociedade nova, que descortine horizontes avançados para os brasileiros e para a humanidade. Em busca desse objetivo, já pagou pesado preço, mas jamais arrefeceu e, se a bandeira do socialismo e do futuro cai de uma mão, ela é sustentada por inúmeras outras, num movimento que se fortalece na luta e na adversidade.

Longa vida e boa luta ao Partido Comunista do Brasil




Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.


Do meio da pandemia

Dos ulos de dor e desespero

Contra a torpeza e  vilania

Levanta-se altaneiro

Um grito de rebeldia.


Grito que esteve preso

Pelas teias da sordidez

Nas masmorras de Curitiba.

Grito também entalado na garganta 

Deste povo a sofrer com altivez.


De tão vigoroso e verdadeiro

Assombrou num sobressalto

As múmias, zumbis, roedores apátridas

Que tricoteavam impunes e rasteiro

Pelos salões solenes do Planalto.


Grito de esperança:

Que ganhe as ruas, encha os corações

E espante de volta para os esgotos fétidos,

Confinem, para sempre nos porões sombrios

Essas ratazanas e guabirus entronizados.


ATS, 10 de março de 2021


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.

 


Os que aqui se perfilam temos um inabalável compromisso com a democracia. Não meramente com o conceito usual de um tipo de sociedade onde cidadãos e cidadãs, votam, escolhem ‘livremente’ seus representantes. Defendemos a democracia que assegura a liberdade política, os direitos coletivos e as garantias individuais; democracia onde a participação popular, sobretudo, seja efetiva.

Originária da Grécia antiga teria sido Péricles quem a proclamou como governo “do povo, pelo povo e para o povo”. E numa solenidade em homenagem aos heróis da guerra do Peloponeso, segundo Heródoto. Esta formulação ficou célebre, séculos depois, na boca do presidente americano Abraão Lincoln.

Mas, na prática, nem na Grécia antiga, tal formulação se concretizou, afinal, mulheres, escravos e trabalhadores braçais estavam excluídos pelas elites. Ao longo do tempo, a democracia (também o seu oposto) como sistema político, não tem passado de mero instrumento a serviço destas elites. A análise marxista chega a afirmar que numa sociedade dividida em classes a democracia – como conhecemos - nada mais é que a ditadura da classe dominante. Só sendo possível uma democracia plena, numa sociedade sem classes.

Direitos democráticos e liberdades vão sendo relativizados conforme os interesses econômicos e políticos das classes dominantes.

Porém no período mais recente, trabalhadores, mulheres, negros e pardos, povos indígenas, populações lgbti+ e outros segmentes obtiveram, através de muita luta, conquistas que podem ser colocadas no corolário dos “avanços democráticos”. Assim a “democracia” vai sendo mitigada.

Após o surgimento do fascismo na Europa, século passado, “democracia” tornou-se cada vez mais uma bandeira de luta. Na medida em que crescem assustadoramente as investidas, por parte das elites dominantes contra a mínima conquista democrática, espraia-se, numa proporção inversa o anseio por mais espaço e liberdade pelas camadas populares.

É essa dimensão de ‘democracia’ que estamos a defender: respeito às conquistas institucionais, à diversidade e liberdade para lutar por direitos.

Hoje vivemos, talvez a mais brutal e sofisticada onda do ideário fascista no nosso país. Durante a ditadura militar, na sua fase de recrudescimento após o AI-5 o Estado brasileiro assume características de estado fascista, através do terrorismo institucionalizado que produziu a violência conhecida contra seus opositores. Agora o ideário fascista, promove, além da violência, o ataque aos costumes, à ciência, à cultura e à vida, utilizando-se, inclusive do ambiente de pandemia.

Por isto estamos aqui. Por isto nos proclamamos anti-fascista. E erguemos mais uma trincheira em defesa da democracia, do Brasil e da vida.


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes. 



I

Insano,

Não te mascares,

Pões a máscara!

A vida clama e quer ser vivida.


Insano,

Tu que negastes,

Não negues a culpa

Da dor e da morte que esse chão ocupa. 


Insano!

Que cada pranto seja um libelo,

Que cada perda seja um látego

-  o preço final que ti é cobrado. 


ATS, 23, 02, 2021

Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.

 


Hoje sou rei

Sem reinado e sem folia

Sou mestre sala sem fazer cortejo

À porta-estandarte sem pendão

Sou palhaço sem pintura e alegria

Pierrot e colombina sem salão

Sou baiana sem renda e rodopio

Sou bateria sem cuíca e sem repique

Frevo sem sombrinha e sem passista

Sou maracatu que ensaiou e não saiu

O ausente cartaz contra o fascista

Sou fantasia adormecida no varal

Abre-alas sem comissão de frente

‘A la ursa’ presa no quintal

Sou a paixão do um povo resistente

Expiando a pandemia em pleno carnaval.

ATS, 16-02-21


Autor: Agamenon T Sarinho é militante do PCdoB há 50 anos, casado, 3 filho(a)s, servidor federal aposentado e amante das artes.