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Foto: FolhaPress - César Feitoza - 08/01/2023

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu aval para o Exército realizar a operação de desmonte do acampamento golpista em frente ao quartel-general somente no dia seguinte à invasão às sedes dos três Poderes.

A anuência presidencial foi dada após integrantes da Força afirmarem a Lula que a operação para o desmonte do acampamento feito pela Polícia Militar durante a noite do dia 8 de janeiro, sem planejamento prévio, poderia resultar em conflito e mortes.

Auxiliares de Lula afirmaram à Folha que o presidente queria que os bolsonaristas fossem presos ainda durante a noite, mas concordou com o adiamento diante do risco de um cenário parecido ao descrito pelos militares.

Pessoas próximas ao presidente dizem ainda que o Exército comunicou a Lula que havia pessoas armadas no acampamento. Os militares argumentaram que ocorreria uma tragédia caso a operação fosse realizada à noite.

O presidente, então, pediu que as forças de segurança discutissem as possibilidades colocadas à mesa.

O aval de Lula foi dado ao general Gustavo Henrique Dutra, comandante militar do Planalto, durante reunião do oficial com o interventor na segurança do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

Dutra e Cappelli se encontraram na Catedral Militar Rainha da Paz, em Brasília, logo após os bolsonaristas radicais serem dispersados da Esplanada dos Ministérios e voltarem ao acampamento.

A reunião começou sem acordo. A Polícia Militar havia recebido ordem do interventor para entrar na área militar e prender os golpistas. O Exército, no entanto, barrou o acesso dos policiais, posicionado três blindados Guarani e uma tropa de soldados em frente ao Setor Militar Urbano.

Diante do impasse, Cappelli enviou mensagens e telefonou para o ministro Flávio Dino (Justiça), em busca de apoio para prender os golpistas.

Em movimento semelhante, o general Dutra fez um telefonema para o general Gonçalves Dias, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), para argumentar que a melhor decisão seria realizar o desmonte na manhã do dia seguinte.

Durante a ligação, Dias entregou o telefone para Lula, que estava ao seu lado. O presidente teve uma rápida conversa com o comandante militar.

De acordo com relatos de pessoas com conhecimento do assunto, Dutra afirmou que uma operação noturna, sem planejamento, poderia resultar em confusão. Havia receio entre os militares de que um possível descontrole do desmonte do acampamento causasse correria, confronto com a polícia e violência.

Lula concordou que, se houvesse risco de uma tragédia, seria melhor realizar a operação no dia seguinte. O presidente, porém, disse que os golpistas eram criminosos e que as prisões deveriam ser feitas.

Na manhã de 9 de janeiro, a Polícia Militar do DF e a Polícia do Exército realizaram a operação para o desmonte do acampamento e efetuaram a prisão de cerca de 1.200 bolsonaristas, que foram conduzidos em dezenas de ônibus para triagem na Academia Nacional da Polícia Federal.

A conversa entre Lula e o general Dutra ocorreu por volta de 21h, no início das discussões entre o interventor e o Exército. Após a ligação, os ministros José Múcio Monteiro (Defesa), Rui Costa (Casa Civil) e Flávio Dino foram ao Comando Militar do Planalto para discutir o assunto.

Ainda estavam presentes o general Dutra e o ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda --demitido, entre outras razões, pela condução da crise desencadeada em 8 de janeiro. A reunião foi descrita por participantes como tensa, com posições divergentes entre integrantes do governo.

Dino e Rui Costa chegaram a defender uma ação mais incisiva ainda durante a madrugada, enquanto Múcio estava alinhado aos militares a favor da operação no dia seguinte.

Por volta de meia-noite, as autoridades decidiram montar um plano para a retirada dos bolsonaristas na manhã de segunda, conforme o aval de Lula. Com o acordo, as viaturas da PM do DF deixaram as proximidades do Setor Militar Urbano, e os tanques de guerra, que impediam a entrada dos policiais, voltaram para os batalhões.

Ricardo Cappelli relatou parte da divergência em seu relatório final sobre a intervenção, entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) e membros do Executivo.

"A linha [feita pela PM] seguiu avançando até chegar na entrada do Setor Militar Urbano, onde o interventor federal determinou que o comandante-geral da PM-DF mobilizasse a tropa para efetuar as prisões no acampamento em frente ao QG do Exército, movimento que foi abortado pela intervenção do general Dutra, comandante militar do Planalto, que ponderou para que a ação acontecesse somente no dia seguinte pela manhã", descreveu Cappelli no texto.

Antes dos ataques de 8 de janeiro, o Exército havia estabelecido uma estratégia para a retirada lenta e gradual das estruturas montadas em frente ao quartel-general, em Brasília.

A conduta do Exército, que tolerou o acampamento desde a vitória eleitoral de Lula, foi criticada por aliados do petista por ser complacente com manifestantes antidemocráticos radicalizados.

Levantamentos internos feitos nas vésperas dos ataques contra as sedes dos três Poderes mostravam que havia cerca de 200 pessoas no acampamento bolsonarista --número considerado baixo pelos militares, diante das milhares de pessoas que ocuparam o Setor Militar Urbano nas primeiras semanas de novembro.

Fotos aéreas do local eram enviadas com regularidade para o Ministério da Defesa. José Múcio chegou a relatar ao presidente, durante a primeira reunião ministerial do governo Lula, em 6 de janeiro, que o acampamento estava se esvaindo.

Dutra deve deixar o Comando Militar do Planalto em março, após o Alto Comando do Exército discutir as novas movimentações dos oficiais.

A saída do general três estrelas, como revelou a Folha, já estava acertada antes da demissão do ex-comandante Júlio César de Arruda e, segundo fontes militares, não tem relação direta com o acampamento golpista.

Fonte: Folha de São Paulo - Cézar Feitoza e Julia Chaib

Enviado Por:
Eliseu Mariotti (Blog Papo de Jacaré) /Jornalista, Programador, Músico e Veterano da FAB

Direitos Reservados/Bruno Keller/Reuters

O presidente Lula, já havia adiantado, em declarações recentes, após sua visita a Terra Indígena (TI) Yanomami que decretaria medidas severas de proteção e de urgência na assistência aos indígenas e para agilizar o combate ao garimpo ilegal no território.

De modo que, nesta segunda-feira (30) , Lula declarou com veemência, que o governo brasileiro vai expulsar os garimpeiros da Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima. Segundo ele, um decreto foi assinado para mobilizar forças federais em uma missão de desintrusão. A estimativa do Ministério dos Povos Indígenas é que haja mais de 20 mil invasores na área protegida.

"O Estado brasileiro, quando ele quer tomar uma decisão, ele toma e acontece. Já houve um tempo que retiramos garimpeiros de determinados locais que eles não podiam invadir. Hoje, eu assinei um decreto dando poderes às Forças Armadas, ao ministro da Defesa, ao Ministério da Saúde. Nós vamos tomar todas as atitudes para acabar com o garimpo ilegal, tirar os garimpeiros de lá, e vamos cuidar do povo yanomami, que precisa ser tratado com respeito. Não é possível que alguém veja aquelas imagens, que tive a oportunidade de ver na semana passada, e não fazer nada", disse Lula em coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto. ““Resolvemos tomar a decisão de parar com essa brincadeira. Não terá mais garimpo e não terá mais sobrevoo, nem abastecimento de combustíveis”

Uma das mais importantes medidas a serem criadas por órgãos da administração federal, está a implantação de uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida) sobre o espaço aéreo do território – que terá validade enquanto a situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

Leia o Decreto na íntegra

VII COMAR

De acordo com uma fonte da Aeronáutica, que prefere não ser identificada, apesar de não estar explícito no decreto, é natural que o Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR), que corresponde aos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, reunindo cerca de 26% do território nacional, seja o responsável pelas operações estratégicas a serem adotadas contra o tráfego aéreo suspeito de atividades ilícitas praticadas no território.

O acesso pelo espaço aéreo, assim como também por terra ou fluvial, ao território Yanomami só poderá ocorrer se previsto em ato conjunto editado pelos ministros da Saúde e dos Povos Indígenas, “com vistas à distribuição de alimentos, prevenção e à redução do risco de transmissão de doenças e de outros agravos”, conforme o Decreto.

Pelo Decreto, o Ministério da Defesa também fornecerá dados de inteligência e transporte aéreo logístico para as tropas que participarão diretamente do cerco a aeronaves relacionadas com o garimpo ilegal no território Yanomami.

Fonte da matéria: Agência Brasil
Foto: Direitos Reservados/Bruno Keller/Reuters

Da Redação/Eliseu Mariotti
Lojas Americanas, Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles (Foto: Divulgação | REUTERS/Ueslei Marcelino)

O economista João Furtado mostra as entranhas do capital no Brasil. Os efeitos da derrocada das Americanas ainda não podem ser corretamente dimensionados, mas serão certamente graves.

O que o caso Americanas revela sobre o capitalismo brasileiro, por João Furtado

Jornal GGN

A derrocada das Americanas é muito mais do que a desmoralização desses 3 financistas que fizeram a glória dos adoradores de dinheiro durante tantos anos. Não houve até agora quem viesse propriamente em defesa dos multibilionários que inspiraram tantos outros financistas e dinheireiros. O Fantástico leu a nota de explicações sem antes ter contado o caso, mas isso é mais uma defesa do grande anunciante do que da operação lesa-acionista.

Os efeitos da derrocada das Americanas ainda não podem ser corretamente dimensionados, mas serão certamente graves. Mais graves porque não serão compartimentalizados: “Se os magnatas que tudo transformaram em ouro com seus toques de gênio deram um golpe desses, com ajuda de executivos, auditorias, instituições de controle, então o sistema está todo corrompido”, pensarão muitos, com fundadas razões.

Se essa reflexão tem sentido, todos os vendedores (para o comércio e para a indústria) ficarão doravante mais cautelosos, divididos entre a necessidade de venderem e o temor de não receberem. Porque um calote pode ser mortal para muitos. As consequências deste caminhão de areia nas engrenagens do sistema econômico podem ser graves ou muito graves. E era tudo o que a economia não precisava neste começo de 2023, onde as turbulências artificiais dos mercados já são fonte suficiente de dúvidas.

A derrocada é grave nos seus efeitos, mas o episódio suscita uma outra reflexão, anunciada lá no título. Afinal, por que estes três magnatas foram incensados por tanto tempo, sem qualquer apuração mais séria pela imprensa, sem qualquer espaço para se pensar a natureza dos seus negócios, da trajetória que eles traziam embutida, dos seus efeitos para a criação de riqueza?

A derrocada das Americanas não começou no mês passado ou no ano passado. Ela é produto de um modelo empresarial parasitário, em que os controladores têm pouco interesse no negócio e estão preocupados sobretudo com os resultados financeiros, mesmo que às custas do negócio e de sua sustentabilidade. É sério engano que os resultados financeiros são o produto da prosperidade dos negócios e os acompanham como indicador inquestionável. Nas hagiografias dos gênios que agora começam a ser escrutinados, tardiamente, sob pressão de credores e minoritários, estava lá na origem a explicação para a compra das Americanas pelos três gênios: só de imóveis próprios a empresa tinha mais do que o seu valor na bolsa. Se desse errado como atividade comercial, se os novos controladores não soubessem gerir a nova atividade, ainda assim seria um bom negócio.

Espera-se que uma empresa seja capaz de combinar uma remuneração adequada dos capitais que foram investidos com um reinvestimento de uma parcela apropriada dos seus lucros. Estes dois destinos dos lucros não podem provocar a ira dos acionistas nem destruir a posição e o valor futuro da empresa. A fórmula típica de quem vê as atividades empresariais de uma perspectiva exclusiva ou predominantemente financista é extrair o máximo da empresa, mesmo que isso sacrifique o futuro.

Se os acionistas ficam eufóricos com dividendos polpudos, o preço das ações eleva-se. Isso é bom ou mau? Depende, porque podem elevar-se por várias razões diferentes. A direção da empresa pode esmagar os preços de compra das suas mercadorias, sufocar os seus funcionários com pressões sobre o seu desempenho e as respectivas metas, recorrer a práticas agressivas com relação aos clientes. Todas elas são eficazes para produzir lucros, mas cada uma delas possui efeitos colaterais. Os fornecedores aceitam as condições impostas, mas ficam satisfeitos? Priorizam doravante esse cliente? Os funcionários da empresa, que sofrem pressões crescentes, dedicar-se-ão sempre com a mesma perspectiva, ou será que vão buscar alternativas? Os clientes também poderão voltar-se progressivamente para as alternativas. As lojas da Americanas já foram um lugar popular, que atraía a atenção de tantas pessoas, de diferentes idades e grupos sociais. Deixaram de ser e há hoje muitos outros lugares que capturam o olhar e o dinheiro das pessoas.

Um pequeno produtor rural sabe que a terra e a plantação precisam ser cuidadas, que isso demanda esforço e dedicação diários, e que a planta não pode ser colhida antes da hora. A padaria e a lavanderia da sua esquina também sabem isso. Mas nenhum deles é um financista, é um produtor e vive do seu trabalho dedicado; não vive de dividendos arrancados da empresa às custas do futuro, nem de operações na bolsa. As ações podem valorizar-se e permitir que valorizações fictícias (ou fraudulentas) sejam ganhos reais de alguns e perdas também reais de outros. Foi esse o caso das lojas que produziram “inconsistências” (o jargão corporativo é sublime) de forma sistemática e produziram balanços para gerarem resultados fictícios, inflarem o preço das ações e permitirem que alguns saíssem com ganhos muito substanciais e outros tivessem perdas gigantescas. Os ganhos dos que venderam as ações antes que a fraude fosse descoberta não são equivalentes às perdas dos que não puderam vender as ações. Há que somar os prejuízos de fornecedores, credores e todos os efeitos negativos sobre a economia, com os efeitos destrutivos sobre as relações comerciais e creditícias e impactos na produção e no emprego. Não é o jogo de bafo de figurinhas habitual, alguém queimou muitas figurinhas dos outros.

Descrita a operação dos financistas, cabe agora explicar a analogia deste caso com o capitalismo brasileiro e a crise em que estamos enredados há quase ½ século. O comando da industrialização no crescimento econômico foi muito forte e bastante funcional durante quase 50 anos, entre a saída da crise de 1929 e os anos 1970. O crescimento foi puxado pela urbanização acelerada e pela implantação de novos setores industriais, mais intensivos em capital, mais “tecnológicos”, com produtividade média mais elevada. Evidentemente, o resultado foi uma elevação muito significativa da produtividade total, dado o peso dos novos setores na composição da equação total.

Produtividade elevada e salários sistematicamente comprimidos produzem lucros elevados. E eles alimentaram os balanços, os dividendos, os investimentos em novos setores, a compra de ativos reais e financeiros, com lucros subtraídos aos setores de origem. Os lucros elevados não alimentaram o reinvestimento e muito menos o investimento para a frente, o investimento em engenharia, desenvolvimento de novos processos e produtos, novas tecnologias, inovações, conquista de mercados externos, internacionalização. Não, os detentores (controladores, acionistas dominantes e seus prepostos) não usaram os recursos gerados para fazerem avançar o sistema produtivo e as capacidades de acumulação das próprias empresas. Preferiram as facilidades do crescimento obeso aos desafios do avanço tecnológico e do crescimento em bases fortemente competitivas.

Grandes grupos brasileiros não avançaram sobre a fronteira da tecnologia e da inovação, preferiram acumular recursos novos: terra, agropecuária, mineração, construção civil e imobiliário, papéis, financismo. Isso deu-se em dois movimentos. Primeiro, transferiram os lucros gerados pelo negócio, esvaziando a capacidade de crescimento das fontes originárias. Depois foram sangrando o próprio capital das empresas, crescendo as atividades que eram inicialmente uma diversificação complementar e atrofiando as próprias empresas industriais. Cortaram no osso, como se diz. É fácil perceber que a rentabilidade da indústria teria que se reduzir enquanto a das demais áreas deveria crescer. Por isso, o que era um movimento autônomo vai se tornando um ciclo vicioso: como não houve investimentos, a rentabilidade cai; como a rentabilidade cai não há mais investimentos.

E uma vez que a indústria, depois de várias etapas do ciclo vicioso, já apresentava insuficiências e deficiências substanciais, agora ela deixava mesmo de ter atratividade, afora casos excepcionais (Embraer ou WEG) e residualmente. Por um lado, havia atividades abençoadas por investimentos antigos e criadores de elevados padrões econômicos e forte inserção nos mercados. O exemplo mais evidente é a celulose e o seu complexo florestal (deixando de lado os custos ambientais e sociais decorrentes). E havia, e ainda há, por outro lado, aqueles setores em que as dimensões dos mercados locais e os custos de transporte justificam a permanência de produção local (cimento, cerveja).

O processo de desindustrialização avançou pari passu com a demanda por novas áreas para a acumulação. Além da migração de capitais para áreas produtivas e financeiras típicas da iniciativa privada, e da venda das empresas nacionais para grandes empresas estrangeiras que não abandonam nenhum mercado, os capitais passaram a demandar crescentemente a transferência de seus capitais para áreas em que tipicamente não atuavam – as privatizações.

Essas privatizações são apresentadas sob a bandeira bem conveniente da eficiência e da produtividade, mas elas são principalmente uma forma de ampliação dos espaços de acumulação livres da competição que tipicamente afeta as áreas industriais, que estão sujeitas ao avanço tecnológico e à competição com os novos polos industriais. Se o fenômeno surgiu nos anos 1980 e começou a tornar-se evidente nos anos 1990, sobretudo após a estabilização e o seu câmbio que favorecia as importações, ele foi sendo agravado pelo avanço da acumulação de capital dos anos 2000. Os capitais em expansão, as exportações de commodities associadas ao prolongado e acelerado crescimento da China, os novos circuitos de crédito e financiamento, a entrada de volumosos fluxos de capital confrontavam-se com a incapacidade de a indústria oferecer espaços promissores. O atraso tornou os investimentos industriais impeditivos. Rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, redes de distribuição de gás, energia elétrica, petróleo – todas atividades de rentabilidade institucionalmente construída e, ademais, distantes da concorrência chinesa.

Curiosamente, essas privatizações são mais um duro golpe sobre a indústria, com efeitos incidentes também sobre o poder de compra das famílias. Historicamente, desde pelo menos os anos 1950, o setor produtivo estatal cumpriu diversos papéis relevantes, entre eles o de assegurar externalidades positivas à acumulação privada do setor industrial, na forma de preços submetidos a uma política de modicidade. A privatização colocou uma pá de cal nessa política, com efeitos desastrosos sobre a rentabilidade industrial (caso mais evidente é o dos eletrointensivos, como o alumínio) e o poder de compra das famílias. Foi mais um duro golpe sobre a indústria, neste caso advindo dos efeitos de segunda ordem da fuga e promoção da privatização, encerrando as externalidades do setor produtivo estatal.

O avanço em direção às fronteiras da terra, da mineração e dos recursos naturais (incluindo a energia) dá-se tanto por meio de empreendimentos extraordinariamente intensivos em capital (como os novos projetos da Vale, por exemplo em Parauapebas) como por meio das formas abjetas de devastação das florestas e de depredação dos territórios, visíveis na sucessão de tragédias que culminou nesta semana com as imagens indescritíveis do povo Yanomami.

Esta leitura da fraude das Americanas e o seu paralelo com a derrocada da indústria brasileira e os movimentos do capital que a complementam não deve ser lida como um movimento irreversível. A indústria brasileira subsiste, encolhida e fragilizada, com umas poucas ilhas de excelência, insuficientes para a tarefa que o desenvolvimento e o provimento de bens e serviços para o consumo impõe. Mas há muito a ser feito. E a tarefa incontornável consiste em reverter a natureza estéril ou mesmo parasitária da acumulação, que punciona lucros de lojas para uma expansão global ou da indústria para a aquisição de ativos.

João Furtado, economista
Fonte: Jornal GGN


A Agência Lupa registra nesta terça em seu site que, a Polícia Federal prendeu ao menos quatro pastores donos de igreja que participaram diretamente dos ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília. O levantamento da Lupa, produzido pela Lagom Data, cruzou dados da lista oficial dos 1.398 detidos e a CNAE, que reúne a Classificação Nacional de Atividades Econômicas de todas as organizações do país.

Entretanto, o envolvimento de religiosos nesses eventos pode ter sido ainda maior. Outros 13 líderes religiosos aparecem na base de dados colaborativa incitando ou aderindo às invasões ao Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto.

Entre os já encaminhados às penitenciárias do Distrito Federal está Francismar Aparecido da Silva, que se apresenta como “pastor presidente” da igreja Ministério Evangelístico Apascentar. Aos 46 anos, o religioso coleciona na internet imagens de protestos bolsonaristas em que há cartazes convocando as Forças Armadas para “salvar” o Brasil.

Nas postagens mais recentes no Facebook, Francismar questiona: “Se não tiver luta, como vai ter vitória?”. Em resposta, ele colhe comentários com a palavra “amém”. A igreja de Francismar tem sede em Itajubá (MG) e consta na Receita Federal como sendo uma entidade ativa.

João Marciano de Oliveira, de 47 anos, dono da igreja Jesus Cristo é a Razão do Meu Viver, em Ribeirão das Neves (MG), também foi preso na capital federal. No Facebook, ele prega “limpeza do STF” e posta fotos com elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a sua mulher, Michelle. A entidade dirigida por ele está ativa.

O terceiro pastor detido é Donizete Paulino da Paz, de 56 anos. Ele é dono da Igreja Assembleia de Deus - Ministério O Deus das Nações, ativa e com sede em Luziânia (GO). Nas redes sociais de Donizete há apenas uma foto publicada, em que ele aparece pregando em um culto.

Também aparece na lista o pastor Jorge Luiz dos Santos, de 57 anos, presidente da Igreja Evangélica Amor de Deus João 3:16, de Itaverava (MG). A instituição foi fundada em 14 de julho de 2016 e permanece ativa. A Lupa não localizou as redes sociais do religioso.

Uma análise das denúncias feitas de forma espontânea e anônima à base mostra que, pelo menos, outros 13 líderes religiosos foram flagrados incitando, celebrando ou mesmo aderindo à depredação em Brasília. Muitos deles usaram o nome de Deus para justificar suas participações.

“Estou no Senado Federal aqui, ó, missionário Felicio Quitito, servo do Deus vivo”, exclama o pastor, enquanto se senta em uma das poltronas azuis que compõem a mesa do Congresso. "É isso aí. Jair Messias Bolsonaro, você vai estar voltando para esta nação e continuará o seu governo".

Na mesma gravação, Quitito ainda diz que “toda a obra da macumba e da feitiçaria caiu por terra”, numa referência às religiões de matriz africana e às invasões dos edifícios públicos da capital. O missionário, cujo nome é Felício Manoel Araújo, também está na lista de presos divulgada pelo governo do Distrito Federal.

Conhecido nas redes sociais, o pastor goiano Thiago Bezerra também esteve nos atos terroristas e transmitiu, em sua conta do Instagram, momentos do ataque. “Vou mostrar para vocês onde eu estou”, diz o pastor, exibindo uma multidão já dentro de um dos prédios dos três poderes. É possível ver, na gravação, que o local já estava depredado.

O pastor ainda pediu, durante uma live, que as pessoas seguissem uma conta reserva no Instagram, dando a entender que o perfil usado por ele poderia ser derrubado. “Gente, com urgência. Segue essa conta aqui [@ da conta]. Vocês já sabem do que eu estou falando”, afirmou. As duas contas usadas por Thiago Bezerra não estão mais disponíveis na plataforma.

Um dia após os ataques, contudo, o pastor fez uma live em seu canal do YouTube defendendo a narrativa que vem sendo compartilhada por bolsonaristas de que havia infiltrados da esquerda nos atos. “Tinham pessoas infiltradas no meio de patriotas. Porque em 70 dias de manifestação pacífica não houve quebradeira. Vocês não acham que tinha um circo preparado lá?”, argumentou.

O envolvimento de religiosos na convocação dos ataques também aparece no material recebido pela Lupa. Em postagem feita no Instagram, uma pessoa que se identifica como pastora Marta Nunes diz que “o mundo todo precisa saber que nossas eleições foram fraudadas”, propondo uma greve geral.

No YouTube, o pastor Luciano Cesa, que foi candidato a deputado federal pelo Patriotas-RS, reclama do que chama ser censura, enquanto bebe um chimarrão diante de centenas de espectadores. Para evitar que seu vídeo fosse fisgado por sistemas de monitoramentos em redes sociais, Cesa soletra a palavra "direita" e diversas outras ligadas ao extremismo bolsonarista e, em seguida, convoca sua audiência a não ficar parada.

“Agora o povo tem que se manifestar. O próprio presidente [Bolsonaro] disse ‘o melhor está por vir’”, alega. Nos comentários da transmissão ao vivo, há pessoas afirmando que lotarão Brasília, enquanto outros elogiam sua capacidade “de falar por entrelinhas”.

A Lupa tentou entrar em contato com todos os religiosos citados, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.

Nota da reportagem: Todos os nomes dos pastores presos citados nesta reportagem tiveram audiência de custódia marcada em algum momento.

Em decorrência dos ataques em Brasília, o blog Papo de Jacaré pede a colaboração de seus leitores para montar uma base de dados que reúna postagens antidemocráticas feitas em redes sociais ou aplicativos de mensagem.

Todos os dados serão enviados a Agência Lupa. Este é um projeto colaborativo que busca entender como foram organizados os atos de vandalismo. Se você viu ou ouviu alguma postagem convocando para os ataques, colabore enviando todos os dados e links para o whatsapp 83 987291837.

Fonte: Agência Lupa
Uma sequência que mostra detentos supostamente cantando um jingle do ex-presidente Lula teve seu áudio adulterado. O vídeo foi compartilhado mais de 5,9 mil vezes nas redes sociais desde 3 de outubro de 2022 com a alegação de que se trata da comemoração de eleitores de Lula no presídio após os resultados do primeiro turno das eleições de 2022. Mas a gravação é de julho de 2016 e no áudio original não há qualquer menção ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência.


'E assim que vejo os eleitores do lula, olha como está nos presídios, a culpa é de vocês que o defendem, depois não venha pedir clemência', diz a legenda do vídeo compartilhado no FacebookInstagramKwai e TikTok.

No vídeo é possível ver diversos presos pulando enquanto parecem cantar 'olê, olê, olê, olá, Lula, Lula', jingle comumente ouvido em manifestações a favor do ex-presidente.


Em algumas das gravações que circulam com melhor definição é possível identificar o que está escrito em uma camisa levantada por um dos detentos: 'massa potiguar', fazendo referência aos habitantes do Rio Grande do Norte.

Em algumas das gravações que circulam com melhor definição é possível identificar o que está escrito em uma camisa levantada por um dos detentos: 'massa potiguar', fazendo referência aos habitantes do Rio Grande do Norte. A partir disso, por meio de uma pesquisa no Google, o Checamos localizou a mesma sequência, com mais tempo de duração, publicada em 30 de julho de 2016 em um blog do estado nordestino.

De acordo com o texto, as imagens mostram presos comemorando uma onda de ataques realizada na época no Rio Grande do Norte.

Essa informação também foi publicada pelo jornal local Tribuna do Norte, segundo o qual o vídeo mostra presidiários comemorando ações violentas em Natal, capital do estado, no pavilhão 4 da penitenciária de Alcaçuz.

Fotos internas do presídio publicadas por meios de comunicação possibilitam identificar um cenário muito semelhante ao da gravação.

No vídeo publicado na imprensa identifica-se que os detentos estão gritando 'uh, é a massa' e 'é a massa potiguar', e não o jingle relacionado ao ex-presidente Lula.

Essa mesma gravação já havia viralizado por duas vezes anteriormente, e foi verificada (12) pelo Checamos, relacionada à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a prisão em segunda instância e a anulação por parte do ministro Edson Fachin das sentenças da 13ª Vara Federal de Curitiba em ações envolvendo o ex-mandatário.

Na data, procurada pela AFP, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte confirmou que as imagens foram gravadas em 2016 na penitenciária de Alcaçuz, no município de Nísia Floresta.

Em julho de 2016, o Rio Grande do Norte viveu uma onda de ataquesassociada pelo governo a uma retaliação à instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídios da região. A Força Aérea Brasileira (FAB), inclusive, enviou tropas ao estado para ajudar na segurança.

Fonte: Estado de Minas


Tem muita fake news por aí que xingam “Lula ladrão”. São mentiras comprovadas -o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é inocente. Apesar da perseguição política e midiática da qual Lula foi vítima e do lawfare (uso do sistema como arma política e jurídica) praticado pela Lava Jato, a Justiça prevaleceu. Hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acumula 26 vitórias judiciais, em absolutamente todos os processos que eram movidos contra ele. A inocência de Lula está mais do que atestada.

Lula sempre confiou na Justiça e, mesmo sob pressões, se negou a trocar sua dignidade pela liberdade. Sabia que a verdade venceria, e que aqueles que diziam ser Lula ladrão seriam desmentidos pelos fatos e pelos tribunais.

A 26ª vitória foi no caso conhecido como “Ministrão”, arquivado pela 10ª Vara Criminal do Distrito Federal no último dia 11. A investigação buscava criminalizar a nomeação do ex-presidente para ministro da Casa Civil durante o governo de Dilma Rousseff. Após mais de seis anos de investigação, a ação foi arquivada por prescrição.

Nos casos da Lava Jato, o presidente Lula acreditou que, mais cedo ou mais tarde, a parcialidade do juiz Sérgio Moro se revelaria. O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a suspeição do juiz e anulou todos os processos no âmbito da Lava Jato contra Lula.

Tanto a Justiça brasileira quanto o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) concluíram que o ex-presidente foi vítima de julgamento parcial e teve violados seus direitos políticos, civis e à privacidade. Lula foi inocentado e está livre porque, finalmente, a Justiça foi feita.

Setores da imprensa e adversários políticos que insistem em negar a inocência do ex-presidente desconsideram a presunção de inocência e outros princípios do Direito e da Justiça.

Veja o resumo das 26 vitórias judiciais de Lula:

  1.  Caso Tríplex do Guarujá. A defesa de Lula provou que ele nunca foi dono, recebeu ou foi beneficiado pelo imóvel que, na verdade, pertencia à OAS. O caso foi anulado pelo STF em duas decisões.
  2. Caso Sítio de Atibaia. A defesa de Lula provou que ele nunca recebeu dinheiro da Odebrecht para pagar reformas o sítio, que também não era dele. A transferência de de R$ 700 mil da empresa, que consta na denúncia, foi feita para um diretor desta e não para obras no sítio. O caso foi anulado pelo STF.
  3. Tentativa de reabrir o Caso do Sítio de Atibaia. A defesa de Lula provou que não é possível reabrir a ação penal contra ele pelas reformas o sítio de Atibaia, que jamais foi seu. A juíza da 12ª Vara Federal e Brasília acolheu os argumentos da defesa e rejeitou o pedido de reabertura do procurador da República Frederico Paiva.
  4. Caso do Terreno do Instituto Lula. A defesa provou que o Instituto nunca recebeu doação de terreno, ao contrário do que dizia a denúncia da Lava Jato, e sempre funcionou em sede própria. O caso foi anulado pelo STF.
  5. Caso das Doações para o Instituto Lula. A defesa  de Lula provou que as doações de pessoas físicas de mais de 40 empresas brasileiras e de outros países para o Instituto Lula, entre 2011 e 2015, foram todas legais. O caso foi anulado pelo STF
  6. Quadrilhão do PT”. A acusação leviana e grave dizia que Lula era o chefe de uma organização criminosa que drenava recursos de estatais como a Petrobras. A 12ª Vara da Justiça Federal de Brasil arquivou a denúncia por verificar que que o Ministério Púbico Federal acusou sem apontar nenhum crime, nenhum ato ilegal ou de corrupção que tivesse sido praticado por Lula, seus ex-ministros ou por dirigentes do PT acusados junto com ele. O juiz afirmou que a denúncia simplesmente tentava criminalizar a atividade política. O caso foi encerrado e Lula absolvido.
  7. Quadrilhão” II. A 12ª Vara da Justiça Federal de Brasília rejeitou denúncia semelhante à anterior.
  8. Caso Delcídio. A defesa de Lula provou ser falsa a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. A 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília absolveu Lula e não houve sequer recurso da acusação, visto  fragilidade das acusações.
  9. Caso Palestras do Lula. Inquérito aberto na Vara Federal de Sérgio Moro, em dezembro de 2015, que acusava Lula de simular a realização de palestras, em mais um farsa da Lava Jato. A defesa provou com provas robustas que todas as 72 palestras de Lula organizadas pela empresa LILS, entre 2011 e 2015, realmente foram realizadas. A PF e o MP  tiveram de reconhecer que as palestram foram realizadas sem qualquer ilicitude ou simulação. A legalidade das palestras teve de ser reconhecida em decisão da juíza substituta de Moro, Gabriela Hardt. Caso encerrado, reconhecendo a inocência de Lula.
  10. Caso da Lei de Segurança Nacional. Moro, já ministro da Justiça, requisitou à PF a abertura de inquérito contra Lula, com base na Lei de Segurança Nacional. Lula foi intimado e prestou depoimento à PF. O inquérito foi arquivado pela 15ª Vara Federal Criminal de Brasília.
  11. Caso do filho de Lula (touchdown). A defesa demonstrou serem falsas as acusações do MP contra Luiz Claudio Lula da Silva pela atuação de sua empresa de eventos esportivos Touchdown. A denúncia foi rejeitada  pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.
  12. Caso do irmão de Lula. A defesa provou que não havia ilegalidade, fraude ou favorecimento nos serviços que frei Chico, um dos irmãos de Lula, prestou à Odebrecht antes de o ex-presidente ser eleito. A 7ª Vara Federal Criminal de São Paulo rejeitou a denúncia falsa.
  13. Caso do sobrinho de Lula. A defesa provou que não houve irregularidade, ilegalidade nem favorecimento na subcontratação de uma empresa de um sobrinho do ex-presidente para uma obra da Odebrecht em Angola e que Lula não recebeu qualquer valor decorrente dessa relação contratual. O Tribunal Regional Federal da Primeira Região trancou o caso porque a denúncia era inepta (sem condições mínimas para ser processada).
  14. Caso Invasão do Tríplex. A 6ª Vara Federal Criminal de Santos rejeitou a denúncia do MP referente ao protesto que integrantes do MTST fizeram contra a condenação injusta de Lula, em abril de 2018.
  15. Caso Carta Capital. Investigação encaminha à Justiça Federal de São Paulo. Falsamente, a Lava Jato tentou caracterizar como ilegais contratos de patrocínio da Carta Capital com a Odebrecht. O pedido de arquivamento do procedimento foi feito pela própria PF.
  16. Caso MP 471. Lula foi acusado de receber contrapartida pela edição d Medida Provisória 4771, que prorrogou incentivos à indústria automobilística. O próprio MPF pediu a absolvição de Lula, concedida pelo Juízo da 10ª Vara Federal de Brasília, que considerou não haver justa causa para manter a ação.
  17. Caso da Guiné. O ex-presidente foi falsamente acusado de praticar tráfico internacional de influência e lavagem de dinheiro porque o Instituto Lula recebeu uma doação oficial de uma empresa brasileira que atua na Guiné Equatorial. O TRF3 trancou a ação penal em habeas corpus impetrado pela defesa de Lula por reconhecer que não havia elementos que justificassem a tramitação.
  18. Caso BNDES Angola. Essa denúncia foi baseada na ação penal conhecida como Quadrilhão do PT, em que Lula foi absolvido a pedido do próprio MPF. A ação, sem provas, também utilizada elementos vindos de Curitiba e declarados nulos pela decisão do STF que reconhece a suspeição de Moro. A ação penal foi trancada e encerrada.
  19. Caso Costa Rica Leo Pinheiro. Investigação advinda da delação de Leo Pinheiro, que inicialmente acusava Lula de tráfico internacional de influência na Costa Rica para favorecer a empresa OAS. Ninguém ouvido pela PF confirmou a versão de Léo Pinheiro. O próprio executivo negou qualquer pagamento de vantagem indevida ao ex-presidente Lula em novo depoimento e em declaração de próprio punho. Investigação trancada por falta de provas.
  20. Segunda tentativa de reabrir o Caso Sítio de Atibaia. A 12ª. Vara Federal de Brasília rejeitou novamente o pedido do MPF para reabrir o sítio de Atibaia porque não havia provas, já que as utilizadas pela acusação foram fabricadas pela Java Jato e anuladas pelo STF.
  21. Caso da sonegação de impostos sobre imóveis alheios. Lula foi acusado de não pagar impostos sobre reformas no tríplex de Guarujá e no sítio de Atibaia, imóveis que nunca fora do ex-presidente. O inquérito era baseado em provas forjadas pela Lava Jato e consideradas nulas por decisão do STF. Sendo assim, o próprio MPF concordou com os argumentos da defesa e a 1ª Vara Federal de São Bernardo do Campo arquivou o caso.
  22. Caso dos filhos de Lula.O inquérito acusava Fabio Luis, Marcos Cláudio e Sandro Lula da Silva de suposta sonegação de impostos por pagamentos feitos entre suas empresas. Mais uma vez, a denúncia era baseada em evidências forjadas pela Lava Jato. O MPF concordou com os argumentos da defesa e a 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo arquivou o caso, por falta de provas.
  23. Arquivamento do caso Tríplex do Guarujá. A Justiça Federal de Brasília encerrou definitivamente o caso e determinou o arquivamento do processo relativo ao Tríplex do Guarujá. O MP não ofereceu nova denúncia por falta de provas.
  24. Suspensão do caso Caças Gripen. A robusta decisão do STF acolheu os elementos apresentados pela defesa do ex-presidente e reconheceu que a ação penal fazia parte do “Plano Lula”, engendrado por integrantes da extinta Lava Jato. Mais uma prova do intenso Lawfare de que Lula foi vítima. A recomendação para a compra das aeronaves foi das Forças Armadas, por meio da FAB, em parecer de cerca de 30 mil páginas, sem nenhuma interferência de Lula.
  25. Arquivamento do caso “obstrução de Justiça”. A premissa da acusação por obstrução de Justiça relacionada à nomeação de Lula como ministro da Casa Civil baseava-se em farsa criada pela Lava Jato, já afastada pela Justiça por meio da absolvição de Lula no caso conhecido como Quadrilhão. O próprio MPF reconheceu no parecer que, diante da comprovada inexistência de uma organização criminosa, impossível cogitar-se da prática do delito.
  26. Arquivamento do caso “ministrão”. A decisão trata da denúncia que visou criminalizar a nomeação do ex-presidente para ministro da Casa Civil durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff. Após mais de seis anos de investigação, a ação foi arquivada por prescrição.

PS: TODOS OS PROCESSOS PODEM SER CONSULTADOS NO SITE JUSBRASIL
Igreja Presbiteriana do Paraná

Disposta a impedir adesão de seus seguidores a candidatos alinhados à esquerda, a Igreja Presbiteriana pretende criar uma comissão interna para que os fiéis sejam orientados a se afastar do “comunismo” e daquilo que os líderes classificam como “nefasta influência do pensamento de esquerda”. A igreja abriu os púlpitos para a campanha de Bolsonaro.

A proposta será tratada no Supremo Concílio da igreja entre os dias 24 e 31 de julho, em Cuiabá. A cúpula da Igreja é majoritariamente conservadora e alinhada a Bolsonaro.

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que foi preso por corrupção na sua gestão como Ministro da Educação, além de ter sido flagrado com uma arma oculta dentro de sua Bíblia que disparou no Aeroporto de Brasília, é um dos líderes da igreja. O ministro do Supremo, André Mendonça, indicado por Bolsonaro, também é da mesma igreja.

A cúpula presbiteriana sugere a criação de uma comissão formada por altos dirigentes “que apresente a contradição entre Marxismo e suas variantes com o Cristianismo Bíblico” e “que as igrejas espalhadas pelo país, orientem os declarados ‘cristãos de esquerda ou progressistas’ de suas inconsistências.”

O presbiterianos, estudam tanto a Bíblia, declaram aos quatros ventos, terem os melhores estudos em Teologia, mas a cada dia que passa nestes tempos incertos, mostram que não entenderam nada do Evangelho.

O que mais me impressiona ainda, é o fato de lideranças fascistas da igreja (não confundir fascistas com conservadores) terem a visão extremamente curta da realidade, não medindo as consequências da implantação um projeto de natureza claramente fascista.

Conheço a Igreja Presbiteriana e muitos de seus membros e sei seguramente, que muitos de seus membros votarão em Lula e na esquerda. Outros são simplesmente a favor do “Fora Bolsonaro”.

Portanto uma comissão que tem por objetivo direto atingir a individualidade de seus membros, rejeitar aqueles que se identificarem com o projeto da esquerda no país, com certeza provocará uma crise interna de grandes proporções no seio da igreja.

Vai gerar inclusive uma judicialização pelos templos do país, a cada vez que houver uma contravenção constitucional motivada por esta resolução ou comissão interna.

Um dos erros mais básicos e ignaros é comparar uma gestão do PT e de Lula com uma gestão marxista. O PT é um partido de esquerda que aplicou uma gestão de 14 anos no Brasil claramente Social Democrata. Uma gestão marcada por certa medida de liberalismo, mas com ênfase no Estado de Direito e Social.

Foram os anos em que mais cresceram a industria, as exportações, o sistema financeiro, o emprego e o PIB brasileiro. A liberdade religiosa e a cidadania foram plenamente aplicadas e amparadas por uma Constituição também cidadã.

Em que lugar do mundo isso é comunismo?

Não há nada de comunista ou marxista em Lula. Isso é uma grande mentira que as lideranças da Igreja Presbiteriana compraram por causa de seus interesses de poder na República. Esse é o fato,

E posso declarar com toda a certeza que um verdadeiro Cristão jamais apoiaria Bolsonaro, a não ser enganado, equivocado. Se não está nessas condições, então age de má-fé e portanto nunca poderia ser um verdadeiro Cristão. Mais a frente, escreverei um texto especificamente sobre esta matéria.

Para definir e concluir. O único resultado que a igreja conseguirá com esta aberração é uma crise interna, judicialização e evasão de muitos membros que não aceitarão este tipo de imposição pelas lideranças, o que inclusive diminuirá o tamanho da igreja no Brasil.

Moral e quantitativamente.

Ou seja, um grande tiro no pé.

Fato é que, o púlpito das igrejas é espaço exclusivo para a Palavra de Deus e não para questões e imposições ideológicas seculares ou disputas políticas eleitorais.

Isso com certeza é uma grande heresia.

Estou estupefato.

Foi aberta a temporada de caças as bruxas na Igreja Presbiteriana. Voltamos ao século XVII!

Eliseu Mariotti


Poucas pessoas do meu círculo atual sabem, mas nos anos 90 tive um sebo/livraria no Rio de Janeiro. Era uma época difícil e a feliz solução foi trabalhar com algo que sempre amei.

Livros.

Portanto, tenho uma ligação com livrarias que vai além do intelectual e cultural, atingindo totalmente o meu emocional.

Meus sebos ficavam na rua São Clemente em frente ao Cine Estação Botafogo, na UERJ e na UniRio, que ficava na Urca e na época o Pinguelli Rosa era figura proeminente na Reitoria. E salvo engano, foi mesmo o Reitor da nobre instituição.

Minha livraria, a Orelha de Papel (era sua alcunha, quase uma entidade viva), possuia uma carteira de mais de 6 mil livros usados, raros, antigos e históricos. Vendia livros novos também, principalmente os que eram necessários as disciplinas das faculdades.

Para meu prazer, foi uma época profícua em títulos literários e que eu, ávidamente devorava em 3 dias no máximo. Muitas belas recordações, amores e amizades inesquecíveis.

Para minha infelicidade, todas essas lembranças foram reavivadas em minha memória quando acordei hoje pela manhã. Infelicidade, porque as lembranças foram reavivadas por uma das notícias mais tristes que tive nos últimos tempos, depois do falecimento de minha genitora no dia 26 de março deste ano e do incêndio do Museu Nacional (a ordem é organizada pela importância do evento e não pela cronologia).

A livraria Belle Époque, tradicional livraria e sebo do Méier, na zona norte da capital fluminense, sofreu um incêndio na noite desta quinta-feira (21/7), em que tragicamente foram consumidos pelas impiedosas chamas, milhares de títulos valiosíssimos e raros.

A livraria que visitei em 2014 quando retornei a cidade, é reduto de escritores periféricos no Rio e espaço de encontros literários e feiras.

Ninguém ficou ferido. Somente os nossos corações.

As chamas que queimaram dez mil livros, discos, cds e antiguidades foram registradas pelo livreiro Ivan Costa, 41, proprietário do espaço, em um vídeo postado nas redes sociais.

"Acabou tudo. Pegou fogo. Meu sonho acabou", disse, aos prantos, ao filmar o incêndio. "É uma dor gigante. Queimou um sonho para mim. Estou com a face inchada de tanto chorar", afirmou à reportagem, na madrugada desta sexta (22).

Entre as antiguidades destruídas estão bilhetes da época da transição do trem a vapor para o trem elétrico, um fato histórico para o subúrbio carioca.

Foram queimados, entre outros, exemplares sobre críticas e estudos literários, alguns deles dedicados ao escritor Machado de Assis, uma espécie de símbolo da Belle Époque.

Em 2020, a foto de um anúncio da livraria foi compartilhada por milhares de pessoas: "Temos Machado de Assis proibidão", dizia o texto em um quadro na entrada do estabelecimento. Era uma ironia à tentativa da Secretaria de Educação de Rondônia de recolher livros de escolas públicas por considerá-los inadequados para crianças e adolescentes. Entre os autores que faziam parte da lista proibida estava Machado de Assis.

Não dá para negar que passou pela minha cabeça, e talvez de muitos outros amantes da literatura, o fato de que o incêndio tivesse sido criminoso, em tempos que tudo que é ligado a cultura é alvo da sanha e da violência bolsonarista, e claro, tinha uma placa com o nome de Marielle bem na frente. 

Mas Ivan acredita que o fogo começou na fiação, pois na quinta um ventilador queimou, o que leva à suspeita de que havia algum problema nas instalações elétricas.

O destino quando trágico, em muitas vezes é inexplicável e de difícil compreensão.

Inevitável me perguntar, com um sentimento de fatalidade e tristeza, porquê em época de desvalorização dos livros no Brasil e superestimação dos clubes de tiros, uma realidade que já tem gerado muita violência, a fatalidade escolhe devorar justamente uma (maravilhosa e simplesmente única) livraria, até restar somente cinzas.

Que a restauração da livraria Belle Époque seja emblemática em tempos atuais, seja significativa, seja simbolizando os bons tempos que serão restaurados, ainda melhores, na vida do povo brasileiro.



Bolsonaro é um ator de quinta. Dos piores. Sua intenção está clara. Ele quer pautar o golpe nas agendas da mídia, das instituições civis, do Congresso, do Judiciário e principalmente da Oposição.

Olho a esquerda e a direita e vejo o medo se espalhando. O medo de uma ruptura institucional que só vai ocorrer, se embarcarmos na paranóia e no ataque frontal a Bolsonaro.

Não se fala mais em outra coisa, tanto na mídia corporativa, como nas ditas mídias independentes e também na sociedade civil.

A ordem do dia nas redações, corredores e declarações são as intenções golpistas de Bolsonaro, depois que passou o maior vexame registrado na vida política brasileira pós ditadura. O famoso data show para os embaixadores dos países amigos. Conseguiu ultrapassar o mico do Collor quando foi a tv, antes do seu impedimento, apelar para o "não me deixem só".

De repente, instituições que já deveriam ter apontado e exigido a punição dos crimes de Bolsonaro e seus filhos, desde o início deste pérfido mandato, de repente, quando o delinquente coloca o Brasil numa posição vexaminosa perante o mundo, resolvem reagir.

A última hora é a hora errada sempre, para qualquer reação. Ou se age de modo preventivo, advertindo o protagonista desse roteiro burlesco com medidas repressoras já no início do mandato ou se espera acontecer o que todos imaginam.

Porque? Vão me perguntar os afoitos e desesperados de última hora.

Óbvio e ululante. Não se sofre por antecipação.

Desde que tomou posse, Bolsonaro vem cometendo crimes de responsabilidade, de improbidade, de corrupção, de atentado contra as instituições democráticas e ninguém fez nada, excetuando obviamente os inumeráveis pedidos de impedimento no Congresso, que Lira, o cachorrinho corrupto do presidente engavetou sem a menor cerimônia ou parcimônia.

Mas isso foi a Oposição no Congresso, que sempre fez o papel dela.

Mas das instituições jurídicas e organizações civis, escutamos apenas voto de repúdio e cinco dias para o Planalto explicar ao Supremo, suas ações criminosas e de traição ao país.

E o STF? Que quando recebeu esses pedidos de impedimento se omitiu ´por unanimidade.

Enfim, estranhamente, só agora todos estão alarmados com a real possibilidade de um golpe e a Oposição também está se deixando levar por esse chamado ao caos da Nação.

Sim. Chamado ao caos. Ainda não é hora de ocupar as ruas. Não aconteceu golpe o ainda. Agora a hora é de campanha eleitoral e trabalhar para a vitória do Lula ainda no primeiro turno.

Tudo que o Bolsonaro quer não é ganhar a eleição. Mas impedir a vitória de Lula, que deslegitimaria qualquer pauta de golpe ou suspensão das eleições.

Neste momento mesmo, Bolsonaro não tem nada que o apoie num suposto golpe. Se ele tentar a preço de hoje, sairá algemado do Planalto e irá direto para a prisão. Da mesma forma, se Lula vencer as eleições, Bolsonaro não conseguirá ter sucesso numa tentativa de golpe.

E se entrarmos no jogo do alarmismo, sofrendo antecipadamente por algo que não ocorreu, começar a traçar e praticar estratégias de pressão contra o que ainda não existe, simplesmente essas estratégias perderão sua força de reação quando e se, realmente ocorrer uma ruptura democrática.

Porque não adianta sofrer agora sem nada acontecer, e se há uma real intenção de Bolsonaro contra a Democracia, da qual ele se beneficiou e muito,  isso vai acontecer de um jeito ou de outro. Então as ações motivadas por medo e paranoia não são as melhores soluções.

Uma eficiente e forte campanha eleitoral que una todos os setores democráticos da sociedade brasileira e que chame o povo para uma vitória ainda no primeiro turno é o único caminho viável para evitar que se consume o golpe.

Claro que a mídia , as instituições, o judiciário e outras organizações da sociedade civil, junto com os militares democráticos, devem fazer Bolsonaro sangrar até as eleições, sem realmente ataca-lo mortalmente, porque deste modo ele reagirá como um animal acuado, ou pelo menos ele encenará essa condição e tentará realmente um golpe desesperado no meio do caos.

E nada me convence o contrário de que é exatamente isso que ele quer.

Essas. na minha humilde visão são as estratégias ideais para proteger a Democracia até as eleições. Pressão psicológica em peso pra cima do delinquente, o que já ocorre, e uma eficiente campanha eleitoral que possibilite a vitória de Lula no primeiro turno.

Agitação social é o que menos o Brasil precisa neste momento.

A solução para sairmos desse atoleiro é manter e defender a paz social no país.

Para isso, um dos lados não pode partir para a briga institucional e irracional, propriamente dita, antes das eleições.

Bolsonaro por si só, se enterrará na própria cova.

Que venham as eleições!

Eliseu Mariotti