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Alto Comando do Exército


Com Bolsonaro, os militares ressurgiram em uma posição de protagonismo, “ainda que as portas já tivessem sido abertas pelo governo Michel Temer, que nomeou um general para ministro da Defesa e unificou os serviços de inteligência nas mãos do Gabinete de Segurança Institucional, também comandado por um general.

Avaliando o Exército como uma entidade que atua como partido estratégico da burguesia brasileira, formulando sua própria doutrina e com liberdade para definir suas próprias ações e intervir no Estado, é imprescindível que o partido militar precisa ser dissolvido.

Um levantamento do Tribunal de Contas da União registrou o total de 6.157 militares exercendo funções civis na administração pública federal, contra 2.957 em 2016. O número de militares da ativa chega a 2.558, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, com o direito de acumular soldos e salários civis.

Nas estatais vinculadas à União, 92 cargos de comando são ocupados por fardados, contra apenas nove durante a gestão de Michel Temer. Segundo a Folha, das 46 estatais controladas diretamente pelo governo federal, 16 são presididas por militares.

Como um polvo, com múltiplos tentáculos, o Exército ocupa o Estado, com números incomparáveis a outros países do mundo ou até mesmo com a ditadura militar imposta pelo golpe de 1964.

Desde a redemocratização, as Forças Armadas vinham tendo um papel relativamente discreto na vida política, após a escapada impune dos crimes praticados durante a ditadura.

Detalhe: Recuperando relevância e se modernizando durante os governos do Partido dos Trabalhadores.

De alguma maneira, o PT parecia acreditar que a valorização dos militares e o respeito à sua impressionante autonomia, seguindo a mesma opção que havia adotado em relação ao Ministério Público, poderia bloquear o retorno dos fardados à cena política e a desidratação do papel tutelar que historicamente as Forças Armadas desempenharam sobre o Estado. 

Não passou de uma ilusão.

Foi durante o período petista, sobretudo depois de 2014, que a doutrina atual do Exército se consolidou. Percebeu-se que os partidos burgueses tradicionais, mais uma vez, mostravam-se incapazes de liderar o Estado, derrotar a esquerda e garantir a implantação do programa defendido pelos grandes capitalistas.

Também surgia naquele momento a polarização entre Estados Unidos e China, cenário em que o lugar do Brasil seria perfilar com as potências capitalistas ocidentais.

Por fim, a crise mundial de 2008-2009 revelaria que estavam fechadas as portas para um desenvolvimento autônomo do capitalismo brasileiro, baseado na soberania externa, na reindustrialização nacional e no mercado interno de massas, como era a ambição petista. 

O Brasil, portanto, deveria aceitar seu papel agroextrativista, baratear custos internos para atrair capitais externos, especialmente salários e direitos, e adotar todas as medidas necessárias, incluindo privatizações e desregulamentações de toda ordem, para garantir um lugar ao sol no mapa dos grandes investidores.

Assim, o comando do Exército, foi se formando maioria em favor do programa neoliberal, da subordinação à Casa Branca e da retomada da intervenção militar na vida política, como solução de última instância ao colapso dos velhos partidos liberais e conservadores, que ficaria bastante claro com o fracasso do governo Temer.

No início, Bolsonaro provocava certo mal-estar entre os generais, mas as resistências foram caindo na medida em que o ex-capitão demonstrava ter base social própria e crescia nas pesquisas, a partir de 2017, capitalizando o surgimento de um movimento popular neofascista, assentado sobre as camadas médias, que havia tomado as ruas durante o golpe contra Dilma Rousseff.

O Exército, então, escolheu o pacto com Bolsonaro como via institucional para exercer o que consideram seu direito ao poder tutelar sobre o Estado. A eleição de Bolsonaro poderia significar a construção de um aparato efetivo que derrotasse quaisquer contraposições à agenda defendida pelo núcleo autoritário-entreguista, neofascista e pró-imperialista, que chefia o Exército.

Do lado de Bolsonaro, fenômeno de baixa articulação partidária e com pouca influência sobre os antigos quadros políticos da burguesia, o Exército representava o grande partido de sustentação ao seu governo.

A força política do Exército surgiu durante a Guerra do Paraguai e se manteve ao longo do tempo, mesmo após o fim da ditadura, de forma que nenhum governo, nem mesmo durante o ciclo petista, teve a vontade ou a condição política, ou ambos, para romper os escudos corporativos, mexendo nos currículos, na narrativa histórica, no sistema de promoção.

Ele destacou que até mesmo a Constituição, ainda que de forma imprecisa, salvaguardou o papel tutelar das armas, através do artigo 142, que lhes dá a tarefa de proteger, além da soberania nacional, a ordem institucional, desde que convocadas por um dos três poderes.

Portanto, não basta derrotar o bolsonarismo. Para reconstruir a democracia, existe a necessidade de enfrentar o partido militar, pelo papel estrutural que desempenha no Estado.

Qualquer alternativa de esquerda que se pretenda consequente precisa ter a coragem e a inteligência de, finalmente, superar a tutela militar.

Caso um presidente de esquerda se eleja, ele deverá buscar exercer na plenitude, seu poder de comandante em chefe das Forças Armadas, promovendo oficiais que representem um programa nacional, democrático e popular, passando à reserva os cúmplices do bolsonarismo e expurgando o núcleo neofascista e entreguista que se reproduz desde o golpe de 1964.

Mas também deve significar o fim do sequestro do Ministério da Defesa pelo Exército, a integral reformulação curricular, a proibição de formulação doutrinária para além de assuntos especificamente militares, uma revisão histórica profunda, a começar por um pedido formal de desculpas à nação pelo golpe de 1964 e os crimes da ditadura.

Militar não foi feito para governar, mas para cuidar da soberania e o ataque externo as riquezas naturais e produzidas no país, além de proteger os segredos de pesquisas militares nucleares. Caso alguém, não se lembre, tivemos um almirante, chefe do Programa Nuclear Brasileiro, preso injustamente pela lavajato, por causa de sua descoberta de fusão a frio do urânio.

Acho que deu pra entender.
Foto de Alan Santos - da Presidência da República


Disputar as eleições do ano que vem e perder para Lula, algo, segundo as pesquisas, bastante provável, virou um pesadelo para Jair Bolsonaro. Segundo análise da articulista Rosangela Bittar, do Estado de São Paulo, o presidente, que vivia delírios napoleônicos até o ano passado, agora admite que sua situação não é tão confortável e ele poderá sim ser preso por conta dos escândalos do seu governo e em especial pelo seu comportamento diante da pandemia do novo coronavírus.

Segundo ela, "as denúncias que o atingem tipificam crimes contra a humanidade, em especial genocídio dos povos indígenas", escreve ela no texto. "Documentos diplomáticos sobre a denúncia foram enviados à CPI da Covid, cujo relatório deverá apontar a culpa de Bolsonaro em atos de transgressão do direito à vida. Representará, assim, um reforço institucional, o ponto de vista de um dos poderes da República, o Legislativo, para a análise do tribunal de Haia", ressalta.

A jornalista observa, porém, que "mesmo assim, Bolsonaro não está internamente fraco. Controla, a peso de ouro, a Câmara dos Deputados, e usa e abusa do procurador-geral da República. São trunfos que lhe permitem deixar com os dirigentes dessas instituições a cobertura da retaguarda, inclusive legal, da sua sobrevivência no poder, e sair por aí. Resta, no entanto, o risco do relatório da CPI, com sua sólida maioria oposicionista. Os depoimentos e as provas colhidos até agora devem reforçar o processo do Tribunal Penal Internacional de Haia".

Com informações do Blog Conexão Jornalismo e site 247

Ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campelo. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Ex-secretário afirma que Ministério da Saúde ignorou quatro pedidos de ajuda para evitar colapso no abastecimento de oxigênio no estado.

O Ministério da Saúde, então liderado pelo general da ativa Eduardo Pazuello, deixou sem resposta quatro pedidos de ajuda enviados pela Secretaria de Saúde do Amazonas para evitar o colapso de oxigênio no estado.

A afirmação foi feita pelo ex-secretário Marcellus Campêlo durante seu depoimento à CPI da Pandemia, no Senado Federal. Ele disse ter enviado ofícios ao então ministro Pazuello nos dias 9, 11, 12 e 13 de janeiro. Nos dias 14 e 15, mais de 30 pessoas morreram no estado pela falta do insumo.

“A partir do dia 9 de janeiro, enviamos diariamente ofício ao Ministério da Saúde, pedindo apoio em relação a essa questão da logística de oxigênio. Não houve resposta, que eu saiba”, disse Campêlo.

Segundo a Agência Senado, Campêlo afirmou ter telefonado para Pazuello em 7 de janeiro em busca de “apoio logístico” para a transferência de 300 cilindros de oxigênio de Belém para Manaus. O contato foi feito após um encontro em que representantes da White Martins sugeriram a compra do insumo “diretamente de outro fornecedor, capaz de aumentar a disponibilidade do produto”.

“Sobre o oxigênio, especificamente, eu fiz uma ligação ao ministro Pazuello no dia 7 de janeiro, explicando a necessidade de apoio logístico para trazer oxigênio a pedido da White Martins. A partir daí, fizemos contato com o Comando Militar da Amazônia, por orientação do ministro, para fazer esse trabalho logístico”, informou.

Para o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), há “uma óbvia contradição” entre os depoimentos de Campêlo e Pazuello uma vez que, segundo o ex-ministro da Saúde, o alerta sobre o risco de colapso de oxigênio só ocorreu no dia 10 de janeiro — e não no dia 7.

O ex-secretário disse ainda que participou de reuniões em Manaus com a secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Campêlo afirmou que Mayra não foi informada sobre o iminente colapso de oxigênio porque, segundo ele, “não havia sinais desse tipo de necessidade”, e que a presença da secretária na capital amazonense tinha como foco incentivar o tratamento precoce.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que, três dias depois de deixar o Amazonas, Mayra Pinheiro enviou ao estado um lote de 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina para o tratamento de covid-19. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), Manaus foi “uma espécie de experimento para o governo federal”.

Jornal GGN


Senador ficou indignado com o fato de Marcellus Campelo, engenheiro de formação, ter demonstrado inaptidão para ter conduzido a Secretaria de Saúde do Amazonas durante a maior crise sanitária do século

“O senhor não sabe nada. O senhor está errado e o seu governador mais ainda, de nomear um engenheiro para ser secretário da Saúde do Estado do Amazonas. A mesma irresponsabilidade cometeu o presidente da República, de nomear um general que não conhecia o SUS [para o Ministério da Saúde].” Foi em tom de indignação que o senador Otto Alencar criticou a passagem de Marcellus Campelo pela Secretaria de Saúde do Amazonas durante a maior crise sanitária do século.


Nesta terça (15), à CPI, Marcellus teve de responder pelo colapso no sistema de saúde e a crise do oxigênio. Na visão de Alencar, que é médico de formação, a tragédia em Manaus é fruto do casamento entre um engenheiro que não entende nada de medicina sanitária e epidemiologia na Saúde do Amazonas, e de Eduardo Pazuello no cargo de ministro da Saúde. Dessa junção saiu “o maior crime” da pandemia, que foi ter deixado o vírus e suas novas variantes correrem soltos, para usar a população amazonense de cobaia para o chamado “tratamentos precoce”.

“Tenho a convicção de que o caso Manaus com o Ministério da Saúde foi o verdadeiro pecado original. Sentado no Ministério da Saúde, o general que não sabia o que era SUS, desconhecia completamente a doença. E sentado na cadeira de secretário, o engenheiro sem experiência nenhuma em medicina sanitária e epidemiológica. Esse casamento deu na tragédia em Manaus. São duas pessoas sem competência na Saúde para tratar de Manaus. As perguntas mais banais em medicina que fizermos, certamente ele [Marcellus] não saberia responder”.

E Otto Alencar bem que tentou. O senador perguntou quantos leitos de UTI deveria ter para cada 100 mil habitantes do Amazonas. “Isso qualquer secretário de saúde deveria saber”, mas Campelo não respondeu.

O senador também não digeriu bem a desculpa de que a secretária do MS, Mayra Pinheiro, empurrou o tratamento precoce com cloroquina para o Amazonas quando a crise do oxigênio estava em marcha. Otto Alencar disse que como secretário da Saúde, era papel de Campelo barrar a ideia, já que não concordava com ela. “Qualquer secretário tem que ter conhecimento, autonomia, personalidade para dizer ao governante qual é o caminho”, defendeu, repetindo inúmeras vezes que o engenheiro e Pazuello são os “responsáveis pela morte em Manaus, pela inoperância e incompetência”.

“O senhor só falou aqui em tratamento para a doença, em nenhuma prevenção para conter a propagação do vírus. Por que? Porque não tem competência”, disparou.

Jornal GGN



provavelmente e proporcionalmente, a maior fake news já anunciada por Bolsonaro. O PSDB nacional publicou um vídeo, o VAR da motociata, que demente Bolsonaro sobre a quantidade de participantes no passeio e moto do último sábado (12/6) em SP. Segundo os tucanos, 6.253 motociclistas se dispuseram a participar da motociata em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

Apesar do fiasco de públicos, os bolsonaristas nem ficaram vermelhos em disseminar fotomontagens, fake news, e até um suposto registro no guiness book -o livro dos recordes.

VAR na linguagem futebolística é o "árbitro assistente de vídeo", que dirime dúvidas quando o juiz em campo não consegue ver a jogada.

O vídeo do PSDB não deixa dúvida porque usa o mesmo sistema de VAR em campo e também utilizado em perícias de acidentes automobilísticos.

A motociata foi um fracasso, portanto.

Assista ao vídeo do VAR:

https://twitter.com/PSDBoficial/status/1404825889368596481


Conexão Jornalismo

Segundo uma fonte do governo, a reunião tratou da possibilidade de antecipação para junho de doses da vacina da Pfizer para o país, depois do presidente desconsiderar mais de 50 e-mails da Pfizer.

O presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e outras autoridades reuniram-se nesta segunda-feira em audiência virtual com o presidente da Pfizer da América Latina, Carlos Murillo, em meio às discussões da CPI da Covid do Senado que investiga, entre outros assuntos, a demora do governo federal em comprar vacinas contra o coronavírus para o Brasil.

Segundo uma fonte do governo, a reunião tratou da possibilidade de antecipação para junho de doses da vacina da Pfizer para o país, isso depois de Bolsonaro ignorar mais de 50 e-mails da Pfizer.

O governo fechou em março um contrato para a aquisição de 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, a serem entregues até o final de setembro. Segundo a última estimativa do Ministério da Saúde, a farmacêutica deve entregar neste mês 12 milhões de doses e mais 8 milhões em julho.

Mas o próprio Murillo disse à CPI que o novo acordo em negociação previa mais 100 milhões de doses a serem entregues no quarto trimestre deste ano.

O encontro desta segunda, que não constava inicialmente na agenda oficial do presidente, foi divulgado pelas redes sociais do Palácio do Planalto.

Em fotos, aparecem, além de Bolsonaro e Queiroga, os ministros das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência não respondeu de imediato os pedidos de comentário por maiores informações.

A atuação do governo na aquisição de vacinas contra Covid está na mira da comissão de inquérito. Carlos Murillo já depôs à CPI e deu detalhes sobre as tratativas com o ministério para se fechar um acordo com o Brasil, inclusive relatando uma suposta falta de retorno do governo às solicitações apresentadas.



O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas divulgou um estudo avaliando a desigualdade de renda brasileira com a pandemia e a piora nos indicadores de percepção de felicidade no país.

O resultado é avassalador.

A queda de renda da metade mais pobre da população foi 20.81% queda quase duas vezes maior que a da média.
No trimestre de Janeiro a Março de 2020 a renda média alcança o maior ponto da série R$ 1122 e em menos de um ano cai 11,3% e vai para o ponto mais baixo da série histórica de R$ 995, primeira vez abaixo de um mil reais mensais. Queda de 11,3%.

O Índice de Gini, que mede a desigualdade, foi recorde na série iniciada em 2012: 0,674 (quanto mais perto de 1, pior a desigualdade) contra o melhor índice, de 0,61, alcançado em 2014 e início de 2015.

A percepção de felicidade, que já vinha em queda, desabou com a pandemia e não pela ameaça em si, já que pesquisa idêntica realizada em 40 outros países não registrou alterações.

A queda da felicidade se dá nos 40% mais pobres (-0,8%) e no grupo do meio (-0.2) situados entre 40% a 60% da renda [nível de]. Já os grupos mais abastados mantiveram a satisfação com a vida. Ou seja, há aumento da desigualdade de felicidade na pandemia. A diferença de satisfação com a vida entre os extremos de renda que era de 7,9% em 2019 sobe para 25,5%. (…) A nota média de satisfação da vida presente do brasileiro, caiu de 6,5 em 2019 para 6,1 em 2020. No resto do mundo a nota tinha ficado parada durante a pandemia em torno de 6,0. Ou seja, há marcada perda relativa de felicidade no Brasil durante a pandemia.

A pesquisa mostra um brasileiro mais propenso à raiva, ao estresse, à tristeza e até menos propenso a divertir-se que a média de 40 países pesquisados no mundo pelo Gallup.

Convenhamos, não é para menos.





Raquel Sousa, advogada da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP): "Quem está no ramo de biocombustíveis ou tem relações estreitas na Petrobrás sabe desse ativo de R$ 2,3 bilhões. Portanto, somente pessoas escolhidas a dedo se beneficiam dessa importante informação na fase de negociação da PBio”.

A Petrobras Biocombustível (PBio), que está sendo vendida junto com seu efetivo de empregados pela gestão da Petrobrás, tem um crédito tributário de mais de R$ 2,3 bilhões e essa informação vem sendo omitida no teaser de divulgação do desinvestimento.

“Trata-se de um caso de escandalosa desvalorização do patrimônio público. O crédito fiscal é o ativo mais atrativo e valioso da empresa, porque gera fluxo de caixa futuro, e deveria, obrigatoriamente, estar incluído no teaser da PBio”, afirma a advogada Raquel Sousa, da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que move uma ação popular junto à Justiça Federal do Rio de Janeiro, com pedido de suspensão da venda da empresa de biocombustíveis.

O saldo bilionário é proveniente do prejuízo fiscal do imposto de renda e da base negativa da contribuição social e consta no último demonstrativo financeiro da PBio, no 1º trimestre de 2020.

Quando a empresa tem prejuízo e, mesmo com esse resultado, paga determinados tributos, que são baseados no lucro, como o IRPJ (Imposto Sobre a Renda das Pessoas Jurídicas) e a CSLL (Contribuição Social Sobre Lucro Líquido), ela poderá, futuramente, compensar até 30% do imposto pago sobre o lucro do período.

Em 2018 e 2019, por exemplo, a PBio deduziu R$ 8,36 milhões do que teria que pagar ao Estado e ainda resta um crédito bilionário.

O valor desse ativo fiscal, de acordo com a advogada, é quase três vezes maior do que o lucro líquido das duas usinas de biodiesel em atividade, nos estados da Bahia e de Minas Gerais, que fazem parte do escopo de venda da PBio.

“A omissão desse ativo no teaser de venda acarreta uma desvalorização artificial do ativo e traz séria restrição à concorrência, ao deixar de atrair possíveis investidores, o que implica em violação do princípio da eficiência. Isso se constitui em um ato de improbidade administrativa”, declara.

A ausência da informação no documento de divulgação da venda também viola o princípio da publicidade, da impessoalidade e da moralidade.

“A informação não consta no teaser, mas quem está no ramo de biocombustíveis ou tem participação acionária e relações estreitas dentro da Petrobrás sabe sobre esse ativo. Ou seja, somente pessoas escolhidas a dedo se beneficiam dessa importante informação na fase de negociação da PBio”, argumenta a advogada.

Conflito de interesses

No mês de fevereiro deste ano, a FNP ofereceu uma denúncia ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro de irregularidades no procedimento de desinvestimento da PBio.

Segundo a representação, um dos potenciais compradores do ativo tem no quadro da diretoria executiva de uma de suas subsidiárias, portanto dentro do mesmo grupo empresarial, dois empregados da Petróleo Brasileiro S.A, que estão com o contrato de trabalho suspenso.

Além disso, esse potencial comprador também possui no conselho de administração dessa subsidiária funcionários da Petróleo Brasileiro S.A., que estão cedidos e são administradores na PBio.

“Esse cenário de relações profissionais estreitas, envolvendo empregados com cargos importantes e informações privilegiadas, que podem colocar em vantagem decisiva um possível comprador dos ativos em questão, configura-se, claramente, em conflito de interesses”, alerta Raquel.

Com a denúncia, a Federação espera que o MPF adote as medidas judiciais que julgar cabíveis para suspensão do processo de desinvestimento da Petrobras Biocombustível e que os empregados envolvidos sejam afastados dos cargos que ocupam atualmente na PBio.

Lucrativa

Uma das principais produtoras de biodiesel do Brasil, a PBio está em processo acelerado de negociação, mesmo sendo uma empresa lucrativa.

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) para o Observatório Social da Petrobrás (OSP), de 2017 a 2020, a empresa lucrou R$ 738 milhões.

“O lucro da PBio não é tão grande se comparado ao de outras empresas, mas ela tem um papel estratégico dentro da política energética do país e para a soberania nacional”, destaca o economista do Ibeps Eric Gil Dantas.

Desde sua fundação, em 2008, de acordo com o estudo, foram anos de investimento pesado, razão pela qual a empresa não era rentável. As divulgações financeiras da PBio do período de prejuízo, disponibilizadas pela empresa somente entre os anos de 2012 e 2016, mostram um investimento total de R$ 1,4 bilhão.

“Quando a empresa passou para o azul, com o retorno desses investimentos, a direção da Petrobrás decidiu vendê-la”, comenta Eric.

Por Alessandra Martins, Observatório Social da Petrobrás


Agência Brasil


O Congresso está prestes a avalizar uma das operações mais nefastas da história das políticas públicas brasileiras: a privatização da Eletrobras. Pior: na véspera da mais grave crise hídrica dos últimos 90 anos.

Para completar as 7 pragas do Egito, faltam 4. A terceira já está a caminho: a crise hídrica.

As duas anteriores resultaram em desastres. A guerra contra pandemia Covid-19 e a guerra contra a crise econômica terminaram com derrotas acachapantes, administradas respectivamente por Eduardo Pazuello e Paulo Guedes.

A próxima guerra, além da reconhecida incapacidade operacional do governo, poderá ter o agravante de ser acompanhada pela mais radical e suspeita operação da história do mercado de energia brasileiro: a privatização da Eletrobras, acompanhada da descontratação da energia produzida pela empresa.

Há dois mercados de energia no país. O tradicional é da energia contratada, geração de energia de antigas hidrelétricas, já amortizadas, cujas tarifas limitam-se a cobrir os custos operacionais. Essa energia é vendida para as distribuidoras através de contratos de longo prazo, garantindo uma relativa redução do custo da energia. O segundo mercado é o livre, no qual a energia é livremente negociada.

Trata-se de um mercado bastante volátil. Em tempos de reservatórios cheios, há geração de energia mais barata, derrubando as tarifas no mercado à vista. Em períodos de seca, as tarifas explodem. Em períodos normais, as tarifas são imensamente mais elevadas do que as da energia contratada.

O Congresso está prestes a avalizar uma das operações mais nefastas da história das políticas públicas brasileiras: a privatização da Eletrobras. Pior: na véspera da mais grave crise hídrica dos últimos 90 anos.

Significará uma explosão sem paralelo nos preços das tarifas.

Ainda não caiu a ficha da opinião pública sobre o que essa crise significa.

Vamos por partes:

Sobre a crise hídrica

Sugiro assistir o vídeo com o debate do GGN com Altino Ventura Filho, ex-presidente da Eletrobras, e com o professor Ronaldo Bicalho, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Está no pé do artigo.

Altino dirigia Itaipu na época da crise hídrica e energética de 2001. Acompanhou dia a dia o esvaziamento da represa e a grande batalha para superar a falta de água, em pleno processo de desregulamentação do setor, na reforma desastrosa de Fernando Henrique Cardoso.

A seca de agora é reflexo da redução das chuvas no período anterior. Vai chegar no final do ano com os reservatórios a fio – isto é, escorrendo apenas as águas que recebem, sem nenhuma sobra para acumular.

Depois, dependerá da natureza. A próxima temporada de chuva – diz Alcino – não guarda nenhuma relação com o que está ocorrendo. Dependerá dos caprichos da natureza. Poderá haver chuvas torrenciais ou o prolongamento da estiagem. Havendo prorrogação da estiagem, em 2022 o Brasil enfrentará um período similar ao da Inglaterra no final da Segunda Guerra.

Não se trata de um desafio pequeno. Embora gravíssima, a pandemia matou quase 500 mil pessoas, mas não afetou todos os lares brasileiros. Já a crise de energia afetará todas as residências e todas as empresas, em um momento em que a indústria tenta recuperar a produção.

A gestão da crise não é trabalho para amadores. Haverá necessidade de convencer os consumidores a reduzir o consumo, administrar a escassez, definir prioridades – como hospitais -, administrar pressões. Haverá o conflito entre a produção de energia e a necessidade de água para a agricultura. Haverá a demanda de empresas eletrointensivas e a prioridade das pequenas e micro empresas. 

E, especialmente, um salto no custo das tarifas, antes mesmo da privatização da Eletrobras, devido à necessidade de se atingir o equilíbrio financeiro dos contratos com as distribuidoras.

A privatização da Eletrobras

O butim da privatização da Eletrobras reside em uma jogada óbvia, indecentemente óbvia: a possibilidade de descontratação da energia gerada. A Eletrobras administra hidrelétricas antigas, já depreciadas. No início de geração, as usinas tinham um fator de depreciação do capital que é incorporado à tarifa. Terminado o prazo, o único custo da usina é operacional. E o custo operacional de usinas hidrelétricas é baixo.

O que se pretende é simples. Adquire-se a Eletrobras pelo que ela fatura hoje, com a energia contratada. No momento seguinte, há o fim da contratação e a energia será jogada no mercado livre.

É uma jogada tão indecentemente óbvia, que bastaria o Congresso não permitir a descontratação para imediatamente a Eletrobras deixar de ser interessante. Ou seja, o ponto central da jogada é uma explosão nas tarifas, jogadas nas costas dos consumidores.

É nesse contexto que se discute a privatização da Eletrobras, em um processo absolutamente nebuloso. A maneira como a Medida Provisória tramitou pela Câmara e está tramitando pelo Senado é típica das “tacadas” – o termo que se usa quando se abre a porteira e deixa a boiada passar.

Haverá consequências desastrosas não só para os consumidores, mas para os políticos que patrocinarem essa loucura.

Na Califórnia, uma desregulamentação mal conduzida acabou com o reinado do Partido Democrata e abriu espaço para um autêntico outsider, Arnold Schwarzenegger, o “exterminador do futuro”.

Não apenas isso. O mundo está em pleno processo de transição para a mais importante revolução energética desde a descoberta da energia fóssil, que impulsionou a primeira revolução industrial. Parte-se para a energia limpa, um terreno no qual o Brasil poderia ser o grande vencedor. Essa coordenação exige o papel de uma estatal. 

Não haverá regulação e agências reguladoras que conseguirão implementar novas políticas. Há a necessidade de pesquisa em inovação. E a única empresa que investe em laboratórios de pesquisa é a Eletrobras.

Além disso, porque todas as políticas públicas estão sendo financeirizadas.


Ataques às máscaras, motociata, viagem em avião comercial, Copa América. Tudo isso é uma tentativa desesperada de Bolsonaro de retomar o controle da pauta, diz colunista

O jornalista Octaviano Guedes publicou uma reflexão certeira em sua coluna no G1 nesta segunda (14). Ele observou que, pela primeira vez desde o começo do governo, Jair Bolsonaro perdeu o controle sobre a pauta nacional, agora que a CPI da Covid no Senado expôs a omissão e inação do governo federal na gestão da pandemia do novo coronavírus e caminha para seguir o “caminho do dinheiro” e descobrir quem está enchendo o bolsonaro com a venda de soluções falsas para a crise sanitária do século.


Guedes até comparou Bolsonaro com o humorista Pedro de Lara, cujo personagem se alimentava das vaias do público. Assim é o presidente da República: precisa criar fatos diários que despertam o repúdio da maior parte da opinião pública sensata. Ao posar de líder que anda na contramão do sistema, ele capitaliza ainda mais a força de seus apoiadores, que aceitam qualquer teoria ou opinião estapafúrdia do extremista de direita. Durante dois anos, foi assim que Bolsonaro governou o Brasil e pautou a mídia e o debate nacional.

A CPI conseguiu romper com esse vício e tirar a pauta do País do controle de Bolsonaro. “O maior trunfo político da comissão foi resgatar o Brasil do cercadinho, onde Bolsonaro o manteve em cativeiro por mais de dois anos”, escreveu Guedes. “(…) a oposição, pela primeira vez, passou a ditar a pauta nacional. Não fica mais esperando as aberrações de Bolsonaro para repercutir e repudiar, sempre passivamente. Conseguiu dominar o noticiário e monopolizar os debates nas redes sociais. Pedro de Lara deixou de ser a diva do show.”

É na tentativa de retomar o controle do debate público que Bolsonaro dispara novos ataques às máscaras – como o “parecer” para desobrigar seu uso em quem tomou vacinas -, organiza e lidera motociatas, admitiu a Copa América às vésperas da terceira onda da pandemia e embarca em avião comercial para gerar vídeos que viralizam na internet.

Jornal GGN
Fotojornalista Alex Silveira poderá receber indenização - foto de Sérgio Silva

Dez de junho é, de fato, uma data histórica para os jornalistas. Por 10 votos favoráveis, contra o voto solitário do ministro Marques Nunes, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o repórter fotográfico Alex Silveira tem direito a indenização paga pelo Estado. Agora é preciso esperar a publicação do acórdão da decisão do Supremo, o que pode levar de três a seis meses - e, junto com o acórdão, a sentença final no caso de Silveira.

O repórter foi saudado pelos colegas como símbolo de resistência e persistência. Esperou nada menos que 21 anos para ouvir a sentença final da boca dos ministros do STF. Em maio de 2000, durante a cobertura de um protesto de professores na Avenida Paulista, em São Paulo, Alex Silveira foi atingido por uma bala de borracha disparada por um PM e perdeu 90% da visão de seu olho esquerdo.

"Ele pode ser considerado o avô de uma série de casos que ocorreram depois, muito semelhantes", diz o advogado Maurício Vasques que, juntamente com Lucas Andreucci, faz a defesa pro bono de Sérgio Silva, outro repórter fotográfico atingido no olho por bala de borracha disparada por policial militar, em 2013.

A dupla de advogados reforça a importância da decisão do STF não só para os jornalistas, mas para todos os cidadãos e para a democracia brasileira. Explicam detalhadamente o porquê dessa avaliação, dizem que a tese aprovada - redigida pelo ministro Alexandre de Moraes - cria de fato um balizamento para decisões em todas as instâncias da Justiça daqui para a frente, inclusive no caso de Sérgio Silva. Mas advertem que, apesar de a vitória ter sido importante, ainda há muita luta pela frente.

As forças de segurança no Brasil são truculentas, afirmam. Não só por atingirem os jornalistas e ferirem a liberdade de imprensa, mas porque têm o terrível hábito de tentar impedir a livre manifestação dos cidadãos, matarem milhares de pessoas - geralmente jovens negros, nas periferias das grandes cidades - e cometerem muitos outros delitos contra uma gama de direitos igualmente garantidos pela Constituição de 1988.

Nossos olhos
É simbólico que Sérgio Silva e Alex Silveira tenham sido atingidos nos olhos. É pelos olhos de profissionais como eles que todos nós podemos ver os excessos cometidos pelas forças de segurança.

Não existe democracia sem que se garanta ao jornalista o direito de fazer seu trabalho, ponderou Maurício Vasques, pois "os repórteres são os olhos de todos nós, que não participamos de manifestações e de outros eventos cobertos por eles".

A cidadania está sempre descalça diante do Estado com suas bombas de "efeito moral" e balas de borracha "não letais". Causam consequências físicas e dores profundas, também psicológicas, que marcam para sempre as vidas de muitas pessoas. Essa é uma característica não só das forças de segurança no Brasil, mas em todo o continente latino-americano. Na mesma quinta-feira, 10, em que o STF tomava sua decisão histórica, vários jornalistas e dezenas de cidadãos e cidadãs foram atingidos por balas de borracha da polícia na Colômbia.

Em 13 de junho de 2013, além do Sérgio Silva ter tido um globo ocular estraçalhado por bala de borracha, muitas outras pessoas ficaram aleijadas. Giuliana Varone, repórter da Folha de S. Paulo, só não sofreu o mesmo que os repórteres fotográficos porque usava óculos com uma armação um pouco mais resistente, que impediu que a bala de borracha atingisse seu olho. 

A própria PM informou nos autos do caso Sérgio Silva que, naquela manifestação, convocada pelo Movimento Passe Livre, disparou mais de 800 balas de borracha. Oitocentas! E não estávamos em guerra.


A cada dia que passa aparece, mais um imenso escândalo de corrupção no governo Bolsonaro, enquanto isso, o presidente anda de moto pelo país. O que o torna o governo mais corrupto da história política brasileira.

A bancada de Oposição vai apresentar uma denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que sejam apurados possíveis crimes de responsabilidade fiscal do presidente Jair Bolsonaro. Eles apontam o desvio de R$ 52 milhões voltados a campanhas informativas sobre o combate ao coronavírus para divulgação de ações do Executivo.

Enquanto isso, o deputado Elias Vaz (PSB-GO) entregou, neste domingo (13) à CPI da Covid um relatório detalhado sobre o gasto desse dinheiro. As informações foram obtidas por ele, junto ao governo federal, por meio de um requerimento apresentado via Câmara dos Deputados.

Os R$ 52 milhões tinham sido alocados para ações de enfrentamento à covid-19 através de uma medida provisória editada em abril do ano passado (MP 942/2020).

Essa medida foi viabilizada após aprovação do Orçamento de Guerra, uma autorização assegurada pelos parlamentares para o governo criar despesas urgentes e imprevisíveis como forma de conter o avanço da crise sanitária.

As informações sobre a relocação de recursos originalmente voltados a campanhas de combate à covid para a ações de propaganda do governo foram trazidas em uma matéria da Folha de S. Paulo publicada neste domingo (13). Nela são resgatadas peças publicitárias que trazem o Executivo como protagonista de ações a exemplo da liberação de recursos para micro e pequenos empresários e dos saques de FGTS.

“O Poder Legislativo, numa decisão que uniu todos os deputados e senadores, independentemente de sua posição em relação ao governo, destinou recursos para o enfrentamento da pandemia. Desviar esses recursos, que deveriam ser usados para salvar vidas, para fazer propaganda do governo é uma imoralidade e um crime”, comentou o líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ)

"Bolsonaro usou dinheiro público de forma irregular para promover o governo em vez de aplicar no combate à pandemia. Esse dinheiro tinha destino já definido, não poderia ser alterado”, também acusou Elias Vaz.

Nos próximos dias, os deputados também irão aditar os pedidos de impeachment acrescentando este ato do presidente.



Júlia Schiaffarino é Jornalista (Unicap), mestre em comunicação (UnB) e pesquisadora em comunicação política, democracia e mídias digitais. Atuou no Grupo Diários Associados nas editorias de política e economia, acumula passagem pela TV Universitária e colaboração em sites como o UOL. Integrou equipes de assessorias de comunicação, tanto no Executivo, quanto no Legislativo Federal. É vencedora do prêmio Esso de Jornalismo com o caderno Vidas Partidas, que relata o impacto da política sanitária de isolamento compulsório para tratar a hanseníase no Brasil de 1930.

 

Foto do Jornal GGN

A CPI da Covid deu vida a uma oposição efetiva contra Bolsonaro. O que exista antes da CPI era tentativas desordenadas, dispersas e em sem rumos de oposição. Com a CPI, pela primeira vez, Bolsonaro, desde o início de seu governo, entrou numa situação de defensiva política.

O que a CPI fez foi amplificar para a sociedade toda aquilo que apenas alguns nichos da opinião pública sabiam a respeito da atuação criminosa do governo em relação à pandemia. O que a CPI evidenciou é que não se tratam apenas de erros ou omissões. O que se trata é que o governo agiu deliberadamente contra a saúde da população ao não comprar vacinas no tempo certo, ao promover uma política de contágio, ao difundir de forma consciente o uso de remédios que sabidamente não têm efeito no enfrentamento do vírus e ao sabotar uma série de outras medidas que poderiam atenuar os efeitos da pandemia e ter evitado mortes.

Além de dar visibilidade, a CPI está dando coerência e consistência aos fatos e está reconstruindo a cronologia das ações criminosas do governo. Se já existia uma indignação contra o governo, a CPI a fomenta ainda mais. Esta indignação vem se transformando em movimento com os crescentes panelaços e, principalmente, com os atos de 29 de maio, convocados pelos movimentos populares. Parece haver uma relação entre as ações da CPI e a potência que os atos adquiriram.

Que Bolsonaro vem cometendo uma sucessão de crimes de responsabilidade, não resta dúvidas. Que há motivos de sobra para abrir um processo de impeachment, também não resta dúvida. Mas o impeachment enfrenta alguns problemas: 1) é preciso que os partidos, principalmente de esquerda, se decidam efetivamente em apostar no cominho do impedimento; 2) para isso, é preciso incrementar uma intensidade e uma amplitude maiores às mobilizações, com o engajamento dos sindicatos e dos partidos na organização e convocação das manifestações; 3) é preciso construir uma frente democrática com setores que não são de esquerda para que possam ser abrigados e acolhidos nas mobilizações e manifestações contra o governo.

Neste momento, os partidos precisam dar mais atenção à defesa da democracia, sabendo separar este processo da construção da agenda das eleições de 2022. O fato é que existe uma questão democrática no Brasil posta pela vontade golpista de Bolsonaro e do bolsonarismo. Bolsonaro só não deu um golpe porque não tem força para tanto, mas age para construir esta possibilidade.

Quanto mais na defensiva Bolsonaro ficar, mais apostará na radicalização. Como não tem apoio da cúpula das Forças Armadas para dar o golpe, aposta na divisão dos militares, principalmente do exército. A demissão dos comandantes e a proteção a Pazuello têm esse claro objetivo divisionista. Mas é equivocada a análise de determinados setores, segundo a qual a não punição de Pazuello significa uma adesão do alto comando do exército à agenda golpista de Bolsonaro.

Além da divisão dos militares, Bolsonaro aposta em bolsões das polícias militares, nos milicianos, nas milícias ruralistas e em outros grupos criminosos para tentar o golpe. Se esta tentativa de golpe vier, o mais provável é que venha no bojo ou de um eventual processo de impeachment ou no contexto de uma derrota eleitoral.

Na medida em que existe uma questão democrática, as forças democráticas precisam se unir em torno de dois movimentos: o da CPI, onde parece já haver uma unidade, e o das mobilizações, onde ainda não há uma unidade e nem mesmo um engajamento total das forças de esquerda e dos movimentos sociais. O movimento sindical, por exemplo, sequer chamou os atos do dia 29. É a unidade em torno desses dois processos que poderá conduzir ao impeachment.

Na hipótese de não se conseguir construir as condições suficientes para o impeachment, certamente surgirão várias candidaturas presidenciais para 2022. A responsabilidade primeira dessas candidaturas consiste em construir um acordo de procedimentos e um compromisso de apoio mútuo contra Bolsonaro se ele conseguir passar para o segundo turno.

Em 2018, as esquerdas tinham consciência dos riscos que representava Bolsonaro. Certamente, a maioria dos eleitores de esquerda votaria em um candidato de centro-esquerda ou de centro se Haddad não tivesse ido para o segundo turno. Mas esta consciência esteve ausente em estores de centro-esquerda, a exemplo de Ciro Gomes, ou em setores de centro e centro-direita que se abstiveram ou apoiaram Bolsonaro. O povo brasileiro paga um preço doloroso e trágico por este equívoco, que não é só um equívoco, mas uma falta de compromisso com a democracia.

A construção da Frente Democrática contra Bolsonaro precisa se estruturar a partir de uma plataforma concisa e centrada. Além do “Fora Bolsonaro” e de “Vacina para todos”, é preciso incorporar o tema da inflação e da perda de renda e do desemprego e da fome. A inflação de alimentos e da perda de renda é o problema que atinge o maior número de brasileiros hoje. O tema vem merecendo pouca atenção das esquerdas e dos movimentos sociais. Trata-se de um tema que pode aplicar e aprofundar o desgaste do governo Bolsonaro, pois ele se prolongará para além da falta de vacinas e persistirá em 2022. Da mesma forma, o tema do desemprego não será superado, mesmo que ocorra uma retomada do crescimento econômico.

As forças democráticas e de esquerda precisam também mudar de atitude na abordagem de uma possível tentativa de golpe de Bolsonaro. Os tons que alguns analistas e políticos usam são invariavelmente de temor, quase que de covardia. A maneira correta de enfrentar este problema consiste em afirmar que qualquer tentativa de golpe será derrotada. É preciso deixar claro que os golpistas não serão perdoados e nem anistiados desta vez.

As insinuações golpistas de Bolsonaro visam exatamente criar medo e defensivismo político nas oposições. As forças democráticas e de esquerda precisam gerar um movimento contrário, desencorajando o golpe pela resistência do povo e pela aplicação da lei e punição dos golpistas, com julgamentos e prisões.

Aldo Fornazieri
Mociata sem máscara

A militância bolsonarista está circulando nas redes uma fake news que afirma que a motociata do presidente reuniu mais de um 1 milhão de pessoas e foi para o Guinness Book.

Especificamente, os bolsonaristas afirmam que cerca de 1.324.523 de motoqueiros compareceram ao passeio do presidente. A fake está entre os assuntos mais comentados no Twitter, porém foi hackeada e virou motivo de piada.

O senador Humberto Costa criticou a motociata e afirmou que o único recorde que o presidente conseguiu foi o de promover mortes.

O presidente Bolsonaro e seus apoiadores esperavam que cerca de 100 mil motoqueiros comparecessem à motocada realizada neste sábado (12). Porém, cerca de 5 mil foram ao evento.

Mesmo com o fracasso do passeio, os bolsonaristas subiram a tag #Guinness, em alusão ao livro de recordes mundiais, pois, acreditam que o passeio de hoje deva ser registrado como o maior do mundo.

Marcelo Hailer

Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume
).

"A aliança comandada pelo petista deve compor palanques nos estados, com dois aliados estratégicos: PSB na centro-esquerda e PSD na centro-direita", diz o jornalista Rodrigo Vianna.

Desde meados do ano passado, começaram a circular análises sobre a necessidade de uma “Frente Ampla” para conter Bolsonaro. Naquele período, o presidente iniciava os ataques abertos ao STF e ao Congresso, reforçados agora em 2021 com a tentativa de cooptar policiais e militares para instalar uma ditadura.

Os defensores da “Frente Ampla” costumavam apontar o PT como um entrave para essa articulação: o partido teria dificuldades em ceder, com uma tendência para certo “hegemonismo”. A proposta de “Frente Ampla” embutia a ideia de superar o PT como principal força de esquerda, dissolvendo o partido, sua simbologia e sua história numa aliança democrática mais ampla. Um erro crasso.

A liderança da Frente Ampla para derrotar Bolsonaro ficaria com os liberais moderados e com um ou outro personagem avulso da centro-esquerda.

Mas faltava combinar com a realidade...

A vitória de Lula no STF, precedida de resistência histórica da militância nas ruas e nas redes, cancelou as condenações injustas, mudando completamente o jogo. E, então, bingo! Percebe-se agora que Lula e o PT são o verdadeiro motor da frente contra Bolsonaro. Não há outro caminho.

A movimentação de Lula, primeiro em Brasília, e esta semana também no Rio, indica o roteiro. A tal frente ampla terá o PT com Lula no comando do leme, articulando palanques nos estados com dois aliados principais: o PSB (turbinado por novas filiações) na centro-esquerda e o PSD na centro-direita.

No Rio, Marcelo Freixo no PSB será candidato a governador da Democracia contra a barbárie miliciana. Lula tenta levar o PSD (agora sob comando de Eduardo Paes) para a aliança. Felipe Santa Cruz (presidente da OAB, aliado de Paes) poderia compor a chapa com Freixo.

Em Minas, a frente deve ser liderada pelo atual prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD). Aqui, a esquerda entraria como aliada – sem comando da chapa.

Em São Paulo, o quadro é mais complexo. O PT paulista insiste em ter Haddad candidato a governador (nos bastidores, diz-se que Haddad não quer, prefere estar na campanha nacional); o PSOL já colocou Boulos em campo; e o PSB deve ter o quase tucano Márcio França de novo como alternativa.

Boulos seria o candidato com mais “apetite” nesse momento, e já começou a percorrer o Estado. Mas conversei com um nome próximo a ele esta semana, que confirmou: Lula é quem vai decidir, e não está descartada nem uma aliança com o PSB; nesse caso, o PT indicaria o vice de França ou ficaria com a vaga de senador, e Boulos se deslocaria para uma super candidatura a deputado federal.

Percebe-se que no triângulo das bermudas do Sudeste (Rio, Minas e São Paulo), a história do PT hegemonista não cola mais.

O partido de Lula teria candidatos próprios, sim, em três estados do Nordeste que já governa (Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí), além do Espírito Santo (com o nome do recém filiado Fabiano Contarato). No Ceará, o governador petista Camilo Santana pode lançar um nome do PT, se a conversa com Ciro desandar mesmo de vez. No Maranhão, quem comanda o jogo é Flávio Dino - que estaria de mudança do PCdoB para o PSB. E Em Pernambuco, o PT deve se aliar ao PSB.

No Centro-Oeste, a centro-esquerda seguirá a ter imensas dificuldades diante da hegemonia da direita e do agronegócio, e talvez tenha que lançar candidaturas para marcar posição. Na região Norte, a frente de Lula precisará ser ainda mais ampla para conter o bolsonarismo – incorporando personagens como Elder Barbalho (MDB-PA) e Omar Aziz (PSD-AM), e contando com a força de lideranças progressistas como Randolfe (Rede-AP) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA, que é prefeito de Belém – com uma frente democrática).

A regra, em geral, é ceder espaço aos aliados nos Estados, e construir alianças ao centro – com o MDB de Renan (AL) e Requião (PR), mas principalmente com o PSD.

O partido de Kassab terá papel decisivo nessa articulação, que seria melhor chamar de Frente Democrática: uma aliança política comandada por Lula, e que parte da base de centro esquerda, mas com caráter mais amplo diante da necessidade de conter as ameaças autoritárias cada vez mais evidentes de Bolsonaro.


Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.



Um estudo elaborado pela Universidade de São Paulo (USP) revela de que maneira o presidente Jair Bolsonaro ajudou a disseminar a covid-19 por todo o país. 

Segundo o estudo, o governo Bolsonaro teria atuado conscientemente para disseminar o vírus da covid no Brasil em busca da chamada "imunidade de rebanho". 

A pesquisa foi feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (CEPEDISA), ligado à Universidade de São Paulo.

O levantamento, de 200 páginas, foi revisada e entregue à CPI da Pandemia.

Ele traça uma linha do tempo desde março de 2020 demonstrando medidas que o governo Bolsonaro tomou para facilitar o avanço da covid.

Os autores do estudo apontaram para oito pontos em que o governo foi omisso ou atuou em parceria com o vírus:

Imunidade de rebanho (ou coletiva) por contágio (ou transmissão);

Incitação constante à exposição da população ao vírus e ao descumprimento de medidas sanitárias preventivas;

Tratamento precoce" para a Covid-19 que foi convertido em política pública de saúde;

Banalização das mortes e das sequelas causadas pela doença;

Obstrução sistemática às medidas de contenção promovidas por governadores e prefeitos, justificada pela suposta oposição entre a proteção da saúde e a proteção da economia;

Foco em medidas de assistência e abstenção de medidas de prevenção;

Ataques a críticos da resposta federal à pandemia;

Consciência da ilicitude de determinadas condutas.

Fonte: Conexão Jornalismo



 

ARMADILHA: "NOVAS PESQUISAS SUGERINDO RELAXAR CUIDADOS ESSENCIAIS CONTRA A COVID 19


É preciso entender o teor e o cerne das pesquisas novas que andam aparecendo de qualquer lugar.

Tá rolando um papo aí sobre médicos aleatórios afirmarem que os vírus de hoje não se transmite por superfície. Isso é fake. de um ou outro médico que não representam 1% da comunidade científica e muito menos estão nas equipes oficiais de pesquisa contra a Covid-19.


A WTorre, empresa que administra o Allianz Parque, anunciou que a estrutura do estádio será utilizada para a campanha de vacinação contra a Covid-19, prevista para começar no próximo dia 20. Segundo a empresa, as conversas com as autoridades públicas estão em andamento e o local ja está sendo preparado para receber a operação.

Com isso, o estádio do Palmeiras se junta ao Morumbi e à Neo Química Arena numa corrida "saudável" entre os clubes paulistas. No último dia 8, São Paulo e Corinthians anunciaram que os locais também foram colocados à disposição das autoridades de saúde.

O uso dos estádios de futebol para a vacinação contra a Covid-19 não é uma exclusividade de São Paulo. No Rio, o Botafogo abriu as portas do Nilton Santos. O clube alvinegro também ofereceu a sede de General Severiano. Já na Bahia, a Arena Fonte Nova também foi colocada à disposição.

Fora do Brasil, as arenas também viraram aliadas das campanhas de vacinação contra a Covid-19. Na França, o Olympique de Marseille disponibilizou o Stade Vélodrome. Já nos Estados Unidos, estádios da NFL (a liga de futebol americano) e da MLB (a liga de beisebol) também estão serão usados com este intuito.

Font: hbrasill


Neste domingo, 17 de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de duas vacinas contra a Covid-19 e realizou um ato simbólico: a vacinação do primeiro brasileiro fora dos períodos de teste. Mônica Calazans, de 54 anos, foi a escolhida para receber a primeira dose do imunizante. Ela atua na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

A primeira dose da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, foi aplicada pelo Governo de São Paulo. Além disso, a Anvisa também aprovou o uso emergencial da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolvida com a Astrazeneca/Universidade de Oxford.

A moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, foi a primeira pessoa, fora dos estudos clínicos, a receber a vacina. Após ser imunizada, ela recebeu do governador João Doria um selo simbólico com os dizeres “Estou vacinado pelo Butantan” e uma pulseira com a frase “Eu me vacinei”.

om a aprovação o Brasil, se tornará o quarto país a iniciar o uso emergencial do fármaco, após China, Indonésia e Turquia. 

Esperemos que a partir de agora esse carro desça a ladeira em quinta marcha até conquistarmos a imunidade de rebanho.





A Live de lançamento do livro “Luta antifascista em tempos de pandemia” foi um sucesso de debates e exposições dos autores que fazem parte da coletânea de textos progressistas organizados por Washington Rocha.

O Livro contém 9 textos de 9 autores, em sua maioria presos e torturados pela Ditadura Militar, que novamente se mobilizam e vão de encontro a luta contra o fascismo tropical protagonizado pelo presidente Jair Bolsonaro e os militares que compõe o governo.

Com o lema “Em Defesa da Democracia”, o grupo é repleto de ilustres cidadãos da Paraíba e Pernambuco, com alguns radicados em Brasília, e que insistem em ir contra a tese de que o regime de 64 não torturou pessoas. 

E com razão, afinal a maior parte de seus integrantes foram presos e torturados pela ditadura e por incrível que pareça para muitos, também de ex-militares pró democracia que serviram as Forças Armadas na ditadura. Nesses eu me incluo também.

No livro estão textos de jornalistas, professores, ex-líderes de movimentos sociais e filósofos. Textos fundamentais, que baseados em experiências passadas, esclarecem sem meias palavras os tempos sombrios e obscuros que estamos vivendo atualmente no Brasil.

O Grupo “Em Defesa da Democracia” continuará sua luta com mais livros, mais lives com entrevistas e um grande site para expor as opiniões de cidadãos democratas e progressistas, que viveram a ditadura ou não, cujo maior objetivo é enfrentar Bolsonaro e seu grupo bovino fascista, em cujas vísceras formadas de intolerância e racismo existe incubado, um grupo global que busca aos trancos e barrancos, a implantação de uma fascismo planetário.

E voltando ao livro “Luta antifascista em tempos de pandemia”, o mesmo já está disponível aos interessados no Sebo Cultural, em João Pessoa, ao lado do Liceu Paraibano.

O livro expões nove novas perspectivas analíticas sobre Bolsonaro em textos que valem a pena ler e transmitir. 

É importante lembrar que quem estiver residindo fora da Paraíba, também pode adquirir o livro em pdf, com Washington Rocha pelo telefone 83 99672-9960, que será enviado por e-mail.

Divirtam-se. Ou não.