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Nos últimos 3 anos, dados de ongs e organizações públicas de defesa da Mulher mostram que no Brasil o número de delitos contra as mulheres triplicou. Passou de 271.392 registros para de 900.000 delitos.

Apenas entre março de 2020, mês que marca o início da pandemia de covid-19 no país, e dezembro de 2021, último mês com dados disponíveis completos, foram 2.451 feminicídios e 100.398 casos de estupro e estupro de vulnerável de vítimas do gênero feminino.

O Brasil teve um estupro a cada 10 minutos e um feminicídio a cada 7 horas em 2021 e esse número não parece mudar no início do terceiro mês de 2022.

As comemorações do 8 de março, que marca o Dia Internacional da Mulher, tem parecido mais com o DIA NACIONAL DAS ESTATÍSCAS DE VIOLÊNCIA CONTRA  MULHER.

Claro que, há os eventos de organizações pela Mulher, com palestras, informações, cobrança do Poder Público por mudanças neste quadro bastante trágico de violência contra a Mulher.

8 de março é um dia importante de luta pela proteção a vida da Mulher, de inclusão social, de isonomia no mercado de trabalho, de luta pelas Mulheres do Campo, mas é exatamente um dia de comemoração? 

Como homem, tristemente não vejo motivos para comemorar. É cada vez mais urgente buscar e apregoar os motivos para lutar e mudar a mentalidade machista e violenta de nossa sociedade.
Uma Mulher estuprada tem vergonha de ir a uma delegacia, principalmente se não for Delegacia da Mulher, prestar queixa, por causa de delegados e agentes notoriamente machistas. 

Passa muitos anos com essa dor dentro de si, e muitas vezes a leva consigo deste mundo (isso quando tem morte natural). Principalmente quando o agressor vem do seio da família. O que diremos das meninas crianças que são abusadas e violentadas perdendo a inocência da infância e relegadas a ter o resto de sua vida com sérios problemas psicológicos, de relacionamento, várias se tornando incapacitadas até mesmo de construir uma família?

Há sim e que bom, várias delas, que conseguiram e conseguirão superar o trauma e tocar a vida, mas sempre carregarão essa dor consigo. E nem todas são assim.

O mais notável, é que estes número aumentaram durante o governo Bolsonaro, que tem estimulado a violência em todos os níveis, mas as mulheres, tem sido uma das categorias que mais sofreram com essa política excludente e machista.

E não passa pela minha cabeça, um sentido de compreensão sequer, sobre a atitude de muitas mulheres que ainda defendem um governo machista, misógino e violento, que em nenhum momento, mostra empatia pelo sofrimento da muitas mulheres brasileiras. Muito menos de implantar ações que coíbam esses sofrimento.

A Damares, aquela da goiabeira, cuja alucinação, foi fruto exatamente  do abuso e estupro sofrido por ela, me impressiona o distanciamento dela pela luta das mulheres neste país. Me impressiona a defesa que ela faz do machismo brasileiro usando as próprias Escrituras Sagradas para justificar a misoginia e total submissão das mulheres aos homens que as oprimem e as matam.

Quando ela estava em cima da goiabeira, alguma coisa no cérebro dela explodiu e não teve mais conserto. É o que eu posso imaginar. Não vejo outra possibilidade. Ou sendo mais simplista, independente do que aconteceu com ela, ela é mal caráter, corrupta e faz qualquer coisa pelo poder.

Não sei. Não quero crer nisso. Mas será?

Finalizando, pode parecer que não o que comemorar no Dia das Mulheres. 

Mas eu insisto em comemorar a Mulher, por existir, por me fazer existir, por me dar Amor, Por dar Amor ao Mundo, porque mesmo em situações adversas, ela submerge e retorna a superfície mais forte do que nunca, Nunca desiste do seus sonhos, apesar das tentativas de uma sociedade cruel e excludente de torna-los pesadelos, e a despeito disto nunca deixará de ser uma guerreira e lutará sempre por aquilo quer. 

Os Sonhos de uma Mulher nunca morre e o mundo não poderá jamais matar a Mulher. É simples. Sem ela não existimos e nossa raça perecerá.

Da Mulher veio e vem a Vida Eterna para a humanidade.

Homenageio, admiro e coloco num pedestal todas as Mulheres do Brasil e do Mundo. E todo homem deve saber que é sua obrigação, estar sempre ao lado delas para proteger, para ajuda-las a realizar seus sonhos, por muitos motivos. Mas um deles só já basta:

A Mulher é a mãe da humanidade.

Eliseu Mariotti



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou hoje, quinta-feira, 3, nota de pesar pelo falecimento do cientista Luiz Pinguelli Rosa. Veja abaixo:

“Luiz Pinguelli Rosa foi físico, cientista, professor e profundo conhecedor do sistema elétrico brasileiro, trabalhando e defendendo incansavelmente o desenvolvimento social, econômico e tecnológico do Brasil, e o avanço da ciência e a segurança energética do nosso país.

Foi presidente da Eletrobrás no meu governo e diretor da Coppe-UFRJ, instituição fundamental de pesquisa do nosso Brasil, por exemplo no desenvolvimento das tecnologias que permitiram a exploração do pré-sal.

Pinguelli Rosa deu imensa contribuição para a evolução e defesa do sistema energético brasileiro, que hoje está sob ataque de entregadores do país. Fará grande falta ao Brasil.

Meus sentimentos e solidariedade aos seus familiares , alunos e amigos”.

Luiz Inácio Lula da Silva



É guerra na Europa. Não é a primeira desde 1945, como se ouve muito na imprensa chapa branca hoje em dia, porque teve a guerra sangrenta e genocida da Iugoslávia.

E além do fato, isso em si já grave e assustador, o debate tem sido tumultuado entre a esquerda com ela mesma e também a direita com ela mesma. É a primeira vez que os tons discordantes, estão colocando do mesmo lado, especificamente sobre a guerra Rússia/Ucrânia, direitistas e esquerdistas, a favor ou contra a Rússia, e que perturbam a narrativa da realidade nua e crua da guerra na Europa.

Meu posicionamento sempre foi estar do lado daqueles que se opõe e reagem a expansão do império estadunidense e que lutam contra países neonazistas/nazistas. Portanto nesse caso, a Rússia conta com parte de minha simpatia.

Mas ouso entregar-me a uma reflexão que me coloca na frente do espelho e que me questiona sobre o fundamentalismo de minhas posições a partir de uma declaração do Lula sobre a guerra na Europa.

-"Basta de guerra, queremos, paz, queremos trabalho, queremos liberdade e queremos respeito, e quem sabe a gente possa construir um mundo melhor."

Isso me faz ver no espelho que não sou apenas Rússia contra a Otan e ponto final. Não. Sei que a questão russa sobre a segurança em suas fronteiras é algo de essencial importância. Mas é bom não esquecer que a Rússia é uma ditadura capitalista, a seu modo tem uma política imperialista no Leste Europeu.

Então talvez pelo menos a esquerda brasileira tenha de encontrar uma convergência no discurso e narrativas sobre a guerra e que nos faz ser distinguidos da narrativa da direita que não está subserviente a agenda de Washington. Porque mesmo assim, é direita e direita não pensa no povo e nem nos trabalhadores. Não comungamos com eles.

Tem havido comunicados que mostram posicionamentos da esquerda em vários países.

-"Os maiores perdedores da guerra são os trabalhadores, os pobres, as mulheres e os jovens."

Comunicado de vários partidos socialistas da Turquia e do Norte do Curdistão . Os povos não têm de escolher entre a OTAN, por um lado, e a Rússia, por outro. Em vez disso, temos de estar ao lado das pessoas em todo o mundo que estão lutando na guerra.

"-Todas as nacionalidades, trabalhadores e trabalhadores de nosso país devem se unir contra a guerra, e o militarismo."

A declaração do Partido Comunista Grego segue uma linha semelhante :

-“A resposta do ponto de vista dos interesses do nosso povo não está em aderir a um ou outro pólo imperialista. O dilema não é EUA-Rússia ou OTAN-Rússia. A luta da classe trabalhadora e do povo deve traçar um caminho independente, longe de todos os planos burgueses e imperialistas”.

Esta posição tem sido manifesta de uma forma ou de outra por muitos grupos anarquistas, socialistas e comunistas em todo o mundo.

No mínimo parece coerente e adequada para os trabalhadores à primeira vista. Afinal, quem quer arriscar a vida pela classe dominante? Quem em sã consciência mataria outras pessoas de sua mesma classe social, de outras nacionalidades para as elites russa, alemã, estadunidenses ou ucraniana e pior, arriscaria a própria vida no ato de cometer esse crime?

No entanto, toda guerra precisa de soldados que estejam dispostos a lutar e a preparação ideológica correta da população.

-“A guerra é uma matança metódica, organizada e colossal. Para o assassinato sistemático, no entanto, a intoxicação apropriada deve primeiro ser gerada em pessoas comuns. Este sempre foi o método bem estabelecido dos líderes beligerantes”-. Escreveu Rosa Luxemburgo.

Toda nação guerreira diz a seus concidadãos por que eles deveriam morrer por eles em caso de dúvida. E assim uma posição contrária, simples e razoável será denunciada como uma traição à pátria, à liberdade ou à vida humana. E deve-se tornar hegemônico um mito que estimule os súditos a atos heróicos.

A guerra santa por defesa.

Um dos elementos centrais deste mito é que sempre é o adversário quem ataca. A barbárie da guerra é tão flagrante que mesmo os regimes mais reacionários assumem falsamente a narrativa da guerra como último recurso de defesa.

Quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, Guilherme II abriu o famoso discurso do trono de 4 de agosto de 1914 e enfatizou que era função de seu governo manter a paz por tanto tempo.

-“Durante quase meio século conseguimos permanecer no caminho da paz. As tentativas de acusar a Alemanha de inclinações bélicas e de restringir sua posição no mundo muitas vezes testaram severamente a paciência de nosso povo”,

Ou seja, aparentemente Guilherme queria evitar o “extremo” até o fim, mas agora, "em legítima defesa forçada, com a consciência limpa e as mãos limpas, pegamos a espada”.

Logo antes da Segunda Guerra, imediatamente após a transferência do poder para os nazistas, Hitler fez um discurso de paz bem recebido e alguns anos depois foi "rebatido". Lyndon B. Johnson explicou sobre a Guerra do Vietnã que os EUA estavam travando uma guerra lá contra uma "poderosa agressão" do "expansionismo comunista". E Harry S. Truman liderou as tropas americanas na Guerra da Coréia para conter a "agressão" comunista e preservar a "paz e a segurança internacionais".

Putin também vende a invasão da Ucrânia para sua própria população como um ato defensivo. Em longos discursos, ele explica a natureza preventiva de sua invasão da Ucrânia. O motivo central de suas justificativas são “aquelas ameaças fundamentais que estão sendo dirigidas de forma grosseira e descaradamente ao país russo, ano após ano, passo a passo, por políticos irresponsáveis ​​no Ocidente. E quer dizer com isso, -"a expansão do bloco da OTAN para o leste, aproximando sua infraestrutura militar da fronteira da Rússia”, disse o autocrata russo em sua declaração de guerra de 24 de fevereiro .

Não está errado sobre as intenções dos EUA/Otan. Nesse caso há sim uma motivação. Mas já é consenso, entre os que realmente defendem a paz, que a invasão a Ucrânia foi precipitada.Não foi assim no início da invasão. Todos apoiavam uma consensual reação ao expansionismo militar europeu/norte-americano.

Mas os pensamentos juntos aos fatos vão evoluindo em teses analíticas já divergentes daquelas do início da guerra há 10 dias.

Mas isso "não é agressivo". A Rússia "não vai atacar ou explodir ninguém". Putin faz um discurso no dia em que a Rússia ataca e explode. Porque: “Com uma grande exceção. A expansão da OTAN e a incorporação formal ou informal da Ucrânia na OTAN representam um risco para a segurança do país que Moscou simplesmente não pode aceitar.”

Preparação de guerra como manutenção da paz.

Em contra partida a OTAN/EUA criam guerra de palavras e informação, antecipando a invasão da Ucrânia pela Rússia ou até mesmo a provocando, com o mesmo discurso de manutenção da paz e da tal "Ordem Global".

Essa "Ordem Global" é fundamentada na filosofia de "uma ordem internacional de paz e lei que é garantida pelo Ocidente e que se baseia na igualdade, independência e soberania. O inimigo russo veio para perseguir todos nós que vivemos felizes nesta terra de abundância, e como não temos outra escolha, também devemos agora, com a consciência tranquila, pegar em armas para nos defender. Em primeiro lugar, porque o inimigo tem armas nucleares, só pegamos em armas para as enviar aos verdadeiros defensores da Europa, os ucranianos. O que vem depois, o tempo dirá." 

No caso ligaram o "foda-se".

Há de se questionar o auto engrandecimento do Ocidente, que é apresentado com grande entusiasmo, mas não resiste nem mesmo à uma observação superficial. O mundo não está em um estado pós-imperialista de amizade internacional que só seria desafiado por estados párias. Ainda é determinado pelos conflitos das potências capitalistas, às vezes realizados por meio da economia e do comércio, às vezes por tratados e diplomacia, às vezes pela ajuda ao desenvolvimento e às vezes, mas cada vez mais, por meios militares.

Os EUA, juntamente com aqueles que veem a liderança como a maneira mais segura de sustentar seu modelo de negócios, estão lutando para manter seu domínio herdado no cenário global. Outros, notadamente a China e a Rússia, veem o enfraquecimento do imperialismo norte-americano há muito tempo latente como uma oportunidade para expandir suas próprias esferas de influência. No curso dessa luta, o “Ocidente” invadiu inúmeras “nações soberanas” nas últimas décadas, apoiando golpes e usando sanções econômicas contra eles para torná-los complacentes. Só no caso do Iraque, com mais de um milhão de mortos. No Afeganistão houve algumas centenas de milhares ao longo dos anos, no Iêmen mais de um quarto de milhão. E tivemos a guerra híbrida no Brasil culminada no golpe midiático/jurídico/parlamentar de 2016, entre outras na América Latina.

E o adversário russo, mais capaz de agir “localmente”, tentou esmagar “movimentos democráticos” que lhe eram perigosos nas imediações – mais recentemente no Cazaquistão – ou preservar o regime de Assad na Síria, que era leal a ele. Na Síria em particular, a Rússia tentou outra estratégia que chegou ao fim por enquanto com a guerra atual: a integração da Turquia, que forma o flanco sul da OTAN, em sua própria política de poder imperial.

Tanto para Erdogan quanto para Putin era verdade - e isso foi praticado na Síria - que o poder hegemônico havia dado aos EUA "liberdade" para ambições independentes. Os jogadores com mais apelo regional tentaram explorar isso. Não apenas na Síria, mas também em outros pontos problemáticos – Líbia, a guerra na Armênia – o poder criativo independente dos oponentes do imperialismo norte-americano aumentou gradualmente.

Mas diferente na Europa Oriental. A expansão da OTAN para o leste é obviamente dirigida contra a Rússia (e, a longo prazo, a China), qualquer um que agora esteja negando isso por alguma alucinação precisa apenas ler os documentos de estratégia da própria OTAN. E por que mais ela ainda existe?

Putin rapidamente deixou claro qual seria a resposta da Rússia: apoio à insurgência armada no leste da Ucrânia, anexação da Crimeia. O Ocidente rapidamente deixou claro qual seria sua resposta: fortalecimento dos laços com o Ocidente, perspectivas de adesão à UE e à OTAN, entregas de armas, missões de treinamento, cooperação econômica, acordos comerciais, exercícios militares conjuntos. Ambos os blocos estavam puxando a Ucrânia – taxar isso como “autodeterminação” dos povos, independentemente de qual lado, julga mal todas as dinâmicas de poder político.

Como os Russos não blefam e não estão afeitos a esta prática, depois das cutucadas da Europa e dos EUA no Urso eslavo, inciou-se então a guerra de agressão russa.

A maioria dos observadores teria previsto o reconhecimento das "Repúblicas Populares" como um passo estrategicamente motivado, mas provavelmente não a atual invasão completa da Ucrânia, como o editor da Left Review, Tony Woods , atesta em uma entrevista. “Fiquei surpreso com a decisão russa de invadir, e muitos analistas russos estão tentando reinterpretar seus pontos de vista sobre o regime de Putin. Recebi muitas críticas ao regime de Putin nos últimos vinte anos, mas não achei que fosse fundamentalmente irracional. Agressivo, sim. Todos os tipos de outras coisas, com certeza. Mas fundamentalmente irracional, não. E hoje, apesar de existir todas as motivações para isso, essa invasão me parece fundamentalmente irracional.”

O que podemos esperar é um período de militarização dos conflitos inter imperialistas - e com ele uma intensificação da propaganda necessária para alinhar a população. Mas o que mais nós, como esquerdistas ou pacifistas pelo menos, podemos fazer em tais condições?

Construir um movimento contra a guerra

Pode parecer nada, mas a primeira tarefa é não se deixar enganar pela propaganda. Com uma posição consistentemente anti-imperialista, fica entre o bloco de partidários da invasão russa – presentes na esquerda – e o bloco de torcedores pró-imperialismo ocidental, que pressionam esmagadoramente o debate.

A posição da esquerda antimilitarista (não confundir com pacifista) é marginalizada, mas continua sendo a única que pode perdurar: não há guerra, mas guerra de classes. Esta guerra, como qualquer outra das potências imperialistas, não é nossa guerra, não é uma guerra de libertação e socialismo, mas uma em que as pessoas são enviadas para os respectivos interesses das nações capitalistas para matar outras enviadas pela nação oposta.

O slogan que a esquerda deve popularizar é o da revolução. Não há “ordem de paz” no capitalismo que seja mais do que um equilíbrio temporário de poder que perece na guerra sempre que uma das potências concorrentes vê o momento oportuno.

O manifesto da esquerda contra a guerra não é novo, mas é atual:

-“Trabalhadores! mães e pais! viúvas e órfãos! Feridos e aleijados! Para todos vocês que estão sofrendo com a guerra, nós clamamos: através das fronteiras, através dos campos de batalha fumegantes, através das cidades e vilas destruídas, trabalhadores de todos os países, unam-se!"


Aroeira - Brasil 247

A guerra é o caos violento em um nível que a maioria dos povos não conseguem compreender. Mas ainda mais violentos são aqueles que a provocam manipulando peças menores no xadrez global sem empunhar uma arma sequer.

A Europa e os EUA se escondem atrás de envio de armas, colocando mais gasolina na fogueira, manipulando um líder extremista que consegue ser mais burro do que Bolsonaro, para atingir uma potência, uma das duas que conseguem enfrentar a Otan, aliás, uma aliança que não tem mais nenhum sentido em existir, já que não tem qualquer motivação econômica.

Tudo que o o Ocidente busca é um imperio hegemônico global, só que não contavam com a aliança entre a China e a Rússia quando entraram em campo, primeiro com o golpe na Ucrânia em 2014, depois com a ingerência nas manifestações de Hong Kong em 2019/2020. Mas a China não deixou por menos e calou os manifestantes manipulados pela guerra híbrida estadunidense e a Rússia com a invasão da Ucrânia vai terminar com o que essa mesma guerra híbrida começou em 2014.

Essa guerra não está começando, porque ao contrário do que muitos pensam, ela simplesmente está terminando. E quem a está terminando é a Rússia.

A ladainha do momento, dos analistas e redações ocidentais, inclusive do Brasil, é que a “invasão” da Ucrânia é injusta e que “Putin não vai parar por nada agora” em sua chamada busca para retomar os países do antigo bloco soviético. Balela! A Rússia não quer resgatar um bloco extremamente custoso e altamente turbulento.

É impressionante a "desmemorização" da mídia ocidental com relação aos mísseis nucleares que, em outubro de 1962, a então União Soviética de Krushev, pretendia instalar uma base militar de Cuba. Kennedy não aceitou e houve o famoso bloqueio naval por parte da Marinha estadunidense, de modo que o Bloco comunista recuou e a guerra foi evitada.

A diferença hoje, é que a Otan, usando a Ucrânia por meio de seu governante neonazista, e que foi convencido pelos americanos, a instalar uma base da Otan as portas do Urso eslavo, não recua de suas intenções.

E cutucaram tanto o urso adormecido que ele despertou com um rugido que assusta o mundo neste momento. Até o perigo nuclear ressuscitou entre as cinzas dos cogumelos no horizonte de Hiroshima e Nagasaki.

A ingerência da Otan, Europa e Estados Unidos na Ucrânia é tão absurda, que nem Israel, tradicional aliado do Ocidente, apoia as sanções impostas contra Putin. Simplesmente , porque a Ucrânia hoje está nas mãos de nazistas!

Com essa narrativa idiota e cega da mídia ocidental, poucos se preocupam em olhar para a história e as nuances do que aconteceu nos últimos anos que provocaram tal reação de Putin.

As redações ocidentais ainda tentam nos iludir sobre a Ucrânia, simplificando e distorcendo os fatos, simplesmente para que possam continuar com seu trabalho de produzir a agenda de Washington, e que lhes dá uma osso de vez em quando como recompensa.

A chamada “revolução” na Ucrânia é sempre relatada como uma vitória para o Ocidente, pois a “democracia” finalmente matou os poderes malignos da influência soviética, pois a última é sempre pintada como corrupta e nociva para a ordem global. Só que o Ocidente, a despeito do seu maléfico plano de uma ordem global sob seu controle, está apoiando uma Ucrânia nazista!

Apesar disto, há vozes suficientes na mídia alternativa, que chamam o que aconteceu na Ucrânia de 2014, como um golpe de estado apoiado pelos EUA e agora, Zelensky como o novo idiota útil do Ocidente.

Até mesmo o Los Angeles Times , poucos dias antes da invasão, pintou um retrato do novo presidente como um cretino quase inútil disfarçado de herói político que havia perdido um colosso de capital político nos últimos meses, quando as tensões com a Rússia começaram a ser sentidas.

O cruel da guerra é que a Verdade geralmente é a primeira vítima quando as armas começam a pipocar.

E quanto as promessas de apoio do Ocidente ao governo Zelensky? O idiota útil estava crente que haveria tropas da Otan para dar suporte a suas pretensões de ser uma potência neonazista no leste, mas na realidade recebeu apenas um suporte de quantias relativamente pequenas de dinheiro e equipamentos militares.

A OTAN enviará um soldado que seja à Ucrânia para combater os soldados russos? Algum estado membro da UE ou dos EUA fará o mesmo? Eu não consigo visualizar esta possibilidade.

A águia não enfrenta o urso.

E exatamente por este motivo, podemos ver a tensão no rosto de Zelensky em suas postagens nas mídias sociais e sua raiva em relação a Washington, à OTAN e à UE. É tão burro e ingênuo, quanto inescrupuloso. Na mesma medida.

E seguindo o script não escrito, a credibilidade do Ocidente caiu, e sanções são tudo que eles tem, e com certeza isso não vai parar a Rússia.

Esperemos que os próximos capítulos desta guerra sejam cirúrgicos e decisivos, porque uma coisa é certa: as guerras são cruéis, não só no leste da Europa, mas na Palestina, no Iêmen, na Somália, na Líbia, no Líbano, na Síria, no Afeganistão, no Iraque e com certeza, o povo mais fraco e indefeso, são os que não conseguem realmente processa-las.

As vítimas são incontáveis, e os vencedores, cada vez menos são reais.

Eliseu Mariotti


O Massacre dos Inocentes é um episódio de infanticídio pelo rei da Judeia, Herodes, o Grande, que aparece no Evangelho de Mateus (Mateus 2:16-18). O autor, tradicionalmente Mateus, reporta que Herodes teria ordenado a execução de todos os meninos da vila de Belém para evitar perder o trono para o recém-nascido "Rei dos Judeus", cujo nascimento fora revelado para ele pelos Três Reis Magos.

O incidente, como outros descritos em Mateus, é descrito como a realização de uma passagem no Antigo Testamento, entendida como uma profecia de Jeremias:

Foto: Pragmatismo Político

Olavo de Carvalho afirmou nesta segunda-feira (20) que foi usado por Jair Bolsonaro como “poster boy” para “se promover e se eleger”. Segundo o escritor, “a briga já está perdida”. A declaração foi dada durante uma live que contou com a participação de Ricardo Salles e Abraham Weintraub.


Esse texto do Makely Ka, músico ligado a produção cultural e gestão pública em MG, é muito interessante e trata da suposta polêmica criada por alguns personagens já carimbados, com a eleição de Gilberto Gil, na Academia Brasileira de Letras.

Um texto que abre caminhos para um debate histórico num patamar bem elevado. Não quero ter a pretensão de estar nesse patamar, mas creio que devo me colocar num posicionamento que tenho refletido desde a eleição da Grande Fernanda Montenegro e do Mestre e Sábio Gilberto Gil para a Academia Brasileira de Letras.
Coincidentemente, essa minha reflexão leva exatamente a uma afirmação do autor compartilhado aqui e que me motivou a escrever o porque da minha discordância a somente este ponto do texto do autor compartilhado aqui, o Makely Ka. Em determinado momento, já quase finalizando o autor afirma não levarmos tão a sério a condição de imortal da ABL, Gil como artista já se fez imortal. Nesse ponto concordo, mas quanto a não levar a sério a condição eletiva de imortal da ABL, especificamente discordo.
Explicarei o porque, mas recomendo que leiam primeiro o texto do autor, para depois irem ao meu texto. E assim terem uma ideia exata do que foi o ponto de discordância e opinarem sobre este ponto.
Agradeço de antemão a paciência para ler. Mas para quem fala, escreve e discorre sobre literatura, com certeza, ler estes textos não serão um fardo pesado de se carregar.
Vamos lá. Tenho plena convicção da importância e da condição séria de pessoas como Fernanda e Gil terem entrado para ABL, constando um perfil totalmente diferente em muitas décadas dos escritores que têm sido levados a serem os tão falados imortais.
Mas esperem, não falo em levar a sério o ingresso na ABL por causa de ilustre literatos colocados na condição de imortais e ou por essa supostamente ser uma posição ápice e exclusiva de qualquer escritor brasileiro que, por assim dizer, chegou ao topo.
Não, para mim, isso sim é uma grande bobagem.
Falo sim e defendo essa seriedade, avisando que não irei abordar os perfis absolutamente diferenciados dos dois eleitos para a Academia, mas claro que pelo fundamental fato, sendo já redundante, de que a Academia foi fundada por um negro. O grande e merecidamente imortal Machado de Assis.
E apesar disto, somente depois de mais de um século, é que Gil é o segundo negro na composição dos imortais da Academia.
O que é muito pouco numa instituição literata fundada por um negro num país de muitos escritores e poetas negros, inclusive mulheres, tendo na minha opinião, um exemplo como Carolina Maria de Jesus, catadora de papel que ficou conhecida nos anos 60, depois do lançamento de “Quarto de despejo”, um diário sobre a vida numa favela brasileira, como a mais alta representante do gênero, já que na tese dos acadêmicos seria inviável sair do meio em que originou Carolina, uma escritora.
Inclusive Carolina foi discriminada em um debate na própria ABL, nos anos 80 do séc. XX, sendo afirmado ali que se ela fosse considerada escritora, qualquer um poderia ser. Ora, e não é isso mesmo? O próprio Makely Ka afirmou isso nas entrelinhas em seu texto. Quantos escritores no mundo de origens inviáveis são cults, colocados nos pedestais dos grande escritores mundiais? Tenho vários que poderia nomear aqui. Mas o texto já está ficando longo.
Além disto, O namoro entre Gil e a academia é antigo.
Em 1996 Gilberto Gil lançou o livro “Todas as Letras”, sua primeira obra. A coletânea de composições o fez atender um dos pré-requisitos para que pudesse disputar um assento na ABL: ter ao menos um livro publicado. E Gil, foi a expressão pura do que o autor do texto abaixo afirma.
Da música saiu as palavras, os fonemas e por fim a literatura. Na minha opinião, o que não deve ser levado a sério é a polêmica em torno disso, promovida obviamente por aqueles personagens que se acham donos da cultura, da intelectualidade e do pensamento brasileiro.
Por uma estranha "coincidência", todos brancos. Por isso, sim levemos a sério a ABL, para que suas origens não sejam mais esquecidas e ela continue dominada por uma classe dominante que absolutamente não a concebeu e hoje se apropria da Instituição como se fosse de direito divino e é assim como tem sido por praticamente um século ou mais.
É somente mais uma opinião de um branco. Tenho muito orgulho de vários da minha etnia que representam muito bem a nossa cultura, e nenhum orgulho de muitos. Mas tenho muitos orgulhos de músicos, atores, literatos, artistas plásticos e poetas negros que representam não apenas a cultura negra, mas a diversidade cultural brasileira, por que é exata a minha afirmação de que mesmo nas artes de origens brancas, não houve pudores aos negros de se manifestarem nelas e mostrarem ao mundo com muita dedicação e amor a diversidade cultural de nosso querido, sofrido, espoliado e escravizado Brasil, um país que também foi feito por eles a um preço de sangue e mortes que a história não deixa ficar enterrado e esquecido. E nem deveria, jamais!
E é sabendo disso que afirmo e reafirmo, mais um negro na Academia Brasileira de Letras é coisa séria e é um resgate de uma instituição que tem que ser regida pela força mandatária da cultura popular brasileira, que é a cultura que rege nossa identidade.
Com todo respeito, Makely Ka. Link do texto de Makely Ka https://www.facebook.com/photo?fbid=10159605445177974&set=a.10150175492247974

Eu assisti Mariguella, do talentoso Wagner Moura.

E voltei a minha infância. Voltei dos 5 aos 6 anos de idade.
Minha mãe nos criou com um certa independência para se locomover nas ruas desde tenra idade. Sabíamos atravessar as ruas e ir a pré-escola sozinhos. Uma época, em tese, em que existia uma falsa sensação de segurança.
Era ditadura. Com a censura, não se sabia de maiores perigos.
Mesmo assim vi coisas e tudo que eu via desde muito novo me ficou gravado na memória. Lembro de coisas que me aconteceram aos dois anos de idade. Sei porque, quando falava das minhas memórias, minha mãe ou meu pai, me diziam a idade que eu tinha.
Eu descia a rua da minha casa no final dos anos 60 para comprar pão na padaria. Naquela época se consumia mais o pão chamado bengala ou filão que era o pai do pãozinho francês como conhecemos hoje, apesar do pão francês que nunca foi da França, já existir no Brasil, desde poucos anos antes da Primeira Guerra Mundial.
Pois então, no final da rua, havia uma banca de jornal, a banca do Toninho, em que eu parava já naquela idade para ver as manchetes. Já sabia ler desde os 4 anos de idade, incentivado por minha mãe e amava ler.
Era comum ler nas manchetes de primeira página da Notícias Populares, jornal sensacionalista e sangrento, a morte de "terroristas", lembro de ter lido o nome Marighella ali, soube da morte de Elvis Presley ali, entre outras notícias que marcaram a década de 60 e 70.
Para completar esse cenário, nos anos mais terríveis da ditadura militar, eu morava atrás de uma delegacia de polícia em que havia gritos e berros horripilantes dias e noites inteiros.
Não entendia o que acontecia dentro destas delegacias. A contradição era que anos depois, já adolescente, comprava maconha dentro do próprio distrito policial, no final dos anos 70, ainda em plena ditadura militar, numa época em que ser maconheiro e cabeludo era o pior dos crimes depois de ser comunista.
Assistindo Marighella, lembrei que meu pai foi preso pela Ditadura, porquê comprou por engano um Chevrolet 58 preto, meio mafioso, que havia sido usado por células urbanas da guerrilha de esquerda. Ele não sabia e muito menos fazia o perfil de um esquerdista ou alguém simpatizante com a guerrilha no Brasil.
Era um homem pacato, não se manifestava politicamente, e ficou 8 horas no pau de arara dentro do prédio do Deic, sendo torturado para confessar algo que ele nem entendia ou sabia que existia.
Assim aparentava ou é o que eu sei.
Sua sorte, foi que um cunhado de minha mãe, casado com minha tia, o Tio Ivan era Inspetor da Polícia Civil e matador conceituado dentro da corporação e convenceu seus inquisidores a soltarem meu pai. Conseguiu sair com vida, depois de quase morrer por nada do que sabia.
Fui da Força Aérea ainda na ditadura militar, e sempre tive uma postura de liberdade política e de expressão. Fui detido lá algumas vezes por causa disto. Mas era só. Diziam que era coisa de artista, já que eu também fui músico da Banda Sinfônica da FAB.
Mas...
Eu assisti Marighella e percebi que o passado vive em mim.
Vive nas minhas memórias, vive na realidade política brasileira, vive nas casernas, vive na pobreza e na fome, vive na violência, tortura e assassinato praticados pelo estado, vive na classe média fascista, vive no pobre de direita e finalmente no desmonte do país subserviente novamente a política externa dos EUA.
Teve momentos tão dolorosos no filme que eu pensei: Esse filme está acabando com minha verve revolucionária.
No final do filme, um diálogo que considero fundamental, depois que Marighella, o "preto", totalmente desarmado, foi assassinado (aliás, como a maioria dos pretos assassinados no Brasil) pelo sanguinário delegado Fleury, cujo nome nem é mencionado no filme, o "branco", baseado em Joaquim Câmara Ferreira, morto no pau de arara da foto, e que era o mais próximo do "preto", recebe de seu torturador a notícia da morte do líder da ALN:
-Mataram teu amigo, vocês perderam!
O "branco" somente responde:
-Não. Vocês perderam!
Entendi nessa resposta que sim, "Nós perdemos"! Tanto os cães raivosos que mataram e assassinaram na ditadura militar pelos EUA, quanto a sociedade conservadora que fechava os olhos pra ditadura, os revolucionários perderam paras as prisões, torturas e assassinatos junto a falta de estrutura da guerrilha, mas também a falta de união das esquerdas institucionalizadas no Congresso. Enfim, todos nós os brasileiros perdemos.
Do outro e desse lado do balcão.
O Brasil perdeu!
E continuamos a perder.
-Com as ruas de 2013 manipuladas pelos magnatas texanos do petróleo
-com as pautas bombas lideradas pelo mafioso Aécio Neves e seus asseclas antidemocráticos no Congresso, logo depois das eleições de 2014, contra a presidenta reeleita Dilma Roussef
-com o golpe midiático/jurídico/parlamentar contra essa mesma presidenta em 2016
-com o desmonte dos Direitos Trabalhistas realizado pelo ex-vice presidente e sucessor golpista, traidor e corrupto Michel Temer
-com a ascensão do fascismo moreno de Bolsonaro, promovido pela classe dominante e escravista em 2018, com o apoio da extrema direita estadunidense e mundial, jogando Lula na cadeia e o tirando das eleições
-com o desmonte do Estado Social e de Direito também promovido por este mesmo Bolsonaro
-com o genocídio de mais de 630 mil mortes que poderiam ter sido evitadas, também tendo como o principal responsável o governo Bolsonaro e que ainda não terminou.
-e continuamos a perder novamente e repetidamente com a desunião, disputas egoístas de egos e vaidades da esquerda brasileira.
Estou cansado de viver neste eterno loop temporal, cujo passado histórico se recusa a nos deixar e se torna cada vez pior.
E ainda, estamos todos esperançosos que Lula vai ganhar a eleição.
Vai sim.
Se não o matarem antes. Se novamente não o prenderem antes. Se não derem novamente um golpe militar.
Estou cansado de um passado que insiste em se tornar presente.
E que presente de grego!
Estou cansado de perder!
Até quando vamos assistir de novo, presos eternamente neste loop temporal, a nossa derrota a cada século, a cada década ou a cada dia?
Até quando?
Quando reagiremos e então finalmente, iremos mandar este loop insistente e maléfico, as putas que o pariram?
Eu assisti Marighella e ainda sinto o passado dentro de mim.



No dia da Independência, Bolsonaro foi atrás de conseguir a sua própria independência para fazer do Brasil o quintal de sua casa onde pudesse brincar de miliciano, desvio de verba pública, deixar vencer insumos e vacinas contra a Covid-19 e salvar seus filhos e ele mesmo de serem presos, qualquer coisa nesse sentido, menos ser presidente e governar o país.

Tentou trilhar o caminho do seu love, o ex-presidente Trump, que aliás fracassou retumbantemente, mas como sempre, tudo que Bolsonaro faz dá errado e é pior, estende e aumenta a crise política, econômica e sanitária do país.

Outro fato sintomático e bastante esclarecedor, é que as manifestações antidemocráticas em São Paulo e Brasília, em que foram apenas 5% do público esperado ontem e ainda assim ao preço de R$ 100,00 e uma camisa por manifestante, tiveram muito mais destaque em ataque da grande mídia, do que o registro das manifestações democráticas, pelo país e pelo mundo e que tiveram uma adesão 4 vezes maior do que os atos bolsonaristas.

Parece que a grande mídia não entendeu ou não quer aceitar que o único antídoto contra Bolsonaro é Lula. Esse papo furado de terceira via não procede. Essa conversa é a conversa da direita e dos equivocados que apoiaram e votaram em Bolsonaro e depois se arrependeram, mas ainda querem manter e o papo anti PT e Lula. Só que não, o papo anti PT já perdeu força na maioria da eleitorado brasileiro segundo pesquisas bastante relevantes.

Por isso, já chegou a hora de encerrar a conversa fiada e humildemente aceitar e admitir que erraram e entender que neste momento específico Lula é a saída para o Brasil, a saída deste abismo em fomos atirados.

Será que não dá pra entender que Lula inocentado em 18 processo abertos contra ele em ritmo de Lawfare, prova a sua inocência e a do PT inquestionavelmente? Basta ver que hoje o PT é o maior partido do Brasil. Não só em filiações, mas também em preferência do eleitorado.

A pesquisa do Datafolha, uma empresa ligada a um jornal claramente antipetista, mostra uma grande distância do PT que tem 22% de preferência do eleitorado em relação aos segundo e terceiro colocados, que ficam 20 pontos atrás do PT, com apenas 2%.

Ou seja, qualquer papo tipo, não voto em Bolsonaro, mas também não voto no PT é puro equívoco e preconceito baseado em falta de informação ou também de má fé.

Mas enfim, voltando ao 7 de setembro, Bolsonaro apostou suas fichas nas manifestações de ontem e perdeu. Muito. Ao contrário do que alarmistas ditos progressistas estão propagando em suas colunas. Bolsonaro conseguiu isolar-se definitivamente.

Os militares que o apoiam são da reserva e envolvidos em denúncias de corrupção, a exemplo do gen. Heleno e o gen. Braga Netto. Os milicianos tem mais força no Rio, apesar de tentativas de infiltração nas Pms estaduais. Mas são minorias inquestionáveis. Também minorias, no setores do agronegócio e transportes interestaduais. O empresariado e a Febraban, Federação dos Bancos isolaram a presidência da FIESP que apoia Bolsonaro. O tal do Zé Trovão, que mais parece um garoa, fugitivo covarde não representa os camioneiros. A OAB clama pelo impeachment. Enfim, os apoiadores do presidente não representam 25% da Sociedade Civil organizada. E essa é a fundamental diferença de 1964.

Está isolado politicamente, partidos que não falavam em impeachment já estão debatendo a ideia, como os golpistas PSDB, PSD e PDT. O Centrão, sua base de apoio no Congresso derreteu e entrarão de cabeça na aprovação de um processo de impeachment.

Isso sem contar que nos atos fracassados de ontem, só se via brancos de meia idade e coroas. Bolsonaro perdeu o eleitorado jovem e o multiétnico que já era pouco.

O Senado interrompeu suas atividades até que esse cenário de crise política sai do impasse se defina de uma vez. Por causa disso, as pautas de governo não passarão com aprovação pelo Congresso. No setor do Judiciário, meteu os pés pelas mãos declarando que, e isso foi o mais grave do discurso de 7 de setembro, não obedeceria mais as decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça da República.

Tanto o STF como o TSE já preparam reações a altura e Bolsonaro não perde por esperar.

Enfim, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada. A segunda opção também não pode ser definida como nada. Finalmente depois de muito tempo, sofrerá as consequências de seus atos tresloucados no cargo da Presidência da República.

Sua alienação do mundo real é tanta que ele acha que o pior resultado de sua retirada do cargo é a prisão. Não vai parar por aí. Será julgado pelas cortes internacionais como genocida e por crimes contra a humanidade por ser responsável direto por mais de meio milhão de mortes. Isso oficialmente.

No Brasil será condenado por crimes de lesa pátria, corrupção e mais de 100 crimes de responsabilidade, crimes contra a Amazônia e os povos nativos do Brasil. Seus filhos, assim como ele mesmo, serão condenados e presos por corrupção, formação de quadrilha e atentados contra a Democracia e a Constituição Brasileira.

Seu legado, que na verdade não existe, mas suas memórias serão jogadas no lixo da história humana, no lixo da história brasileira. Só não será relegado ao esquecimento total, porque teremos de alertar nossos filhos e netos em sua educação, de toda essa tragédia brasileira, para que a história nunca mais se repita.

E nossa “elite” corrompida e escravista terá de aceitar que as mudanças são inevitáveis e definitivas.

Enfim, depois de anos de sofrimento, o Brasil começa a vislumbrar uma saída para o atoleiro em que foi atirado. Mesmo assim a cura não é fácil. Vem Mourão por aí. Mas tudo bem. 2022 também já está despontado ao alvorecer de um novo tempo.

Que Deus abençoe e guarde os verdadeiros brasileiros.



ANÁLISE COMPARATIVA(ISSO É POSSÍVEL?) ENTRE O "GOVERNO" BOLSONARO E A MONARQUIA BRITÂNICA

Empresa demite funcionário racista que acusou Matheus Ribeiro de roubar bicicleta

O episódio do instrutor de surfe Matheus Ribeiro, acusado de roubar uma bicicleta no Leblon, me fez aprender que, a partir de agora, vou ter sempre à mão todas as notas fiscais dos presentes que meus filhos ganharem. O fone de ouvido descolado que meu filho está pedindo para o seu aniversário de dez anos terá a nota fiscal sempre por perto, assim como o celular que minha filha quer ganhar de Natal. A cada nova história de racismo, vou aprendendo uma nova lição de sobrevivência nesta selva racista que nos rodeia.

Quando meu marido (já falecido) e eu decidimos adotar nossos filhos, a questão racial nunca foi um tema. Pelo Fórum João Mendes, onde correu o processo, as crianças viriam dos arredores da praça da Sé. É passear pelo centro de São Paulo para saber a cor de quem não consegue criar seu filho e o encaminha à adoção. Certamente não seriam loirinhos de olhos azuis.

Tem também minha história pessoal. Apesar de minha pele branca, minha bisavó foi uma escrava, libertada pelo meu bisavô, fazendeiro no Recôncavo Baiano. Ele assumia e dava seu nome não apenas aos filhos que teve com ela como com as outras mulheres negras da fazenda, que minha bisavó criava sem reclamar. Meu avô foi prefeito de Valença (BA) na década de 1940, e em todas as minhas viagens de férias para Salvador não vivenciei histórias de racismo ao meu redor.

Posso afirmar, com muita vergonha, que não acreditava que o racismo estrutural fosse tão profundo. Até começar a vivê-lo no dia a dia. Começou com aquele olhar que você sente ao entrar numa loja de brinquedos e deixa a criança meio solta, olhando as prateleiras. Fui aprendendo que a melhor defesa é o ataque. Se eles estão longe de mim, dou um jeito de falar alto: “Filha, a mamãe está aqui, no corredor das bonecas”. Eles morrem de vergonha, me pedem para falar baixo. Mas o recado está dado. Mesmo assim, tem uma loja de produtos veterinários que minha filha tem medo do segurança até hoje.

Nesta quarentena, parece que piorou. Estamos vivendo no interior de São Paulo e, há cerca de um ano, meu filho foi expulso da quadra poliesportiva do condomínio rural onde ficamos. Ele andava de bicicleta (“ops, preciso achar a nota fiscal”) sozinho, com aquela roupa de sítio, calça rasgada, camiseta velha, cabelo sem corte pela pandemia. Dois adultos chegaram e perguntaram onde morava —o que ele não respondeu porque foi ensinado a não dar informações para estranhos. Foi o que bastou para a dupla expulsá-lo da quadra.

Meu filho apareceu em casa chorando, e eu fui ver o que tinha acontecido. Cheguei perguntando por que eles o tiraram da quadra. A resposta: “Mas a gente não o tratou mal”. “Ah! Não foi essa a pergunta: eu quero saber por qual razão se sentiram no direito de tirar o meu filho da quadra”, disse. Os dois ficaram desconcertados e só frisavam que não o tinham maltratado, como se a expulsão em si não fosse um maltrato. O pior é que receberam a solidariedade de um vizinho, que, nervoso, dizia que eu estava interrompendo o jogo.

Aprendi que a regra de não deixá-los sair com calça rasgada e tênis velho (o que eles adoram) não vale apenas para São Paulo, onde isso já acontece. Mais: quando vi o vídeo do youtuber negro Felipe Ferreira, que treinava de bicicleta sozinho e foi abordado agressivamente por policiais, só pensava que preciso achar uma maneira de evitar que isso venha a acontecer com os meus filhos. Para um negro, andar sozinho de bicicleta pode ser muito arriscado.

MP denuncia policial por constranger youtuber negro em Goiás

Outro dia convidei o filho de um casal que alugava uma casa por aqui para brincar no nosso quintal. As crianças estavam no pula-pula quando o menino perguntou se meu filho morava numa favela em São Paulo. Desta vez, contei ao menos com a solidariedade dos pais, que não esperavam esse preconceito de um menino de nove anos, que acha que só porque o amiguinho é negro tem de morar numa favela. A pergunta deixou sua marca por aqui: vieram os pesadelos e os medos de brincar com crianças que não conhecem.

O resultado é que, além de me indignar com cada nova história de racismo, eu me pergunto qual código de sobrevivência devo aprender para proteger as crianças. Porque meu olhar será sempre o de uma pessoa branca, que desfruta de uma liberdade que meus filhos jamais terão.


Suzana Barelli - Jornalista especializada em vinhos, é mãe de duas crianças negras: uma menina de 14 anos e um menino de 9
Folha de São Paulo