A INCOERÊNCIA ATUAL ENTRE ALIANÇAS E COLIGAÇÕES NAS ELEIÇÕES PARAIBANAS. NESTE JOGO DAS INCOERÊNCIAS , EM DIA DE CONVENÇÃO DO PMDB, UMA INVIÁVEL ALIANÇA ENTRE PSDB E PMDB, FICARÁ IMPUNE PELO ELEITOR PARAIBANO?

Tenho certeza, que a maioria dos eleitores paraibanos sabe que interesses partidários e pessoais podem causar escolhas incoerentes nas convenções que ratificam as coligações dos partidos para as eleições. As convenções acontecem,  mas na verdade, o mais pesado do trabalho político não acontece ali. A articulação política já foi toda feita anteriormente e a convenção partidária acontece ali somente para referendar.

Os partidos organizam seus pré-candidatos de acordo com seus interesses e expertises. No entanto, essas vagas podem ser negociadas segundo as combinações políticas que interessam aos envolvidos. Sendo assim, um partido pode abrir mão de participar até mesmo de  vaga de na majoritária em troca de benesses políticas antes e após as eleições.

Além disso, para se eleger, os partidos procuram formar coligações para obter mais tempo na TV. Mais tempo na televisão é um fator importante para garantir vitória nas eleições.  As coligações aumentam também a arrecadação nas campanhas, ao questão financeira outro fator essencial para bom desempenho eleitoral, principalmente nas regiões do Nordeste.

Essas ditas “necessidades” que  forjam as alianças para as coligações, têm desfechos inusitados. Mas nada tem se mostrado tão incoerente e fora de lógica na cabeça do eleitor paraibano como essa “conversa” ou pretensa “aproximação”,  que se alardeia por determinados veículos, entre o PMDB e o PSDB da Paraíba.

Primeiro, por fatos históricos incontestáveis.

O principal é a cassação do pré-candidato do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima, quando governador da Paraíba em 2008, motivada por ações jurídicas vindas do seio da aliança política do PMDB para conduzir ao cargo o ex-governador José Maranhão.

Cássio foi cassado e José Maranhão assumiu o cargo pelo 1 e meio restante de mandato. Como consequência Cássio, numa atitude de vingança contra  Zé Maranhão, apoiou o ex-prefeito Ricardo Coutinho para governador. 

Neste cenário, a Paraíba deu a Cássio como senador a maior votação em números da história do estado e ainda conseguiu transferir votos para ajudar a eleger Ricardo Coutinho. Foi um resultado que mostrou claramente que o povo paraibano no voto não gosta de puxação de tapete, seja de quem for.

Bom, nos 3 anos e meio de mandato de Ricardo Coutinho como governador Cássio foi “aliado” da gestão, assim como teve também toda a sua base política absorvida pela administração estadual.

De repente no final do primeiro mandato,  naturalmente RC buscando sua reeleição, Cássio rompe com o governo estadual, para ser candidato ao governo do estado. Cássio rompe com um  compromisso de apoiar Ricardo em 2014 e em 2018 retornar ao governo com Ricardo senador na chapa.

O problema foi que Cássio não conseguiu justificar para a opinião pública  seu rompimento repentino e não se consolidou como oposição, mas sim ficou rotulado como dissidência, e pior, está tendo internamente no partido problemas sérios para definir sua chapa majoritária entre as articulações de alianças, leia-se aí o senador Cícero Lucena que busca sua reeleição.

Juntando-se a isso tudo, Cássio ainda teve o dissabor de presenciar  nomes de peso historicamente ligados a grupo Cunha Lima, permanecerem fiéis apoiando o governador atual Ricardo Coutinho. O que lhe rendeu mais ainda o rótulo de infiel ao seus compromissos.

A verdade absoluta no momento, é que apesar das “pesquisas” colocando o senador Cássio na frente, a realidade é bem outra. Vemos um governador bem articulado na maioria e nos principais municípios do estado e uma campanha do PSDB totalmente perdida nos rumos que irá tomar.

Haja visto esta percepção no próprio Cássio, já que o mesmo vai atrás daquele que o cassou, e que depois se vingou nas eleições de 2010. o PMDB de José Maranhão para discutir uma aliança das oposições, querendo inclusive o próprio se consolidar como oposição, coisa que não conseguiu até esta data próxima do início da campanha eleitoral.

Não há dúvidas que esta articulação como coligação, ganha sim de qualquer outra, mas não no voto e sim no quesito incoerência, não só nessa, também noutras eleições em tempo, pelo menos de 30 anos atrás.

Se não for incoerência já pelos fatos citados acima, o que é impossível, ainda tem o fato de que o candidato a governador de José Maranhão hoje é Veneziando Vital do Rego.

Ora. Se Veneziano é de Campina Grande, reduto dos Cunha Lima no estado. E se depois de 22 anos de predomínio deste grupo, Vené como é conhecido, quebrou esta hegemonia, porque é que o mesmo Vené se colocaria a disposição em segundo plano numa majoritária de Cássio?

Claro que é esta a pergunta, não se enganem, já que nada convence este pobre articulista, que Cássio em primeiro turno aceitaria ser vice ou mesmo continuar com o mandato de senador para manter esta improvável e absurda aliança.

Isso em primeiro turno. Vamos falar agora de um segundo turno em que Cássio vai a disputa com RC. Para quem sabe como funciona a política na cabeça do Campinense, sabe que um eleitor de Vené jamais votaria em Cássio.  Simplesmente não é a toa que a hegemonia de Cássio foi quebrada em Campina Grande.

Na outra hipótese de Vené ir segundo turno com RC, então tenho certeza sim, que uma parte dos cassistas votariam em Veneziano, motivado por Cássio, direcionados por atitudes revanchistas do grupo já conhecidas nas eleições de 2010.

Então seria um pouco mais perigoso para Ricardo Coutinho, na análise deste pobre blogueiro, Veneziano ir para o segundo, mesmo que nas atuais pesquisas ele esteja em terceiro lugar.

Enfim, Cássio está sendo incoerente moralmente, ideológicamente e o principal, estratégicamente, já que na sua própria base, naquela parte dos cassistas que não votariam em hipótese alguma, em qualquer candidato que viesse do grupo Maranhista, seria derramada uma imensa decepção contra o próprio senador Cássio.

Se perguntariam: Foi para isso que Cássio rompeu com Ricardo? Devemos lembrar e destacar que muitos ainda na base de Cássio são a favor da manutenção de aliança com o Governo do Estado.

Enfim, Cássio está numa sinuca de bico. Navega nas águas de suas próprias dúvidas, nos dilemas das encruzilhadas estratégicas, no custo de ter feito uma jogada política de alto risco e nos conflitos internos do seu partido, o PSDB.

Lembrando que hoje é o dia em que se realiza a convenção nacional do PMDB. A Paraíba enviou 27 delegados e todos estão coesos na postura de consolidar Vené como o principal candidato de seu Partido.

E agora, Senador? Com certeza, o eleitor paraibano que é politizado nos seus mais diversos níveis está observando esta movimentação, e com toda a certeza que este filho de mamãe tem, isso vai gerar consequências nos resultados eleitorais.