Os partidos organizam seus pré-candidatos de acordo com seus
interesses e expertises. No entanto, essas vagas podem ser negociadas segundo
as combinações políticas que interessam aos envolvidos. Sendo assim, um partido
pode abrir mão de participar até mesmo de
vaga de na majoritária em troca de benesses políticas antes e após as
eleições.
Além disso, para se eleger, os partidos procuram formar
coligações para obter mais tempo na TV. Mais tempo na televisão é um fator
importante para garantir vitória nas eleições. As coligações aumentam também a arrecadação
nas campanhas, ao questão financeira outro fator essencial para bom
desempenho eleitoral, principalmente nas regiões do Nordeste.
Essas ditas “necessidades” que forjam as alianças para as coligações, têm
desfechos inusitados. Mas nada tem se mostrado tão incoerente e fora de lógica
na cabeça do eleitor paraibano como essa “conversa” ou pretensa “aproximação”, que se alardeia por determinados veículos, entre
o PMDB e o PSDB da Paraíba.
Primeiro, por fatos históricos incontestáveis.
O principal é a cassação do pré-candidato do PSDB, o senador
Cássio Cunha Lima, quando governador da Paraíba em 2008, motivada por ações jurídicas
vindas do seio da aliança política do PMDB para conduzir ao cargo o ex-governador
José Maranhão.
Cássio foi cassado e José Maranhão assumiu o cargo pelo 1 e
meio restante de mandato. Como consequência Cássio, numa atitude de vingança contra Zé Maranhão, apoiou o ex-prefeito Ricardo
Coutinho para governador.
Neste cenário, a Paraíba deu a Cássio como senador a maior
votação em números da história do estado e ainda conseguiu transferir votos para
ajudar a eleger Ricardo Coutinho. Foi um resultado que mostrou claramente que
o povo paraibano no voto não gosta de puxação de tapete, seja de quem for.
Bom, nos 3 anos e meio de mandato de Ricardo Coutinho como
governador Cássio foi “aliado” da gestão, assim como teve também toda a sua
base política absorvida pela administração estadual.
De repente no final do primeiro mandato, naturalmente RC buscando sua reeleição, Cássio rompe com o governo estadual, para ser
candidato ao governo do estado. Cássio rompe com um compromisso de apoiar Ricardo em 2014 e em 2018
retornar ao governo com Ricardo senador na chapa.
O problema foi que Cássio não conseguiu justificar para a opinião pública seu
rompimento repentino e não se consolidou como oposição, mas sim ficou rotulado como dissidência, e pior, está tendo internamente no partido problemas sérios para definir sua chapa
majoritária entre as articulações de alianças, leia-se aí o senador Cícero
Lucena que busca sua reeleição.
Juntando-se a isso tudo, Cássio ainda teve o dissabor de presenciar nomes de peso historicamente ligados a grupo Cunha Lima, permanecerem fiéis apoiando o governador atual Ricardo Coutinho. O que lhe rendeu mais ainda o rótulo de infiel ao seus compromissos.
Juntando-se a isso tudo, Cássio ainda teve o dissabor de presenciar nomes de peso historicamente ligados a grupo Cunha Lima, permanecerem fiéis apoiando o governador atual Ricardo Coutinho. O que lhe rendeu mais ainda o rótulo de infiel ao seus compromissos.
A verdade absoluta no momento, é que apesar das “pesquisas”
colocando o senador Cássio na frente, a realidade é bem outra. Vemos um
governador bem articulado na maioria e nos principais municípios do estado e uma
campanha do PSDB totalmente perdida nos rumos que irá tomar.
Haja visto esta percepção no próprio Cássio, já que o mesmo
vai atrás daquele que o cassou, e que depois se vingou nas eleições de 2010. o
PMDB de José Maranhão para discutir uma aliança das oposições, querendo
inclusive o próprio se consolidar como oposição, coisa que não conseguiu até esta data próxima do início da campanha eleitoral.
Não há dúvidas que esta articulação como coligação, ganha sim de qualquer outra, mas não no voto e sim no quesito incoerência, não só nessa, também noutras eleições em tempo, pelo menos de
30 anos atrás.
Se não for incoerência já pelos fatos citados acima, o que é
impossível, ainda tem o fato de que o candidato a governador de José Maranhão
hoje é Veneziando Vital do Rego.
Ora. Se Veneziano é de Campina Grande, reduto dos Cunha Lima
no estado. E se depois de 22 anos de predomínio deste grupo, Vené como é
conhecido, quebrou esta hegemonia, porque é que o mesmo Vené se colocaria a
disposição em segundo plano numa majoritária de Cássio?
Claro que é esta a pergunta, não se enganem, já que nada convence este pobre
articulista, que Cássio em primeiro turno aceitaria ser vice ou mesmo continuar
com o mandato de senador para manter esta improvável e absurda aliança.
Isso em primeiro turno. Vamos falar agora de um segundo turno
em que Cássio vai a disputa com RC. Para quem sabe como funciona a política na
cabeça do Campinense, sabe que um eleitor de Vené jamais votaria em
Cássio. Simplesmente não é a toa que a
hegemonia de Cássio foi quebrada em Campina Grande.
Na outra hipótese de Vené ir segundo turno com RC, então
tenho certeza sim, que uma parte dos cassistas votariam em Veneziano, motivado
por Cássio, direcionados por atitudes revanchistas do grupo já conhecidas nas
eleições de 2010.
Então seria um pouco mais perigoso para Ricardo Coutinho, na
análise deste pobre blogueiro, Veneziano ir para o segundo, mesmo que nas
atuais pesquisas ele esteja em terceiro lugar.
Enfim, Cássio está sendo incoerente moralmente, ideológicamente
e o principal, estratégicamente, já que na sua própria base, naquela parte dos
cassistas que não votariam em hipótese alguma, em qualquer candidato que viesse
do grupo Maranhista, seria derramada uma imensa decepção contra o próprio
senador Cássio.
Se perguntariam: Foi para isso que Cássio rompeu com
Ricardo? Devemos lembrar e destacar que muitos ainda na base de Cássio são a favor da manutenção
de aliança com o Governo do Estado.
Enfim, Cássio está numa sinuca de bico. Navega nas águas de
suas próprias dúvidas, nos dilemas das encruzilhadas estratégicas, no custo de ter feito uma jogada política de alto risco e nos conflitos internos do
seu partido, o PSDB.
Lembrando que hoje é o dia em que se realiza a convenção nacional do PMDB. A Paraíba
enviou 27 delegados e todos estão coesos na postura de consolidar Vené como o
principal candidato de seu Partido.
E agora, Senador? Com certeza, o eleitor paraibano que é
politizado nos seus mais diversos níveis está observando esta movimentação, e com toda a certeza que este filho de mamãe tem, isso vai gerar consequências nos resultados eleitorais.