MÁXIMA POPULAR DITA POR TODOS QUE A MEMÓRIA DO ELEITOR AINDA É CURTA, AINDA É PROCEDENTE? DECLARAÇÕES INFELIZES EM ÉPOCA DE INTERNET PODE VIRAR UM TIRO PELA CULATRA?


Meu pai sempre me dizia, quando eu falava demais, (e falo demais até hoje) que, “boca fechada não entra mosquito”, ou então “perde-se uma oportunidade de ouro para ficar calado”.

E essa prudência do conselho paterno vinha em um época que eu estava longe de adivinhar em como o mundo iria mudar.

Como as comunicações e relações interpessoais iriam adquirir um novo formato, independente e poderoso.

Porque, sendo direto e sucinto, aconteceu o advento da Internet que mudou as comunicações globais e o comportamento da sociedade atual, e com isso pode-se dizer que destas mudanças nasceu uma nova e revolucionária forma de acesso a informação chamada Google e por isso constatamos nos tempos de hoje um marco separatório, que poderia muito bem definir-se como um mundo pré-Google e outro pós-Google. 

Sem diminuir os outros buscadores em importância, a verdade é que o Google revolucionou o sistema de busca online e todos os buscadores hoje usam um motor de busca baseado no sistema do Google. E é claro que não dá mais para definir o Google, como somente um motor de pesquisa online. Mas isso já é uma discusão para um próximo texto.

E voltando ao mundo pré-Google, quando uma liderança política dava uma declaração pública de confronto a um oponente ou mesmo contra uma gestão pública em exercício, nós jornalistas, tínhamos que mandar o setor de pesquisa de um jornal onde trabalhávamos, pesquisar edições passadas ou até mesmo muito antigas para comparar as posturas, declarações e ações de mandato destes políticos em litígio. E isso levava um tempo considerável para se realizar.

Pois bem, no mundo pós-Google, isso acabou, não o departamento de pesquisa, claro, mas o próprio departamento digitaliza atualmente as publicações e as coloca disponíveis online, assim como todos os jornais tem seus portais respectivos e disponibilizam para o leitor quase 80% do seu conteúdo diário impresso, também como registram eventos diários em tempo real.

Deste modo tudo que está online não escapa mais ao sistema de busca do Google, que a preço de hoje, é o sistema que domina as pesquisas na rede. E todas as informações tem fácil acesso, e estão disponíveis aos navegantes de todas as classes sociais.

Isso quer dizer que não há mais a tão falada memória curta. Será? Bom, se ainda houver esta memória curta, ela poderá ser sanada com um simples consulta. A quem? Ao Google, claro. Ou seja, a liderança política que contar com a memória curta do eleitor, poderá ser confrontado consigo mesmo num simples(em tese) sistema de busca.

Pois bem, voltando a falar em declarações infelizes, o senador Cássio Cunha Lima, neste feriado do 1º de maio, atacou o governador RC, definindo-o como o governador que perseguiu o funcionalismo público.

Até aí tudo bem, se não houvesse o contraditório, e principalmente, se não houvesse o Google.

O secretário e jornalista Sales Dantas aderiu ao embate, deu sua resposta ao senador, e pela sua resposta eu fui conferir na rede.

Acessei o sistema de busca e pimba! Fui lá atrás nos anos de 2006 a 2008, no portal Terra e alguns sites (blogs) regionais, achei matéria com relação aos delegados de polícia, que o governo em questão, não cumpriu deixando de conceder-lhes o que era de direito e de quebra, como bônus, foram ameaçados pelo governo, que mandou avisar: quem não voltasse ao trabalho teria seu ponto cortado e caso insistissem na paralisação, seriam sumariamente demitidos.

Em 2007, Cássio editou um pacote de ajustes, quando ali demitiu praticamente cinco mil comissionados, e reeditou uma ação de seu primeiro ano de governo, cortando de novo as gratificações dos servidores.
E ainda para lembrar, durante boa parte da gestão Cunha Lima no governo do estado, os servidores tiveram que fazer empréstimos para receber seu salário em dia.

Tenho certeza de que todo o povo paraibano se lembra e nem precisa do Google para ativar a sua memória. Então o que aconteceu aqui? O senador Cássio fez uma declaração atacando o governo, e pelo Google eu acabei recuperando informações que o colocam em situação não semelhante, mas pior do que aquela que o mesmo quis atingir.

Enfim, onde quero chegar é que, em tempos atuais, nossas lideranças políticas tem de ter o necessário cuidado com o que se  fala publicamente. Porque hoje, em pleno início do século 21, com as comunicações globais sendo dominadas pela internet e suas redes sociais, é fácil buscar comparativos e comprovar veracidades de qualquer tipo de declaração.

Pois então, para concluir, vai aqui um alerta herdado do meu legado paterno de ensinos aleatórios, aos virtuais candidatos ao governo do estado, também aos candidatos das majoritárias e proporcionais:

Em tempos digitais, boca fechada não entra mosquito. A Rede está aí para conferirmos e compararmos. Não quero dizer que todos temos de ficar em silêncio, não é isso. Mas temos de escolher melhor as nossas palavras.

O Senhor Jesus deixou um ensinamento valioso e que eu também, com certeza tenho de aprender e pratica-lo:

"O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. Mateus 15:11"