O maestro Yan Pascal Tortelier, regente principal da Orquestra Sinfônica de São Paulo, foi preso ontem pela manhã quando desembarcava no aeroporto de Guarulhos. Tinha acabado de chegar de vôo de Londres com a mulher e o filho.
Tortelier foi preso por ter reclamado da fila para apresentar o passaporte à Polícia Federal. A PF o prendeu por desacato à autoridade. A intenção da PF era deportá-lo à Inglaterra.
Chegou a ser marcado um vôo de volta às 17 horas para Londres só para ele. Foi preciso que o Ministério da Justiça e o Itamaraty intercedessem para que a decisão da PF fosse revertida. Depois de muito tempo, Tortelier, que é francês e reside em Londres, vai poder reger a Osesp nos próximos dias.
Bom, já é sabido que nós temos um problema sério com europeus que vem a este país e que se recusam a se submeterem as mesmas leis que o brasileiro. Talvez achando que aqui é um país sem lei, portanto o choque ao descobrirem o contrário, os impele a reações desrespeitosas e que se configuram acintosamente como desacato.
Esse é um lado. O outro lado, é que realmente o serviço que a PF presta na fila de passaportes é o mesmo de uma fila de bandejão a R$ 1,00. É simplesmente uma porcaria, já que tudo informatizado pode ser bem mais rápido. Pessoas chegam de viagem após 12 horas no avião, e ainda são obrigadas a ficar mais de uma hora nesta fila indecente.
Mas, independente disto, o maestro francês não está acima da lei e não é melhor que outros brasileiros na fila.
Mas isto não é tudo. Esta matéria revela uma situação no mínimo curiosa. Porque a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, tem um maestro principal, que não reside no Brasil? É uma orquestra que tem história internacional, porque já foi brilhantemente conduzida por décadas pelo genial maestro brasileiro Eliazar de Carvalho, considerado um dos melhores do mundo junto com Von Karajan.
Porque esta pérola produzida pela Secretaria de Cultura do Gov. Zé Pedágio, como diz o P.H. Amorim?
Será que não temos mais músicos competentes, como o Karabichevsky, entre outros, de nível internacional para dirigir uma das melhores orquestras do mundo, desde os tempos de Eliazar? Tem que ser um francês? Nada contra os franceses, mas as melhores escolas do mundo em regência são a Alemanha, Rússia, Inglaterra, EUA, Israel, Japão e Brasil, pela ordem.
Alguém poderia me explicar porque um maestro francês está na direção da OSESP?
Levarei este questionamento por e-mail ou telefone até a Secretária de Cultura de São Paulo. Aguardem. Darei um retorno aqui.
