Membros do Batalhão Azov fazem uma saudação sieg heil (esquerda); Militares dos EUA com comandantes Azov em novembro de 2017 (à direita)


Famoso como a referência do neonazismo, o Batalhão Azov da Guarda Nacional Ucraniana, recebeu consultores militares americanos e armas de alta performance fabricadas nos EUA.

Em novembro passado, uma equipe de inspeção militar americana visitou o Batalhão Azov na linha de frente da guerra civil ucraniana para discutir logística e aprofundar a cooperação. Imagens do encontro mostraram oficiais do exército americano debruçados sobre mapas com os neonazistas ucranianos, simplesmente ignorando os emblemas de inspiração nazista estampados em suas fardas.

Azov é uma milícia que foi incorporada à Guarda Nacional Ucraniana e foi considerada uma das unidades mais eficazes em campo contra os separatistas pró-Rússia e agora contra o Exército Russo. É amplamente conhecido como um bastião do neonazismo dentro das fileiras dos militares ucranianos que tem sido criticado por em todo o mundo e são ligados a uma rede fascista internacional.

De acordo com uma publicação alemã de esquerda, Azov mantém uma organização semi-oculta chamada “Misanthropic Division” que recruta maciçamente entre as fileiras de jovens neonazistas na França, Alemanha e Escandinávia. 

Os combatentes estrangeiros recebem a promessa de treinamento com armas pesadas, incluindo tanques, em campos ucranianos lotados de fascistas semelhantes. Eles ainda incluem veteranos militares como Mikael Skillit, um ex-atirador do exército sueco que se tornou voluntário neonazista para Azov. “Depois da Segunda Guerra Mundial, os vencedores escreveram sua história”, disse Skillit à BBC. “Eles decidiram que é ruim dizer que sou branco e que tenho orgulho disso.”

Os Voluntários estrangeiros da Azov são atraídos pelo chamado da “Reconquista”, que é a missão de colocar as nações do leste europeu sob o controle de uma ditadura supremacista branca modelada após a ditadura nazista do Reichskommissariat que governou a Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial. 

A missão é promovida efusivamente pelo principal ideólogo de Azov, Andriy Biletsky, um veterano fascista que lidera a Assembleia Nacional Social no parlamento da Ucrânia. A assembléia de Biletsky prometeu proibir as relações inter-raciais e prometeu “preparar a Ucrânia para uma maior expansão e lutar pela libertação de toda a raça branca da dominação do capital especulativo globalista”.

Enquanto mobiliza a juventude racista em toda a Europa, e contadno com a maioria absoluta do povo ucraniano, a Azov também conseguiu promover um intenso relacionamento de boa convivência com os militares americanos. 

Em uma foto postada no site de Azov em novembro passado, um oficial militar americano pode ser visto apertando a mão de um oficial de Azov cujo uniforme foi estampado com o emblema de Wolfsangel de inspiração nazista que serve como símbolo da milícia. 

A pergunta é: Os EUA/OTAN tem um plano de expansão e hegemonia mundial que inclui o modelo de ditaduras fascistas com perfil nazista? As imagens destacaram um relacionamento florescente entre militares americanos e a Azov, que tem sido amplamente conduzido em segredo, mas cujos detalhes perturbadores estão surgindo lentamente.

Embora Washington não tenha embarcado em nada na Ucrânia como o programa de treinamento e equipamento de bilhões de dólares que implementou na Síria para promover a mudança de regime por meio de uma força substituta dos chamados “rebeldes moderados”, há semelhanças claras e perturbadoras entre os dois projetos. 

Assim como as armas pesadas ostensivamente destinadas ao Exército Sírio Livre, apoiado pela CIA, foram direto para as mãos das forças insurgentes salafistas-jihadistas, incluindo o ISIS , as armas americanas na Ucrânia estão fluindo diretamente para os extremistas de Azov. E mais uma vez, em sua determinação obstinada de aumentar a pressão sobre a Rússia, Washington parece disposto a ignorar as orientações políticas inquietantes de seus representantes da linha de frente.


Ou seja, o Departamento de Estado e a (des)inteligência americana não aprenderam nada com a Al Qaeda, o Taleban, o Isis, e agora a Azov. Hegemonia a qualquer preço, violando tratados e soberanias, gerando derramamento de sangue de milhares, destruindo país e suas economias, assassinando governantes e generais, etc. etc.

Nos últimos meses, um amplo espectro de observadores da guerra civil ucraniana documentou a transferência de armas pesadas feitas nos EUA para o Batalhão Azov e bem debaixo do nariz do Departamento de Estado dos EUA. Na verdade, talvez tenha sido uma orientação do Próprio Deparamento de Estado.

Mais uma vez, os EUA estão criando cobras venenosas. Só que desta vez, procuram atingir uma potência militar e nuclear, que em vários setores da tecnologia de guerra,  está bem a frente do Pentágono.

E nesse caso, o tiro pode sair pela culatra, ou seja, um míssel nuclear por cair bem nos jardins da Casa Branca.

Eliseu Mariotti


 


Aroeira - Brasil 247

A guerra é o caos violento em um nível que a maioria dos povos não conseguem compreender. Mas ainda mais violentos são aqueles que a provocam manipulando peças menores no xadrez global sem empunhar uma arma sequer.

A Europa e os EUA se escondem atrás de envio de armas, colocando mais gasolina na fogueira, manipulando um líder extremista que consegue ser mais burro do que Bolsonaro, para atingir uma potência, uma das duas que conseguem enfrentar a Otan, aliás, uma aliança que não tem mais nenhum sentido em existir, já que não tem qualquer motivação econômica.

Tudo que o o Ocidente busca é um imperio hegemônico global, só que não contavam com a aliança entre a China e a Rússia quando entraram em campo, primeiro com o golpe na Ucrânia em 2014, depois com a ingerência nas manifestações de Hong Kong em 2019/2020. Mas a China não deixou por menos e calou os manifestantes manipulados pela guerra híbrida estadunidense e a Rússia com a invasão da Ucrânia vai terminar com o que essa mesma guerra híbrida começou em 2014.

Essa guerra não está começando, porque ao contrário do que muitos pensam, ela simplesmente está terminando. E quem a está terminando é a Rússia.

A ladainha do momento, dos analistas e redações ocidentais, inclusive do Brasil, é que a “invasão” da Ucrânia é injusta e que “Putin não vai parar por nada agora” em sua chamada busca para retomar os países do antigo bloco soviético. Balela! A Rússia não quer resgatar um bloco extremamente custoso e altamente turbulento.

É impressionante a "desmemorização" da mídia ocidental com relação aos mísseis nucleares que, em outubro de 1962, a então União Soviética de Krushev, pretendia instalar uma base militar de Cuba. Kennedy não aceitou e houve o famoso bloqueio naval por parte da Marinha estadunidense, de modo que o Bloco comunista recuou e a guerra foi evitada.

A diferença hoje, é que a Otan, usando a Ucrânia por meio de seu governante neonazista, e que foi convencido pelos americanos, a instalar uma base da Otan as portas do Urso eslavo, não recua de suas intenções.

E cutucaram tanto o urso adormecido que ele despertou com um rugido que assusta o mundo neste momento. Até o perigo nuclear ressuscitou entre as cinzas dos cogumelos no horizonte de Hiroshima e Nagasaki.

A ingerência da Otan, Europa e Estados Unidos na Ucrânia é tão absurda, que nem Israel, tradicional aliado do Ocidente, apoia as sanções impostas contra Putin. Simplesmente , porque a Ucrânia hoje está nas mãos de nazistas!

Com essa narrativa idiota e cega da mídia ocidental, poucos se preocupam em olhar para a história e as nuances do que aconteceu nos últimos anos que provocaram tal reação de Putin.

As redações ocidentais ainda tentam nos iludir sobre a Ucrânia, simplificando e distorcendo os fatos, simplesmente para que possam continuar com seu trabalho de produzir a agenda de Washington, e que lhes dá uma osso de vez em quando como recompensa.

A chamada “revolução” na Ucrânia é sempre relatada como uma vitória para o Ocidente, pois a “democracia” finalmente matou os poderes malignos da influência soviética, pois a última é sempre pintada como corrupta e nociva para a ordem global. Só que o Ocidente, a despeito do seu maléfico plano de uma ordem global sob seu controle, está apoiando uma Ucrânia nazista!

Apesar disto, há vozes suficientes na mídia alternativa, que chamam o que aconteceu na Ucrânia de 2014, como um golpe de estado apoiado pelos EUA e agora, Zelensky como o novo idiota útil do Ocidente.

Até mesmo o Los Angeles Times , poucos dias antes da invasão, pintou um retrato do novo presidente como um cretino quase inútil disfarçado de herói político que havia perdido um colosso de capital político nos últimos meses, quando as tensões com a Rússia começaram a ser sentidas.

O cruel da guerra é que a Verdade geralmente é a primeira vítima quando as armas começam a pipocar.

E quanto as promessas de apoio do Ocidente ao governo Zelensky? O idiota útil estava crente que haveria tropas da Otan para dar suporte a suas pretensões de ser uma potência neonazista no leste, mas na realidade recebeu apenas um suporte de quantias relativamente pequenas de dinheiro e equipamentos militares.

A OTAN enviará um soldado que seja à Ucrânia para combater os soldados russos? Algum estado membro da UE ou dos EUA fará o mesmo? Eu não consigo visualizar esta possibilidade.

A águia não enfrenta o urso.

E exatamente por este motivo, podemos ver a tensão no rosto de Zelensky em suas postagens nas mídias sociais e sua raiva em relação a Washington, à OTAN e à UE. É tão burro e ingênuo, quanto inescrupuloso. Na mesma medida.

E seguindo o script não escrito, a credibilidade do Ocidente caiu, e sanções são tudo que eles tem, e com certeza isso não vai parar a Rússia.

Esperemos que os próximos capítulos desta guerra sejam cirúrgicos e decisivos, porque uma coisa é certa: as guerras são cruéis, não só no leste da Europa, mas na Palestina, no Iêmen, na Somália, na Líbia, no Líbano, na Síria, no Afeganistão, no Iraque e com certeza, o povo mais fraco e indefeso, são os que não conseguem realmente processa-las.

As vítimas são incontáveis, e os vencedores, cada vez menos são reais.

Eliseu Mariotti

Uma Imprensa descomprometida com acobertamentos e contra informação no segmento da Ufologia, só pode ser considerada atuante dentro do espectro democrático como o canal I24 News com sede em Israel e com filiais em mais 3 países.
Esta entrevista deste canal de TV com a sobrinha de Sitchin, Janet Sitchin, falando sobre sua pesquisa e o novo documentário sobre disponível no site dos Arquivos de Sitchin destrinchando sua sua vida .
Por mais de 50 anos, Zecharia Sitchin, estudioso da Bíblia e historiador do oriente próximo, dedicou sua vida à Suméria e provou a ligação entre os seres humanos e os Nefilins, os Gigantes, mencionados no livro do Gênesis. A pesquisa de Sitchin os identifica como antigos alienígenas, conhecidos como Anunnaki, que vieram à Terra do planeta Nibiru.
Sicthin sempre foi acessível, conversei com ele por 7 e-mails trocados, quando ele estava em Nova Iorque, senão me engano há uns 14 anos atrás, e ele estava produzindo o que parecia ser o último livro de Crônicas da Terra que falava sobre a Era de Peixes e Jesus Cristo.
Vou encontrar estes e-mails e produzir algumas matérias aqui no grupo.
Um erudito sério, versado em várias línguas e dialetos da antiguidade, especializado em sumério e hebraico antigo, e que dedicou uma vida inteira a pesquisa e investigação das tábuas sumerianas, fugindo das convenções acadêmicas e mostrando que os considerados mitos antigos, eram na verdade registros históricos dentro dos recursos interpretativos de cada época.
Considero a coleção Crônicas da Terra, um dos mais importantes trabalhos sobre Arqueologia Ufológica e sobre a Teoria dos Antigos Astronautas.
O trabalho dele é inquestionável nas suas traduções e caráter científico, podendo sim haver erros e exageros de origem nas próprias tábuas por causa das limitações culturais e tecnológicas dos próprios escribas à época.
Se Nibiru existe ou mesmo se o nome é correto? Pode ser que sim , pode ser que não.
Mas fato é que na cosmo gênese sumeriana, há comprovação dos cataclismos cíclicos por que o planeta Terra passa desde a sua existência, terminando e iniciando eras e exterminando raças e civilizações, provocados por entidades planetárias extraterrenas, de dentro do sistema solar ou fora dele.
Até mesmo a Ciência tradicional já comprovou que o nosso planeta foi formado após a destruição de um outro. E isso considero como verdade absoluta.
Há inclusive no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, um pequeno núcleo de pesquisas voltado pra esse tema específico. Publicarei na medida do possível algumas teses do INPE que abordam esse eterno loop existencial em que nosso planeta vive.
O vídeo da entrevista abaixo no canal da TV israelense i24 News está em inglês, estou sem tempo pra botar legendas traduzidas para o português.

LINK PARA ASSISTIR O VÍDEO:
https://youtu.be/YKtgpfwcgsM SITE DOS ARQUIVOS DE SICTHIN https://thesitchinarchives.com/




O Massacre dos Inocentes é um episódio de infanticídio pelo rei da Judeia, Herodes, o Grande, que aparece no Evangelho de Mateus (Mateus 2:16-18). O autor, tradicionalmente Mateus, reporta que Herodes teria ordenado a execução de todos os meninos da vila de Belém para evitar perder o trono para o recém-nascido "Rei dos Judeus", cujo nascimento fora revelado para ele pelos Três Reis Magos.

O incidente, como outros descritos em Mateus, é descrito como a realização de uma passagem no Antigo Testamento, entendida como uma profecia de Jeremias:
Wikicommons

O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz e ícone da luta contra o apartheid, faleceu neste domingo (26/12), aos 90 anos. O religioso lutava contra um câncer de próstata desde o final dos anos 90 e, nos últimos tempos, seu estado de saúde se agravou. 

Em comunicado, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, expressou tristeza e saudou a "inteligência extraordinária" de Desmond Tutu, "uma figura essencial da história do país", que fez parte de uma geração de cidadãos que libertaram a África do Sul do apartheid". O chefe de Estado também lembrou a luta do religioso "pelos oprimidos do mundo inteiro".

"The Arch", como era carinhosamente chamado pela população, foi o primeiro arcebispo negro da igreja anglicana na África do Sul. Ele ficou célebre no país na época em que era padre e liderou a resistência durante os piores momentos do apartheid. Corajoso e incansável, ele organizou marchas pacíficas contra a segregação e denunciou o regime racista de Pretória, exigindo sanções internacionais.

Seu combate não-violento lhe valeu o prêmio Nobel da Paz, em 1984. Após a instituição da democracia na África do Sul, em 1994, e a eleição de Nelson Mandela, de quem era amigo, Tutu liderou a Comissão da Verdade de Reconciliação, com o objetivo de virar a página do ódio racial no país. 

Na instituição, ele coordenou as investigações sobre as violações dos direitos humanos cometidas entre março de 1960 e dezembro de 1993. A comissão conseguiu realizar um minucioso trabalho de recolhimento de depoimentos e dados sobre os massacres cometidos pelo regime racista. No entanto, um comitê especial encarregado de anistias permitiu a troca de informações pelo perdão a alguns autores das atrocidades, o que gerou uma enxurrada de críticas da comunidade negra contra Tutu.

O arcebispo estava enfraquecido há vários meses, após décadas de luta contra o câncer. Ele não se pronunciava mais publicamente, mas sempre saudava as mídias durante seus deslocamentos, como no evento religioso que celebrou seus 90 anos na Cidade do Cabo, em outubro, ou quando foi a um hospital recentemente se vacinar contra a covid-19. 

Crítico à corrupção e defensor da morte assistida
Fiel a seus compromissos, Desmond Tutu foi um duro crítico dos sucessivos governos do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês), movimento e partido que lutou contra o apartheid antes de chegar ao poder. Também criticou o ex-presidente Thabo Mbeki, assim como a corrupção e as falhas na luta contra a Aids.

Em todas as áreas criticou o "status quo" sobre a questão racial, direitos dos homossexuais e injustiças. Tutu também foi um grande apoiador do movimento a favor da morte assistida e nunca escondeu que, quando decidisse, encararia o momento de frente.

"Eu me preparei para minha morte e deixei claro que não desejo ser mantido vivo a qualquer custo", afirmou em um artigo publicado no jornal The Washington Post em 2016. "Espero ser tratado com compaixão e ter permissão para passar à próxima fase da jornada da vida da maneira que escolhi", completou.

Onda de comoção 
A morte de Tutu gerou uma onda de comoção no país. A Fundação Mandela classificou o falecimento do religioso como "imensurável". "Ele era maior do que a natureza (...), um ser humano extraordinário. Um pensador. Um líder. Um pastor".

Em sinal de luto, os jogadores sul-africanos de cricket utilizaram uma braçadeira preta no primeiro dia do campeonato da modalidade. "Choramos sua morte", reagiu o arcebispo angliano do Cabo, Thabo Makgoba. "Como cristãos e fiéis, devemos celebrar a vida de um homem profundamente espiritual", reiterou.

Após o presidente sul-africano, o primeiro líder a reagir sobre a morte de Tutu foi o premiê britânico Boris Johnson. No Twitter, ele se disse "profundamente entristecido". "Vamos lembrar dele por sua liderança espiritual e seu bom humor inabalável", escreveu.

Quase meio século de opressão
A história do apartheid na África do Sul foi escrita progressivamente a partir de 1948 após a chegada ao poder do Partido Nacional. Com um aparato de novas leis, um Estado racista e segregacionista foi construído, reagrupando as populações não-brancas (negros, indígenas e mestiços) em função da raça. Locais de residência, circulação de pessoas, casamentos: tudo passou a ser regido por textos escritos especialmente para priorizar a dominação de brancos.

As leis que permitiram a segregação racial durante mais de quatro décadas na África do Sul foram revogadas em 30 de junho de 1991. Essa foi a primeira etapa para o fim definitivo do apartheid, consolidado nas urnas em abril de 1994, com a vitória de Nelson Mandela.

ÓperaMundi

RFI RFI
Paris (França)

Foto: Pragmatismo Político

Olavo de Carvalho afirmou nesta segunda-feira (20) que foi usado por Jair Bolsonaro como “poster boy” para “se promover e se eleger”. Segundo o escritor, “a briga já está perdida”. A declaração foi dada durante uma live que contou com a participação de Ricardo Salles e Abraham Weintraub.


Esse texto do Makely Ka, músico ligado a produção cultural e gestão pública em MG, é muito interessante e trata da suposta polêmica criada por alguns personagens já carimbados, com a eleição de Gilberto Gil, na Academia Brasileira de Letras.

Um texto que abre caminhos para um debate histórico num patamar bem elevado. Não quero ter a pretensão de estar nesse patamar, mas creio que devo me colocar num posicionamento que tenho refletido desde a eleição da Grande Fernanda Montenegro e do Mestre e Sábio Gilberto Gil para a Academia Brasileira de Letras.
Coincidentemente, essa minha reflexão leva exatamente a uma afirmação do autor compartilhado aqui e que me motivou a escrever o porque da minha discordância a somente este ponto do texto do autor compartilhado aqui, o Makely Ka. Em determinado momento, já quase finalizando o autor afirma não levarmos tão a sério a condição de imortal da ABL, Gil como artista já se fez imortal. Nesse ponto concordo, mas quanto a não levar a sério a condição eletiva de imortal da ABL, especificamente discordo.
Explicarei o porque, mas recomendo que leiam primeiro o texto do autor, para depois irem ao meu texto. E assim terem uma ideia exata do que foi o ponto de discordância e opinarem sobre este ponto.
Agradeço de antemão a paciência para ler. Mas para quem fala, escreve e discorre sobre literatura, com certeza, ler estes textos não serão um fardo pesado de se carregar.
Vamos lá. Tenho plena convicção da importância e da condição séria de pessoas como Fernanda e Gil terem entrado para ABL, constando um perfil totalmente diferente em muitas décadas dos escritores que têm sido levados a serem os tão falados imortais.
Mas esperem, não falo em levar a sério o ingresso na ABL por causa de ilustre literatos colocados na condição de imortais e ou por essa supostamente ser uma posição ápice e exclusiva de qualquer escritor brasileiro que, por assim dizer, chegou ao topo.
Não, para mim, isso sim é uma grande bobagem.
Falo sim e defendo essa seriedade, avisando que não irei abordar os perfis absolutamente diferenciados dos dois eleitos para a Academia, mas claro que pelo fundamental fato, sendo já redundante, de que a Academia foi fundada por um negro. O grande e merecidamente imortal Machado de Assis.
E apesar disto, somente depois de mais de um século, é que Gil é o segundo negro na composição dos imortais da Academia.
O que é muito pouco numa instituição literata fundada por um negro num país de muitos escritores e poetas negros, inclusive mulheres, tendo na minha opinião, um exemplo como Carolina Maria de Jesus, catadora de papel que ficou conhecida nos anos 60, depois do lançamento de “Quarto de despejo”, um diário sobre a vida numa favela brasileira, como a mais alta representante do gênero, já que na tese dos acadêmicos seria inviável sair do meio em que originou Carolina, uma escritora.
Inclusive Carolina foi discriminada em um debate na própria ABL, nos anos 80 do séc. XX, sendo afirmado ali que se ela fosse considerada escritora, qualquer um poderia ser. Ora, e não é isso mesmo? O próprio Makely Ka afirmou isso nas entrelinhas em seu texto. Quantos escritores no mundo de origens inviáveis são cults, colocados nos pedestais dos grande escritores mundiais? Tenho vários que poderia nomear aqui. Mas o texto já está ficando longo.
Além disto, O namoro entre Gil e a academia é antigo.
Em 1996 Gilberto Gil lançou o livro “Todas as Letras”, sua primeira obra. A coletânea de composições o fez atender um dos pré-requisitos para que pudesse disputar um assento na ABL: ter ao menos um livro publicado. E Gil, foi a expressão pura do que o autor do texto abaixo afirma.
Da música saiu as palavras, os fonemas e por fim a literatura. Na minha opinião, o que não deve ser levado a sério é a polêmica em torno disso, promovida obviamente por aqueles personagens que se acham donos da cultura, da intelectualidade e do pensamento brasileiro.
Por uma estranha "coincidência", todos brancos. Por isso, sim levemos a sério a ABL, para que suas origens não sejam mais esquecidas e ela continue dominada por uma classe dominante que absolutamente não a concebeu e hoje se apropria da Instituição como se fosse de direito divino e é assim como tem sido por praticamente um século ou mais.
É somente mais uma opinião de um branco. Tenho muito orgulho de vários da minha etnia que representam muito bem a nossa cultura, e nenhum orgulho de muitos. Mas tenho muitos orgulhos de músicos, atores, literatos, artistas plásticos e poetas negros que representam não apenas a cultura negra, mas a diversidade cultural brasileira, por que é exata a minha afirmação de que mesmo nas artes de origens brancas, não houve pudores aos negros de se manifestarem nelas e mostrarem ao mundo com muita dedicação e amor a diversidade cultural de nosso querido, sofrido, espoliado e escravizado Brasil, um país que também foi feito por eles a um preço de sangue e mortes que a história não deixa ficar enterrado e esquecido. E nem deveria, jamais!
E é sabendo disso que afirmo e reafirmo, mais um negro na Academia Brasileira de Letras é coisa séria e é um resgate de uma instituição que tem que ser regida pela força mandatária da cultura popular brasileira, que é a cultura que rege nossa identidade.
Com todo respeito, Makely Ka. Link do texto de Makely Ka https://www.facebook.com/photo?fbid=10159605445177974&set=a.10150175492247974

Eu assisti Mariguella, do talentoso Wagner Moura.

E voltei a minha infância. Voltei dos 5 aos 6 anos de idade.
Minha mãe nos criou com um certa independência para se locomover nas ruas desde tenra idade. Sabíamos atravessar as ruas e ir a pré-escola sozinhos. Uma época, em tese, em que existia uma falsa sensação de segurança.
Era ditadura. Com a censura, não se sabia de maiores perigos.
Mesmo assim vi coisas e tudo que eu via desde muito novo me ficou gravado na memória. Lembro de coisas que me aconteceram aos dois anos de idade. Sei porque, quando falava das minhas memórias, minha mãe ou meu pai, me diziam a idade que eu tinha.
Eu descia a rua da minha casa no final dos anos 60 para comprar pão na padaria. Naquela época se consumia mais o pão chamado bengala ou filão que era o pai do pãozinho francês como conhecemos hoje, apesar do pão francês que nunca foi da França, já existir no Brasil, desde poucos anos antes da Primeira Guerra Mundial.
Pois então, no final da rua, havia uma banca de jornal, a banca do Toninho, em que eu parava já naquela idade para ver as manchetes. Já sabia ler desde os 4 anos de idade, incentivado por minha mãe e amava ler.
Era comum ler nas manchetes de primeira página da Notícias Populares, jornal sensacionalista e sangrento, a morte de "terroristas", lembro de ter lido o nome Marighella ali, soube da morte de Elvis Presley ali, entre outras notícias que marcaram a década de 60 e 70.
Para completar esse cenário, nos anos mais terríveis da ditadura militar, eu morava atrás de uma delegacia de polícia em que havia gritos e berros horripilantes dias e noites inteiros.
Não entendia o que acontecia dentro destas delegacias. A contradição era que anos depois, já adolescente, comprava maconha dentro do próprio distrito policial, no final dos anos 70, ainda em plena ditadura militar, numa época em que ser maconheiro e cabeludo era o pior dos crimes depois de ser comunista.
Assistindo Marighella, lembrei que meu pai foi preso pela Ditadura, porquê comprou por engano um Chevrolet 58 preto, meio mafioso, que havia sido usado por células urbanas da guerrilha de esquerda. Ele não sabia e muito menos fazia o perfil de um esquerdista ou alguém simpatizante com a guerrilha no Brasil.
Era um homem pacato, não se manifestava politicamente, e ficou 8 horas no pau de arara dentro do prédio do Deic, sendo torturado para confessar algo que ele nem entendia ou sabia que existia.
Assim aparentava ou é o que eu sei.
Sua sorte, foi que um cunhado de minha mãe, casado com minha tia, o Tio Ivan era Inspetor da Polícia Civil e matador conceituado dentro da corporação e convenceu seus inquisidores a soltarem meu pai. Conseguiu sair com vida, depois de quase morrer por nada do que sabia.
Fui da Força Aérea ainda na ditadura militar, e sempre tive uma postura de liberdade política e de expressão. Fui detido lá algumas vezes por causa disto. Mas era só. Diziam que era coisa de artista, já que eu também fui músico da Banda Sinfônica da FAB.
Mas...
Eu assisti Marighella e percebi que o passado vive em mim.
Vive nas minhas memórias, vive na realidade política brasileira, vive nas casernas, vive na pobreza e na fome, vive na violência, tortura e assassinato praticados pelo estado, vive na classe média fascista, vive no pobre de direita e finalmente no desmonte do país subserviente novamente a política externa dos EUA.
Teve momentos tão dolorosos no filme que eu pensei: Esse filme está acabando com minha verve revolucionária.
No final do filme, um diálogo que considero fundamental, depois que Marighella, o "preto", totalmente desarmado, foi assassinado (aliás, como a maioria dos pretos assassinados no Brasil) pelo sanguinário delegado Fleury, cujo nome nem é mencionado no filme, o "branco", baseado em Joaquim Câmara Ferreira, morto no pau de arara da foto, e que era o mais próximo do "preto", recebe de seu torturador a notícia da morte do líder da ALN:
-Mataram teu amigo, vocês perderam!
O "branco" somente responde:
-Não. Vocês perderam!
Entendi nessa resposta que sim, "Nós perdemos"! Tanto os cães raivosos que mataram e assassinaram na ditadura militar pelos EUA, quanto a sociedade conservadora que fechava os olhos pra ditadura, os revolucionários perderam paras as prisões, torturas e assassinatos junto a falta de estrutura da guerrilha, mas também a falta de união das esquerdas institucionalizadas no Congresso. Enfim, todos nós os brasileiros perdemos.
Do outro e desse lado do balcão.
O Brasil perdeu!
E continuamos a perder.
-Com as ruas de 2013 manipuladas pelos magnatas texanos do petróleo
-com as pautas bombas lideradas pelo mafioso Aécio Neves e seus asseclas antidemocráticos no Congresso, logo depois das eleições de 2014, contra a presidenta reeleita Dilma Roussef
-com o golpe midiático/jurídico/parlamentar contra essa mesma presidenta em 2016
-com o desmonte dos Direitos Trabalhistas realizado pelo ex-vice presidente e sucessor golpista, traidor e corrupto Michel Temer
-com a ascensão do fascismo moreno de Bolsonaro, promovido pela classe dominante e escravista em 2018, com o apoio da extrema direita estadunidense e mundial, jogando Lula na cadeia e o tirando das eleições
-com o desmonte do Estado Social e de Direito também promovido por este mesmo Bolsonaro
-com o genocídio de mais de 630 mil mortes que poderiam ter sido evitadas, também tendo como o principal responsável o governo Bolsonaro e que ainda não terminou.
-e continuamos a perder novamente e repetidamente com a desunião, disputas egoístas de egos e vaidades da esquerda brasileira.
Estou cansado de viver neste eterno loop temporal, cujo passado histórico se recusa a nos deixar e se torna cada vez pior.
E ainda, estamos todos esperançosos que Lula vai ganhar a eleição.
Vai sim.
Se não o matarem antes. Se novamente não o prenderem antes. Se não derem novamente um golpe militar.
Estou cansado de um passado que insiste em se tornar presente.
E que presente de grego!
Estou cansado de perder!
Até quando vamos assistir de novo, presos eternamente neste loop temporal, a nossa derrota a cada século, a cada década ou a cada dia?
Até quando?
Quando reagiremos e então finalmente, iremos mandar este loop insistente e maléfico, as putas que o pariram?
Eu assisti Marighella e ainda sinto o passado dentro de mim.



No dia da Independência, Bolsonaro foi atrás de conseguir a sua própria independência para fazer do Brasil o quintal de sua casa onde pudesse brincar de miliciano, desvio de verba pública, deixar vencer insumos e vacinas contra a Covid-19 e salvar seus filhos e ele mesmo de serem presos, qualquer coisa nesse sentido, menos ser presidente e governar o país.

Tentou trilhar o caminho do seu love, o ex-presidente Trump, que aliás fracassou retumbantemente, mas como sempre, tudo que Bolsonaro faz dá errado e é pior, estende e aumenta a crise política, econômica e sanitária do país.

Outro fato sintomático e bastante esclarecedor, é que as manifestações antidemocráticas em São Paulo e Brasília, em que foram apenas 5% do público esperado ontem e ainda assim ao preço de R$ 100,00 e uma camisa por manifestante, tiveram muito mais destaque em ataque da grande mídia, do que o registro das manifestações democráticas, pelo país e pelo mundo e que tiveram uma adesão 4 vezes maior do que os atos bolsonaristas.

Parece que a grande mídia não entendeu ou não quer aceitar que o único antídoto contra Bolsonaro é Lula. Esse papo furado de terceira via não procede. Essa conversa é a conversa da direita e dos equivocados que apoiaram e votaram em Bolsonaro e depois se arrependeram, mas ainda querem manter e o papo anti PT e Lula. Só que não, o papo anti PT já perdeu força na maioria da eleitorado brasileiro segundo pesquisas bastante relevantes.

Por isso, já chegou a hora de encerrar a conversa fiada e humildemente aceitar e admitir que erraram e entender que neste momento específico Lula é a saída para o Brasil, a saída deste abismo em fomos atirados.

Será que não dá pra entender que Lula inocentado em 18 processo abertos contra ele em ritmo de Lawfare, prova a sua inocência e a do PT inquestionavelmente? Basta ver que hoje o PT é o maior partido do Brasil. Não só em filiações, mas também em preferência do eleitorado.

A pesquisa do Datafolha, uma empresa ligada a um jornal claramente antipetista, mostra uma grande distância do PT que tem 22% de preferência do eleitorado em relação aos segundo e terceiro colocados, que ficam 20 pontos atrás do PT, com apenas 2%.

Ou seja, qualquer papo tipo, não voto em Bolsonaro, mas também não voto no PT é puro equívoco e preconceito baseado em falta de informação ou também de má fé.

Mas enfim, voltando ao 7 de setembro, Bolsonaro apostou suas fichas nas manifestações de ontem e perdeu. Muito. Ao contrário do que alarmistas ditos progressistas estão propagando em suas colunas. Bolsonaro conseguiu isolar-se definitivamente.

Os militares que o apoiam são da reserva e envolvidos em denúncias de corrupção, a exemplo do gen. Heleno e o gen. Braga Netto. Os milicianos tem mais força no Rio, apesar de tentativas de infiltração nas Pms estaduais. Mas são minorias inquestionáveis. Também minorias, no setores do agronegócio e transportes interestaduais. O empresariado e a Febraban, Federação dos Bancos isolaram a presidência da FIESP que apoia Bolsonaro. O tal do Zé Trovão, que mais parece um garoa, fugitivo covarde não representa os camioneiros. A OAB clama pelo impeachment. Enfim, os apoiadores do presidente não representam 25% da Sociedade Civil organizada. E essa é a fundamental diferença de 1964.

Está isolado politicamente, partidos que não falavam em impeachment já estão debatendo a ideia, como os golpistas PSDB, PSD e PDT. O Centrão, sua base de apoio no Congresso derreteu e entrarão de cabeça na aprovação de um processo de impeachment.

Isso sem contar que nos atos fracassados de ontem, só se via brancos de meia idade e coroas. Bolsonaro perdeu o eleitorado jovem e o multiétnico que já era pouco.

O Senado interrompeu suas atividades até que esse cenário de crise política sai do impasse se defina de uma vez. Por causa disso, as pautas de governo não passarão com aprovação pelo Congresso. No setor do Judiciário, meteu os pés pelas mãos declarando que, e isso foi o mais grave do discurso de 7 de setembro, não obedeceria mais as decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça da República.

Tanto o STF como o TSE já preparam reações a altura e Bolsonaro não perde por esperar.

Enfim, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada. A segunda opção também não pode ser definida como nada. Finalmente depois de muito tempo, sofrerá as consequências de seus atos tresloucados no cargo da Presidência da República.

Sua alienação do mundo real é tanta que ele acha que o pior resultado de sua retirada do cargo é a prisão. Não vai parar por aí. Será julgado pelas cortes internacionais como genocida e por crimes contra a humanidade por ser responsável direto por mais de meio milhão de mortes. Isso oficialmente.

No Brasil será condenado por crimes de lesa pátria, corrupção e mais de 100 crimes de responsabilidade, crimes contra a Amazônia e os povos nativos do Brasil. Seus filhos, assim como ele mesmo, serão condenados e presos por corrupção, formação de quadrilha e atentados contra a Democracia e a Constituição Brasileira.

Seu legado, que na verdade não existe, mas suas memórias serão jogadas no lixo da história humana, no lixo da história brasileira. Só não será relegado ao esquecimento total, porque teremos de alertar nossos filhos e netos em sua educação, de toda essa tragédia brasileira, para que a história nunca mais se repita.

E nossa “elite” corrompida e escravista terá de aceitar que as mudanças são inevitáveis e definitivas.

Enfim, depois de anos de sofrimento, o Brasil começa a vislumbrar uma saída para o atoleiro em que foi atirado. Mesmo assim a cura não é fácil. Vem Mourão por aí. Mas tudo bem. 2022 também já está despontado ao alvorecer de um novo tempo.

Que Deus abençoe e guarde os verdadeiros brasileiros.



ANÁLISE COMPARATIVA(ISSO É POSSÍVEL?) ENTRE O "GOVERNO" BOLSONARO E A MONARQUIA BRITÂNICA

Empresa demite funcionário racista que acusou Matheus Ribeiro de roubar bicicleta

O episódio do instrutor de surfe Matheus Ribeiro, acusado de roubar uma bicicleta no Leblon, me fez aprender que, a partir de agora, vou ter sempre à mão todas as notas fiscais dos presentes que meus filhos ganharem. O fone de ouvido descolado que meu filho está pedindo para o seu aniversário de dez anos terá a nota fiscal sempre por perto, assim como o celular que minha filha quer ganhar de Natal. A cada nova história de racismo, vou aprendendo uma nova lição de sobrevivência nesta selva racista que nos rodeia.

Quando meu marido (já falecido) e eu decidimos adotar nossos filhos, a questão racial nunca foi um tema. Pelo Fórum João Mendes, onde correu o processo, as crianças viriam dos arredores da praça da Sé. É passear pelo centro de São Paulo para saber a cor de quem não consegue criar seu filho e o encaminha à adoção. Certamente não seriam loirinhos de olhos azuis.

Tem também minha história pessoal. Apesar de minha pele branca, minha bisavó foi uma escrava, libertada pelo meu bisavô, fazendeiro no Recôncavo Baiano. Ele assumia e dava seu nome não apenas aos filhos que teve com ela como com as outras mulheres negras da fazenda, que minha bisavó criava sem reclamar. Meu avô foi prefeito de Valença (BA) na década de 1940, e em todas as minhas viagens de férias para Salvador não vivenciei histórias de racismo ao meu redor.

Posso afirmar, com muita vergonha, que não acreditava que o racismo estrutural fosse tão profundo. Até começar a vivê-lo no dia a dia. Começou com aquele olhar que você sente ao entrar numa loja de brinquedos e deixa a criança meio solta, olhando as prateleiras. Fui aprendendo que a melhor defesa é o ataque. Se eles estão longe de mim, dou um jeito de falar alto: “Filha, a mamãe está aqui, no corredor das bonecas”. Eles morrem de vergonha, me pedem para falar baixo. Mas o recado está dado. Mesmo assim, tem uma loja de produtos veterinários que minha filha tem medo do segurança até hoje.

Nesta quarentena, parece que piorou. Estamos vivendo no interior de São Paulo e, há cerca de um ano, meu filho foi expulso da quadra poliesportiva do condomínio rural onde ficamos. Ele andava de bicicleta (“ops, preciso achar a nota fiscal”) sozinho, com aquela roupa de sítio, calça rasgada, camiseta velha, cabelo sem corte pela pandemia. Dois adultos chegaram e perguntaram onde morava —o que ele não respondeu porque foi ensinado a não dar informações para estranhos. Foi o que bastou para a dupla expulsá-lo da quadra.

Meu filho apareceu em casa chorando, e eu fui ver o que tinha acontecido. Cheguei perguntando por que eles o tiraram da quadra. A resposta: “Mas a gente não o tratou mal”. “Ah! Não foi essa a pergunta: eu quero saber por qual razão se sentiram no direito de tirar o meu filho da quadra”, disse. Os dois ficaram desconcertados e só frisavam que não o tinham maltratado, como se a expulsão em si não fosse um maltrato. O pior é que receberam a solidariedade de um vizinho, que, nervoso, dizia que eu estava interrompendo o jogo.

Aprendi que a regra de não deixá-los sair com calça rasgada e tênis velho (o que eles adoram) não vale apenas para São Paulo, onde isso já acontece. Mais: quando vi o vídeo do youtuber negro Felipe Ferreira, que treinava de bicicleta sozinho e foi abordado agressivamente por policiais, só pensava que preciso achar uma maneira de evitar que isso venha a acontecer com os meus filhos. Para um negro, andar sozinho de bicicleta pode ser muito arriscado.

MP denuncia policial por constranger youtuber negro em Goiás

Outro dia convidei o filho de um casal que alugava uma casa por aqui para brincar no nosso quintal. As crianças estavam no pula-pula quando o menino perguntou se meu filho morava numa favela em São Paulo. Desta vez, contei ao menos com a solidariedade dos pais, que não esperavam esse preconceito de um menino de nove anos, que acha que só porque o amiguinho é negro tem de morar numa favela. A pergunta deixou sua marca por aqui: vieram os pesadelos e os medos de brincar com crianças que não conhecem.

O resultado é que, além de me indignar com cada nova história de racismo, eu me pergunto qual código de sobrevivência devo aprender para proteger as crianças. Porque meu olhar será sempre o de uma pessoa branca, que desfruta de uma liberdade que meus filhos jamais terão.


Suzana Barelli - Jornalista especializada em vinhos, é mãe de duas crianças negras: uma menina de 14 anos e um menino de 9
Folha de São Paulo

 


Em plena crise politica entre governo e Congresso no escândalo Covaxin, Bolsonaro comemorou o que considero um assassinato, a morte de Lazaro Barbosa com o jargão usado por policiais milicianos: "CPF Cancelado". 

Também os policiais que o mataram também comemoraram, sem atentar, que no caso deles não havia nada para comemorar. A morte de Lázaro expôs apenas a incompetência e o despreparo de um aparato que continha 270 policiais, além de tecnologia de inteligência e afins.

Lamentável uma força tarefa, na busca de um criminoso, não conseguir captura-lo vivo. a fim de que possamos saber suas motivações para os crimes bárbaros que cometeu.

Ou seja, a verdade de suas ações criminosas morreu com ele. Na verdade. a verdade foi assassinada ali, ao mesmo tempo que a direita quer usar o criminoso para justificar sua tenebrosa agenda justiceira, tentando cada vez mais criminalizar o sentido dos chamados Direitos Humanos existir.

Por outro lado, uma parte da esquerda dita progressista não ajuda, tentando justificar um criminoso assassino, que foi assassinado após 20 dias de uma megaoperação que contou com mais de 270 policiais.

Que a polícia é opressora, não há dúvidas sobre isso. Em todo o processo de busca, houve intolerância religiosa e racismo por parte da polícia.

Mas independente disto, Lázaro Barbosa,  inevitavelmente encontraria uma morte violenta, mais cedo ou mais tarde, porque quem anda de mãos dadas com a violência será atingido por ela e bíblico é que, quem com ferro fere, com ferro será ferido. 

O que devemos questionar é:

Porque 270 policiais muito bem armados e preparados para um cerco longo, não o fizeram para captura-lo vivo? Isso só gera muitas perguntas quanto a credibilidade da operação. E tenho certeza que, se o tivessem pego vivo, os louros seriam muito maiores.

Onde estão as imagens da operação completa do início ao fim, do dia em que ele foi morto?

Infelizmente, me parece, que a única resposta que temos é sobre como a 270 policiais foram incompetentes e despreparados para capturarem Lázaro vivo, dando uma resposta digna credível a sociedade, sobre a causa e motivação de seus crimes.

Lamentável.