Eu assisti Mariguella, do talentoso Wagner Moura.

E voltei a minha infância. Voltei dos 5 aos 6 anos de idade.
Minha mãe nos criou com um certa independência para se locomover nas ruas desde tenra idade. Sabíamos atravessar as ruas e ir a pré-escola sozinhos. Uma época, em tese, em que existia uma falsa sensação de segurança.
Era ditadura. Com a censura, não se sabia de maiores perigos.
Mesmo assim vi coisas e tudo que eu via desde muito novo me ficou gravado na memória. Lembro de coisas que me aconteceram aos dois anos de idade. Sei porque, quando falava das minhas memórias, minha mãe ou meu pai, me diziam a idade que eu tinha.
Eu descia a rua da minha casa no final dos anos 60 para comprar pão na padaria. Naquela época se consumia mais o pão chamado bengala ou filão que era o pai do pãozinho francês como conhecemos hoje, apesar do pão francês que nunca foi da França, já existir no Brasil, desde poucos anos antes da Primeira Guerra Mundial.
Pois então, no final da rua, havia uma banca de jornal, a banca do Toninho, em que eu parava já naquela idade para ver as manchetes. Já sabia ler desde os 4 anos de idade, incentivado por minha mãe e amava ler.
Era comum ler nas manchetes de primeira página da Notícias Populares, jornal sensacionalista e sangrento, a morte de "terroristas", lembro de ter lido o nome Marighella ali, soube da morte de Elvis Presley ali, entre outras notícias que marcaram a década de 60 e 70.
Para completar esse cenário, nos anos mais terríveis da ditadura militar, eu morava atrás de uma delegacia de polícia em que havia gritos e berros horripilantes dias e noites inteiros.
Não entendia o que acontecia dentro destas delegacias. A contradição era que anos depois, já adolescente, comprava maconha dentro do próprio distrito policial, no final dos anos 70, ainda em plena ditadura militar, numa época em que ser maconheiro e cabeludo era o pior dos crimes depois de ser comunista.
Assistindo Marighella, lembrei que meu pai foi preso pela Ditadura, porquê comprou por engano um Chevrolet 58 preto, meio mafioso, que havia sido usado por células urbanas da guerrilha de esquerda. Ele não sabia e muito menos fazia o perfil de um esquerdista ou alguém simpatizante com a guerrilha no Brasil.
Era um homem pacato, não se manifestava politicamente, e ficou 8 horas no pau de arara dentro do prédio do Deic, sendo torturado para confessar algo que ele nem entendia ou sabia que existia.
Assim aparentava ou é o que eu sei.
Sua sorte, foi que um cunhado de minha mãe, casado com minha tia, o Tio Ivan era Inspetor da Polícia Civil e matador conceituado dentro da corporação e convenceu seus inquisidores a soltarem meu pai. Conseguiu sair com vida, depois de quase morrer por nada do que sabia.
Fui da Força Aérea ainda na ditadura militar, e sempre tive uma postura de liberdade política e de expressão. Fui detido lá algumas vezes por causa disto. Mas era só. Diziam que era coisa de artista, já que eu também fui músico da Banda Sinfônica da FAB.
Mas...
Eu assisti Marighella e percebi que o passado vive em mim.
Vive nas minhas memórias, vive na realidade política brasileira, vive nas casernas, vive na pobreza e na fome, vive na violência, tortura e assassinato praticados pelo estado, vive na classe média fascista, vive no pobre de direita e finalmente no desmonte do país subserviente novamente a política externa dos EUA.
Teve momentos tão dolorosos no filme que eu pensei: Esse filme está acabando com minha verve revolucionária.
No final do filme, um diálogo que considero fundamental, depois que Marighella, o "preto", totalmente desarmado, foi assassinado (aliás, como a maioria dos pretos assassinados no Brasil) pelo sanguinário delegado Fleury, cujo nome nem é mencionado no filme, o "branco", baseado em Joaquim Câmara Ferreira, morto no pau de arara da foto, e que era o mais próximo do "preto", recebe de seu torturador a notícia da morte do líder da ALN:
-Mataram teu amigo, vocês perderam!
O "branco" somente responde:
-Não. Vocês perderam!
Entendi nessa resposta que sim, "Nós perdemos"! Tanto os cães raivosos que mataram e assassinaram na ditadura militar pelos EUA, quanto a sociedade conservadora que fechava os olhos pra ditadura, os revolucionários perderam paras as prisões, torturas e assassinatos junto a falta de estrutura da guerrilha, mas também a falta de união das esquerdas institucionalizadas no Congresso. Enfim, todos nós os brasileiros perdemos.
Do outro e desse lado do balcão.
O Brasil perdeu!
E continuamos a perder.
-Com as ruas de 2013 manipuladas pelos magnatas texanos do petróleo
-com as pautas bombas lideradas pelo mafioso Aécio Neves e seus asseclas antidemocráticos no Congresso, logo depois das eleições de 2014, contra a presidenta reeleita Dilma Roussef
-com o golpe midiático/jurídico/parlamentar contra essa mesma presidenta em 2016
-com o desmonte dos Direitos Trabalhistas realizado pelo ex-vice presidente e sucessor golpista, traidor e corrupto Michel Temer
-com a ascensão do fascismo moreno de Bolsonaro, promovido pela classe dominante e escravista em 2018, com o apoio da extrema direita estadunidense e mundial, jogando Lula na cadeia e o tirando das eleições
-com o desmonte do Estado Social e de Direito também promovido por este mesmo Bolsonaro
-com o genocídio de mais de 630 mil mortes que poderiam ter sido evitadas, também tendo como o principal responsável o governo Bolsonaro e que ainda não terminou.
-e continuamos a perder novamente e repetidamente com a desunião, disputas egoístas de egos e vaidades da esquerda brasileira.
Estou cansado de viver neste eterno loop temporal, cujo passado histórico se recusa a nos deixar e se torna cada vez pior.
E ainda, estamos todos esperançosos que Lula vai ganhar a eleição.
Vai sim.
Se não o matarem antes. Se novamente não o prenderem antes. Se não derem novamente um golpe militar.
Estou cansado de um passado que insiste em se tornar presente.
E que presente de grego!
Estou cansado de perder!
Até quando vamos assistir de novo, presos eternamente neste loop temporal, a nossa derrota a cada século, a cada década ou a cada dia?
Até quando?
Quando reagiremos e então finalmente, iremos mandar este loop insistente e maléfico, as putas que o pariram?
Eu assisti Marighella e ainda sinto o passado dentro de mim.



No dia da Independência, Bolsonaro foi atrás de conseguir a sua própria independência para fazer do Brasil o quintal de sua casa onde pudesse brincar de miliciano, desvio de verba pública, deixar vencer insumos e vacinas contra a Covid-19 e salvar seus filhos e ele mesmo de serem presos, qualquer coisa nesse sentido, menos ser presidente e governar o país.

Tentou trilhar o caminho do seu love, o ex-presidente Trump, que aliás fracassou retumbantemente, mas como sempre, tudo que Bolsonaro faz dá errado e é pior, estende e aumenta a crise política, econômica e sanitária do país.

Outro fato sintomático e bastante esclarecedor, é que as manifestações antidemocráticas em São Paulo e Brasília, em que foram apenas 5% do público esperado ontem e ainda assim ao preço de R$ 100,00 e uma camisa por manifestante, tiveram muito mais destaque em ataque da grande mídia, do que o registro das manifestações democráticas, pelo país e pelo mundo e que tiveram uma adesão 4 vezes maior do que os atos bolsonaristas.

Parece que a grande mídia não entendeu ou não quer aceitar que o único antídoto contra Bolsonaro é Lula. Esse papo furado de terceira via não procede. Essa conversa é a conversa da direita e dos equivocados que apoiaram e votaram em Bolsonaro e depois se arrependeram, mas ainda querem manter e o papo anti PT e Lula. Só que não, o papo anti PT já perdeu força na maioria da eleitorado brasileiro segundo pesquisas bastante relevantes.

Por isso, já chegou a hora de encerrar a conversa fiada e humildemente aceitar e admitir que erraram e entender que neste momento específico Lula é a saída para o Brasil, a saída deste abismo em fomos atirados.

Será que não dá pra entender que Lula inocentado em 18 processo abertos contra ele em ritmo de Lawfare, prova a sua inocência e a do PT inquestionavelmente? Basta ver que hoje o PT é o maior partido do Brasil. Não só em filiações, mas também em preferência do eleitorado.

A pesquisa do Datafolha, uma empresa ligada a um jornal claramente antipetista, mostra uma grande distância do PT que tem 22% de preferência do eleitorado em relação aos segundo e terceiro colocados, que ficam 20 pontos atrás do PT, com apenas 2%.

Ou seja, qualquer papo tipo, não voto em Bolsonaro, mas também não voto no PT é puro equívoco e preconceito baseado em falta de informação ou também de má fé.

Mas enfim, voltando ao 7 de setembro, Bolsonaro apostou suas fichas nas manifestações de ontem e perdeu. Muito. Ao contrário do que alarmistas ditos progressistas estão propagando em suas colunas. Bolsonaro conseguiu isolar-se definitivamente.

Os militares que o apoiam são da reserva e envolvidos em denúncias de corrupção, a exemplo do gen. Heleno e o gen. Braga Netto. Os milicianos tem mais força no Rio, apesar de tentativas de infiltração nas Pms estaduais. Mas são minorias inquestionáveis. Também minorias, no setores do agronegócio e transportes interestaduais. O empresariado e a Febraban, Federação dos Bancos isolaram a presidência da FIESP que apoia Bolsonaro. O tal do Zé Trovão, que mais parece um garoa, fugitivo covarde não representa os camioneiros. A OAB clama pelo impeachment. Enfim, os apoiadores do presidente não representam 25% da Sociedade Civil organizada. E essa é a fundamental diferença de 1964.

Está isolado politicamente, partidos que não falavam em impeachment já estão debatendo a ideia, como os golpistas PSDB, PSD e PDT. O Centrão, sua base de apoio no Congresso derreteu e entrarão de cabeça na aprovação de um processo de impeachment.

Isso sem contar que nos atos fracassados de ontem, só se via brancos de meia idade e coroas. Bolsonaro perdeu o eleitorado jovem e o multiétnico que já era pouco.

O Senado interrompeu suas atividades até que esse cenário de crise política sai do impasse se defina de uma vez. Por causa disso, as pautas de governo não passarão com aprovação pelo Congresso. No setor do Judiciário, meteu os pés pelas mãos declarando que, e isso foi o mais grave do discurso de 7 de setembro, não obedeceria mais as decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça da República.

Tanto o STF como o TSE já preparam reações a altura e Bolsonaro não perde por esperar.

Enfim, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada. A segunda opção também não pode ser definida como nada. Finalmente depois de muito tempo, sofrerá as consequências de seus atos tresloucados no cargo da Presidência da República.

Sua alienação do mundo real é tanta que ele acha que o pior resultado de sua retirada do cargo é a prisão. Não vai parar por aí. Será julgado pelas cortes internacionais como genocida e por crimes contra a humanidade por ser responsável direto por mais de meio milhão de mortes. Isso oficialmente.

No Brasil será condenado por crimes de lesa pátria, corrupção e mais de 100 crimes de responsabilidade, crimes contra a Amazônia e os povos nativos do Brasil. Seus filhos, assim como ele mesmo, serão condenados e presos por corrupção, formação de quadrilha e atentados contra a Democracia e a Constituição Brasileira.

Seu legado, que na verdade não existe, mas suas memórias serão jogadas no lixo da história humana, no lixo da história brasileira. Só não será relegado ao esquecimento total, porque teremos de alertar nossos filhos e netos em sua educação, de toda essa tragédia brasileira, para que a história nunca mais se repita.

E nossa “elite” corrompida e escravista terá de aceitar que as mudanças são inevitáveis e definitivas.

Enfim, depois de anos de sofrimento, o Brasil começa a vislumbrar uma saída para o atoleiro em que foi atirado. Mesmo assim a cura não é fácil. Vem Mourão por aí. Mas tudo bem. 2022 também já está despontado ao alvorecer de um novo tempo.

Que Deus abençoe e guarde os verdadeiros brasileiros.



ANÁLISE COMPARATIVA(ISSO É POSSÍVEL?) ENTRE O "GOVERNO" BOLSONARO E A MONARQUIA BRITÂNICA

Empresa demite funcionário racista que acusou Matheus Ribeiro de roubar bicicleta

O episódio do instrutor de surfe Matheus Ribeiro, acusado de roubar uma bicicleta no Leblon, me fez aprender que, a partir de agora, vou ter sempre à mão todas as notas fiscais dos presentes que meus filhos ganharem. O fone de ouvido descolado que meu filho está pedindo para o seu aniversário de dez anos terá a nota fiscal sempre por perto, assim como o celular que minha filha quer ganhar de Natal. A cada nova história de racismo, vou aprendendo uma nova lição de sobrevivência nesta selva racista que nos rodeia.

Quando meu marido (já falecido) e eu decidimos adotar nossos filhos, a questão racial nunca foi um tema. Pelo Fórum João Mendes, onde correu o processo, as crianças viriam dos arredores da praça da Sé. É passear pelo centro de São Paulo para saber a cor de quem não consegue criar seu filho e o encaminha à adoção. Certamente não seriam loirinhos de olhos azuis.

Tem também minha história pessoal. Apesar de minha pele branca, minha bisavó foi uma escrava, libertada pelo meu bisavô, fazendeiro no Recôncavo Baiano. Ele assumia e dava seu nome não apenas aos filhos que teve com ela como com as outras mulheres negras da fazenda, que minha bisavó criava sem reclamar. Meu avô foi prefeito de Valença (BA) na década de 1940, e em todas as minhas viagens de férias para Salvador não vivenciei histórias de racismo ao meu redor.

Posso afirmar, com muita vergonha, que não acreditava que o racismo estrutural fosse tão profundo. Até começar a vivê-lo no dia a dia. Começou com aquele olhar que você sente ao entrar numa loja de brinquedos e deixa a criança meio solta, olhando as prateleiras. Fui aprendendo que a melhor defesa é o ataque. Se eles estão longe de mim, dou um jeito de falar alto: “Filha, a mamãe está aqui, no corredor das bonecas”. Eles morrem de vergonha, me pedem para falar baixo. Mas o recado está dado. Mesmo assim, tem uma loja de produtos veterinários que minha filha tem medo do segurança até hoje.

Nesta quarentena, parece que piorou. Estamos vivendo no interior de São Paulo e, há cerca de um ano, meu filho foi expulso da quadra poliesportiva do condomínio rural onde ficamos. Ele andava de bicicleta (“ops, preciso achar a nota fiscal”) sozinho, com aquela roupa de sítio, calça rasgada, camiseta velha, cabelo sem corte pela pandemia. Dois adultos chegaram e perguntaram onde morava —o que ele não respondeu porque foi ensinado a não dar informações para estranhos. Foi o que bastou para a dupla expulsá-lo da quadra.

Meu filho apareceu em casa chorando, e eu fui ver o que tinha acontecido. Cheguei perguntando por que eles o tiraram da quadra. A resposta: “Mas a gente não o tratou mal”. “Ah! Não foi essa a pergunta: eu quero saber por qual razão se sentiram no direito de tirar o meu filho da quadra”, disse. Os dois ficaram desconcertados e só frisavam que não o tinham maltratado, como se a expulsão em si não fosse um maltrato. O pior é que receberam a solidariedade de um vizinho, que, nervoso, dizia que eu estava interrompendo o jogo.

Aprendi que a regra de não deixá-los sair com calça rasgada e tênis velho (o que eles adoram) não vale apenas para São Paulo, onde isso já acontece. Mais: quando vi o vídeo do youtuber negro Felipe Ferreira, que treinava de bicicleta sozinho e foi abordado agressivamente por policiais, só pensava que preciso achar uma maneira de evitar que isso venha a acontecer com os meus filhos. Para um negro, andar sozinho de bicicleta pode ser muito arriscado.

MP denuncia policial por constranger youtuber negro em Goiás

Outro dia convidei o filho de um casal que alugava uma casa por aqui para brincar no nosso quintal. As crianças estavam no pula-pula quando o menino perguntou se meu filho morava numa favela em São Paulo. Desta vez, contei ao menos com a solidariedade dos pais, que não esperavam esse preconceito de um menino de nove anos, que acha que só porque o amiguinho é negro tem de morar numa favela. A pergunta deixou sua marca por aqui: vieram os pesadelos e os medos de brincar com crianças que não conhecem.

O resultado é que, além de me indignar com cada nova história de racismo, eu me pergunto qual código de sobrevivência devo aprender para proteger as crianças. Porque meu olhar será sempre o de uma pessoa branca, que desfruta de uma liberdade que meus filhos jamais terão.


Suzana Barelli - Jornalista especializada em vinhos, é mãe de duas crianças negras: uma menina de 14 anos e um menino de 9
Folha de São Paulo

 


Em plena crise politica entre governo e Congresso no escândalo Covaxin, Bolsonaro comemorou o que considero um assassinato, a morte de Lazaro Barbosa com o jargão usado por policiais milicianos: "CPF Cancelado". 

Também os policiais que o mataram também comemoraram, sem atentar, que no caso deles não havia nada para comemorar. A morte de Lázaro expôs apenas a incompetência e o despreparo de um aparato que continha 270 policiais, além de tecnologia de inteligência e afins.

Lamentável uma força tarefa, na busca de um criminoso, não conseguir captura-lo vivo. a fim de que possamos saber suas motivações para os crimes bárbaros que cometeu.

Ou seja, a verdade de suas ações criminosas morreu com ele. Na verdade. a verdade foi assassinada ali, ao mesmo tempo que a direita quer usar o criminoso para justificar sua tenebrosa agenda justiceira, tentando cada vez mais criminalizar o sentido dos chamados Direitos Humanos existir.

Por outro lado, uma parte da esquerda dita progressista não ajuda, tentando justificar um criminoso assassino, que foi assassinado após 20 dias de uma megaoperação que contou com mais de 270 policiais.

Que a polícia é opressora, não há dúvidas sobre isso. Em todo o processo de busca, houve intolerância religiosa e racismo por parte da polícia.

Mas independente disto, Lázaro Barbosa,  inevitavelmente encontraria uma morte violenta, mais cedo ou mais tarde, porque quem anda de mãos dadas com a violência será atingido por ela e bíblico é que, quem com ferro fere, com ferro será ferido. 

O que devemos questionar é:

Porque 270 policiais muito bem armados e preparados para um cerco longo, não o fizeram para captura-lo vivo? Isso só gera muitas perguntas quanto a credibilidade da operação. E tenho certeza que, se o tivessem pego vivo, os louros seriam muito maiores.

Onde estão as imagens da operação completa do início ao fim, do dia em que ele foi morto?

Infelizmente, me parece, que a única resposta que temos é sobre como a 270 policiais foram incompetentes e despreparados para capturarem Lázaro vivo, dando uma resposta digna credível a sociedade, sobre a causa e motivação de seus crimes.

Lamentável.

Wikipedia

Não vejo futebol há cerca de três semanas, o que é muito para mim, pois o acompanho religiosamente desde criança. Talvez não seja tão difícil enquanto palmeirense já que o time do Abel não anda enchendo os olhos. Mas nesse ínterim perdi jogos interessantíssimos. Ainda assim, a cada notícia em que esbarro, continuo sem sentir falta.

Na primeira, vi que morreram, por Covid-19, dois funcionários do Palmeiras: um podólogo e um segurança.

CBF, FPF, Governo do Estado e o escambau garantiram que os “protocolos” (palavra maldita) eram perfeitos. Só se for para os jogadores milionários.

Esses dois profissionais só estavam trabalhando in loco por escolha de todas essas entidades. Qual a desculpa agora?

Que eles se infectaram num cassino clandestino, local predileto dos mimados milionários que, sim, expõem seguranças, motoristas, roupeiros e etc que os servem?

Ah, e mesmo com essas mortes, houve jogo na quarta seguinte. Afinal, the show – nem tanto – must go on. E se o Palmeiras vai jogar, eu vou… dormir.

O outro acontecimento que me abalou não foi uma morte nem uma declaração abertamente polêmica. Foram dois trechos de uma entrevista do Messi.

No primeiro, ele falava do sonho de ganhar um título pela seleção profissional.

Faltou o complemento: um título sobre milhares de cadáveres sul-americanos. Não levem a mal: eu tenho duas camisas do argentino.

Uma de quando ele estreou pela seleção principal ainda com a 18, nem a 15 do título olímpico nem a 10 que hoje dispensa comentários. Além de outra pelo Barcelona, embora eu simpatize mais com os colchoneros.

Ainda possuo um mini-craque, artesanal, feito em Buenos Aires. Logo não dá para me acusar de qualquer má vontade. Mas choca. P

orque, num cenário desses, com famílias destroçadas por todo o continente, o mais importante é o sonho de um bilionário em ganhar um título “pela seleção principal”.

Para mim, a medalha olímpica de 2008 é muito mais digna.

A outra declaração que me entristeceu foi sua confissão de ter medo de se contaminar.

Não de contaminar roupeiros, camareiras, recepcionistas, motoristas de ônibus. Nem de, mesmo que indiretamente, contribuir para uma tragédia ainda maior ao país-sede e/ou todo o continente.

O medo era de se contaminar. Porque quem tem mais de 9 zeros na conta não enxerga nada além de si e dos seus. Sem julgamento moral. Funciona com praticamente todo mundo que alcança (ou muitas vezes herda) esse patamar.

Continuo admirando o futebol do Messi, já em curva descendente e ainda assim espetacular. Mas só isso.

E quanto mais demorar para os torcedores perceberem que todos esses jogadores não dão a mínima para nossas vidas, a despeito de faixas manufaturadas e gestos vazios, mais difícil será a refundação do futebol.

Um futebol que, há algumas semanas, não respeitou o povo nem mesmo os jogadores — sem iniciativa própria — ao insistir em jogar por duas vezes numa cidade deflagrada por justos protestos, como aconteceu em Barranquilla, na Colômbia.

Esse futebol, que acha que pode prescindir do povo, precisa morrer. Para que outro, melhor e mais humano, possa nascer.

O velho morre e o novo não pode nascer

Por C. Zetkin

Site VIOMUNDO




Carlos Alberto Augusto, Carlinhos Metralha e Carteira Preta são variações sobre o mesmo verdugo que,nas décadas de 1960 e 1970, atuou nos subterrâneos de um dos centros de tortura mais temidos da ditadura militar: o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo.

Torturador feroz e homem de confiança do sinistro delegado Sérgio Paranhos Fleury no período mais sombrio do Dops, Metralha não poderia supor que cinco décadas depois seria condenado por, pelo menos, um de seus crimes.

Em decisão inédita, o juiz da 9ª Vara Criminal Federal de São Paulo Silvio César Arouck Gemaque condenou-o a 2 anos e 11 meses prisão, embora a pena possa ser cumprida em regime inicial semiaberto.

É a primeira vez na história do Brasil que um agente da repressão militar vai para a prisão.

A sentença proferida contra Metralha é pela morte do ex-fuzileiro naval Edgar de Aquino Duarte, desaparecido desde 1971.

O jornalista Ivan Seixas esteve preso no Dops no mesmo período em que Aquino Duarte foi serviciado por Metralha. "O Edgar me disse que tinha sido torturado por ele", relata.

Seixas descreve o ambiente em que os dois se conheceram. "O Edgar estava numa cela ao lado da minha. E eu via ele sendo levado pelo Carlinhos Metralha para a tortura."

A ação que resultou na condenação do torturador foi movida pelo procurador da República Andrey Borges de Mendonça, nove anos antes, em 2012. Mas essa é apenas uma entre as várias denúncias contra Metralha.

O próprio Mínistério Público Federal acusa-o também pela morte do militante do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) Devanir José de Carvalho, que ocorreu em abril de 1971.

De acordo com a ação movida pelo órgão, Carvalho teria morrido após sofrer intensas torturas durante três dias.

O corpo dele foi enterrado em uma vala comum no cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste da capital paulista. A família do ativista nunca conseguiu encontrar seus restos mortais.

Metralha também é acusado pela morte de seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), delatados pelo agente infiltrado Cabo Anselmo, amigo do torturador.

O massacre da Chácara São Bento, em Pernambuco, como ficou conhecido o episódio, não poupou nem mesmo uma militante que estava grávida.

Soledad Barret era namorada de cabo Anselmo e foi executada grávida de quatro meses junto com os cinco companheiros de organização.

Os seis tiveram os corpos crivados de balas. Ela recebeu quatro tiros na cabeça e dois no pescoço e foi encontrada ao lado do feto, provavelmente abortado durante a sessão de tortura que precedeu a execução.

Ao contrário dos demais torturadores daquele período que tentam dissimular o passado, Metralha faz de tudo para chamar a atenção.

Extravagante, perambula com um capacete de ferro por manifestações de cunho fascista em apoio a Bolsonaro, esbravejando contra o comunismo.

Frequentador do acampamento montado, em 2015, pela extrema-direita em frente ao Quartel General do Comando Militar do Sudeste, no Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo, ajudava no coro por intervenção militar.

Mas suas provocações vêm de há muito tempo.

Em 2014, invadiu uma audiência da Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo que lançava o livro do jornalista Marcelo Godoy sobre o DOI-Codi, outro centro de tortura da ditadura militar.

Na ocasião, vociferou mais uma vez contra os comunistas. Foi repelido pelo então presidente da Comissão da Verdade, o ex-deputado petista Adriano Diogo. "O senhor não vai intimidar as pessoas que estão na sessão", advertiu o parlamentar.

Diogo também o questionou sobre a tortura e morte de Aquino Duarte. "Aproveita esta oportunidade (para contar). Eu vi, eu estava preso lá."

"Guerra é guerra. Um ganha, outro perde. Trabalhei no Dops com muito orgulho. Não houve arbitrariedade nenhuma, nenhuma", afirmou Metralha para justificar os crimes cometidos.

"Na boca do senhor, o significado de guerra é apenas uma desculpa para assassinato e tortura", rebateu o jornalista Godoy.

Cinco anos antes, em 2009, Metralha já havia organizado uma missa para lembrar os 30 anos da morte do delegado Fleury.

"Familiares, amigos, ex-policiais do Dops e informantes contam com sua presença à missa", dizia o texto divulgado por ele na internet.

Um panfleto também foi distribuído antes do início da missa, que ocorreu no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no bairro do Sumaré, Zona Oeste de São Paulo, saudando o torturador que chefiava o Dops.

"Sua morte deixou em nós uma lacuna impreenchível. Só o tempo poderá atenuar a sua perda irreparável para a sociedade brasileira. Dr. Fleury ficará na memória de todos, a sua inesquecível figura que tanto bem semeou. À sua passagem, sempre cumprindo ordens superiores e defendendo a sociedade".

Os carros luxuosos que traziam o público para a missa ostentavam adesivos defendendo o porte de armas e apoio ao general Heleno, à época comandante militar da Amazônia e hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro.

Fleury não chegou a ser arrolado no processo porque já havia morrido quando o MPF impetrou a ação.

Na sentença que condenou Metralha à prisão também eram réus o ex-comandante do DOI-Codi de São Paulo, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o ex-delegado Alcides Singillo. Ambos respondiam pelo sequestro do militante. Mas não chegaram a ser condenados porque faleceram em 2015 e 2019, respectivamente.

Em 2012, Ustra foi o primeiro militar a ser declarado torturador pela Justiça, em uma ação movida pela família Teles. Mas a sentença ficou fora do escopo criminal.

Em relação à sentença desta semana, o Ministério Público Federal antecipa que vai recorrer da decisão.

O procurador irá pedir o aumento do período de prisão, além de solicitar o cancelamento da aposentadoria do torturador.

Metralha ainda pode contestar a decisão judicial na segunda instância.

Lúcia Rodrigues - jornalista e formada em Ciências Sociais pela USP
Conexão Jornalismo
Lula na Paraíba

Instituto de pesquisa que substitui o tradicional Ibope, o Ipec divulgou pesquisa nesta sexta-feira (25) em que o ex-presidente Lula desponta como favorito para vencer ainda no primeiro turno. De acordo com os números, Lula superaria em 11 pontos percentuais o atual presidente e a soma de outros candidatos não chegariam aos 49% auferidos pelo candidato do PT.

De acordo com os números, Lula seria seguido por Bolsonaro, com 23%, Ciro Gomes, com sete por cento e João Dória, com 5%. O ex-ministro Mandetta teria 3%.

A pesquisa aponta ainda que a força de Lula está principalmente no Nordeste do país onde chega a obter 63% da preferência contra 15% do atual presidente. Também engrossam a fileira dos que querem o retorno de Lula os jovens, eleitores com nível fundamental de escolaridade, pretos ou pardos e os que têm religiões diversas do evangelismo. Entretanto, mesmo entre os evangélicos Lula leva vantagem: 41% contra 32% de Bolsonaro.

Bolsonaro, que vive às voltas com denúncias de corrupção, tem melhor desempenho na região Sul, entre homens brancos e evangélicos - embora em um índice menor do que o oponente.

E se a vida já não anda fácil para Bolsonaro, identificado como um dos responsáveis pelo monumental número de mortes na pandemia, com mais de 507 mil casos, há outros fatores a revelar a frustração do eleitor. Os que consideram seu governo Ruim Ou péssimo já são 49% contra apenas 24% que consideram o governo bom ou ótimo.

A margem de erro da pesquisa é de 2% para mais ou para menos.

Conexão Jornalismo



Um dos grandes nomes do Rock brasileiro com sotaque carioca, o roqueiro e guitarrista Di Castro, que por décadas foi confundido com o próprio "Sangue da Cidade" (Dá mais um!), banda que marcou época nos anos 80 e 90, lançou a música "Genocida". A expressão, colada à imagem do presidente Bolsonaro, fala sobre as mortes durante a pandemia e a crise de saúde que já matou mais de meio milhão de brasileiros. Num verso da música fica claro o endereçamento da composição é o Palácio do Planalto: "(...) ignorância ou então má fé, negacionista é o que ele é! o que ele fala nunca foi verdade, é um crime contra humanidade!(...)

Eis a letra completa:



GENOCIDA

Não se importa com quem vai viver,
nem se importa com quem vai morrer.
Doutor morte é a raiz do mal,
está dando a solução final.

ignorância ou então má fé,
negacionista é o que ele é!
o que ele fala nunca foi verdade,
é um crime contra humanidade!

Pisa nas poças de sangue,
que escorre nas calçadas
e uma das poças de sangue
escorre da sua casa!

GENOCIDA! GENOCIDA! GENOCIDA!
GENOCIDA! GENOCIDA! GENOCIDA!
GENOCIDA! GENOCIDA! GENOCIDA!




Por Fábio Lau
Conexão Jornalismo


Arquivo do Tijolaço

A decisão da Procuradora da República Luciana Loureiro de transferir para área criminal “a investigação sobre a compra da vacina indiana Covaxin ao identificar indícios de crime no contrato entre o Ministério da Saúde do governo do presidente Jair Bolsonaro e a Precisa Medicamentos” atinge em cheio a “tropa” militar levada para o Ministério da Saúde por Eduardo Pazuello.

Porque o general que operou o Ministério para Bolsonaro teve um especial cuidado em colocar sobre controle de militares todas as áreas que lidavam com compras e repasses de dinheiro e, portanto, para as operações de aquisição de vacinas.

Ou seja, tinha controle absoluto, hierárquico e disciplinado, sobre todos os envolvidos na contratação de imunizantes, inclusive sobre o Tenente-Coronel Alex Lial Marinho, coordenador-geral de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde, acusado por um servidor como o responsável por pressões para encontrar “a exceção da exceção” para comprar, sem as exigências que se impôs a outras vacinas, para comprar, mais caro, as doses da vacinas indianas da Covaxin.

Embora aparentemente desorganizado, até porque todos testemunharam a incapacidade de ter uma postura ativa no combate à pandemia, quando se tratava de cuidar do grosso dinheiro do ministério, o comando era da estrutura paramilitar montada por Pazuello, sob a gestão direta do seu secretário-executivo, o Coronel Élcio Franco.

O caldo não vai engrossar apenas por aí.

É que a Covaxin é o elo de união com os empresários Carlos Wizard e Luciano Hang, os que “negociavam” a compra de vacinas pela iniciativa privada que, ninguém duvidava, ia se desdobrar em isenções ou compensações fiscais.

Fonte: Tijolaço

Filho não reconhecido do Rei das Chanchadas, o ator David Cardoso Júnior conseguiu há dois dias holofotes que jamais conseguira no palco ou nas telas: pendurou uma cueca no pescoço, para debochar do uso de máscara, e bradou em defesa de Bolsonaro e do direito de não se proteger. Mas o vírus, que não tem nada com isso, fez a sua parte diante de um negacionista: infectou-o.

David Cardoso Júnior, que está internado com o novo coronavórus no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, já fez muita coisa para aparecer. Disse, tempos atrás, que deixou de ser convocado para atuar em novelas da Globo por não ceder a diretores que queriam desfrutar sexualmente dele.

"O vôlei dele já era famoso porque só tinha enterrada. Sabia a fama e claro que não fui", afirmou a respeito de um dos diretores, que o convidou para jogar vôlei em sua mansão.

Isso foi em abril de 2020. Em dezembro, o dito primogênito de David Cardoso colocou uma cueca na cara em vez de máscara e disse que era em protesto contra restrições adotadas pelo governo Doria.

"Vou usar uma cueca na cara para provar que não é pela máscara. Quando eles falam que tem que diminuir [o movimento das pessoas], eles querem quebrar as empresas", explicou o bolsonarista convicto.

Para ele, o pano das máscaras utilizadas era o equivalente ao das cuecas que ele vestiu no rosto - para sair na mídia e ganhar seguidores nas redes sociais.

Segundo a coluna de Ancelmo Góis, em O Globo, o ator, de 52 anos de idade, foi internado com covid-19 no hospital Sancta Maggiore em São Paulo e seu estado de saúde é "delicado".

De acordo com o painel do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Brasil teve 44.178 casos de covid nas últimas 24 horas e 1.025 mortes - totalizando 501.825 mil.

Mantidos os números atuais, o Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos em número de óbitos no dia 17 de setembro.

Conexão Jornalismo
Tribunal de Haia: corte investiga casos de genocídio contra a humanidade

O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) protocolou, nesta terça-feira (22), requerimento de urgência para o projeto de lei (PL 1.816/21), de sua autoria, que pretende tirar a prerrogativa exclusiva do presidente da Câmara de abrir processo de impeachment e dar a possibilidade de o plenário da Câmara dos Deputados deliberar sobre o recebimento de denúncia contra o presidente da República. O projeto altera a lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, que define os crimes de responsabilidade e regula o processo de impeachment. Está também em curso estudo que tenta viabilizar a denúncia de Bolsonaro ao Tribunal de Haia.

Pela proposta, um terço dos parlamentares poderá, mediante requerimento, submeter diretamente ao plenário da Câmara uma das denúncias apresentadas e que estiverem aguardando análise do presidente da Casa. Por maioria absoluta dos votos, ou seja 257 parlamentares, o requerimento pode ser aprovado e, assim, o presidente da Câmara fica obrigado a instalar a respectiva comissão especial para analisar o pedido de impeachment. Este instrumento só poderá ser utilizado uma única vez no ano.

Na avaliação do deputado Fontana, a decisão de pautar o impeachment não pode ficar nas mãos de um só parlamentar. "Não é razoável que as reivindicações e anseios da maioria da população brasileira, concretizadas, no momento atual, em mais de cem denúncias contra o presidente Bolsonaro, fiquem à mercê apenas da vontade do presidente da Câmara", justifica.

Crime contra a humanidade

Fontana publicou também na sua página do Facebook que a CPI da Pandemia, com o auxílio da OAB, pode denunciar Jair Bolsonaro por genocídio à Corte Internacional de Haia, na Holanda.

A OAB deverá ajudar a comissão a tipificar os crimes em um relatório final de investigação. Senadores relataram que a imunidade de rebanho defendida por Bolsonaro pode ser caracterizada como crime contra a vida. A CPI defende que o governo federal deixou de negociar a compra de vacinas em 2020 para investir na contaminação em massa, com objetivo de evitar problemas econômicos.

O Tribunal Penal Internacional tem missão de investigar e julgar acusados de genocídio, crimes de guerra, de agressão e contra a humanidade, que abalam uma sociedade e chocam à comunidade internacional.

Conexão Jornalismo


O Departamento de Estado dos EUA, por meio do porta-voz Ned Price, afirmou na noite desta terça-feira (22/06) que o país considera que as eleições no Peru, vencidas pelo candidato de esquerda Pedro Castillo, foram “livres, justas, acessíveis e pacíficas” e um “modelo de democracia”. No entanto, afirmaram que esperam as autoridades eleitorais declararem o vencedor do pleito.

“Congratulamos as autoridades peruanas por administrar com segurança outra rodada de eleições livres, justas, acessíveis e pacíficas, mesmo em meio aos desafios significativos da pandemia de covid-19. Essas eleições recentes são um modelo de democracia na região”, afirmou o órgão responsável pela diplomacia norte-americana.

“Apoiamos permitir às autoridades eleitorais tempo para processar e publicar os resultados de acordo com a lei peruana”, prossegue o comunicado, que completa: “os Estados Unidos esperam continuar sua importante parceria com o candidato devidamente eleito pelo povo do Peru, confirmado pelas autoridades eleitorais peruanas.”

O comunicado vem mais de uma semana após Castillo ter obtido a maioria dos votos com 100% das atas eleitorais apuradas. Desde que se viu atrás na apuração, na madrugada da segunda-feira posterior à eleição, a adversária – a ultradireitista Keiko Fujimori – começou a alegar, sem provas, que teria havido fraude.

Por conta disso, a vitória de Castillo ainda não foi proclamada porque o Júri Eleitoral Nacional (JNE) não concluiu a resolução dos recursos interpostos, em sua maioria, pelo Força Popular, partido de Keiko.

Todos os pedidos de anulação de boletins de urna impetrados pela coligação de Keiko dentro do prazo legal foram negados pela autoridade eleitoral do país. A defesa da filha do ex-ditador Alberto Fujimori, então, recorreu da decisão. Os recursos ainda estão na fila para julgamento. A posse do novo presidente está prevista para o dia 28 de julho.

Castillo, do Peru Livre, venceu as eleições com 50,12% do total, uma vantagem de 41 mil votos em relação a Keiko, que obteve 49,87%.
Chefes dos 3 poderes pedem respeito a resultados da eleição

Na semana passada, o Conselho de Estado do Peru, organização composta pelos chefes dos três poderes do Estado e órgãos constitucionais autônomos, emitiu uma declaração rechaçando uma possível "ruptura constitucional" no país e pedindo que os resultados que dão vitória a Castillo sejam respeitados.

Em nota, o grupo afirmou que rejeita "qualquer tipo de campanha" que exerça "pressão e difamação contra as autoridades eleitorais", pois, segundo os políticos, é "estranho a uma democracia promover rupturas constitucionais para conquistar o poder".

"Mantemos a tranquilidade e respeitamos os resultados. [...] As organizações políticas, conforme se comprometeram, e aos cidadãos em geral, devem esperar e respeitar os resultados finais da eleição", diz o comunicado.

O documento dos líderes declara ainda que os discursos que "fomentam o ódio entre os peruanos" não contribuem para a "paz social nem para a consolidação dos valores democráticos" do país, afirmando que críticas aos órgãos eleitorais, quando baseadas em "informações verdadeiras e respeitosas", "contribuem para a formação de uma opinião pública livre e tolerante".

No último sábado (19/06), milhares de eleitores e apoiadores de Castillo foram às ruas de Lima para pedir respeito à democracia e a declaração oficial do professor da educação básica como novo presidente do Peru.

Organizações sociais de direitos humanos, sindicatos e partidos aliados convocaram uma passeata na capital e em outras cidades peruanas com o lema "Pela defesa da democracia e da Pátria, não pelo golpe de Estado" para apoiar o vencedor das eleições.

Fonte: ÓperaMundi


Bozo Psico

Chutando meio milhão de mortos, que poderiam ter tido melhor sorte caso esse genocida tivesse cumprido seu papel de chefe de estado, o presidente Bolsonaro voltou a defender a imunização de rebanho nesta quinta-feira (17) quando, sem base científica e nenhum respeito aos médicos do próprio governo que também é cúmplice do genocídio, defendeu que a imunização procedente do contágio pela covid-19 seria mais eficaz que a vacinação.

Bolsonaro, alvo da CPI da Pandemia no Senado Federal, joga o tudo ou nada apostando que a radicalização do discurso contra a ciência poderá fazer com que parcela da população o veja como adversário de Lula - e da saúde pública. 

O que mostra sua psicopatia vai além da insensibilidade em relação aos mortos e as dores de sua s famílias. Ela simplesmente o cega para a realidade que se a vizinha  pelo movimentos das ruas. A possibilidade de impeachment com a prisão ou, se absurdamente chegar a concorrer as eleições de 2022, ser chutado e esmagado eleitoralmente pelo Lula.

Mas enquanto brinca de ser presidente sem enxergar um palmo a sua frente, Bolsonaro assiste, impassível, o aumento diário nos casos de covid. Neste domingo o país, em meio as manifestações pelo impeachment, o país chegou a meio milhão de mortes.

Foto: Ricardo Stucker

A manifestação do #ForaBolsonaroGenocida de ontem, domingo 19, foi maior do que a do dia 29 e exatamente no dia em que o Brasil completa meio milhão de mortos pelo Covid-19. E com certeza, as próximas manifestações seguirão essa evolução quantitativa. 

O que não dá para entender é porquê porque Artur Lira, presidente da Câmara dos Deputados está sentado em cima de 120 pedidos de impeachment, totalmente cínico com a dor das famílias de 500 mil brasileiros. 

Seu twitter hoje mostra a falsidade de seus sentimentos, cúmplice que é de um presidente genocida, cuja culpa destas milhares de morte já estão esclarecidas pela CPI da Covid.


Além do Congresso, a incapacidade das Instituições como o STF ou o Exército, cujas ações para retirar um presidente intencionalmente genocida do poder são constitucionais, dado a natureza comprovada dos crimes humanitários cometidos pelo seu governo, também mostra que o Brasil no momento só depende de uma coisa pra acordarmos desse pesadelo.

O povo nas ruas. 

Temos críticos as aglomerações feitas por estas manifestações, mas fato é que o distanciamento, as máscaras e o álcool gel tem sido também integrante assíduo do povo nas ruas. 

Esses críticos querem o quê? Se o povo brasileiro for omisso, as mortes continuarão a acontecer em quantidades absurdas e a vacinação muito lenta. Um guerreiro nunca aceitaria morrer passivamente sem luta, principalmente sendo esta luta a única solução para se obter a vitória. O objetivo é tirar esse assassino e sua corja de cúmplices do poder. 

O Brasil precisa reviver, precisa se tornar uma nação novamente, precisa ser respeitado no mundo, precisa de justiça social, precisa acabar com a fome e o desemprego. Para isso precisa erradicar o vírus. Como fazer isso? Isolamento e distanciamento social amparados por um auxílio emergencial digno e vacinação em massa a passos largos. Porque também não adianta isolar a população para morrer de fome. 

 A solução do ministro da Fazenda mais idiota que já passou por um governo brasileiro, tão idota quanto ele, quer dar restos de comida para a população, além de achar que um auxílio esmola temporário de R$ 150,00 mensais vai resolver o problema da fome. Sem contar que , o que já é um bom motivo para o impeachment, não foram gastos pelo governo federal nem 30% da verba destinada ao combate a pandemia. Pelo contrário, forma desviadas para o tal do orçamento paralelo. 

Bolsonaro é tão burro que não percebe que imunização de rebanho não se consegue sem vacinação num país continental como o Brasil. O que ele conseguiu foram meio milhão de mortes, que absolutamente não o tocam, já que é um psicopata insensível. O que o preocupa agora, é como vai fazer para sabotar as eleições de 2022, já que tem a noção exata de que vai perder. Por conta disso, entrou na discussão do voto eletrônico para o voto impresso. 

Não vou aqui defender o voto impresso, mas numa coisa concordo, como programador que também sou, sei é mais fácil sabotar as eleições nas urnas eletrônicas do que no voto impresso, já que no impresso os partidos podem fiscalizar a contagem. 

E se Bolsonaro acha que de alguma maneira , com o voto impresso conseguirá se perpetuar no poder, ledo engano. A extrema direita mundial está sendo chutada no voto impresso, começando na América do Norte e do Sul e alguns países da Europa. 

Bolsonaro está isolado, seu último amigo de extrema direita no poder, Netanyahu foi praticamente arrancado do governo de Israel. 

Fato é que com voto impresso ou eletrônico, quem vai tirar Bolsonaro do poder é o povo nas ruas. 

Com voto eletrônico ou não.

Eliseu Mariotti

Fotos da Manifestação pelo país e pelo mundo:

São Paulo

Rio de Janeiro


Aracaju



Belo Horizonte



João Pessoa



Distrito Federal



Recife

 

Alto Comando do Exército


Com Bolsonaro, os militares ressurgiram em uma posição de protagonismo, “ainda que as portas já tivessem sido abertas pelo governo Michel Temer, que nomeou um general para ministro da Defesa e unificou os serviços de inteligência nas mãos do Gabinete de Segurança Institucional, também comandado por um general.

Avaliando o Exército como uma entidade que atua como partido estratégico da burguesia brasileira, formulando sua própria doutrina e com liberdade para definir suas próprias ações e intervir no Estado, é imprescindível que o partido militar precisa ser dissolvido.

Um levantamento do Tribunal de Contas da União registrou o total de 6.157 militares exercendo funções civis na administração pública federal, contra 2.957 em 2016. O número de militares da ativa chega a 2.558, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, com o direito de acumular soldos e salários civis.

Nas estatais vinculadas à União, 92 cargos de comando são ocupados por fardados, contra apenas nove durante a gestão de Michel Temer. Segundo a Folha, das 46 estatais controladas diretamente pelo governo federal, 16 são presididas por militares.

Como um polvo, com múltiplos tentáculos, o Exército ocupa o Estado, com números incomparáveis a outros países do mundo ou até mesmo com a ditadura militar imposta pelo golpe de 1964.

Desde a redemocratização, as Forças Armadas vinham tendo um papel relativamente discreto na vida política, após a escapada impune dos crimes praticados durante a ditadura.

Detalhe: Recuperando relevância e se modernizando durante os governos do Partido dos Trabalhadores.

De alguma maneira, o PT parecia acreditar que a valorização dos militares e o respeito à sua impressionante autonomia, seguindo a mesma opção que havia adotado em relação ao Ministério Público, poderia bloquear o retorno dos fardados à cena política e a desidratação do papel tutelar que historicamente as Forças Armadas desempenharam sobre o Estado. 

Não passou de uma ilusão.

Foi durante o período petista, sobretudo depois de 2014, que a doutrina atual do Exército se consolidou. Percebeu-se que os partidos burgueses tradicionais, mais uma vez, mostravam-se incapazes de liderar o Estado, derrotar a esquerda e garantir a implantação do programa defendido pelos grandes capitalistas.

Também surgia naquele momento a polarização entre Estados Unidos e China, cenário em que o lugar do Brasil seria perfilar com as potências capitalistas ocidentais.

Por fim, a crise mundial de 2008-2009 revelaria que estavam fechadas as portas para um desenvolvimento autônomo do capitalismo brasileiro, baseado na soberania externa, na reindustrialização nacional e no mercado interno de massas, como era a ambição petista. 

O Brasil, portanto, deveria aceitar seu papel agroextrativista, baratear custos internos para atrair capitais externos, especialmente salários e direitos, e adotar todas as medidas necessárias, incluindo privatizações e desregulamentações de toda ordem, para garantir um lugar ao sol no mapa dos grandes investidores.

Assim, o comando do Exército, foi se formando maioria em favor do programa neoliberal, da subordinação à Casa Branca e da retomada da intervenção militar na vida política, como solução de última instância ao colapso dos velhos partidos liberais e conservadores, que ficaria bastante claro com o fracasso do governo Temer.

No início, Bolsonaro provocava certo mal-estar entre os generais, mas as resistências foram caindo na medida em que o ex-capitão demonstrava ter base social própria e crescia nas pesquisas, a partir de 2017, capitalizando o surgimento de um movimento popular neofascista, assentado sobre as camadas médias, que havia tomado as ruas durante o golpe contra Dilma Rousseff.

O Exército, então, escolheu o pacto com Bolsonaro como via institucional para exercer o que consideram seu direito ao poder tutelar sobre o Estado. A eleição de Bolsonaro poderia significar a construção de um aparato efetivo que derrotasse quaisquer contraposições à agenda defendida pelo núcleo autoritário-entreguista, neofascista e pró-imperialista, que chefia o Exército.

Do lado de Bolsonaro, fenômeno de baixa articulação partidária e com pouca influência sobre os antigos quadros políticos da burguesia, o Exército representava o grande partido de sustentação ao seu governo.

A força política do Exército surgiu durante a Guerra do Paraguai e se manteve ao longo do tempo, mesmo após o fim da ditadura, de forma que nenhum governo, nem mesmo durante o ciclo petista, teve a vontade ou a condição política, ou ambos, para romper os escudos corporativos, mexendo nos currículos, na narrativa histórica, no sistema de promoção.

Ele destacou que até mesmo a Constituição, ainda que de forma imprecisa, salvaguardou o papel tutelar das armas, através do artigo 142, que lhes dá a tarefa de proteger, além da soberania nacional, a ordem institucional, desde que convocadas por um dos três poderes.

Portanto, não basta derrotar o bolsonarismo. Para reconstruir a democracia, existe a necessidade de enfrentar o partido militar, pelo papel estrutural que desempenha no Estado.

Qualquer alternativa de esquerda que se pretenda consequente precisa ter a coragem e a inteligência de, finalmente, superar a tutela militar.

Caso um presidente de esquerda se eleja, ele deverá buscar exercer na plenitude, seu poder de comandante em chefe das Forças Armadas, promovendo oficiais que representem um programa nacional, democrático e popular, passando à reserva os cúmplices do bolsonarismo e expurgando o núcleo neofascista e entreguista que se reproduz desde o golpe de 1964.

Mas também deve significar o fim do sequestro do Ministério da Defesa pelo Exército, a integral reformulação curricular, a proibição de formulação doutrinária para além de assuntos especificamente militares, uma revisão histórica profunda, a começar por um pedido formal de desculpas à nação pelo golpe de 1964 e os crimes da ditadura.

Militar não foi feito para governar, mas para cuidar da soberania e o ataque externo as riquezas naturais e produzidas no país, além de proteger os segredos de pesquisas militares nucleares. Caso alguém, não se lembre, tivemos um almirante, chefe do Programa Nuclear Brasileiro, preso injustamente pela lavajato, por causa de sua descoberta de fusão a frio do urânio.

Acho que deu pra entender.