AS LETRAS MATAM, MAS O ESPÍRITO VIVIFICA. A BÍBLIA SAGRADA É REALMENTE INFALÍVEL?



Caros Amigos, não vou entrar aqui em questões de erros de tradução que possam ter ocorrido nos originais da Bíblia Sagrada, em especial o Novo Testamento, até porque neste texto isso é irrelevante.

Antes que essa afirmação do título do texto, que foi retirada de 2 Coríntios 3 seja atacada como uma ode contra o conhecimento, a leitura e aos livros, digo que nada tem a ver com o estímulo da ignorância e da obscuridade. Essa frase é espiritual e busca a espiritualidade.

Escrevo esse texto para uma breve contestação e admoestação sobre a afirmação de que a Bíblia é infalível.

Não se agitem os puristas e nem os tradicionais fariseus. Farei a defesa da minha tese baseada nas próprias Escrituras.

Os radicais defensores do apologismo bíblico usam essa parte para defenderem essa infalibilidade:

2 Pedro 1:19: “Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas.” 

Mas Pedro continua: 



2 Pedro 1:20-21: "Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo" 



Esse texto vai trabalhar baseado nestes 3 versículos do apóstolo Pedro.



Lembrando que as Escrituras que Jesus Cristo e os apóstolos falavam eram as Escrituras Hebraicas, que estão na Bíblia na versão do Velho Testamento.

Os 4 evangelhos do Novo Testamento foram selecionados entre mais de 400 evangelhos de Jesus Cristo e escritos mais de 200 anos depois do tempo de Cristo na terra, e as cartas que os apóstolos escreveram como Paulo, Pedro, Tiago e João, sob o arbítrio e o consentimento do imperador Constantino, que tornou o Cristianismo a religião oficial de Roma por motivos políticos e militares do imperialismo. 

Claro que no meio dessa história há um momento de epifania de Constantino a que não pretendo me remeter neste texto. No concílio de Nicéia em 325 d.c., traduções do grego foram adaptadas e até mesmo dando outros significados a várias palavras, mas como eu já disse inicialmente, para esse texto, é irrelevante.

Convicto sou de que a Bíblia Sagrada não é infalível, mas também convicto sou de que ela, com toda a certeza, contém a infalível Palavra de Deus. Essa sim é infalível e eterna. Até porque a Palavra vai muito além de um livro.

Alguns apologéticos bíblicos me perguntariam: Mas como a infalível Palavra de Deus estaria num livro falível?

Ora, se o Espírito Santo de Deus habita no homem falho e imperfeito e faz de nosso corpo perecível seu templo, então a Bíblia pode conter a Palavra de Deus e ser divinamente inspirada sim, assim como um pregador, homem falho e imperfeito, pode ser divinamente inspirado em suas pregações bíblicas.

E também, não quero dizer que o livro sagrado não seja sagrado e que não há validade nele como livro de regras e conduta do Cristão. Jamais. A Bíblia Sagrada é nosso livro de regras e conduta. Porque independente das escolhas de Constantino e de seus bispos romanos, nela há o testemunho de Jesus Cristo.

Mas quando um homem lê esse livro 2000 anos depois, existem duas formas de lê-lo. Uma é pelo Espírito Santo, a outra é apologeticamente, em que alguns pregadores valorizam mais os títulos e a sabedoria humana adquirida pelo estudo teológico no que concerne a interpretações.

Quando lemos e pregamos um ponto da Bíblia movidos pelo Espírito Santo de Deus e se repetirmos esse ponto outras vezes, ele nunca será pregado do mesmo jeito. Porque a partir deste livro, o Espírito de Deus age em cada leitura, tornando-o o oráculo de respostas as questões e anseios individuais de cada homem que está sentado a mesa esperando o alimento que a sua alma pede.

Mas quando o pregador valoriza seus títulos e conhecimentos teológicos mais do que a própria manifestação do Espírito em si mesmo, então ali as letras são mortas e o Espírito não opera.

Não estou dizendo que estudar Teologia é errado, que não é válido, que não é importante. É importante sim, pois Jesus nos recomendou tacitamente: 

João: 5-39
“Examinai as escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna: e são elas que dão testemunho de mim; “

Ele falava das que ele lia, as Escrituras Hebraicas e o livro de Isaías foi o que mais falou D'Ele. 

Porém, o Novo Testamento também dá o testemunho de Jesus Cristo. Portanto, mesmo sendo livros arbitrados e selecionados por Constantino ou não, sejam quais forem os motivos, devemos examinar a Bíblia Sagrada, porque pelo Evangelho de Cristo, nela contém a Vida Eterna.

O meu questionamento fica com a valorização excessiva de estudo teológico bíblico e seus consequentes títulos, a meu ver, em detrimento da Espiritualidade do homem, e que tem sobremaneira sufocado as manifestações do Espírito Santo de Deus nas igrejas e publicamente. 

Aliás, publicamente temos vistos erros graves de interpretações das Escrituras Sagradas, divulgadas por homens públicos e ilustrados biblicamente e que se dizem Cristãos, porque neles claramente o Espírito Santo já não faz morada.

E estes homens, hipócritas e fariseus, defendem a "Bíblia como infalível" publicamente, como se isso os fizessem santos diante dos homens e diante de Deus.

Algumas denominações protestantes da Reforma que tem valorizado a Teologia acima do Espírito, hoje são verdadeiras geladeiras, já que o calor do Espírito Santo não consegue achar espaço no coração do homem lotado de sabedoria teológica na pregação de seus cultos. 

Por outro lado, parte das denominações pentecostais (principalmente algumas que não se sabe de onde vieram) tem valorizado pregações não bíblicas e sem respaldo teológico, profecias que não tem respaldo bíblico para satisfazer plateias e incorrem gravemente em distorções de interpretação da Palavra de Deus induzindo o povo ao erro, principalmente porque é uma pregação ególatra. Fazendo o Criador de empregado de seus desejos e ensinando isso ao povo. 

É a ocupação do ego no lugar de Deus no coração do pregador. Nos dois cenários, o ego se manifesta. Um com o valor excessivo ao próprio conhecimento. Outro com o valor excessivo a interpretações fantasiosas e até mesmo antibíblicas.

Vêem como é uma questão de ter o equilíbrio? Não podemos ser antibíblicos, mas também não podemos ser só bíblicos?

Então como solucionar isso? Ora, se o Dom da Fé ou seja, o Dom de crer na Salvação por Jesus Cristo não vem de nós, mas nos é dado pelo Espírito Santo, o equilíbrio do entendimento e discernimento pleno das Escrituras Sagradas também vem do Espírito Santo.

E se a Bíblia é divinamente inspirada e contém a infalível Palavra de Deus, é o Espírito Santo que nos vai trazer essa inspiração. Porque se o Ele é Santificador, ele também santifica a pregação e isso independe do nível de conhecimento que o pregador tem. 

Um pregador equilibrado tem conhecimento suficiente das Escrituras Sagradas para não deixar as letras matar o Espírito, mas que sejam ferramentas que tragam  a Vida Eterna para o povo, movido e inspirado pelo Espírito Santo.

E pelo Espírito Santo, ele jamais usará o que é do Alto para projetos de poder pessoal. Será um servidor do povo que tem fome e sede de Justiça.

Porque o Espírito Santo não induz ao erro, antes faz os caminhos se desviarem do mal.

Um vaso cheio tem que esvaziar-se um tanto, muito ou pouco, conforme a necessidade, para encher-se novamente do que é novo e fresco. Sempre.

Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz a igreja.