SOBRE O DEBATE NA ARAPUÃ E SEU NOVO FORMATO E UMA AVALIAÇÃO DOS CANDIDATOS NO PRIMEIRO DEBATE DA PARAÍBA.



- “Estamos certos de que quem saiu vitorioso essa noite, foi a Democracia. Foi o eleitor.” 

Com essas palavras o apresentador Heron Cid encerrou o debate realizado pela TV Arapuã, entre os candidatos a governadores da Paraíba, nesta segunda, festejando também o novo formato. 

Palavras otimistas, porque se o debate não foi antidemocrático, não foi com certeza, totalmente democrático.

O fator que mais sinalizou isso, foi a exclusão do PSTU do debate, porque segundo o próprio Heron, o partido, que segue uma linha de esquerda bem mais radical, não foi incluído porque não tem representatividade no Congresso.

Não me parece haver coerência com a Democracia plena nestes critérios. Pode ser que, pela lei eleitoral, o PSTU não tenha Guia Eleitoral ou mesmo as inserções políticas de 30” na programação diária da TV. Mas no caso do debate na Arapuã, não há obrigação da emissora seguir com a determinação da lei eleitoral. O critério de inclusão nos debates é da própria emissora e suas equipes.

Enfim, seja qual for o motivo. A exclusão do PSTU, tirou do debate da Arapuã a qualificação de um debate plenamente democrático.

O DEBATE E OS CANDIDATOS


O formato proposto pela emissora, me parece que tirou a espontaneidade, gastou-se tempo só em mobilidade dos personagens no palco, e não sei se é porque é o primeiro neste modelo, no último bloco, em que os debates simulavam uma conversa espontânea, me pareceu mais um uma conversa de botequim em que um queria falar mais alto que o outro.

Sempre vou apoiar novas propostas que mudem o formato tradicional dos debates vigentes no Brasil, e apoio também a Arapuã querer inovar no debate proposto, e mesmo com algumas adaptações assemelha-se muito aos debates estadunidenses, mas creio que é preciso ajustes fundamentais para o sucesso do modelo, a começar pelo tamanho do estúdio, pequeno a ponto de pessoas na plateia reclamarem do aroma de algumas flatulências emanadas da área confinada aos candidatos. 

Os candidatos tiveram,de maneira geral uma explanação de ideias muito limitadas. De maneira geral ficou mais no confronto do que nas propostas concretas. Não foi ruim, foi bom, mas precisa melhorar.

JOÃO AZEVEDO

Teve uma postura mais tranquila, como já é de seu feitio, com um comportamento mais chapa branca, já que é o candidato do PSB, partido do atual governador. Não há dúvida de que é um homem preparado, com riqueza de detalhes e dados, além do que, participa de uma das gestões mais profícuas da história da Paraíba. Isso faz com que o pessebista tenha o que mostrar em 8 anos trabalhando nesta gestão do estado. João foi atacado no debate, mas praticamente não atacou, se defendeu mais quando Lucélio o acusou de algo sem procedência. Nas obras da Adutora de Acauã por exemplo, Lucélio declarou falsamente que as obras estavam paradas, Mas João reagiu mostrando o contrário. Mesmo sendo omisso contra o ataque a Democracia que o Brasil está sofrendo, sendo omisso com relação a prisão política do Lula. já que seu governador continua sendo leal ao ex-presidente, ainda assim na minha opinião, João Azevedo foi o candidato que melhor se saiu no debate. Transmitia uma tranquilidade de quem não precisava falar muito, sem ataques ostensivos, já que tinha muito o que mostrar para o telespectador.

TÁRCIO TEIXEIRA

É candidato do PSOL mostrou uma enorme evolução quando o comparamos a sua participação em debates passados. o contrário de João, Tárcio mirou suas baterias para todos os lados. Mostrou-se combativo, o que era de se esperar e foi mais abrangente nos temas propostos. Mas nem sempre esse detalhe foi bom. Faltou um aprofundamento em dados sobre a Paraíba e seu povo. Por exemplo falou em governar para pessoas, mas não disse exatamente como faria isso. Teve alguns probleminhas que a meu ver termina por prejudicá-lo no balanço total de sua performance no debate. Por exemplo, quando o oponente respondia a uma pergunta dele, Tárcio mostrava um certo desprezo e ceticismo pela resposta, olhando para a câmera. Na minha opinião, isso depõe contra, porque passa ao telespectador uma certa arrogância, e essa característica o eleitor não perdoa. Basta ver um candidato preparado e com um ótimo discurso como Ciro. Está nas últimas posições das pesquisas a presidente. Não vejo Tárcio como uma pessoa arrogante, pelo contrário, ele não é, mas certos exageros de expressão passam uma ideia errada ao eleitor. Câmera é coisa séria. Você pode brincar com ela, mas ela não brinca com você. Tárcio foi certeiro nas inquirições, principalmente contra Lucélio. Mesmo assim, um outro momento que ficou estranho foi a forma como Tárcio questionou João com relação ao seu montante de renda e o tempo todo relacionando isso a salário. Ora, a Paraíba toda sabe que João tem rendas de aposentadoria de professor, de engenheiro e ganha como secretário. É bom lembrar que 45 mil não é o salário de secretário. Mas não estou aqui para explicar a renda de João Azevedo, ele que o faça por si mesmo. Mas o que eu questiono é a nivelação por baixo de justiça social e distribuição de renda no Brasil por parte da esquerda. Um dado que sempre reclamei na era Lula. Quer dizer: Uma pessoa não pode ter uma renda desse tamanho ? É proibido? Não há merecimento na história profissional de João Azevedo? Não falo isso somente de Tárcio, mas falo de uma cultura geral no país, que praticamente considera errado uma pessoa ter sucesso financeiro. Sucesso é bom. Ganhar bem é bom. No caso de João, é justo pelos serviços prestados ao estado e ao país. Mas enfim, tirando essas pequenas manchas, Tárcio foi bem no debate e deu um exemplo de Democracia, não esquecendo a prisão política do ex-presidente Lula, defendendo sua liberdade como marca de eleições democráticas plenas, mesmo que o candidato dele a presidente, seja outro, no caso a excelente opção Boulos.

MARANHÃO

Me fez rir um bocado ontem, mais ainda quando chamou Lucélio de Luciano. Creio que a princípio foi relapso, por conta de idade, cansaço, etc. Mas Lucélio reagiu muito mal na primeira, raposa velha como é na política e na frente das câmeras, Maranhão matreiramente, chamou Lucélio mais duas vezes de Luciano, fazendo a assistência presente rir e, com certeza, os telespectadores. Na verdade, Lucélio ficou sob a sombra de Luciano o debate inteiro. Quanto ao “construtor”, bom, José Maranhão, é mais do mesmo. É do PMDB, representa o velho estilo fisiológico de fazer política e ainda tem o agravante de estar ligado ao golpe contra Dilma e a Democracia promovido pelo PSDB. Do mesmo partido que Temer, Maranhão ainda tem ligações com notórios corruptos, entre eles Eduardo Cunha. Mas, no seu rendimento ao debate, Zé nem piorou e nem melhorou. É o mesmo Maranhão de outros debates passados, a meu ver ficou em terceiro.. É mais do mesmo e corre o risco de não ir para o segundo turno.

LUCÉLIO CARTAXO

O pior no debate ontem. Tentou assumir a dianteira, mas foi esmagado pelos oponentes. Lucélio apesar de ser irmão gêmeo do atual prefeito de João Pessoa, ficou claro que, tirando o uso da máquina administrativa, isso não o ajudará em nada. Existem várias denúncias de malversação do dinheiro público contra Luciano, entre elas, a obra da Lagoa, que estão sendo investigadas. Mas o pior de tudo, é ter feito composição com o grupo do Sen. Cássio Cunha Lima, do PSDB, um dos principais articuladores do golpe contra Dilma e amigo de Aécio Neves. Cássio foi em 2010 o senador mais votado da história da Paraíba, e agora em 2018 corre o risco de nem eleito ser. No debate Lucélio mostrou total despreparo e desconhecimento das questões do estado da Paraíba, nervoso chegou a atacar o oponente João Azevedo com acusações improcedentes. Foi simplesmente detonado pelo candidato do PSOL, Tárcio Teixeira, ficando simplesmente sem reação. Lucélio nunca participou de debates, nunca foi gestor executivo público, apenas trabalhou na CBTU e no Porto de Cabedelo. Isso ficou claro para o telespectador. Na minha opinião, mesmo com a máquina administrativa a seu favor, não só de João Pessoa, mas também de Campina, depois do debate da Arapuã, a preço de hoje, Lucélio corre o sério risco de não chegar ao segundo turno. Terá que melhorar muito e apresentar propostas mais consistentes. E sem BRT, por favor!

CONCLUSÃO


Claro que isso pode e vai mudar, mas mesmo assim, a permanecer as performances dos candidatos do debate da Arapuã nos próximos debates, só consigo vislumbrar dois cenários para o segundo turno. Vou dar um chute:

1- João Azevedo e José Maranhão
2- João Azevedo e Tárcio Teixeira

É só um pitaco inicial, só para divertir.

É o primeiro debate na Paraíba, já, já vem mais por aí. Tudo indica que a coisa vai esquentar. E claro, é legítimo e moralmente obrigatório que o PSTU participe dos próximos debates.