Prostituta fugindo da violência na rua |
Quando em algum momento bizarro ou dramático que estou
vivenciando ou assistindo, tenho a sensação que já vi de tudo um pouco. Mas há
sempre um novo dia em algum evento, em alguma ação pública ou declaração, que
vem expulsar de vez esta sensação.
Um destes momentos foi quando tive a notícia do convênio
firmado entre a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), por meio da
Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), e a Associação de Prostitutas da
Paraíba (Apros), no valor de R$ 180 mil.
Tive esta informação á partir da cobrança justa e
obrigatória feita pelo vereador Lucas de Brito na câmara municipal, que tem
sido atingido pelo patrulhamento ideológico pelos imbecis de plantão, não só
colegas da mídia, como também setores políticos e organizados da sociedade. O
vereador estava apenas cumprindo sua obrigação como nosso representante e
exercendo o nosso direito como cidadão de cobrar do poder público justificavas
pelas ações efetivadas.
Segundo alega a secretária de Políticas Públicas para as
Mulheres do município de João Pessoa, Socorro Borges, a estratégia de cultura
que está sendo retomada com este convênio é interessante. “O incentivo à
cultura é o intercambio na perspectiva da elevação da qualidade de vida das
pessoas. Não olhamos a prostituição a partir do estigma. Temos a certeza de que
essas mulheres precisam ser respeitadas, inseri-las em políticas que até então
estão excluídas. Será montada uma sala de aula para realizar atividades de
sensibilização sobre a importância de estudarem sob a perspectiva da realização
pessoal e também de adquirir conhecimento”.
Sem dúvida nenhuma, concordo com as palavras da secretária
sobre a necessidade de intervenção com isenção de preconceitos e inserção de políticas públicas para esse
grupo de risco. O que não concordo absolutamente é que esse convênio seja uma “estratégia
de cultura”.
O primeiro problema é o desvio de função da Funjope, que é
um órgão para atender a cultura regional do município por meio de seus
artistas, por meio dos grupos que representam a cultura na região.
Ações como este “bolsa puta”, não poderia ser manejado ou
remanejado pela Funjope, e sim por secretarias que tenham em suas funções
específicas ações assistenciais, como por exemplo, a própria secretaria de Políticas
Públicas para as Mulheres, que deveria sim diretamente buscar os recursos
financeiros e remaneja-los, sem precisar deste redirecionamento a FUNJOPE.
Há um claríssimo e grave erro de origem aí.
O segundo problema é a imposição a sociedade como um todo, feita
por alguns gestores públicos, para que a prostituição seja aceita como uma
categoria profissional de bem comum, de produção de serviços, enfim que seja
inserida no meio social como mais uma profissão sem questionamentos morais, com
direitos e benefícios, etc, etc.
O terceiro e definitivo problema, que tem origem no segundo
já citado, é o conceito subjetivo já inserido nos discursos de defesa da
profissão, de que as mulheres que se prostituem não estão lá obrigadas, estão
lá porque gostam e querem ser aceitas como tal.
E como prova do que exponho aqui, a declaração da presidente
da Apros, Maria Luzanira da Silva – “O projeto dá oportunidade não só às
prostitutas, mas também à comunidade. Eu não acredito que elas estejam ali
obrigadas. Elas têm autonomia. Estão porque querem. Tudo que tenho hoje
consegui na minha vida de prostituição. Sou feliz assim. A APROS está sempre
buscando a qualidade de vida, tanto profissional como pessoal. Queremos ser
respeitadas como qualquer pessoa, como qualquer cidadão” .
Ora, nunca vi declaração mais equivocada e tal mal usada em contexto semelhante, apesar de entender que as prostitutas devem ter o amparo do estado e
serem respeitadas como seres humanos.
Entenda dna. Maria Luziania, como seres humanos que são e não como comerciantes forçadas do próprio corpo.
Entenda dna. Maria Luziania, como seres humanos que são e não como comerciantes forçadas do próprio corpo.
Entendo que com tal declaração, esta "presidente" simplesmente
perpetua a manutenção do próprio “status quo” da Associação. Então eu pergunto: o
interesse desta organização não é tirar as prostitutas do ramo, inseri-las na
sociedade com dignidade para que possam ter suas famílias, educar seus filhos, ter uma profissão respeitável, enfim, não seria este o objetivo principal de
entidades que buscam a proteção destas mulheres?
Ou será que eu enlouqueci? Me permitam a ousadia de
contexto, mas remetendo a excelente trilogia Matrix, que todos devem conhecer,
será que o mundo em que eu vivo é um gigantesco disco rígido, e que de repente foi reformatado sem que eu
percebesse, colocaram outro sistema operacional com programas de uma lógica totalmente
invertida da qual não tive ainda noção?
Pois me perdoem os amigos e amigas, só assim consigo
explicar essa total inversão dos valores que sempre preservamos, que acomete
não só João Pessoa, mas também o Brasil e o mundo.
Na minha visão, bem limitada é claro, a Sra. Maria Luzanira da Silva ou está
totalmente equivocada e realmente não conhece a vida e as mulheres da
sua profissão, ou está com intuitos mais terríveis, abusando da boa fé, não só
das pessoas institucionais, que representam o estado, como também das próprias
prostitutas.
Eu tendo a achar que a segunda opção é mais realista.
Num ramo que vive as margens da sociedade, estejam estas mulheres sob a tutela do estado
ou não, bandidos como cafetães , traficantes
de drogas e pior, traficantes de escravas,
sempre vão dominar, é de uma ingenuidade ou de uma má fé tão grande
defender a incrível tese de que atitudes culturais irão mudar esta realidade.
Estas mulheres não estão na prostituição por que querem em
99,9% dos casos. São mulheres que na sua maioria são vulneráveis e trabalham perigosamente
nas ruas, muitas têm de 2 filhos a mais para sustentar,
vem de uma classe social miserável, (aquela que por causa do bolsa família o
governo federal usa de eufemismos e chama agora de “classe média”), boa parte
são viciadas em drogas, e outra parte participam de atos delituosos em
associação com marginais, já que simplesmente estão expostas e vulneráveis.
Agora setores da sociedade que apoiam estas ações equivocadas, não podem alegar desconhecimento de causa. Não são poucos os documentários televisivos e cinematográficos que já nos esclareceram e
retrataram a realidade nua e crua destas mulheres nas ruas.
Não vem com essa, Maria
Luzanira, dizer imbuída de absoluta má fé e oportunismo, que estas mulheres
estão na prostituição por que querem.
Acaso, dna. Maria, essas mães que são prostitutas, querem
que seus filhos as vejam na vida que estão? Querem que suas filhas sigam seus
modelos de vida, como exemplo que são como mães e acabem também na mesma vida e
ainda se envolvam com drogas e bandidos?
Esta “presidente” da APROS, deveria sim estar envolvida em projetos que garantissem
a estas mulheres sua reintegração na sociedade novamente, e não querer
mante-las vendendo o seu corpo para sobreviver. E a secretária de Políticas
Públicas para as Mulheres do município de João Pessoa, Socorro Borges, como
representante direta do poder público deveria estar buscando este mesmo objetivo.
A secretária pode me responder quando quiser e a hora que
quiser, o espaço é dela também.
A prostituição no Brasil, goste ou não quem estiver ouvindo
é um cancro social, que tem origem na miséria, na falta de oportunidades, na
falta de educação, na falta de estrutura familiar, no abuso sexual, e na discriminação a mulher, A
prostituição, assim a como a violência doméstica, também é uma violência sem
limites e prazos contra a mulher.
Sou a favor de políticas públicas para socorrer e ajudar
realmente estas mulheres que vivem num constante risco a própria vida. Mas com
medidas efetivas de reintegração a sociedade e o resgate a sua dignidade e
identidade como Mulher, com M maiúsculo.
Jamais serei a favor de projetos que as incentivem manter-se
na prostituição, escravizando-as sexualmente com intuito de se apropriar das
benesses públicas.
Esse dinheiro sai do meu bolso, sai do seu bolso, minha
amiga e meu amigo. Quero saber como é usado e não permito que seja usado para tais projetos equivocados que não resolvem o problema , ao contrário, só servem para manter o problema.
Mais uma medida eleitoreira do PT, que tenta subverter os valores, tentando calar as pessoas que discordam de seu posicionamento. Isso é inaceitável. FORA PT!
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