Pré-candidato ao Governo da Paraíba, o senador Cássio Cunha falou
sobre o jeito próprio de fazer política, como por exemplo, gostar de abraçar e
beijar sem ter feito obras concretas.
O tucano defendeu seu estilo de tratar
os aliados, aproveitou para cutucar, indiretamente, o seu principal adversário
nas eleicoes deste ano, Ricardo Coutinho, e disparou: “Só aqueles que não
conseguem compreender a natureza da alma humana é que não entendem que fazer
obras é obrigação de qualquer governo”.
Bom, e até onde me diz respeito, este jeito de fazer
política é próprio sim, é próprio da prática do fisiologismo, da demagogia,
simplesmente...
porque nas referências históricas da política nacional, essa
prática do beijo, abraço e tapinha nas costas são marcas registradas de
políticos como Maluf, Collor, entre outras muitas pérolas da nossa política.
Por isso mesmo, nunca esse foi um estilo próprio criado pelo
Senador. Ele apenas copia e muito bem , práticas disseminadas pela velha escola
da política.
E infelizmente, não há nada de novo nisto.
E já que é obrigação de qualquer governo fazer obras, como declarou o senador, então
porque é que o governo cassista não cumpriu com suas obrigações? Porque nossos
líderes, nossos políticos acham que podem fazer quaisquer declarações impunemente
perante a opinião pública?
Complementando o rol de declarações genéricas e surrealistas, o senador
Cícero Lucena (PSDB) reafirmou em entrevista concedida numas rádio de Campina Grande, que o
rompimento da aliança entre o PSDB e o PSB foi provocado pelo tratamento que Ricardo
vem dispensando aos servidores.
Mas, como assim?
O rompimento não foi porque, segundo o mesmo Cícero
anteriormente, Ricardo não cumpriu compromissos com o PSDB? Aliás, compromissos
esses que a coluna perguntou quais eram e não foram respondidos?
Não existem declarações mais genéricas do que estas,
realmente.
Isso recordando, porque recordar é viver, quando Cássio
assumiu o governo em 2003, o seu primeiro ato administrativo foi acabar com as
gratificações dos servidores, duramente conquistadas, sem compensar as perdas
em absolutamente nada, e 2 anos depois, mandou milhares de servidores
para casa.
Eu estava lá, eu vi.
Pois então, não é esta declaração de Cícero sobre os
servidores e outras de Cássio na mesma linha...surrealistas?
Mas...tem mais...
Em entrevista ao Jornal de Verdade da Rádio Cidade,
Cícero falou duro em relação às negociações políticas que vem sendo adotadas
pelo senador Cássio em relação às eleições deste ano.
Cícero cobrou reciprocidade em relação à lealdade que vem
demonstrando ao longo dos anos, cobrou Cássio e o PSDB sobre sua postulação ao
Senado e criticou as negociações que vem sendo conduzidas com outras legendas,
para ampliar o tempo do guia eleitoral, sendo implícita nesta negociação a vaga
de senador na majoritária do partido, citando como exemplo a conversa com
Wilson Santiago.
Hummmmm....será que pela primeira vez pode se dizer que a
vaga de Cícero no PSDB para reeleição não está consolidada? Cícero está se
sentindo ameaçado, mesmo que candidatos ao senado podem ser dois de cada
partido?
Se realmente Wilson ameaça Cícero, pode ser simplesmente porque se
comenta a boca pequena nos corredores da política, que Cícero está em
dificuldades financeiras para bancar sua própria eleição ou mesmo para
contribuir com a campanha de Cássio.
Wilson, todo mundo sabe, tem bala na agulha e seria de
grande valor para a majoritária do PSDB. Isso sem falar no cortejamento que já
vem sendo feito a outro barão da política, Ney Suassuna, tanto pelo PSDB,
quanto pelo PSB e até mesmo, apesar de ser mais inviável, pelo PMDB.
Será que o tiro de Cícero pela candidatura de Cássio vai
sair pela culatra?
O feitiço vai virar contra o feiticeiro?
Está aí uma pergunta que não quer calar.